Apresentação da banda que divulga a música caipira com pegada de rock terá participação de André Abujamra. O show acontece na CAIXA Cultural São Paulo, entre os dias 20 e 23 de setembro (de quinta a domingo, às 19h15), com ingressos gratuitos…
A tradição musical do sudeste brasileiro, ao som da viola caipira, parecia não ter nada em comum com o rock, até que cinco músicos se uniram para formar a banda Matuto Moderno no final dos anos 90 e derrubaram a crença de que música de raiz atrai apenas o público “mais velho”. Desde então, a banda formada por Ricardo Vignini (viola caipira), Zé Helder (viola caipira e vocal), Edson Fontes (vocal e catira), Marcelo Berzotti (baixo e vocal), André Rass e Carlinhos Ferreira (percussão) tem se apresentado nos palcos mais nobres de São Paulo, em outras regiões do país e no exterior, com participações especiais de diversos artistas brasileiros.
Para comemorar seus 20 anos, a banda realiza o show “Matuto Moderno convida André Abujamra” de 20 a 23 setembro, na CAIXA Cultural São Paulo, com uma seleção de faixas dos 5 CDs gravados. A maioria delas músicas é de autoria própria, incluindo “Topada”, do CD “Matuto Moderno 5”, feita por Ricardo Vignini em parceria com André Abujamra. Do cantor e compositor do Karnak e Os Mulheres Negras, o público também poderá recordar de “Juvenar” e “Milho”. A apresentação vai contar com mais um percussionista, Carlinhos Ferreira, que participou do último CD do grupo.
Do repertório, entrarão ainda “Manacá” (Ricardo Vignini e Zé Helder), “Curva de Rio” (Ricardo Vignini) e “Ecologia Brasileira” (Índio Cachoeira e Cuitelinho), gravada pelo violeiro Índio Cachoeira, da dupla sertaneja de raiz Cacique e Pajé, que morreu em abril último. Ele será homenageado, assim como Inezita Barroso e Pena Branca, pelo esforço e persistência em valorizar e divulgar a música de viola.
Matuto Moderno se lançou num período em que a influência musical da viola, catira e congado compunham e fortaleciam a cultura de raiz. Mas a relação desse estilo com o rock aconteceu “de forma natural”, diz Ricardo Vignini, e inseriu o grupo em diversos eventos importantes e até influenciado artistas mais novos.
Vignini e Zé Helder também formam o duo “Moda de Rock”, que agradou os públicos nacional e internacional com suas versões instrumentais de clássicos do rock para viola caipira.
Em 2013, o álbum “Matuto Moderno 5”, com 10 faixas autorais, foi gravado totalmente ao vivo em um sítio na cidade mineira de Pedralva de forma mais crua possível, resgatando a maneira como eram gravados os álbuns na década de 1970. Com a entrada de Zé Helder assumindo os vocais junto com Edson Fontes, a banda se tornou mais visceral, acentuando os extremos do lado rock e do jeito raiz. A banda comemorou também o relançamento de toda a sua discografia para venda digital.
Em 2014, a banda realizou uma turnê onde se destacam as apresentações em Brasília e Curitiba na Caixa Cultural dentro do projeto Tem Viola no Rock junto com o guitarrista Andreas Kisser (Sepultura) e o aniversário de 15 anos no SESC Pompéia com os convidados Pereira da Viola, Índio Cachoeira e Os Favoritos da Catira.
Em 2015, se apresentou na Virada Cultural em São Paulo na Praça da República, levando o público a formar dois imensos cordões de catireiros que acompanhavam o ritmo com as batidas de mãos e pés ao som de “Recorte de Abater” (Edson Fontes) e realizou uma turnê pelo interior e São Paulo pelo Circuito SESC das Artes.
Em 2016, a banda se apresentou em uma das maiores convenções de música do mundo, o Canadian Music Week.
Matuto Moderno convida André Abujamra
CAIXA Cultural São Paulo
Praça da Sé, 111 – Centro
Informações: (11) 3321-4400
Capacidade: 80 lugares
Duração: 80 minutos
De 20 a 23 de setembro (quinta a domingo), às 19h15
Ingressos: Grátis (Distribuídos a partir das 9h do dia do evento)
Classificação: Livre
Acesso para pessoas com deficiência
Patrocínio: CAIXA
A Banda
Ricardo Vignini
Nascido na capital de São Paulo, também produtor, gravou cinco CDs ao lado da banda Matuto Moderno e participou dos principais eventos sobre a viola no Brasil. Tem 14 CDs lançados, entre eles 4 CDs, mais 1 DVD do duo Moda de Rock (Ricardo Vignini e Zé Helder), conquistando ouvidos acostumados a não relacionar os dois estilos perceberam que o rock no ambiente da viola caipira e o instrumental brasileiro de raiz geraram uma parceria harmoniosa, entre o metal e o acústico, atingindo sucesso de vendas e lotando espaços de shows em todas regiões do Brasil, México, EUA e Argentina . Moda de Rock mostrou a que veio e trouxe gravações de clássicos que incluíram os guitarristas Andreas Kisser (Sepultura), Lúcio Maia (Nação Zumbi), Edgard Scandurra (Ira!), Robertinho de Recife, Pepeu Gomes, Kiko Loureiro (Angra e Megadeth), o percussionista Marcos Suzano e o cantor e compositor Renato Teixeira.
