Espetáculo Babylon: Beyond Borders conecta quarto países em tempo real

Diretores do Brasil, África do Sul, Reino Unido e EUA estreiam Babylon: Beyond Borders, que acontece simultaneamente em quatro teatros nesses países, com transmissão em vídeo ao vivo pela internet. Em São Paulo, a peça acontece presencialmente no Sesc Consolação, de 12 a 16 de fevereiro, às 17h…

 
Em São Paulo, espetáculo é dirigido por Pedro Granato e encenado no Sesc Consolação com a atriz e cantora Karina Buhr e o artista plástico, músico e ator congolês Gloire Ilonde
Três importantes diretores em seus países – o brasileiro Pedro Granato, a sul-africana Mwenia Kabwe, a inglesa Ruthie Osterman e a cantora norte-americana Sarah Elizabeth Charles – estreiam o espetáculo Babylon: Beyond Borders (Babilônia Sem Fronteiras), entre os dias 12 e 16 de fevereiro. Essa experiência teatral tecnológica é encenada simultaneamente em teatros nesses quatro pontos do globo, com transmissão em vídeo pela internet e projeção em cena. Em São Paulo, a peça acontece presencialmente no Sesc Consolação, às 17h.

Para desenvolver a montagem, os criadores trabalharam juntos virtualmente durante vários meses e se encontraram em uma residência que aconteceu em novembro de 2018 no Bush Theatre, no Reino Unido. Junto com seu elenco habitual, cada encenador desenvolveu parte da dramaturgia comum da montagem, que investiga o conceito de “home” (lar/casa em português), em seu sentido mais amplo.

Essas cenas serão conectadas pela transmissão em vídeo projetada no palco em cada teatro. Dessa maneira, as plateias também estarão conectadas e terão a chance de compartilhar a mesma experiência teatral em tempo real. “Foi um processo coletivo interessante porque ele aconteceu praticamente todo de maneira virtual. No teatro, estamos acostumados a estar ao lado das pessoas e, desta vez, nem conhecíamos alguns dos criadores pessoalmente. Isso realmente provoca uma sensação de ineditismo. Tivemos que superar a distância e as diferenças de fuso-horário e o cronograma entre os teatros envolvidos”, revela o encenador brasileiro Pedro Granato.

A dramaturgia se estrutura a partir da história de quatro torres emblemáticas e propõe uma reflexão sobre a pergunta “o que é sua casa? ”. Os pontos de partida para a criação do projeto foram a forma de organização do movimento da Primavera Árabe, que disparou uma série de protestos políticos conectados pela internet em várias cidades do mundo, e a história bíblica da Torre de Babel (Gênesis 11:1-9), uma explicação sobre o surgimento dos vários idiomas. Brevemente, nessa história bíblica os homens que sobreviveram ao Grande Dilúvio construíram um edifício monumental alto o suficiente para alcançar o céu, que abrigava pessoas com a mesma língua. Antes de dispersá-las pelo mundo, Deus teria misturado suas vozes para que elas não entendessem umas às outras.

Em São Paulo, Pedro Granato conecta a atriz e cantora Karina Buhr ao artista plástico, músico e ator congolês Gloire Ilonde, que vive na Ocupação 9 de Julho (antigo prédio do INSS). A ideia é tratar da necessidade de lutar por sua casa e de vencer a invisibilidade, cruzando histórias das ocupações com a história do país. “Eu queria trabalhar com duas figuras que mostrassem esse contraste do Brasil e que representassem, de certa maneira, dois inimigos públicos desta nova ordem brasileira: os artistas e os movimentos sociais. Os artistas também lutam em um sentido simbólico pela casa/lar, pois são atacados, estigmatizados e submetidos novamente àquele bordão ‘Brasil: Ame-o ou Deixe-o’, uma forma de dizer que no país não cabe todo mundo, só quem concorda com as posições oficiais”, diz Granato.

Um time de atrizes e mulheres comuns da comunidade, dirigido por Ruthie Osterman, no Bush Theatre, de Londres, conta a história de um prédio em Londres que pegou fogo e destroçou a vida de diversas famílias de migrantes. Projetada para ser um prédio futurista – mas que se transformou em símbolo de lixo e degradação – a Ponte Tower, na África do Sul, é adotada pela diretora Mwenia Kabwe, para criar uma reflexão sobre os futuros possíveis a partir da ideia de que nossa casa nunca nos abandona.

