Casa Teatro de Utopias abre suas portas em São Paulo

A cidade de São Paulo ganhará, no mês de dezembro, mais um espaço cultural. Trata-se da Casa Teatro de Utopias, sede do grupo teatral homônimo, que abrirá as suas portas com uma programação inaugural gratuita, reunindo espetáculos de companhias de teatro adulto, infantil e de dança…

 

 

 

Para celebrar a inauguração, serão apresentadas as montagens “Ledores no Breu”, da Companhia do Tijolo nos dias 1º e 02; a peça infantil A Menina Que Não Sabia Brincar, do Núcleo Sem Drama no dia 03; nos dias 9 e 10, o espetáculo de dança, Peças Fáceis, do Grupo Pró-Posição e, encerrando a programação, Danças Passageiras, no dia 17 de dezembro.

Estrutura
Localizado na Vila Romana, Zona Oeste da capital, o espaço tem direção artística da atriz e diretora Egla Monteiro e ocupa um prédio com dois pavimentos. O teatro possui 60 lugares, com acessibilidade, palco italiano e camarim para a apresentação de espetáculos do grupo da casa e de companhias parceiras.

Já o pavimento superior é composto por salas, quartos e cozinha coletiva, com infraestrutura para apoiar a criação, pesquisa, produção, projetos de residência artística, imersões, ensaios e cursos.

Com a abertura da Casa Teatro de Utopias, Egla Monteiro realiza um sonho antigo. “É um espaço de cultura, alternativo e experimental, para pensar e viver o teatro em todos os seus aspectos, em relação intrínseca e crítica com os acontecimentos do mundo contemporâneo, e em exercício permanente para reinvenções e modos solidários. A Casa Teatro de Utopias junta-se aos outros pequenos teatros e espaços de cultura espalhados por São Paulo. Espaços luminosos, amorosos e de respiro vital para a cidade”, avalia.

Mulheres
Por fim, a diretora artística faz questão de salientar que o novo espaço “expressa nosso desejo como grupo, de continuar construindo uma vida na arte, diariamente, dedicando-nos ao estudo, pesquisa, experimentação e criação para desenvolver, aprofundar e difundir um teatro comprometido com a vida e com as lutas do povo brasileiro, em especial a luta das mulheres na vida e na arte, constituindo-se como espaço de pesquisa continuada para abrigar suas criações, concretizar parcerias, desenvolver projetos e acolher trabalhos de outros grupos ou artistas”.

 

 

 

 

Casa Teatro de Utopias
Rua Duílio, 46 – Vila Romana, Lapa
Capacidades: 60 lugares
Telefone: (11) 94109-3191
Ingressos: Grátis – Distribuídos 30 minutos antes do início de cada espetáculo

Programação de Inauguração

Dias 1º e 02 de dezembro, sexta e sábado, às 19h

Ledores no Breu
Atuação de Dinho Lima Flor e direção de Rodrigo Mercadante.
Inspirado no texto “Confissão de Caboclo” do poeta Zé da Luz e no pensamento e prática do educador Paulo Freire, o espetáculo Ledores no Breu trata das relações entre o homem sem leitura e sem escrita com o mundo ao seu redor. Histórias entrelaçadas que acompanham analfabetos em pleno século XXI, homens percorrendo distâncias para elucidar suas dúvidas, seus erros e seus crimes. Há o homem que não lê, habitante do breu, que por isso mesmo é capaz de assassinar o bem maior de sua vida. Há também outro homem que lê, mas não consegue interpretar o texto, perdendo- se num mar de palavras sem sentido. Há ainda aqueles que leem as palavras, mas não leem o mundo: são muitos os ledores no Breu.

Dinho Lima Flor
Nasceu em Pernambuco na cidade de Tacaimbó. Flertador da poesia desde quando conheceu o Ilo Krugli, é um dos fundadores da Cia do Tijolo, companhia teatral que inaugurou seus trabalhos com a vida e obra do poeta Patativa do Assaré. Foi integrante por mais de uma década do grupo Ventoforte e participou também da Casa Laboratório para as Artes do Teatro.