Participou do CD Carbono do Lenine e do seu show no Rock in Rio 2016. Foi produtor e parceiro do violeiro Índio Cachoeira por 15 anos. É endorser da corda de viola americana D’Addario no Brasil, e violas Rozini. Entre apresentações e gravações também tocou com Woody Mann, Bob Brozman, Macaco Bong, Maria Dapaz, Katya Teixeira, Socorro Lira, Picassos Falsos, Guarabyra, Tavito, Tuia, Spok, Liminha, Zé Geraldo, Emmanuele Baldini, Pena Branca, André Abujamra, Os Favoritos da Catira, Pereira da Viola, Carreiro, Levi Ramiro, Andreas Kisser, Paulo Simões. É proprietário do selo Folguedo, dedicado exclusivamente à música de viola.
Marcelo Berzotti
O “caipira personificado”, contador de causos oficial do Matuto, embora tenha nascido na capital São Paulo, tem família da região de Altinópolis e Cajuru, onde o Matuto gravou com a Companhia de Santos Reis Fazenda Congonhal de Altinópolis e Sto. Antônio da Alegria. Passou a infância ouvindo os discos de “Tião Carreiro” de seu pai, que foi por muitos anos encarregado da parte gráfica da extinta gravadora CBS, hoje, Sony. Baixista e compositor, toca com Ricardo Vignini desde 1991, buscando inspiração para suas obras em suas viagens pelo interior paulista e mineiro.
Zé Helder
O violeiro, cantor e compositor Zé Helder, nasceu em Cachoeira de Minas / MG. Neto de violeiro, tem dois CDs solos lançados, “A Montanha” (Pedralva – 2004), “No Oco do Bambu” (Folguedo/Tratore – 2009), e seu mais recente disco solo, Assopra o Borralho (Folguedo/Tratore – 2015) foi escolhido como um dos melhores discos independentes do ano pelo jornal Correio Popular de Campinas. Zé Helder também gravou o CD com o Orelha de Pau (2002), trabalho inspirado na música regional e caracterizado pela instrumentação acústica e coro de três vozes. Desde 2010 Zé Helder integra o Matuto Moderno, banda com uma história de 15 anos e 5 CDs. O violeiro é endorsee das cordas D’Addario e das violas Rozini. Já tocou e gravou com Alzira E, Lucina, Ivan Vilela, Ceumar e vários outros artistas. Lançou 4 CDs, mais 1 DVD do duo Moda de Rock , com Ricardo Vignini onde a dupla faz versões instrumentais com violas de clássicos do Rock e Heavy Metal.
É formado em Licenciatura Plena em Música pelo Conservatório Brasileiro de Música e em Contrabaixo Acústico pelo Conservatório Juscelino Kubitschek. Ocupa a cadeira de professor de viola pelo Conservatório Municipal de Guarulhos.
Edson Fontes
Natural de Guarulhos, desde que nasceu acompanha os giros de Folia de Reis com “Os Mensageiros de Santos Reis” e a catira dos “Os Favoritos da Catira”, grupo que surgiu na década de 80. Um dos responsáveis pela profissionalização da dança no Brasil, lancando CDs e DVDs e dando oficinas da dança por todo país, já dançou com As Irmãs Galvão, Cacique e Pajé, Barra da Saia, Carreiro e Carreirinho, Índio Cachoeira e Cuitelinho.