Em Nova Iorque, a cantora de jazz Sarah Elizabeth Charles, com apoio do Harlen Stage, compõe músicas originais que buscam entender o que é o sentido de casa em um país que influencia e abriga pessoas de todo o mundo. As extintas torres gêmeas, que alteraram a percepção dos EUA sobre si e sobre o resto do globo é o ponto de inspiração dessas canções.

Todas essas histórias, conta Granato, encaixam-se como um grande quebra-cabeça. “Buscamos fazer uma reflexão sobre o que está acontecendo no planeta, sobre o que é específico de cada país e o que se repete em todos eles. Neste tempo de efervescências virtuais, como podemos construir pontes mais concretas, afetivas e empáticas entre diferentes lugares do mundo, usando esses meios virtuais? ”, indaga.

Para o encenador brasileiro, participar da montagem é uma maneira de revelar o país em situação de protagonismo. “O que acho mais importante no projeto é a possibilidade de criar pontes entre o Brasil e outros países. Somos muito colonizados: ou simplesmente recebemos produções estrangeiras com admiração absoluta e até veneração; ou aplaudimos muito quando os nossos espetáculos conseguem viajar. Para mim, o que interessa é fazer com que as pessoas vejam o Brasil como um ator, um interlocutor importante, com relevância política, cultural, histórica”, acrescenta.

A proposta da peça é criar uma ação artística de alta qualidade, que funcione em rede como um protesto, rompendo fronteiras e gerando reflexão. Essa encenação é uma atividade do programa Up Next, uma parceria entre o projeto Artistic Directors of the Future (Diretores Artísticos do Futuro), o Centro de Artes Batter Sea e o Bush Theatre, com apoio do Fundo de Continuidade Teatral do Consulado de Artes da Inglaterra.

Ficha Técnica
Babylon Beyond Borders – Babilônia Sem Fronteiras foi criado como parte do UP NEX em parceria com o Artistic Directors Of the Future, Bush Theatre e Battersea Arts Centre.
O UP NEXT foi fundado pelo Arts Council England Sustained Theatre.
Babylon Beyond Borders é apoiado pelo Stavros Niarchos Foundation, Esmée Fairbairn Foundation and Garfield Weston Foudation.
Concepção: Mwenya Kabwe, Pedro Granato, Ruthie Osterman e Sarah Elizabeth Charles.
Co-produção: Bush Theatre (UK), Harlem Stage apresentado no Eletrik Indigo Sound (USA), Market Theatre Lab (South Africa) e Pequeno Ato juntamente com o Sesc (Brasil).
Dramaturgia: Annie Siddons
Produtora de Live Stream: Heather Pasfield.
Coordenação visual: Ding Musa.
Ficha Técnica Brasil:
Direção e Dramaturgia: Pedro Granato.
Elenco: Gloire Ilonde e Karina Buhr.
Coordenação técnica e visual: Ding Musa.
Cenário e Assistente de Direção: Diego Dac.
Cenotécnico: Mauricio Pereira.
Técnico de Luz: Gabriel Tavares.
Técnico de som: Edézio Aragão.
Fotos: Ana Alexandrino, Priscilla Buhr e Tobias Costa.
Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Sesc.
Produção: Contorno Produções e Pequeno Ato.
Direção de Produção: Jessica Rodrigues e Victória Martinez.
Assistente de Produção: Letícia Gonzalez.
Realização: Sesc.

 

 

 

 

 

Babylon: Beyond Borders (Babilônia Sem Fronteiras)
Sesc Consolação
Teatro Anchieta
Rua Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque
Informações: (11) 3234-3000
Capacidade: 280 lugares
Duração: 80 minutos
Estreia dia 12 de fevereiro, às 17h
Temporada: de terça-feira a sábado, 12 a 16 de fevereiro, às 17h
Classificação: 12 anos
Ingressos:
R$ 30, 00 (inteira)
R$ 15,00 (meia-entrada)
R$ 9,00 (credencial plena)
Bilheteria funciona de segunda a sexta, das 10h às 19h; aos sábados e feriados, das 10h às 19h; e aos domingos (conforme programação), das 16h30 às 18h.

