Montagem com direção de Rogério Tarifa é a continuidade investigativa de Renato Borghi sobre a obra de Bertolt Brecht. Com Renato Borghi, Débora Duboc, Elcio Nogueira Seixas, Nath Calan e Cristiano Meirelles…
A pergunta agora é: O Que Nos Mantém Vivos? em mais um mergulho nas obras de Bertolt Brecht pelo Teatro Promíscuo, companhia do ator Renato Borghi em parceria com Elcio Nogueira Seixas.
Com realização por meio do Prêmio Zé Renato e apoio do Sesc São Paulo o espetáculo estreia no dia 12 de novembro no Sesc Consolação, no Teatro Anchieta, e terá temporada de 17 apresentações, às sextas, sábados e aos domingos, uma sessão extra em 08 de dezembro, quinta-feira, e sessões com interpretação em Libras de 8 a 11 de dezembro.
A peça une artisticamente o Teatro Promíscuo e o diretor Rogério Tarifa e pontua a continuidade reflexiva em Brecht, proposta iniciada em O que mantém um homem vivo? que estreou em novembro de 2019 no Sesc Consolação. O que nos mantém vivos? se estrutura também em quatro unidades temáticas (Deus Acima de Todos; Família; Pátria Armada e Propriedade) para debruçar nos elementos que criam ambiente para o triunfo de um sistema desumano e autoritário, bem como no caminho utilizado para a falência das utopias e do humanismo.
“A tragédia causada por esta lógica brutal do medo e da paralisia foi exposta recentemente e com toda a crueza em nosso país. O temor que estas palavras causam cai por terra diante do humor iconoclasta do velho Brecht. O que nos mantém vivos? oferece como na primeira parte o que há de mais potente na obra do dramaturgo alemão. Há um mundo organizado em bases desumanas. Bertolt Brecht quer contribuir para sua mudança. Seu teatro é crítico, agudo, lúcido. Ele busca trazer à tona as contradições do indivíduo no relacionamento social. Brecht é carne, suor e sobrevivência e sua obra é inspirada no ser humano concreto em luta diária pelo pão” acrescenta Borghi.
Dividido em prólogo, primeiro ato, intervalo, segundo ato e epílogo – duas grandes unidades se destacam: Deus Acima de Todos, quando será representada a cena do Pequeno Monje da peça Galileu Galilei – encenada por Borghi em vários momentos de sua trajetória. Um compilado de trechos da Santa Joana dos Matadouros que foram transformados, na sua maioria, em música, dialogando com uma linguagem cênica que flertará com a ópera. E, por último, Pátria Armada, que trará a história de Arturo Ui, sob uma linguagem circense, como metáfora ideal para dialogar com a situação política do nosso país.
“A peça é um ato-espetáculo musical que comemora os 65 anos de carreira do ator Renato Borghi. A peça é uma canção, uma música. É um abraço, um afago, o oxigênio, a arte, o teatro, o trabalho, a revolta, um grito contra o desacato, a comida, a vacina, a ciência, a busca, o nascimento, a troca, o encontro, a amizade, a cura, o outro, a outra ou o que cada pessoa pensa ao ouvir a pergunta que dá título à obra”, declara Rogério Tarifa, diretor convidado pelo Teatro Promíscuo para a encenação.
A concepção de O que nos mantém vivos? se baseia na busca por uma horizontalidade maior entre a obra e o espectador. O público então é convidado a refletir junto aos intérpretes, por meio dos elementos épicos da dramaturgia e da estrutura permeável, da construção do espetáculo.
“Queremos criar em cena, um transbordamento inacabado, um rascunho visceral, que potencializará o acontecimento do teatro: o encontro dos artistas com a plateia.”, finaliza o diretor.
A equipe
Quase toda a equipe de criação é composta por parceiros de longa data do Teatro Promíscuo, como a atriz Débora Duboc e parceiros de criação do diretor Rogério Tarifa. Na música – que será um ponto forte da montagem – teremos a presença da dupla William Guedes (direção musical) e Jonathan Silva (composição). No ato-espetáculo musical, canções originais e inéditas em sua maioria serão executadas ao vivo pelos intérpretes e músicos. Luiz André Cherubini, fundador do histórico Grupo Sobrevento, assina com Tarifa a direção de atores e a cenografia, além do teatro de animação, que traz para à montagem a linguagem do teatro de objetos e bonecos, aprofundando a poesia e o olhar crítico necessários para o desenvolvimento do enredo.
