Peça tem abertura do Babalorixá Sidnei Nogueira e figurino assinado por Flávia Aranha…
A companhia Danças Polifônicas apresenta ao público Mamma Sy Yiá, uma peça de dança que traz à luz o tema da maternidade em suas diversas camadas. O próprio nome contém a sua essência de ser: Mama é mãe, Sy significa “mãe” em tupi, e Yiá, “mãe” em iorubá – trata-se de um projeto que propõe a descolonização dos afetos e da maternidade. A dança se concentra no encontro entre três dançarinas mães: Sofia Tsirakis, Inaê Moreira e Dora Selva. A performance conta também com a participação especial do Babalorixá Sidnei Nogueira, da casa Ilè Asè Sangó (CCRIAS), que fará uma intervenção coreográfica para abrir a dança das mães em homenagem à Oxum e às orixás maternais. A direção é feita por Sofia Tsirakis e a trilha musical pelo seu parceiro e compositor André Balboni. Esse sonho da companhia Danças Polifônicas só se tornou possível graças ao apoio do Fomento à Dança da Cidade de São Paulo (2023).
O espetáculo estará em cartaz na Sala Corpo & Artes do Sesc Vila Mariana, nos dias 26 e 27 de janeiro de 2024 às 19h e 28 de janeiro de 2024 às 17h. As apresentações têm classificação livre.
Idealizado por Sofia Tsirakis e André Balboni, a peça é um convite e espaço livre para mães, pais e cuidadores que sentem falta de estar ao lado de suas crianças, sem julgamento. O espetáculo explora a importância de um novo olhar sobre a maternidade, sua descolonização e o cuidado com as crianças em nosso mundo de hoje. Por isso, vale ressaltar a tradução do projeto: “Mama” é mãe no português brasileiro, “Sy” significa mãe em tupi, e “Yiá” é mãe em iorubá. Sendo assim, a peça convoca a ancestralidade fazendo uma homenagem a todas as mães.
“A peça vem da experiência de três mães e dançarinas, das memórias, das emoções, das vivências, da gestação, do parto e do puerpério. Essas experiências vêm trançadas nessa presença que nos abraça e nos acolhe, que são as mães orixás e as forças da natureza, especialmente Oxum, a nossa mãe água. São três relatos pessoais e nós nos banhamos nas águas dessa mãe maior. Nesse gesto, essas mães, que no nosso dia a dia, na nossa sociedade, nesse ato de cuidar, sentem falta de um colo para si enquanto cuidadoras, encontram este colo apenas quando fazem a conexão com essas forças da natureza”, explica Sofia.
O espetáculo foi gestado em três etapas. A primeira foi composta por um grupo de estudos – concebido durante a pandemia e realizado de janeiro a abril de 2023 – que juntou uma série de perfis diferentes de cuidadores de crianças (mães, pais e responsáveis). A segunda etapa foi a criação do espetáculo em si que contou com a voz ativa da baiana Inaê Moreira, que também desembocou na mostra “Dança em relação com crianças” com peças e apresentações de crianças ao lado de seus respectivos cuidadores. E termina na peça de dança ” Mamma Sy Yiá “, que também contará com a performance do Babalorixá e professor Sidnei Nogueira, da casa Ilè Asè Sangó (CCRIAS), doutor em Semiótica (USP) e autor do livro “Intolerância Religiosa” da coleção “Femininos Plurais”‘, organizado por Djamila Ribeiro.
“Convidei a Inaê Moreira para participar desse primeiro ciclo, que nós chamamos de ‘Semente’, como uma mãe e cuidadora que participava desse grupo. Nesses encontros que foram todos online, também fizemos mais quatro encontros dela para explorar sua pesquisa que é de mães em relação às iabás: as mães orixás. A partir disso, tivemos uma afinidade grande, eu senti uma conexão muito forte com a Inaê e a convidei para a criação dessa peça de dança. Quando percebi que Oxum estava muito presente neste trabalho, a gente sentiu a necessidade de chamar o babalorixá Sidnei como um gesto de pedir licença para gente poder dançar inspirado por Oxum”, comenta Sofia.
Inaê Moreira é uma mulher negra, artista e mãe de Ayomi. Formada em Dança pela Funceb e Licenciada em Dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Atualmente vem encontrando caminhos para desaguar o seu trabalho a partir dos saberes Yorubás e Bantu, criando performances e ativando espaços coletivos de pesquisa, através do que tem chamado de Dança Intuitiva, onde busca estabelecer uma relação entre movimento, espiritualidade e ancestralidade.
Dora Selva, vem para completar o trio de mães-dançarinas. Com descendência brasileira e hondurenha, transita pelos campos da dança, performance, fotografia e audiovisual. Sua pesquisa tem o corpo como matéria primordial, e se fundamenta nas relações entre movimento, espiritualidade, identidade e natureza. É criadora da Viva Pelve, uma plataforma de pesquisa sobre a pelve, seus movimentos, mistérios, poder e cura. O projeto envolve oficinas, práticas regulares, processos artísticos, pesquisa sonora e criação de conteúdo.
Para fechar com chave de ouro esse time, outra mãe está presente. O figurino é assinado pela recém mãe de José, a estilista Flávia Aranha, uma das pioneiras em criar moda sustentável no Brasil. Desde o início de sua marca em São Paulo trabalha com tingimentos e tecidos naturais e hoje investe em tecidos tecnológicos para revolucionar a moda. A primeira coleção já pode ser conferida e adquirida e foi feita em parceria com a marca Insider.
Ficha Técnica
Direção: Sofia Tsirakis
Dança: Dora Selva, Inaê Moreira e Sofia Tsirakis
Participação especial: Sidnei Nogueira
Música e Dramaturgia: André Balboni
Direção de arte e cenário: Andrea Barbour
Figurino: Flavia Aranha
Desenho de Luz: Gabriele Souza
Produção executiva e administrativa: Iolanda Sinatra
Assistente de produção: Stella Balboni
“Mamma Sy Yiá”
Cia Danças Polifônicas
Sesc Vila Mariana
Sala Corpo & Artes
R. Pelotas, 141 – Vila Mariana, São Paulo
Dias 26 e 27 de janeiro, às 19h
Dia 28 de janeiro, às 17h
Classificação livre
Ingressos
credencial plena: R$ 12,00
meia: R$ 20,00
inteira: R$ 40,00
Cia. Danças Polifônicas
Criada em 2014 por Sofia Tsirakis como plataforma artística para produção de trabalhos autorais, parcerias e colaborações. É formada também pelo músico e compositor André Balboni. Tem como foco a dança em diálogo transdisciplinar, principalmente com a música e o teatro. Por meio de ações como criações artísticas, jams, oficinas e aulas, busca também maior interlocução com o público em geral.
Foto: Marina Nacamuli
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