Cia do Tijolo
O grupo nasceu do desejo de fazer um espetáculo a partir da obra de Patativa do Assaré. Depois de nove meses de processo nasceu o Concerto de Ispinho e Fulô. A proximidade com a poesia como forma do discurso os impeliu a acercar-se de outro poeta, Federico Garcia Lorca, como fonte motriz e inspiradora do segundo espetáculo, Cantata para um Bastidor de Utopias. Mas não foi só a forma poética que levou o grupo de Patativa a Lorca. Ambos são poetas de sua terra e de seu tempo e transformaram suas vivencias cotidianas em experiências humanas, universais. O terceiro espetáculo da cia vem ao encontro do pensamento e prática do educador Paulo Freire.

Em seu último espetáculo O Avesso do Claustro, a cia convida o público para um encontro com uma das figuras mais importantes da história brasileira do século XX, Dom Helder Câmara, o bispo vermelho. A biografia do grande homem já seria suficiente para justificar a escolha do tema do espetáculo. Dom Helder entra agora em cena para dialogar com esses tempos turbulentos em que vivemos. “Invocamos o santo rebelde como companheiro de trincheira em tempos obscuros e convidamos nossos companheiros, com Deus ou sem Deus, para se juntarem a nós nesse desafio cotidiano de reinventar formas de vida que anseiem o impossível”, explica o grupo.

Ficha Técnica
Atuação: Dinho Lima Flor
Direção: Rodrigo Mercadante
Assistente de Direção: Thiago França
Luz: Milton Morales, Dinho Lima Flor, Thiago Claro França e Rodrigo Mercada
Classificação: livre
Duração: 70 minutos.

 

Dia 03 de dezembro, domingo, às 11h

A Menina que não Sabia Brincar
Com Amanda Nascimento e Laura Rodrigues, texto e direção de Ana Souto.
É uma história infantil escrita pela atriz, diretora e dramaturga Ana Souto, livremente inspirada no conto “A menina e o pássaro encantado”, de Rubem Alves. Nesta versão, Filomena é uma menina de sete anos que vivia com a mãe e a avó, morando em diversas regiões do Brasil. Com a perda da avó, a menina e sua mãe vão morar em um apartamento alto em frente ao mar. Sentindo-se muito sozinha sem a avó e longe do primo e melhor amigo, Thiago, Filomena sente dificuldade para fazer novos amigos na praia. É então que recebe a visita de Chico Pena, um pássaro encantado, amigo especial que vai contar histórias e ensinar diversas brincadeiras. Mas surge um desafio: como Filomena vai lidar com a saudade do seu novo amigo, quando ele viaja para recolher seus lindos contos pelo Brasil afora? Uma história sobre amor e saudade, sobre ser amigo e poder voar livremente.

Núcleo Sem Drama
Criado em 2014, dedica-se à pesquisa cênica e produção de dramaturgia inédita baseada em procedimentos do teatro documentário. Nossa dramaturgia busca estabelecer relações entre memórias privadas e públicas, tomando temas contemporâneos como ponto de partida e desenvolvendo projetos que envolvam pesquisas e trabalhos de criação cênica. Sua primeira produção “Sem drama! – Histórias de Sobrevida” com direção de Roberto Lage foi contemplada pelo Prêmio Zé Renato de apoio ao teatro da cidade de São Paulo. Além disso, o núcleo desenvolve contações de histórias e espetáculos para o público infantil a partir de dramaturgia inédita e voltada para discussão de temas que afetam a infância.

Ficha Técnica
Texto e Direção: Ana Souto
Atuação: Laura Rodrigues e Amanda Nascimento
Produção e Fotografia: Denise Magalhães
Classificação: livre
Duração: 40 minutos

 

Dias 09 e 10 de dezembro, sexta e sábado, às 19h

Peças Fáceis
Prêmio Denilto Gomes 2017 (Prêmio de melhor intérprete de dança por Peças Fáceis).
Quinto trabalho da parceria entre Janice Vieira e sua filha, Andréia Nhur, Peças Fáceis resulta do projeto “Peças Fáceis-Plataforma Sonorocoreográfica”. A partir de algumas peças fáceis compiladas pelo compositor barroco Johann Sebastian Bach (1685-1750) e sua esposa Anna Magdalena Bach (1701-1770) no Pequeno Livro de Anna Magdalena Bach, esta criação propõe um estudo sonorocoreográfico, em que movimento e som são produzidos na mesma dimensão temporal, ora por um disparo de voz que é gesto dançado, ora por uma propulsão de instrumento que é corpo. Melodias, pausas, tríades, tétrades e melismas atravessam uma corporeidade híbrida que é som e movimento, música e coreografia, tudo junto num mesmo corpo barroco, assimétrico e feito de misturas. Da condição herdeira de uma atitude antropofágica, mãe e filha entoam corpos polifônicos numa ciranda de memórias culturais para se ouvir dançar.

