Cristian Duarte em Companhia estreia ‘e nunca as minhas mãos estão vazias’ no Sesc Pompeia

O trabalho, resultado de um mergulho em experiências físicas e afetivas de cada intérprete, coloca em cena possibilidades de movimento, apesar do tempo em que vivemos…

 

 

 

A coreografia “e nunca as minhas mãos estão vazias” faz parte do projeto Kintsugi, inspirado na arte japonesa de reparar cerâmica quebrada com ouro, valorizando suas fissuras e histórias. O projeto reflete sobre memória, resiliência e perseverança.

O mais recente trabalho de Cristian Duarte em companhia, e nunca as minhas mãos estão vazias, usa o poema da portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, declamado por Maria Bethânia, como ponto de partida: “Apesar das ruínas e da morte/ Onde sempre acabou cada ilusão/ A força dos meus sonhos é tão forte/ Que de tudo renasce a exaltação/ E nunca as minhas mãos ficam vazias”. Contemplado pela 32ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo — Secretaria Municipal de Cultura, a peça, que faz parte do projeto Kintsugi, se apresenta no Sesc Pompeia, de 30 de maio a 09 de junho de 2024, de quinta a sábado, às 21h e aos domingos, às 18h; no dia 30, feriado de Corpus Christi, a estreia acontece às 18h.

Com nove artistas em cena – Aline Bonamin, Allyson Amaral, Andrea Rosa Sá, Danielli Mendes, Felipe Stocco, Gabriel Fernandez Tolgyesi, Leandro Berton, Maurício Alves e Paulo Carpino-, o diretor usa a experiência física e afetiva de cada um para trazer gestos e movimentos para a composição coletiva. Esses movimentos dão forma a construções, desconstruções e reconstruções, provocados pelo entorno de cada um e pela realidade em meio a guerras, devastação e desigualdades em diferentes esferas e escalas, mas que ainda assim percebem uma fresta. Apesar de várias e tantas mortes, ainda há vida.

“Busco fazer com a dança um momento de reflexão, de deleite ético e estético. Uma oportunidade de olhar e sentir o mundo sob outras perspectivas. Nesta peça, mãos é metáfora de corpo que compreende estar sempre impregnado de experiências, vícios, convicções e ficções. Não é possível começar do zero. Não existe zero. Não existe vazio. Estamos sempre fazendo escolhas a partir das coisas que nos compõem diariamente. Os livros, as séries, os filmes, os quadros, a rua, a família, o que comemos, as pequenas e grandes indignações diárias, sentimentos e emoções que desencadeiam afetos e consequentemente, gestos e escolhas. O elenco desta criação é formado por uma diversidade de pessoas com experiências de dança, de vida, distintas”, diz Cristian Duarte.

Em e nunca as minhas mãos estão vazias o público acompanha três roteiros que acontecem simultaneamente com bastante rigor no palco: um roteiro para a trilha sonora, composta e executada ao vivo pelo elenco; ao mesmo tempo, os intérpretes também executam um roteiro coreográfico individual e em conjunto bastante orientado pela espacialidade; e, por fim, um roteiro de figurino que se transforma durante a peça.

 

Sobre O Projeto Kintsugi
A coreografia e nunca as minhas mãos estão vazias faz parte do projeto Kintsugi. O termo foi difundido na internet nos últimos anos e, de modo geral, trata-se de uma arte japonesa na qual uma peça de cerâmica quebrada é reparada com um verniz contendo ouro. Nessa arte, não se esconde os remendos da cerâmica quebrada, destaca-se a visibilidade das fissuras, enaltecidas pelo ouro, salientando as imperfeições das trajetórias, as histórias percorridas pela peça de cerâmica, e gerando significados singulares da existência ali presente.