Na direção de movimento e preparação corporal, Marilda Alface é responsável por produzir uma linguagem coral corporal que conduz as cenas entre a precisão das caminhadas de butô e as danças populares. Completando a equipe de criação, temos Juliana Bertolini nos figurinos, Andreas Guimarães no cenário – ao lado de Tarifa e Cherubini – e Marisa Bentivegna na iluminação.
Cronologia
O que Mantém um Homem Vivo? foi encenada e dirigida pelo próprio Borghi, com a codireção de José Antônio de Souza em 1973 em meio a um dos períodos mais violentos da ditadura militar no Brasil. Anos mais tarde, em 1982, às vésperas da redemocratização, o texto teve uma segunda montagem, não menos impactante, no TBC e novamente estrelada por Renato e Esther, mas desta vez, com direção conjunta de Elias Andreato e Marcio Aurélio.
Cinco décadas depois, a peça recebe uma nova montagem, pontuando uma terceira versão, também dirigida e encenada por Borghi, com Elcio Nogueira Seixas e Georgette Fadel. Ela esteve em cartaz no Teatro Anchieta e no TUSP meses antes de o país ser atingido pela pandemia provocada pela COVID-19.
A primeira montagem é marco do nascimento do Teatro Vivo, companhia que os atores Renato Borghi e Esther Góes criaram em 1972, após Borghi ter saído do Teatro Oficina, grupo do qual foi fundador e onde permaneceu por quatorze anos, consagrando-se como um dos maiores atores do país.
Ficha Técnica
Idealização e adaptação: Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas
Direção: Rogério Tarifa
Elenco: Renato Borghi, Débora Duboc e Elcio Nogueira Seixas
Músicos Atores: Cristiano Meirelles e Nath Calan
Direção de Atores: Rogério Tarifa e Luiz André Cherubini
Direção Musical: William Guedes
Composição Musical Original: Jonathan Silva
Colaboração dramatúrgica: Débora Duboc, Diego Fortes, Georgette Fadel, Luiz André Cherubini e Rogério Tarifa
Figurinos: Juliana Bertolini
Cenografia: Andreas Guimarães, Luiz André Cherubini e Rogério Tarifa
Iluminação: Marisa Bentivegna
Teatro de Bonecos e Objetos: Luiz André Cherubini
Direção de movimento e Preparação Corporal: Marilda Alface
Camareira: Maria da Graça
Assistente e Operação de Luz: Rodrigo Damas
Operação de Som: Vitor Osório
Direção de Palco: Diego Dac e Roberto Tomasim
Cenotécnica: Andreas Guimarães e Cássio Omae
Confecção de Figurinos: Juliana Bertolini, Vi Silva, Francisca Lima (costura), Aldenice Lima (tricôs) e Laura Bobik (intervenções gráficas)
Confecção dos bonecos : Mandy e Agnaldo Souza
Confecção de Flores: Coletivo Flores Pela Democracia
Eletricista: Marcelo Amaral
Fotografia: Bob Sousa
Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro – Ofício das Letras
Consultoria Jurídica: Martha Macruz de Sá
Assistente Administrativo: Cadu Cardoso
Assistente de Produção: Bárbara Berta e Theo Moraes
Produção Executiva: Carolina Henriques
Direção de Produção: Jessica Rodrigues/Contorno e Pedro de Freitas/Périplo
Coordenação Geral: Teatro Promíscuo / Renato Borghi Produções Artísticas LTDA.
Projeto “O que mantém um homem vivo – parte II – Quem preparou a festa?” contemplado na a 12a Edição do Prêmio Zé Renato de apoio à produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
O que nos mantém vivos?
Direção Rogério Tarifa
Com Renato Borghi, Debora Duboc e Elcio Nogueira
Sesc Consolação
Teatro Anchieta
Rua Doutor Vila Nova, 245, Vila Buarque (Metrô Higienópolis-Mackenzie)
Informações: (11) 3234 3000
Capacidade: 280 lugares
Temporada: De 12 de novembro a 17 de dezembro
Sextas e sábados, às 20h
Domingos, às 18h.
Sessão extra em 08/12, às 20h, quinta-feira.
De 8 a 11 de dezembro, as sessões contam com interpretação em Libras.
Duração: 180 minutos com intervalo
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
Preço: R$40,00 (inteira) | R$20,00 (meia entrada) | R$12,00 (credencial plena)
Os ingressos estarão disponíveis para venda em sescsp.org.br ou nas bilheterias do Sesc São Paulo.
Horário de Funcionamento
Terça a sexta, das 10h às 21h30
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Foto: Bob Sousa
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