Além da homenagem a Chico Anysio e Lucio Mauro, Gostava Mais dos Pais propõe uma reflexão sobre a tentativa de adequação na era digital, o desafio de se manter relevante na iminência de atingir os 50 anos e a preservação da identidade diante da pressão da herança paterna…
Público de São Paulo tem só mais este fim de semana para conferir o espetáculo Gostava Mais dos Pais com Bruno Mazzeo e Lucio Mauro Filho em cartaz no Teatro Porto. As sessões acontecem na sexta-feira e no sábado, às 20h e no domingo, às 17h, até 14 de abril.
Embora o humor corra nas veias de Bruno Mazzeo e Lucio Mauro Filho, carregar o DNA de dois ícones do gênero no país e ainda seguir a mesma profissão não é algo trivial. No espetáculo Gostava mais dos pais os atores celebram a amizade de berço e as dores e delícias de sucederem a Chico Anysio (1931 – 2012) e Lucio Mauro (1927 – 2019), uma das duplas mais emblemáticas da comédia brasileira.
“Esse espetáculo é, antes de tudo, a celebração da grande amizade que nossos pais passaram para nós. Nossas trajetórias se entrelaçaram por conta própria, repetindo uma feliz parceria deles, mas do nosso jeito, no nosso tempo”, resume Lucio. “Na peça nós os usamos para falar sobre a passagem do tempo e a tentativa de entender o nosso lugar nesse mundo novo”, completa Bruno.
O embrião do projeto nasceu ainda antes da pandemia, quando estavam em turnê com “5x Comédia”, espetáculo que rodou o país de 2017 a 2019. Debora Lamm, parceira de longa data de ambos, foi convidada para assinar a direção, enquanto Aloísio de Abreu e Rosana Ferrão respondem pelo texto, escrito a partir de questionamentos levantados pelos protagonistas.
“Nós somos parceiros da Debora há pelo menos 20 anos, no teatro, no cinema e na TV. É uma química testada e aprovada, tanto na esfera pessoal quanto na profissional”, pontua Lucio. “Eu e Lucinho começamos a ter várias ideias, mas queríamos um olhar de fora. Foi aí que convidamos Aloísio e Rosana, dois parceiros meus de muitos anos, que assinaram comigo os roteiros de ‘A Diarista’ e ‘Cilada’, respectivamente. Nós sabíamos sobre o que gostaríamos de falar. Eles nos ouviam, traziam ideias e a gente lia, debatia, levantava outras. Enfim, foi um trabalho muito participativo”, conta Bruno.
Os atores interpretam cerca de dez personagens e várias versões de si mesmos numa série de esquetes que entrecruzam as suas histórias de vida com temas contemporâneos, como as barreiras impostas ao humor e a dificuldade de encontrar os seus lugares na era digital, a cultura do cancelamento, a instantaneidade das viralizações e as fake news.
“Uma das finalidades do humor é fazer as pessoas olharem para coisas que estão acontecendo na sociedade sob outra perspectiva. E a nossa peça faz uma reflexão sobre a linha tênue que define os limites da comédia e da nossa responsabilidade de estar em sintonia com o nosso tempo. O humor também envelhece”, pondera Lucio. “Rir de si mesmo é humor esperto. Numa mistura de autoficção e variados personagens, os meninos fazem um divertido panorama de suas próprias trajetórias, abraçam a crise da maturidade em meio ao declínio do patriarcado e, simultaneamente, emocionam ao falarem da importância da amizade e parceria que perpassam os anos”, observa Debora Lamm.
Os atores brincam também com o peso do legado dos pais – e as inevitáveis comparações com eles –, a dificuldade de entenderem seus lugares no mundo moderno e o esforço para se manterem relevantes na faixa da meia-idade.
“É uma reflexão também sobre o desejo de não remar contra a maré e ao mesmo tempo entender os novos tempos. Ou seja, nós não somos youtubers, nós não sabemos fazer um TikTok. Então, o que a gente faz? Será que ainda vai ter espaço para o que a gente sabe fazer”, questiona Bruno. “Enxergar o novo é a chave. E também buscar um equilíbrio entre a bagagem que acumulamos e podemos oferecer aos projetos, sempre mantendo as portas abertas para as novidades”, complementa Lucio.