O projeto Kintsugi adotou esse nome como uma metáfora aos processos de continuidade de Cristian Duarte em companhia, para pensar memória, resiliência e perseverança. Olhar para os mais variados pedaços daquilo que já fizemos, tocando em perspectivas do que éramos e o do que somos, em gerúndio, como água, um rio-mar que não pára de correr ressignificando a cada instante onde você está e aquilo que é capaz de perceber. Kintsugi foi também metáfora propulsora para reencontrar a “site-específica” Despedançada – uma coreografia realizada em modo virtual durante a pandemia de Covid, composta por um site que abriga mais de 25 ‘pedaços’ de dança. Pedaços compostos por danças em áudios, vídeos e fotografias, extraídas de diferentes referências artísticas como Isadora Duncan, Linn da Quebrada, Maya Deren, Anna Halprin, Augusto Omolú, entre outros.

Kintsugi envolveu diversas ações e etapas, dentre elas, períodos de imersão apelidados de cacos. Foram 5 cacos, exercícios cênicos feitos pelo elenco dividido em partes. Diferente do habitual ensaio com todo o elenco, os cacos foram imersões feitas por 4 duplas e 1 trio, nas quais os performers vivenciaram um processo de criação intensificado junto da direção. Ao final de cada caco realizou-se uma abertura pública intitulada Experimenta. Além disso, as demais ações do projeto – Jams e Laboratórios – também estimularam o campo investigativo permitindo que outras corpas e subjetividades atravessassem esse contexto, vibrando suas possibilidades e potências.

 

Em Companhia
Cristian Duarte em companhia é uma iniciativa do coreógrafo Cristian Duarte para estar, criar, produzir, difundir, co/mover o pensamento e excitar a percepção com dança junto de artistas que gostam, apoiam e promovem o trânsito entre as diversas áreas do conhecimento, entre linguagens, criando contextos de experimentação e formação em dança na cidade de São Paulo. É um organismo residente na Casa do Povo desde 2013 onde desenvolveu a residência LOTE e atualmente o contexto Z0NA.

Entendendo a força que o estatuto companhia possui, o ato simbólico de nomear não o ser mas o estar em companhia, reflete uma realidade afetiva mais conectada e coerente com os sentidos. Estar em companhia pressupõe acompanhar o outro ao seu lado. Faz questão de estar, pois é na manutenção das presenças e do presente que este movimento persiste. Este exercício político e estético está escrito na trajetória de Cristian Duarte em companhia enquanto bando.

Ficha Técnica
Uma produção de Cristian Duarte em companhia
Coreografia e Direção: Cristian Duarte
Criação e Dança: Aline Bonamin, Allyson Amaral, Andrea Rosa Sá, Danielli Mendes, Felipe Stocco, Gabriel Fernandez Tolgyesi, Leandro Berton, Maurício Alves e Paulo Carpino
Acompanhamento dramatúrgico: Júlia Rocha
Concepção sonora e Figurinos: em companhia
Performance sonora: elenco
Operação de som: Tom Monteiro
Iluminação: André Boll/Santa Luz
Fotografia: Mayra Azzi
Produção Executiva em 2023: Rafael Petri/MoviCena
Vídeo e Design: Iago Mati
Realização: 32a Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo — Secretaria Municipal de Cultura, Bonobos Produções e Z0NA
Apoio: Casa do Povo, Publica e Risotropical
Produção: Corpo Rastreado – Rodrigo Fidelis
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes

 

 

 

 

 

 

e nunca as minhas mãos estão vazias, com Cristian Duarte em companhia
Sesc Pompeia
Teatro
Rua Clélia, 93, Pompeia, São Paulo
Capacidade: 358 lugares
De 30 de maio a 9 de junho de 2024
Quinta-feira a sábado, às 21h
Domingo, às 18h.
Dia 30/05, quinta-feira, feriado de Corpus Christi, a apresentação acontece às 18h.
Ingressos: R$ 50,00 (inteira); R$ 25,00 (meia entrada); R$ 15,00 (credencial plena)
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos

 

@crisduarte_
@zonafora_
cristianduarte.net
Foto: Mayra Azzi

1 comentário em “Cristian Duarte em Companhia estreia ‘e nunca as minhas mãos estão vazias’ no Sesc PompeiaAdicione o seu →

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *