Cinco jovens artistas apresentam mostra de trabalhos autorais sobre e a partir de vivências LGBTQIAPN+ contemplando recortes lésbicos, transmasculinos, bixas, bissexuais e travestis atravessados por diversas interseccionalidades…
A sigla GLS – gays, lésbicas e simpatizantes – notoriamente em desuso nos dias atuais, inclusive por conta da sua incompletude diante da pluralidade de identidades e sexualidades, é o ponto de partida e uma evidente provocação para a Mostra GLS de teatro e performance LGBTQIAPN+. A mostra, que acontece dias 24 e 25 de setembro, sábado e domingo, no Teatro de Contêiner Mungunzá, reúne os artistas Níke, Karla Ribeiro, Lucas Miyazaki, Oliver Olívia e Marco Antonio Oliveira em cinco espetáculos, além de exibição de vídeo-performances.
Os cinco jovens artistas ocupam lugares diversos dentro do espectro da sigla LGBTQIAPN+ e organizam coletivamente a mostra. Marco Antonio Oliveira apresenta o silêncio anuncia o grito ou Voz Bixa (sábado às 21h e domingo às 17h) e Níke leva ao palco A Origem do Mundo (sábado às 17h). Oliver Olívia e Lucas Miyazaki apresentam Ele (sábado às 19h) e Não ela: o que é bom está sempre sendo destruído (domingo às 19h). Já Karla Ribeiro fecha o evento com A falsa ilusão de ser predadora (domingo às 21h).
A ideia da Mostra GLS de teatro e performance LGBTQIAPN+, além de reunir a diversidade de vozes, é fortalecer os trabalhos e apostar em modos coletivos de produzir e dar sustentação a obras recentes e com menor inserção no circuito teatral paulistano. O evento também contará com exibição de vídeo-performances dos artistas no intervalo entre os trabalhos presenciais.
Os espetáculos Ele e o silêncio anuncia o grito ou Voz Bixa estrearam e foram ambos premiados no 29º Festival Mix Brasil, enquanto A falsa ilusão de ser predadora realizou abertura de processo na segunda edição da Mostra Solo Mulheres realizada pelo Teatro de Contêiner Mungunzá.
Arqueologia de letras
Um dos idealizadores da Mostra GLS de teatro e performance LGBTQIAPN+, o artista Marco Antonio Oliveira, conta que o uso da sigla GLS para o nome do evento é uma provocação. “Ao nos depararmos com a sigla, estamos olhando para um momento, uma fotografia do passado que coloca o movimento LGBTQIAPN+ em perspectiva temporal, nos instigando a pensar em que mudamos para além das letras. Em que progredimos? Quais debates ainda não foram superados? Enfrentamos que tipo de regresso? E sobretudo, o que, a partir dessa arqueologia de letras, é uma herança em nossos trabalhos artísticos? As siglas mudam, nossas existências ganham tamanho, nomes e projeção, mas não estariam nossos trabalhos ainda ocupando espaços de nicho em que cabem apenas a sigla?”, questiona ele.
GLS = Gramáticas, Linguagens Supostas/ Gafes, Línguas, Saídas/ Gênero, Libido, Suposição/ Gritaria, Linguagem, Subtexto/ Gente Linda e Simpática/ Gengivas, Línguas, Salivas/ Gozo, Lacuna, Silêncio/ Guardar Letrinhas dessa Sopa.
Mostra GLS de teatro e performance LGBTQIAPN+
Teatro de Contêiner Mungunzá
Rua dos Gusmões, 43 – Santa Ifigênia
Dias 24 e 25 de setembro, sábado e domingo, às 17h, 19h e 21h.
Ingressos:
R$ 10,00 (cada espetáculo)
Combo GLS – as três peças do dia por um preço Gostoso, Legal e Singelo – R$ 25,00.
Pessoas trans e moradoras da região do teatro têm entrada gratuita.
Programação
Sábado, 24 de setembro
17 horas – A origem do mundo
Níke
Performance solo que investiga uma relação íntima com uma molécula sintetizada artificialmente. É talvez a ritualização de uma travessia para tornar esse processo maior que o próprio artista, um processo político que fala sobre a plasticidade do corpo.
Duração: 30 minutos
Classificação: 18 anos.
19 horas – Ele
Oliver Olívia e Lucas Miyazaki
Dois eles, um cisgênero e um transgênero, casados na vida real, se colocam num palco para juntos realizarem algumas ações e jogos performativos. São criadas imagens que remetem direta ou indiretamente a questões de sexualidade, gênero, existência e essência. Nesse percurso, surgem tensões, contradições e limites que suscitam reflexões acerca do que é um homem, um ele, ou o próprio masculino.
Duração: 60 minutos
Classificação: 18 anos
21h – O silêncio anuncia o grito ou Voz Bixa
Marco Antonio Oliveira
Desde a infância, meninos afeminados são constantemente repreendidos, o modo genuíno com o qual eles se relacionam com o mundo. A voz é silenciada antes que ela aprenda a falar. VOZ BIXA é uma narrativa biográfica e forjada para reencontrar um sussurro de voz na intimidade escondida, reconstruindo um universo de memórias individuais, mas também coletivas.
Duração: 70 minutos
Classificação: 12 anos
Domingo, 25 de setembro
17 horas – O silêncio anuncia o grito ou Voz Bixa
Marco Antonio Oliveira
Duração: 70 minutos
Classificação: 12 anos
19 horas – Não ela: o que é bom está sempre sendo destruído
Oliver Olívia e Lucas Miyazaki
Um casal começa a morar junto ao mesmo tempo que um deles inicia seu processo de transição de gênero. Em meio à pandemia do COVID-19, eles convivem incessantemente por conta do isolamento social. Nessa peça, ambos estão em cena, e realizam jogos performativos com seu texto – uma dramaturgia que foi escrita em 2020 pelo marido cis, no início da transição de gênero do diretor da obra, e agora é revisitada em 2022, pelas pessoas que eles são hoje em dia.
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos
21horas – A falsa ilusão de ser predadora
Karla Ribeiro
Dos percursos de uma preta e lésbica, ou melhor, sapatona, ou melhor, sapafemme, quer dizer, sapaqueen. O encontro com um erotismo nas encruzilhadas: Quando deseja e quando é desejada? Das experiências no mundo via corpa, sexo, sexualização e sexualidade, fricciona sua existência com a da comunidade queer a que quer (?) pertencer. É ela, a predadora insaciável? Faz dela e disso, experimento.
Duração: 70 minutos
Classificação: 16 anos.
Foto de cena espetáculo Ele – Oliver Olívia e Lucas Miyazaki: Amanda Clemente
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