O título faz alusão a uma situação que os atores vivenciaram inúmeras vezes quando uma pessoa os interpela na rua. Ela tece mil elogios, mas finaliza o encontro com a frase: “Gostava mais do seu pai”. Ainda assim, nenhum dos dois se furta em fazer piada dessa “herança”. Uma das cenas brinca com o aposto “filho do Chico Anysio”, frequentemente associado a Bruno em entrevistas na TV, enquanto o minimalista e sofisticado cenário concebido por Daniela Thomas exibe uma sequência de imagens de arquivo que ilustram o episódio. Lucio, por sua vez, diverte-se com o fato de que não consegue escapar de seu próprio sobrenome.
A pressão para permanecerem antenados com o mundo contemporâneo enquanto se aproximam dos 50, além dos conflitos internos e consequências decorrentes disso, permeiam diversos momentos do espetáculo. O ponto de partida é um debate sobre a postagem ou não de uma dancinha deles no TikTok e o que se desencadeia depois são recortes de pontos de vistas afiados que provocam risadas e reflexões.
Ficha Técnica
Criado por Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho. Texto: Aloísio de Abreu e Rosana Ferrão. Direção: Debora Lamm. Elenco: Bruno Mazzeo e Lucio Mauro Filho. Participação especial: Luísa Perisse. Consultoria Artística: Monique Gardenberg. Cenografia: Daniela Thomas. Direção de Movimento/ Cena: Amália Lima. Direção Musical: Plínio Profeta. Figurino: Marina Franco. Iluminação: Wagner Antônio. Direção de Produção: Clarice Philigret e Dadá Maia. Diretora Assistente: Maria Borba. Direção de Fotografia e Operação de Câmera: Dudu Miranda. Edição de Vídeo Final: Guta Pacheco. Edição de Som: Zema Tämatchan. Finalização: Quanta Post. Produção de Imagens Mapeadas e. Pesquisa: Demétrio Portugal. Assistente de Cenografia: Maristella Pinheiro. Assistente de Figurino: Eliza de Lima. Assistente e Programação de Luz: Dimitri Luppi. Execução de Cenografia: Mauro Amorim. Operação de luz: Léo Sousa. Operação de Som: Joana Guimarães. Operação de Vídeo: Ligia Alonso. Contrarregras: Bene Alves e Raphael Silveira. Equipe de Luz: Felipe Fly, Léo Sousa e Lucas JP Santos. Coordenação de Produção: Bruna Recchia. Produção: Giovanna Parra, Joana Pegorari, Natália Lebeis, Pabllo Thomaz e Pietra Matalon. Estagiária: Thais Melo. Coordenação de Comunicação: Matheus Detoni. Identidade Visual: Cubículo. Designers Redes Sociais: Acauã Novais, Clara Portela e Taís Mráz. Planejamento de Redes Sociais: Gael Alencar e Ana Carolina Mathias. Fotos de Divulgação: Francisco de Holanda e Pedro Miceli (No Title). Assessoria de Imprensa: Factoria Comunicação | Vanessa Cardoso e Eduardo Marques. Assessoria Jurídica: Olivieri Associados. Captação de recursos: Auíri, Dearo e Lezulat
Co-produção: Dueto Produções. Realização: Expressão Piccolo Produções.
Agradecimentos: Heloísa Périssé, Hugo Gurgel, Michel Asseff Filho e Priscila Borgonovi.
A temporada é realizada atráves da Lei Rouanet do Ministério da Cultura e conta com o patrocínio da PORTO e apoio da PERFECT
Gostava Mais dos Pais
Teatro Porto
Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo.
Telefone (11) 3366.8700
Capacidade: 508 lugares
De 1º de março a 14 de abril de 2024 –
Sextas e sábados às 20h
Domingos às 17h.
Ingressos: Plateia R$120,00 (inteira)
Balcão de Frisa R$100,00 (inteira)
Valor especial R$39,60 (inteira)
Classificação: 14 anos.
Duração: 90 minutos.
Acessibilidade: 10 lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos
Bilheteria:
Aberta somente nos dias de espetáculo, duas horas antes da atração.
Clientes Porto Seguro Bank mais acompanhante têm 50% de desconto.
Clientes Porto mais acompanhante têm 30% de desconto.
Vendas: www.sympla.com.br/teatroporto
Formas de pagamento: Cartão de crédito e débito (Visa, Mastercard, Elo e Diners).
Estacionamento no local: Gratuito para clientes do Teatro Porto.
Siga o Teatro Porto nas redes sociais:
Facebook: facebook.com/teatroporto
Instagram: @teatroporto
Foto: Francio de Holanda
1 comentário em “Últimas sessões do espetáculo Gostava Mais dos Pais com Bruno Mazzeo e Lucio Mauro Filho no Teatro Porto”Adicione o seu →