Espetáculo traz como proposta de investigação as possibilidades de reinvenção do corpo e seu retorno para uma reelaboração de comunidade matrigestora que compreende o gestar e a pulsão feminina de existência enquanto estratégia de renascimento…
Dias 27 e 28 de setembro, no Sesc Pinheiros, o Núcleo Ajeum apresenta o espetáculo “Lama”, inspirado nas simbologias de Nanã, Orixá que detém dos poderes e mistérios da vida, morte e seu ciclo de existência, a mais velha e sábia.
“Lama” traz como proposta de investigação as possibilidades de reinvenção do corpo e seu retorno para uma reelaboração de comunidade matrigestora que compreende o gestar e a pulsão feminina de existência enquanto estratégia de renascimento.
O Núcleo cria uma encruzilhada nas discussões a partir do que Cleonora Hudson traz enquanto concepção do mulherismo africano e suas estruturas de funcionamento e compreensão de povo, onde “cria critérios próprios (mulheres negras africanas) para avaliar ações e pensamentos, pensando uma comunidade materno-centrada a partir da realidade social de liderança de mulheres negras nas nossas comunidades, principalmente nas realidades afro-brasileiras”.
Nanã, a partir da lama e de seus poderes cria e molda o corpo. Entrega a matéria prima para esta criação e depois a recolhe quando o fim desta vida chega. Liderando a conscientização do ciclo entre vida e morte. A partir dessa criação é que redescobrimos a possibilidade de ser corpo e de revivenciar a vida e suas fricções.
“Lama” anuncia a invenção da pessoa. Das profundezas de um rio ou pela transformação da chuva é que surge a matéria prima e a possibilidade de ser corpo. Corpo este que vivencia e reaprende suas relações com os objetos, com o outro, com as emoções e conflitos do mundo. O que é amor ? O que é violência? O que é gênero? Quem sou e quem posso ser? “Lama” traz essas perguntas sendo moldadas por seres que vivem no entre a vida, morte e seus mistérios, seres esses que vieram do balançar de um ibiri.
Ficha técnica:
Direção, concepção e coreografia: Djalma Moura
Interpretes-criadores: Aysha Nascimento, Cristiano Saraiva, Djalma Moura, Erico Santos, Marina Souza, Sabrina Dias e Victor Almeida.
Máscaras: Murilo de Paula
Iluminação: Juliana Jesus
Trilha Sonora: Dani Lova
Figurino: Núcleo Ajeum
Costureira: Dianis Kerina
Fotos de Divulgação: Verônica Pereira
Colaboração Artística: Priscila Obaci, Flip Couto e Camila Bolaffi (Cuca)
Assessoria de imprensa: Marcelo Dalla Pria
Produção: Erico Santos e Dafne Nascimento
“Lama” – Núcleo Ajeum
Sesc Pinheiros
Praça
Rua Pais Leme, 195 – Pinheiros
Informações: 11 3095-9400
Dias 27 e 28 de setembro, às 19h
Duração: 60 minutos
Gratuito
Classificação etária: 12 anos
Sobre o Núcleo Ajeum
O Núcleo Ajeum é formado por um grupo de artistas negros, periféricos e LGBTs, sob direção de Djalma Moura, que praticam dança contemporânea e investigam a sua relação com as narrativas africanas e afrobrasileiras. Está sediado no bolsão periférico da zona sul da cidade de São Paulo, mais precisamente entre as regiões do Jardim São Luis, Campo Limpo e Capão Redondo.
O Ajeum pesquisa o corpo negro e sua cosmovisão de mundo, investigando o universo pluridimensional dos terreiros de candomblé, as liturgias africanas e afrobrasileiras e os seus orixás. Neste processo tem se interessado nas transformações corporais e emocionais que estes espaços de celebração e resistência negra dão as incorporações, aos transes e ao corpo que se manifesta no coletivo. As obras coreográficas do grupo têm sido criadas a partir da conexão entre fisicalidade e emoção onde o corpo das danças negras dos terreiros de candomblé, são ressignificados em suas múltiplas possibilidades de descoberta pela dança contemporânea.
O Núcleo busca em suas produções ampliar seu espaço de atuação. As obras criadas têm sido apresentadas tanto em espaços convencionais como teatros e centro culturais, como na rua e em outros espaços abertos. Como forma de criar memória sobre sua produção e acessar outros públicos criou a Revista AJEUM (2019) e está preparando um documentário sobre dança contemporânea e cultura negra periférica. Outros processos voltados à formação e informação do público jovem das periferias tem estruturado a identidade e os objetivos do núcleo enquanto produtor e difusor de conhecimentos sobre dança negra periférica.
Mais informações: www.nucleoajeum.com
Foto: Verônica Pereira
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