Galeria Houssein Jarouche inaugura individual de Claudio Tozzi

A Galeria Houssein Jarouche inaugura individual do artista visual paulistano Claudio Tozzi, com curadoria de Sofia Gotti – professora adjunta do Instituto de Arte Courtauld e colaboradora da Tate Modern e do Museu Guggenheim…

 

 

 

Para esta exposição, que reúne 28 obras realizadas ao longo de quatro décadas de sua carreira – entre pinturas, desenhos, objetos, esculturas, gravuras e vídeo -, convidamos os espectadores a serem afetados pela dimensão subjetiva de cada peça, a fim de acolher conexões novas e inesperadas em toda a sua produção artística.

Claudio Tozzi é um dos artistas mais ressonantes e importantes do Brasil desde os anos 1960. Sua prática atravessou múltiplas fases e, a cada passo, seu trabalho polimórfico cresceu de acordo com uma investigação formalista linear e incessante. Começando por experimentar silkscreens pop, ampliações fotográficas e pinturas figurativas, ele passou para filme, instalação, pinturas acrílicas esculturais, esculturas de parede de metal, técnicas e materiais de grande variação. Seus trabalhos mostram como Tozzi mascarou a crítica política e social com uma linguagem visual muitas vezes lúdica e acessível.

A seleção desta nova mostra da Galeria Houssein Jarouche apresenta imagens recorrentes de mulheres e casais em diferentes estágios de sua prática, refletindo sobre a mudança dos papéis de gênero e a luta das mulheres pela igualdade. A partir do final dos anos 1960, o artista abordou esses temas como emblemas de uma batalha pela total liberdade física e intelectual, ameaçada por uma sociedade tradicionalista que ditava normas e por um sistema político imposto pelos militares durante a ditadura.

As obras expostas documentam as diversas estratégias que Tozzi implantou para atingir seu objetivo, que incluiu exibir sua arte no espaço público, usando trocadilhos para zombar do status quo (“Zebra” e “Bananeira”), ou apresentando imagens e situações tensas (“O Grito”, “Fotograma”).

1968 marcou uma crise na prática de Claudio Tozzi, quando a fiscalização política de seu trabalho se tornou uma prioridade. O ciclo de “Parafusos” captura esse ponto de virada em sua estética. O símbolo horrível de um parafuso perfurando um cérebro transmite uma sensação de dor que gera um grito silencioso, pedindo-nos que resista a quaisquer limitações impostas à vida intelectual – uma intenção semelhante à de “O Grito” (1971), que também faz parte da exposição.

Como a linguagem visual de Tozzi tornou-se cada vez mais abstrata e metafórica, a história do Brasil continuou seu torturante caminho para o fim da ditadura em 1985. A série intitulada “Passagens” foi iniciada no ano anterior, quando ocorreram as maiores manifestações públicas contra o governo militar de João Figueiredo. As estruturas imaginárias e as escadarias retratadas nestas obras constroem uma metáfora sobre a concepção modernista de arquitetura: reflete sobre como ambientes podem influenciar aqueles que os habitam. Como tal, as escadas confusas e isoladas nos levam a questionar qual caminho seguir. Em 1984, eles nos levam a imaginar onde elas nos levariam na esteira de um retorno à democracia.

 

 

 

 

Exposição Individual Claudio Tozzi
Curadoria: Sofia Gotti
Direção: Paulo Azeco
Galeria Houssein Jarouche
Rua Estados Unidos, 2.205 – Jardim América
Tel.: (11) 3061-0690
Abertura: terça-feira, 10 de abril, das 19 às 22h
Período: 11 de abril a 09 de junho de 2018
Segunda a sexta-feira, das 10 às 19h
Sábado, das 10 às 17h
Número de obras: 28
Técnicas: Pintura, desenho, objeto, escultura, gravura e vídeo
Preços: Sob consulta

 

Claudio Tozzi
Pintor. É mestre em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP). Em suas primeiras obras, o artista revela a influência da arte pop, pelo uso de imagens retiradas dos meios de comunicação de massa, como na série de pinturas Bandido da Luz Vermelha (1967), na qual remete à linguagem das histórias em quadrinhos. Tozzi viaja a estudos para a Europa em 1969. A partir dessa data, seus trabalhos revelam uma maior preocupação com a elaboração formal e perdem o caráter panfletário que os caracterizava. Começa a desenvolver pesquisas cromáticas na década de 1970. Nos anos 80, sua produção abre-se a novas temáticas figurativas, como é possível observar nas séries dos papagaios e dos coqueirais. Apresenta também a tendência à geometrização das formas. Passa a realizar trabalhos abstratos, nos quais explora efeitos luminosos e cromáticos. Cria painéis para espaços públicos de São Paulo, como Zebra, colocado na lateral de um prédio da Praça da República e outros ainda na Estação Sé do Metrô, em 1979, na Estação Barra Funda do Metrô, em 1989, no edifício da Cultura Inglesa, em 1995; e no Rio de Janeiro, na Estação Maracanã do Metrô Rio, em 1998. Entre as exposições que participou na década seguinte, destacam-se, em 2000, Brasil + 500 Mostra do Redescobrimento, na Fundação Bienal, em São Paulo e Nave dos Insensatos, no Museu da Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), em 2005.

 

Sofia Gotti
Completou estudos de doutorado colaborativo AHRC pela Tate Research e o Chelsea College of Art and Design. Seu doutorado, supervisionado pelo Dr. Michael Arbury, Jessica Morgan e Tanya Barson, surgiu sob a égide da exposição The World Goes Pop (exibida na Tate Modern em 2015-2016) e enfoca as práticas de arte pop da década de 1960 na Argentina, no Brasil e Peru. É bacharel pela Faculdade de Arte e Design da Central Saint Martin (2010) e possui mestrado pelo The Courtauld Institute of Art (2012). Sofia já lecionou na University of the Arts de Londres e, em 2015-16, foi curadora na Solomon R. Guggenheim Foundation, trabalhando em Nova York, Bilbao e Veneza.

 

Galeria Houssein Jarouche
No início de julho de 2017, o empresário Houssein Jarouche abriu a galeria no bairro dos Jardins, onde exibe e comercializa obras vanguardistas da década de 1960, especialmente do movimento Pop Art, iniciado na Inglaterra e nos Estados Unidos, a partir de meados da década de 1950. A galeria de 300m2, projetada por Felipe Hess e Marcelo Alvarenga, possui intervenção na fachada, realizada pelo estúdio 20.87 – braço criativo da Micasa, no intuito de aproximar a estética do empreendimento aos outros projetos comerciais do empresário. Seu acervo conta com trabalhos de Andy Warhol, Frank Stella, Robert Indiana, Roy Lichtenstein, Ed Ruscha, Claudio Tozzi, Mauricio Nogueira Lima, Russel Young, Abidiel Vicente, e também representa o espólio de Billy Name – fotógrafo e co-criador da Factory, em parceria com Andy Warhol.

 

 

Fotos divulgação exposição Claudio Tozzi
Título: S/D
Ano: S/D
Técnica: S/D
Dimensões: S/D

Título: “Bananeira” – 1967
Técnica: Liquitex sobre duratex
Dimensões: 140 x 140 cm

Título: S/D
Ano: S/D
Técnica: Acrílica e silkscreen sobre tela
Dimensões: S/D

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