O espetáculo Bondages tem estreia marcada para o dia 30 de novembro, na Oficina Cultural Oswald de Andrade…
No seu novo espetáculo, a bailarina, coreógrafa e diretora Marta Soares dá continuidade a sua pesquisa sobre o corpo informe e o trabalho fotográfico de Hans Bellmer.
Em cima de uma plataforma, a bailarina Marta Soares faz amarrações em seu corpo nu com uma corda de nylon. Cada movimento gera uma nova pose que será iluminada por um flash semelhante ao das câmeras fotográficas. A ideia foi inspirada em uma série assinada pelo fotógrafo surrealista alemão Hans Bellmer em 1950. O artista fez fotos de sua esposa – Unica Zürn – amarrada de diferentes formas e em várias pontos do corpo.
O espetáculo inédito da bailarina, que já foi reconhecida pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) com quatro prêmios na área da dança, dá continuidade à pesquisa de Marta em torno do trabalho de Hans Bellmer, cujas fotografias surrealistas inspiraram diversas obras suas, com destaque para Les Poupées, Formless e Deslocamentos, a performance mais recente. Com um trabalho que explora o limite entre a dança e a performance, Marta Soares pratica com sua dança o conceito informe – uma indistinção entre o dentro e o fora, o morto e o vivo, o homem e a mulher, a figura e o fundo (conceito do escritor George Bataille). Na sua pesquisa, aborda questões como a fragmentação do corpo, a dissolução dos limites entre o corpo e o seu entorno e o borramento das fronteiras entre as categorias masculina e feminina.
Em Bondages, Marta reencena sozinha as amarrações de Hans Bellmer e Unica Zürn. “Eu mesma me amarro e remodelo o meu corpo, o que acaba sendo uma desfetichização em relação ao trabalho original de Hans, no qual ele amarrava a sua esposa”, conta a artista. A cada pose, ela amarra dobras e pedaços da pele que criam novas imagens, ora como se o corpo derretesse, ora como se multiplicasse as suas partes.“Amarrar, desamarrar e reamarrar o corpo gera imagens fotográficas através do recurso de iluminação que remete aos snapshots fotográficos. Esse tipo de iluminação faz com que cada pose gere uma nova fotografia”, diz.
O desenho de luz foi criado por Aline Santini, que ilumina a plataforma para que a bailarina fique visível ao público durante o processo de amarração e que dispara os snapshots ao término de cada pose, estimulando um olhar fotográfico para a performance. Bondages tem ainda assistência de direção de Danieli Mendes, dramaturgia de Bruno Levorin e produção executiva da CAIS Produção Cultural. A concepção, direção e coreografia são assinadas por Marta Soares.
Ficha Técnica
Concepção/Direção: Marta Soares
Coreografia: Marta Soares
Assistência de Direção: Danielli Mendes
Dramaturgia: Bruno Levorin
Desenho de Luz: Aline Santini
Produção Executiva: CAIS Produção Cultural
Produtores: Beto de Faria e José Renato Fonseca de Almeida
Espetáculo de dança Bondages
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Sala 7
Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro
Capacidade: 40 pessoas
Duração: 40 minutos
Temporada: De 30 de novembro e 16 de dezembro
Quintas e sextas, às 20h
Domingos, às 18 horas
Classificação: 18 anos
Ingressos: grátis (retirar na bilheteria com uma hora de antecedência).
Marta Soares
Marta Soares é dançarina e coreógrafa. Completou o One Year Course no Laban Centre for Movement and Dance em Londres. Em Nova York completou o bacharelado em artes (BA) no Empire State College na State University of New York (SUNY), o Certificado em Análise de Movimento Laban (CMA) no Laban/Bartenieff Institute of Movement Studies (LIMS), estudou e trabalhou com a diretora e dramaturga Lee Nagrin (fundadora do grupo The House, dirigido por Meredith Monk e ganhadora do Prêmio OBIE em dramaturgia) e nas escolas Movement Research, Susan Klein e Alwin Nickolais, entre outras. Recebeu a Bolsa para artistas da Fundação Japão através da qual estudou dança butô com Kazuo Ohno em Tóquio.
No Brasil criou o solo Les Poupées (Prêmio APCA 1997 na categoria Pesquisa em Dança) com o apoio da Bolsa Rede Stagium; o trabalho em grupo Formless (Prêmio APCA 1998 na categoria trilha sonora desenvolvida por Lívio Tragtenberg); o solo O Homem de Jasmim (Prêmio APCA 2000 nas categorias concepção/ direção e vídeo/cenografia) e colaborou com a bailarina Miriam Druwe como orientadora na criação do solo Estar Sendo apresentado na mostra Livre Trânsito no evento Dança em Pauta no Centro Cultural Banco do Brasil.
Criou o solo O Banho (Prêmio APCA 2004 na categoria instalação coreográfica), que teve estreia na Galeria Vermelho durante a Mostra Rumos/Dança 2003/2004 do Itaú Cultural. Dirigiu o solo 206 interpretado pela bailarina Lilia Shaw para o evento Solos em Questão da Cia. 2 do Ballet da Cidade de São Paulo (Prêmio APCA 2004 na categoria instalação coreográfica). Desenvolveu o espetáculo em grupo Um corpo que não aguenta mais, que teve estreia na Mostra SESC de Artes Circulações em 2007 e uma segunda temporada no Espaço Viga em 2008. Desenvolveu em 2009-2010 a instalação coreográfica Vestígios, indicada ao Prêmio da BRAVO! 2010 e ganhadora do Prêmio APCA 2010 na categoria Pesquisa em Dança. Em 2014, criou o trabalho em grupo Deslocamentos, que fez temporadas na Casa Modernista, Casa do Povo, Oficina Cultural Oswald de Andrade e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Seus trabalhos foram apresentados em vários festivais, entre os quais destacam-se: Europalia 2011 na Bélgica, In Transit em Berlim, Fórum Internacional de Dança em Belo Horizonte (FID), Festival Panorama Rio Arte de Dança, Festival Porto Alegre Em Cena, Festival Internacional de Dança de Recife , Bienal Internacional de Dança do Ceará e Festival de Dança de Joinville. É mestre em Comunicação e Semiótica pela Universidade Católica de São Paulo (PUC) onde lecionou no curso de Comunicação das Artes do Corpo e é doutoranda no Departamento de Psicologia Clínica, Núcleo de Subjetividade.
Fotos: João Caldas Fº
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