Andre Rass
Nascido em Dom Pedrito (RS), foi criado em meio à música, em festas animadas e rodas de choro por seu pai, violonista e seu padrinho, acordionista. Anos depois mudou-se para cidade gaúcha de Pelotas, onde passou a trabalhar profissionalmente como músico na banda de Sulimar Rass, de seu irmão. Juntos, viajaram por todo o estado do Rio Grande do Sul e parte do Uruguai e Argentina. Nesse período, André esteve ao lado de grandes músicos, como Fernando do Ó, o guitarrista Daniel Sá, Gilberto Oliveira, Egbert Parada, Luciano Nasário, o violonista flamenco Romano Nunes entre outros. Gravou com a cantora e compositora Ana Mascarenhas, Cardo Peixoto, Avendano Junior, e com o percussionista uruguaio Liber Bermudes com que estudou ritmos “latino americano”. O contato com as murgas, candombes, milongas, chacareras, zambas, entre outros ritmos latinos, lhe deram novos horizontes no universo da percussão. A inquietude não permitiu que permanecesse no Sul. Então, em 2004 com pouco dinheiro e uma mochila contendo alguns objetos pessoais e muitos instrumentos de percussão, mudou-se para Salvador, a capital baiana. Lá, pesquisou ritmos e folclore em tribos indígenas na região do Recôncavo Baiano e frequentou o “Pracatum”, escola de Carlinhos Brown. Tocou em vários trios elétricos e acompanhou nomes como Gerônimo, Luila, Ramiro, Olodum, entre outros. Depois da experiência, André não parou mais de viajar, e morou ainda em Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Recife e em São Paulo, onde mora atualmente. Trabalha com diversos artistas, como a cantora e compositora Lucina, Tetê Espindola, Alzira Espindola, Ná Ozzetti, Paulo Renato, o violeiro Levi Ramiro, o tenor Jean Willian com a orquestra Bachiana regida por maestro Joao Carlos Martins, entre outros. Realiza trabalhos em palco e em estúdio.
Carlinhos Ferreira
O percussionista, pesquisador, professor, compositor e diretor musical, Carlinhos Ferreira trabalha com música há 30 anos profissionalmente e nesse tempo criou parcerias com músicos de todas as vertentes brasileiras. Em 2007, lançou seu primeiro CD solo, “Percuciência”, onde revela influências que vão do mundo árabe ao Vale do Jequitinhonha, passando pelas culturas africana, europeia e indígena.
Carlinhos tem participado de shows acompanhando artistas como o violeiro Chico Lobo, Pereira da Viola, Pena Branca, Renato Teixeira, Fernando Sodré, Rubinho do Vale, Xangai, entre outros. Além dos shows, o percussionista tem firmado parcerias e realizado várias gravações nos discos de artistas mineiros e nacionais. Dentre eles, o CD “Cantoria Brasileira” – indicado ao Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Música Regional ou de Raízes Brasileiras, que contou com um grande time de artistas, entre eles Elomar, Xangai, Teca Calazans, Heraldo do Monte, Pena Branca, Chico Lobo, Paulo Sérgio Santos e Renato Teixeira. Mas sua carreira ultrapassa o território nacional. Junto ao Violeiro Chico Lobo esteve em Xangai- China na Expo-Xangai, e também esteve em Portugal, Venezuela e Ilhas Canárias-Espanha em turnê com o cantor, compositor e violeiro Pereira da Viola, e em Cuba, tocou com o grupo Solera no Festival Festa do Fogo.
Discografia
“Bojo Elétrico” (2000)
Produção musical de Alexandre Fontanetti da Mulambo Records, hoje Spaceblues.
“Festeiro” (2002)
Produção musical de Matuto Moderno e Alexandre Fontanetti da SpaceBlues Estudios. Participação de convidados especiais como Pena Branca (em “Macaubeira”), Pereira da Viola (em “Viva Santos Reis”), Cícero Gonçalves (em “Vide Vida Marvada”), além dos irmãos Márcio (violão) e Eduardo Miranda (bandolim) e do cantor e compositor Newtom Barreto da banda Fulanos de Tal e do grupo Catira Brasil.
“Razão da Raça Rústica” (2005)
Produção musical de Ricardo Vignini e Alex Mathias. Gravação acústica e elétrica, sonoridade até então inédita na viola caipira.
“Empreitada Perigosa” (2009)
Diferente dos álbuns anteriores, este trabalho teve versões de importantes compositores do cancioneiro caipira de várias épocas.
“Matuto Moderno 5” (2013)
Com 10 faixas autorais, gravado totalmente ao vivo em um sítio na cidade mineira de Pedralva, registrado da forma mais crua possível, resgatando a maneira como eram gravados os álbuns na décadas de 70. A produção foi do Matuto Moderno junto com seu primeiro produtor, Alexandre Fontanetti e do também engenheiro de áudio e produtor André Ferraz. Com a entrada de Zé Helder assumindo os vocais junto com Edson Fontes, a banda se tornou mais visceral, acentuando os extremos do lado rock e do jeito raiz. A banda comemorou também o relançamento de toda a sua discografia para venda digital. O álbum é dedicado ao percussionista e co-fundador da banda Mingo Jacob, falecido um mês antes do início das gravações.
Fotos: Ulisses Matandos
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