Espetáculo criado pelo artista Afro-brasileiro radicado na Espanha Marco Motta é inspirado nas canções “Assum Preto”, de Luiz Gonzaga & Humberto Teixeira, e “Blackbird”, de Nina Simone. terá duas sessões, dias 17 e 18 de novembro no teatro da unidade…
O projeto mistura circo e dança e nasce da necessidade de reivindicar estética e ética em uma forma de arte que exclui sistematicamente corpos. Através das suas criações, Marco pretende “afrocentrar” o circo, e dar espaço a esta experiência afro-brasileira, ainda fortemente sub-representada
O Sesc Santo Amaro (R. Amador Bueno, 505) recebe a estreia nacional de Assum Preto, criação de Marco Motta, que além disso é responsável pela coreografia e pela interpretação. A realização é do Coletivo Instrumento de Ver, de Brasília. As sessões acontecem nos dias 17 e 18 de novembro de 2023 – sexta às 21h e sábado às 20h. Os ingressos custam de R$ 12 a R$ 40 e estão disponíveis em https://www.sescsp.org.br/programacao/assum-preto/.
Assum Preto é um espetáculo de circo criado em 2022 pelo artista Afro-brasileiro
radicado na Espanha Marco Motta. À coreografia e às técnicas circenses de faixa e mastro, Marco dança break também. A criação foi inspirada em duas canções: a brasileira “Assum Preto”, de Luiz Gonzaga & Humberto Teixeira, e a norte-americana “Blackbird”, de Nina Simone. A trilha sonora original é de Yeison Moreno, Darío Santamaría, Marco Motta, Frank David Santiuste, e será executada ao vivo no Sesc Santo Amaro por J.G.Joshua, Larissa Umaytá e Lucas Rodrigues.
A obra tem como eixo central o conceito de banzo, que vem da língua Kikongo, e significa “pensamento” ou “memória”. O banzo foi a nostalgia que afetou os negros escravizados no Brasil. As lembranças da terra natal e a falta de esperança na liberdadede levaram os negros escravizados à morte. Mas como é que o banzo afeta uma pessoa de ascendência africana no século XXI? Segundo Frantz Fanon, psiquiatra, filósofo e escritor martinicano de origem martinicana, “o racismo não ousa sair sem suas máscaras”.
Em diversas expressões culturais, as máscaras são, ao invés de uma forma de se esconder, uma forma de se revelar. Uma vez colocada a máscara, a pessoa deixa de ser ela mesma e torna-se outra coisa. Já no Brasil, as máscaras são utilizadas no carnaval, essa festa anual na qual os escravizados podiam, por alguns dias, ter a ilusão da liberdade. Durante essas celebrações, usavam máscaras feitas secretamente com materiais do cotidiano. Diz-se que muitos deles aproveitaram o anonimato que a máscara proporciona para fugir.
Toda a pesquisa coreográfica de Marco Motta para este projeto é baseada em danças afro-diaspóricas contemporâneas, incluindo breakdance, capoeira, krump, estilos e house afro-brasileiros. À essas linguagens, Marco acrescenta o movimento de um corpo quando interceptado por uma autoridade. Dançando com as mãos atrás da cabeça ou atrás das pernas, em contorção, ele explora as possibilidades de realizar acrobacias dentro desses limites, escrevendo-os coreograficamente. Da mesma forma, ele se apropria dos movimentos repetitivos e circulares que podemos percebemos em animais cativos, aproveitando o paralelismo com a cena circular, formato característico dos palco de circo, ou picadeiro. A partir desses dois princípios corporais, ele explicita formas de agir e se movimentar que fazem parte da realidade cotidiana dos negros em todo o mundo.
As apresentações de Assum Preto fazem parte do projeto “Do 13 ao 20 – (Re)Existência do Povo Negro” (confira em www.sescsp.org.br/projetos/do-13-ao-20/).
Ficha Técnica
Ideia original, criação e coreografia: Marco Motta
Intérprete: Marco Motta
Trilha Sonora Original: Yeison Moreno, Darío Santamaría, Marco Motta, Frank
David Santiuste.
Músicos Intérpretes: J.G.Joshua, Larissa Umaitá, Lucas Rodrigues
Diretor de Arte, Cenário e Figurino: Julieta Michelon, Marco Motta, Abigail Motta,
Ana Motta.
Iluminação e Som: Joao Dimas
Direção Técnica Contra-Regra: Daniel Lacourt
Fotografías: João Saenger
Assessoria e olhar externo: MADPAC Asociación de Profesionales, Artistas y
Creadores de Circo de Madrid: Zenaida Alcalde, María Folguera.
