Em 4004 A.C. – A Origem, Círculo de Atores continua pesquisa sobre Bernard Shaw e leva o público ao Jardim de Éden

Numa época na qual a religião entrou no centro do debate dos temas políticos, o Círculo de Atores encena o texto 4004 A.C. – A Origem. Na quarta montagem da Companhia para textos do comediógrafo irlandês Bernard Shaw, o público vai ao Jardim do Éden no espetáculo com direção de Thiago Ledier…

 

 

 

 

 

4004 A. C. – A Origem, é a primeira parte do texto do dramaturgo, comediógrafo, polemista e pensador político irlandês Bernard Shaw, De Volta à Matusalém ou Um Pentateuco Metabiológico, escrito entre o final da Primeira Guerra Mundial e o ano de 1920. Em 4004, Shaw, influenciado pelos horrores da guerra, desconstrói o mito da criação, erodindo o clichê̂ pastoral e bucólico do Jardim do Eden. Através de dois quadros, coloca em cena Adão, Eva, A Serpente e Caim, expondo os conflitos e descobertas supostamente enfrentados pelos primeiros seres humanos. A montagem estreia no Teatro Studio Heleny Guariba próximo dia 11 de novembro. O espetáculo integra o projeto da Cia. Círculo de Atores, contemplado na 37ª edição do Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo.

A peça é dirigida por Thiago Ledier, que assina a adaptação e tradução com Sérgio Maspasqua. Chris Couto é assistente de direção de um elenco composto por Luana Frez, Nando Medeiros, Márcia de Oliveira, Nábia Villela, Guilherme Gorski e Luti Angelelli.

Shaw acreditava que uma imaginação potente seria o remédio necessário para confrontar problemas da moralidade, e sua parábola sobre o tempo de vida do ser humano serve como uma alegoria sobre a capacidade ilimitada do pensamento. No contexto da peça, a percepção das implicações trazidas pela morte são o gatilho para que a imaginação ganhe asas.

Na obra de Bernard Shaw sempre nos deparamos com personagens nos quais a religião é um elemento presente e constitutivo. Na peça Cândida, apresentada entre os anos de 2008 e 2014, um dos personagens, o reverendo James Morell, é um pastor anglicano socialista. Giuseppe, em O Homem do Destino, é um estalajadeiro italiano católico e supersticioso, em A Profissão da Sra. Warren, o Reverendo James Gardner, prega um conservadorismo de fachada, mal disfarçando seus impulsos mundanos, e em A Milionária, o personagem do médico egípcio tenta se contrapor ao pragmatismo predatório da bilionária Epifânia, através de valores morais e de solidariedade elevados, presentes no islamismo humanista que professa. Todos os espetáculos já foram montados pela Cia dos Atores em sua pesquisa sobre o autor.

 

O Fator Religioso
Vasculhando suas mais de 60 peças e inúmeros prefácios, encontramos o que podemos chamar de “o fator religioso”. Ao contrário de autores que constroem suas obras como uma contraposição moral ou filosófica direta ao pensamento de uma vertente religiosa predominante, Shaw via nesta questão um elemento importante para o entendimento dos mecanismos sociais. “O cristianismo é uma coisa boa, se as pessoas realmente resolvessem praticá-lo” é uma de suas frases que denota a preocupação sobre a necessidade de se entender o cristianismo a partir de seus fundamentos.

O prêmio Nobel de Literatura recebido por Shaw (a contragosto) pelo conjunto da obra em 1925, tem como opus magnum a peça Santa Joana, onde expõe os mecanismos de manipulação política que culminaram na execução na fogueira de uma camponesa que se dizia incumbida por Deus de libertar a França.

 

Bernard Shaw para todos
Ganhador do Oscar de melhor roteiro (1938) e do Prêmio Nobel de Literatura (1925), Bernard Shaw é ainda pouco conhecido no Brasil. Com os objetivos de proporcionar a democratização do acesso à cultura e difundir a obra do dramaturgo irlandês, a Cia. Círculo de Atores realiza temporadas a preços populares ou com ingresso gratuito, debates após todas as sessões e apresentações com tradução em libras.

Dentro do projeto de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, o Círculo de Atores apresentou no último mês de maio um ciclo de leituras composto por traduções inéditas de 04 textos: 4004 A.C – A Origem, A Impossível Versão Moderna da Paixão, O Evangelho dos Irmãos Barnabé e Don Juan no Inferno. Numa época de opiniões polarizadas, o pensamento não maniqueísta e crítico de Bernard Shaw aprofunda questões tão necessárias ao entendimento do nosso tempo.

Ficha Técnica
4004 A.C. – A Origem Texto: Bernard Shaw | Direção: Thiago Ledier | Assistência de direção: Chris Couto | Tradução e adaptação: Thiago Ledier e Sergio Mastropasqua | Elenco: Luana Frez, Nando Medeiros, Márcia de Oliveira, Nábia Villela, Guilherme Gorski e Luti Angelelli | Trilha original: Gregory Slivar | Cenário: Fernando Passetti e Nicolas Caratori | Figurino: Kleber Montanheiro
Iluminação: Nicolas Caratori | Fotografia: Ronaldo Gutierrez | Design Gráfico: Denise Bacellar
Consultoria Teórica: Rosalie Rahal Haddad | Assessoria de Imprensa: Vanessa Pinheiro Fontes
Direção de Produção: Selene Marinho | Coordenação de Produção: Sergio Mastropasqua
Produção Executiva: Marcela Horta | Assistência de Produção: Henrique Pina | Administração:
Patricia Pichamone e Gabriella Brum | Produção: SM Arte Cultura | Realização: Círculo de Atores

Este projeto foi contemplado pela 37ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.

 

 

 

 

 

 

4004 A.C. – A Origem
Teatro Studio Heleny Guariba
Praça Roosevelt, 184 – Centro
Capacidade: 32 lugares
Temporada de 11 de novembro a 13 de dezembro de 2022
Sextas, sábados, segundas e terças às 21h
Domingos às 19h
Não haverá sessões nos dias 15/11, 03 e 10/12
Ingressos: Gratuitos ou pague quanto puder (até R$ 20,00)
Debates após todas as sessões
Quatro sessões com tradução em libras
Recomendação etária: 14 anos
Duração: 85 minutos
Estacionamento ao lado do teatro

Sobre o Círculo de Atores:
https://www.circulodeatores.com.br/
https://www.instagram.com/circulodeatores/

Foto: Ronaldo Gutierrez

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