 

Bush Theatre
O Bush Theatre é uma casa mundialmente famosa por seus novos espetáculos e um patrocinador de dramaturgos internacionalmente renomado. A instituição busca novas vozes empolgantes, que contem histórias contemporâneas e apoia trabalhos que são ao mesmo tempo provocação e entretenimento. Com mais de 100 prêmios recebidos, o teatro produziu centenas de estreias desde seu princípio em 1972 e recebeu produções convidadas de companhias e artistas pioneiros do mundo todo. Em março de 2017, a casa reabriu após um ano de reforma feita pelos arquitetos da Haworth Tompkins, que custou mais de R$20 milhões. A renovação incluiu novos estúdios, sala de ensaio, entrada e fachada, além de um terraço de jardim.

 

Harlem Stage
O Harlem Stage é um centro de artes cênicas que celebra e perpetua o legado artístico único e diversificado do Harlem, em Nova Iorque. Proporciona oportunidades e apoio a artistas negros, com performances acessíveis a todos os públicos. Foi inaugurado nos anos 70 com uma performance de Ella Fitzgerald e orquestra.

Market Theatre
O Market Theatre Foundation cria uma autêntica experiência cultural sul-africana, comprometida em fornecer o mais alto nível de excelência artística em todos os aspectos. Foi um importante polo de luta contra o apartheid desde sua fundação e hoje se tornou um complexo centro cultural em Johanesburgo.

Pequeno Ato
Criado e mantido desde 2013 por Pedro Granato, o Pequeno Ato é um espaço intimista focado na criação de dramaturgia, pesquisa de novos formatos de encenação e estímulo à criação de jovens artistas. Suas produções recentes receberam indicações e premiações da APCA, Prêmio São Paulo e Prêmio Shell. Outra parceria internacional do teatro, a obra) País Clandestino está em circulação e já passou por Chile, Argentina, Brasil, França e México.

Pedro Granato – São Paulo, Brasil
Diretor, dramaturgo e professor, Pedro Granato é formado em Cinema e Vídeo pela ECA-USP. Foi o único encenador brasileiro selecionado para o Directors LAB no Lincoln Center, em Nova Iorque, em 2014.
Dirigiu as peças: Pousada Refúgio, indicada ao Prêmio APCA de dramaturgia e ator, ao Prêmio Shell de autor e ao Prêmio Aplauso Brasil de dramaturgia e ator coadjuvante; Quanto Custa?, de Bertolt Brecht, vencedora como “melhor trabalho realizado em sala convencional” no Prêmio CPT; Até que deus é um ventilador de teto, de Hugo Possolo com os Parlapatões; Submarino, de Leo Moreira; IL Viaggio, de Marcelo Rubens Paiva, a partir de roteiro inédito de Federico Fellini; Navalha na Carne, de Plínio Marcos; e Criminal, de Javier Daulte; além das adaptações de rua de Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare; e O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, encenada na rua.
Dirigiu e escreveu as peças jovens Fortes Batidas e 11 SELVAGENS, indicadas a vários prêmios e circulam pelo Brasil há anos; Você não está aqui, escrita com o ilusionista Ricardo Malerbi; As Lágrimas Quentes de Amor que Só meu Secador Sabe Enxugar, escrita com Paula Cohen; e Vermelho Labirinto.
Recentemente, estreou a peça País Clandestino como ator e criador ao lado de outros cinco diretores, de cinco diferentes países. A peça foi apresentada nos festivais Santiago a Mil, no Chile; FIBA, em Buenos Aires, na Argentina; e MITsp em São Paulo, no Brasil; e nas cidades de Dijon, na França; e Guadalajara, no México. E tem apresentações programadas em Portugal, Espanha e Uruguai em 2019.
Durante 12 anos dirigiu o IVO 60, grupo contemplado cinco vezes pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro criando 5 espetáculos que circularam por todo o país. Hoje dirige e administra o teatro Pequeno Ato, no centro de São Paulo, e é presidente do MOTIN – Movimento dos Teatros Independentes de São Paulo.

 

Foto: Ding Musa

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