Africa Moment: António Tavares, Elizabete Bety, Aïda Colmenero Dïaz.
Apoio: Galpoa Ateliê Circense
Produção: Gabriela Onanga
Produção Executiva: Maíra Moraes e Julia Henning
Realização: Coletivo Instrumento de Ver
Teaser “Assum Preto”
Idealização e performance Marco Motta Direção e montagem Cícero Fraga Produção Executiva Instrumento de Ver Produção Julia Henning e Maíra Moraes Fotografia Alan Schvarsberg Técnico de Vôo Daniel Lacourt Assistente de Produção Beatrice Martins E Ana Carla Malta Trilha Sonora E Desenho De Som Padim Cor Luíza Herdy Figurino E Adereços Marco Motta Apoio Aico – Cinematic Actions, Association Beaumarchais-SACD Distribuição Buva Filmes
Sinopse:
Assum Preto é um espetáculo circense criado em 2022 pelo artista Afro-brasileiro radicado na Espanha Marco Motta. A criação foi inspirada em duas canções: a brasileira “Assum Preto”, de Luiz Gonzaga & Humberto Teixeira, e a norte-americana “Blackbird”, de Nina Simone. Essa obra é uma expressão do poder da arte para além do eurocentrismo, a partir de uma história contada em primeira pessoa. O personagem principal de Assum Preto incorpora como Marco sente que
seu corpo, desumanizado, é visto nas esferas sociais e políticas, no Brasil e na Europa. Utilizando o circo, a dança e a música como linguagem, Marco traz a sua pesquisa corporal original de contorção nos aparelhos aéreos em uma virtuose que transita entre as danças e músicas afro-diaspóricas.
Assum Preto
com Marco Motta
Sesc Santo Amaro
Teatro
Do 13 ao 20
R. Amador Bueno, 505 – Santo Amaro
17 e 18 de novembro de 2023
Sexta, às 21h, sábado, às 20h
Os ingressos custam de R$ 12,00 a R$ 40,00 estão disponíveis em
https://www.sescsp.org.br/programacao/assum-preto/
Duração: 50 minutos
Classificação Indicativa: 16 anos
Marco Motta
é nascido em Salvador, Bahia. Desde a adolescência começou a explorar a linguagem do movimento através do breakdance e da capoeira. Com 17 anos mudou para a Espanha, onde começou a trabalhar como dançarino profissional e decidiu investigar o circo de forma autodidata. Com os anos, Marco criou um estilo próprio, que combina a técnica dos aéreos ( faixa e mastro) com o breakdance e o contorcionismo. Em 2017 ganhou o prêmio especial do júri no prestigioso festival mundial Cirque de Demain e em 2019, o terceiro prêmio no Festival Íbero-Americano de circo (FIRCO) e o prêmio Circus Talk. Nesta nova fase de seu trabalho, Marco aprofunda a sua pesquisa teórica sobre como fazer um circo afrocentrado, desenvolvendo seus próprios elementos com uma diferentes perspectivas estéticas, políticas e étnicas. Assim, criou o espetáculo Blackbird, ou Assum Preto, estreado em Madrid em 2019. Em 2021 foi convidado pela companhia francesa Le Troisième Cirque e pelo coletivo brasileiro Instrumento de Ver para participar do espetáculo 23 Fragmentos desses últimos dias, com o qual tem circulado entre Brasil, França, Bélgica e Suíça. Desde então, é artista parceiro do coletivo Instrumento de Ver, que viabiliza a circulação do espetáculo no Brasil. Juntos, fizeram um filme curta-metragem inédito inspirado no seu espetáculo de mesmo nome: Assum Preto. O coletivo Instrumento de Ver Somos acrobatas, técnicos, produtores, realizadores, criadores, vendedores de pipoca, fotógrafos e artistas. Inventamos e reinventamos jeitos de criar desde 2002, nos reconfigurando o tempo todo, lidando com as mais diversas facetas da produção cultural e da criação artística. Temos o processo de criação como fonte de inspiração, como caminho e como fim. Instrumento de Ver é um coletivo de artistas independentes com formações e atuações diversas, com pesquisa e produção nas relações entre as artes do circo, dança, teatro contemporâneo, música, fotografia e vídeo. É atuante no cenário cultural de Brasília e vem desenvolvendo projetos e parcerias com boa representatividade local e projeção nacional e internacional. Tem ao longo desses anos fortalecido o setor cultural por meio da criação e produção de projetos focados na auto-sustentabilidade e que proporcionem experiências originais ao público. Como modelo de gestão defendem a gestão criativa em rede, sob o prisma de não dissociar o fazer artístico da gestão cultural.
Foto: João Saenger
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