Com texto e direção de Marcelo Romagnoli, a peça propõe uma escola mais inclusiva e acolhedora. Diversos encontros expandem as discussões do trabalho para além dos palcos…
“Marcelo Romagnoli falou de censura, de ditadores, de fascistas, de direito à educação, em uma ode à liberdade de expressão, feita por imagens, alegorias, simbologias, paródias, brincadeiras – mais alegria e até deboche do que raiva. Isso é ser um grande autor. Isso atinge mais do que enfiar o dedo no nariz da plateia com lições de moral – nunca me canso de escrever isso”. Trecho de crítica publicado por Dib Carneiro Neto
Para a Cia Bendita, a escola precisa de uma mudança radical, tornando-se mais inclusiva e acolhedora. Com isso em mente, nasceu o espetáculo “Elagalinha”, com texto e direção de Marcelo Romagnoli. Sucesso de público e crítica, a peça já realizou mais de 100 apresentações e ganhou o prêmio APCA de Melhor Espetáculo de Rua em 2019. E neste primeiro semestre de 2024, é possível assistir a uma nova temporada gratuita da obra.
Serão apresentações em sete CEUS espalhados por todas as regiões de São Paulo – uma aberta ao público com intérprete de Libras e duas exclusivas para os alunos dos CEUs. No dia 17 de março, às 15h, tem uma sessão no Centro Cultural Vila Formosa. Há outra confirmada no CEU Capão Redondo, no dia 22 de março, às 19h30. Outras sessões estão sendo definidas.
A circulação teve início no CEU Carrão / Tatuapé no dia 18 de fevereiro, às 16h. Depois, o espetáculo passou pelo CEU Paraisópolis no dia 26 de fevereiro, às 14h, em sessões com plateias lotadas.
“Uma aula? Um curso? Uma oficina? Uma palestra? Ao refletir sobre nossa formação cidadã, constatamos que existem experiências que nos atravessam e, de fato, são formativas, mesmo estando em espaços educativos não convencionais. O espetáculo não só entretém, mas nos convida a rever paradigmas; amplia nossas reflexões críticas e nos convoca a agir em prol de uma transformação individual e coletiva. Revela-se como uma experiência educativa envolvente para todas as idades”, depoimento de Leandro Oliva, professor de Arte do Instituto Federal de São Paulo.
Além disso, para expandir as discussões levantadas pela obra, o projeto contemplado pela 17ª edição do Prêmio Zé Renato – Secretaria Municipal de Cultura envolve mais cinco encontros com foco em educadores, artistas, gestores e comunidade próxima ao local das apresentações. Os temas das atividades são “Linhas pedagógicas”, “Relações com arte e educação”, “Educação emocional e dinâmicas artísticas nas escolas” e “Cartilha Didática”. Todas essas ações serão gravadas e ficarão disponíveis nos sites de equipamentos culturais municipais. É possível acompanhar a programação no Instagram @ciabendita.
Sobre a história
De acordo com a atriz Jackie Obrigon, uma das fundadoras da Cia Bendita, “Elagalinha” é uma fábula moderna para todas as idades. Crianças e adultos são convidados a refletir sobre a educação a partir da história de uma galinha-menina que descobre o poder de uma sala de aula.
“O que estamos defendendo com este trabalho é o conceito do Paulo Freire de que a escola precisa ser libertadora”, conta Jackie. Na trama, um pai que acredita no valor do conhecimento manda a sua filha para a escola pela primeira vez. No caminho, ela é enganada por Elemonstro, o dono de uma granja que só pensa em lucro. Trancada em jaula, Elagalinha vira produto.
“’Elagalinha’ reeduca espectadores e espectadoras ao mostrar um pai, e não uma mãe como naturalizamos ver, na função de responsável protetor, notadamente, num país no qual 5 milhões de crianças não carregam o nome do progenitor na certidão de nascimento. Essa é apenas uma das muitas lições que aprendemos neste espetáculo de atitude.” Trecho da crítica publicada por Renata Felinto
Quando a protagonista finalmente conquista a sua tão sonhada liberdade, as grades se rompem, e nasce uma sala de aula pautada pela troca real entre alunos e professores e a multiplicação de saberes. Questões como a construção da cidadania e a criação de uma sociedade mais justa são levantadas pelo espetáculo.
“O texto desenvolve e incorpora muitas características do universo fabular, mas subverte sua estrutura. O que sustenta a história – sua metáfora – é a discussão sobre nosso mundo, sobre costumes, sobre a forma como educamos e sobre, principalmente, nossa relação com a infância”, comenta o diretor e dramaturgo.
Juntam-se à Jackie Obrigon no elenco Guto Togniazzolo, Cris Rocha, Fausto e Joaquim Lino. Para adicionar mais camadas à narrativa, Gui Calzavara e Bruno Garcia formam a banda Granja Sounds e tocam canções criadas exclusivamente para a obra, alternando-se entre instrumentos elétricos, sopros, guitarra, voz e samplers.
Por um teatro voltado à família
Há mais de 10 anos, a Cia Bendita dedica-se a produzir peças para toda a família. O grupo sempre encena novas dramaturgias e já ganhou inúmeros prêmios. “Terremota” (2012), ganhou o APCA de Melhor Texto e, no Femsa de Teatro Infantil, levou as categorias de Melhor Texto e Melhor Atriz (Jackie Obrigon).
Já “Gagá” (2017) venceu o Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem de Melhor Cenário e o APCA de Autor e Diretor (para Marcelo Romagnoli) e de Cenografia e Iluminação (Marisa Bentivegna).
Romagnoli é conhecido por suas dramaturgias pouco convencionais ligadas ao universo infanto-juvenil. “Elagalinha” é o 22º texto do autor voltado a esse público e foi selecionado pelo Proac de Incentivo à Criação e Publicação Literária para ser publicado pela Editora Patuá na época da estreia da peça, em 2019.
Sinopse
Uma galinha de seis anos vai à escola pela primeira vez. No caminho, é presa por um monstro. Sua jaula vira sala de aula e o que ela ensina vem do coração. Além da música ao vivo com a Banda Granja Sounds, uma dupla de Críticos comenta as ações, num enredo paralelo.
Ficha Técnica
Texto e direção: Marcelo Romagnoli
Elenco: Jackie Obrigon (Elagalinha), Guto Togniazzolo (EleMonstro), Cris Rocha (Paigalo), Fausto Franco (Crítico 1) e Joaquim Lino (Crítico 2)
Banda Granja Sounds: Gui Calzavara e Bruno Garcia
Cenário: Marisa Bentivegna
Figurinos: Chris Aizner
Adereços: Ivaldo de Mello
Direção musical: Morris Picciotto
Fotografia: Luiz Doro Neto
Técnico de luz: Violeta Chagas
Técnico de som: Rodrigo Gava
Direção de palco: Mauro Félix
Produção: Nucleo Corpo Rastreado /Cia Bendita
Realização: Cia Bendita
Elagalinha, com Cia Bendita
Duração: 50 minutos
Classificação: Livre
Centro Cultural – Vila Formosa
Av. Renata, 163 – Vila Formosa
Apresentações exclusivas para alunos do CEU: 15 de março, às 10h e às 14h
Apresentação aberta ao público 17 de março, às 15h, com intérprete de Libras
Ceu Capão Redondo
Rua Daniel Gran, s/n – Jardim Modelo
Apresentação aberta ao público e para alunos do EJA: 22 de março, 19h30
Apresentações exclusivas para alunos do CEU: 25 de março, às 10h e às 15h, ambas com intérpretes de Libras
Outras apresentações ainda serão anunciadas
Foto: Luiz Doro Neto
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