Ficha Técnica
Artistas Colaboradores: Helena Bastos(colaboração coreográfica), Roberto Gill Camargo (colaboração dramatúrgica) e Andrea Drigo (colaboração vocal e musical)
Consultoria Rítmica: Ramon Vieira
Trabalho Vocal: Márcia Mah
Trabalho Corporal: Adriana Pinheiro
Desenho de Luz: Roberto Gill Camargo
Produção, Fotos E Ação Fotográfica: Paola Bertolini
Arte Gráfica: André Bertolini
Vídeos (Mini Docs): Andréia Nhur, Paola Bertolini e Lucas Mercadante/Equipe Olha-te
Classificação: livre
Duração: 45 minutos

 

Dia 17 de dezembro, domingo, às 19h

Danças Passageiras
De Zélia Monteiro
Sinopse do espetáculo por Zélia Monteiro: “Por que improvisar? Como articular os desafios do presente com as escolhas do passado, de tal maneira que o discurso continue fazendo sentido? Improviso porque preciso sobreviver. Preciso descobrir novas maneiras de configurar-me na relação com o mundo. Também pelo prazer de perceber o tempo, de brincar com ele, olhando para o campo das possibilidades do devir. Olhar para o feito e para o não feito. Pensar rápido, para que o tempo não engula as possibilidades e o meu sentir fique sem sentido.

Qual o melhor caminho a seguir? Até quando continuar traçando no espaço a escolha que fiz? Meu olhar como coreógrafa procura o efêmero da dança. Seu fluxo vivo, vivido pelo corpo na experiência direta com o ambiente. Com interesse na descoberta de novas possibilidades de lidar com a improvisação, forma de composição que pesquiso há mais de vinte anos, procuro nestas apresentações, desviar-me dos percursos habituais no meu modo de dançar, agregando ou subvertendo meu trabalho com as proposições dos artistas Isabel Tica Lemos, Marta Soares e Cristian Duarte. O projeto foi contemplado pelo Prêmio Funarte Petrobras de Dança Klauss Vianna/2012 e a pesquisa coreográfica foi desenvolvida com subsídio do Programa Rumos Itaú Cultural Dança 2012/14”.

Zélia Monteiro
Bailarina, professora e coreógrafa, fundamenta seu trabalho de ensino da dança na percepção do corpo, como principal processo para aquisição da técnica. Na base de sua pesquisa criativa e pedagógica está o pensamento de Klauss Vianna, com quem trabalhou por oito anos e a escola clássica italiana, que estudou com Maria Melô (aluna de Cecchetti no Scalla de Milão), de quem foi assistente por mais de dez anos. Em 1993 recebeu a Bolsa Vitae de Artes para pesquisa coreográfica realizada em Paris, onde residiu por quatro anos.

Foi premiada pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) em 1987, 1992, 1998, 2010 e em 2016. Em 2014 ganhou o Prêmio Denilto Gomes da Cooperativa Paulista de Dança, na categoria Melhor Solo de Improvisação e foi uma das cinco finalistas do Prêmio Governador do Estado de São Paulo, na categoria Dança. Dirige o Núcleo de Improvisação desde 2003. É professora no Curso de Comunicação das Artes do Corpo – PUC/SP e dá aulas regulares de dança clássica na Sala Crisantempo. Criou em 2011 O Centro de Estudos do Balé, a fim de aprimorar o trabalho sobre sua metodologia de ensino desta técnica, junto a um grupo de professores assistentes.

Ficha Técnica
Pesquisa e interpretação: Zélia Monteiro
Iluminação: Hernandes Oliveira
Figurinos: Joana Porto
Música: Danilo Tomic
Produção: Ação Cênica Produções Artísticas
Classificação: livre
Duração: 40 minutos.

 

Fotos: Arquivo Casa Teatro de Utopia / Divulgação

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