O público entra no teatro. A primeira cena vai determinar, toda noite, o restante do espetáculo. Cartas de tarô são tiradas e treze cenas são apresentadas aos espectadores, na sequência que o jogo determinou. Assim está estruturada a primeira dramaturgia de Malu Galli, autora, diretora e atriz de Marta, Rosa e João. A reestreia está marcada para o dia 12 de abril de 2019, sexta-feira, às 21h, no Espaço Parlapatões, em São Paulo…
Ao lado de Malu, estão no elenco Manoela Aliperti no papel de Rosa, Rodrigo Scarpell como João e Katia Naiane, que dobra papeis conforme o sorteio do dia. Romulo Fróes e Kiko Dinucci criaram a trilha sonora.
Inspirada no espetáculo, Malu Galli lança o livro ‘Marta, Rosa e João’ pela Editora Cobogó, dentro da Coleção Dramaturgia, no sábado, dia 13 de abril, às 17h. Após o espetáculo, às 22h30, haverá um debate em que estarão presentes, além da autora, a atriz e coreógrafa Luaa Gabanini e Isabel Diegues, da Editora Cobogó.
Marta, Rosa e João
O espetáculo conta a história de Rosa, mulher que descobre numa consulta com uma taróloga sua própria gravidez e a proximidade do dia de conhecer Marta, sua mãe, que a deixou ainda na infância. Não bastasse o peso deste encontro, as mulheres precisam ainda lidar com a presença de João, um passeador de cães que frequenta a casa de Marta e, por meio do seu comportamento livre e subversivo, provoca uma renovação no olhar entre mãe e filha, um tipo de confusão que move o que está estagnado nelas.
“Os arquétipos dos 22 Arcanos Maiores sugerem muitas traduções e interpretações, das quais me inspirei para escrever as cenas livremente e associá-las em seguida a cada uma das cartas”, diz Malu, ressaltando que o espetáculo não é sobre o tarô, é apenas um dispositivo que torna Marta, Rosa e João uma espécie de ‘peça-jogo’, como nomeia a autora. “Assim como as narrativas de cena vão sendo montadas durante a encenação, os elementos cênicos, como luz, cenário, figurino e música também seguem essa estrutura”, conta.
No elenco, além de Malu, que interpreta Marta, estão em cena Manoela Aliperti, no papel de Rosa; Rodrigo Scarpell como João; e Katia Naiane, intérprete da taróloga do início do espetáculo e também atriz que dobra papeis, podendo interpretar uma vizinha ou uma entrevistadora de emprego, entre outras. Romulo Fróes, cantor e compositor convidado por Malu para assinar a direção musical, criou em parceria com Kiko Dinucci (dos grupos Passo Torto e Metá Metá, entre outros) uma trilha única que se desmonta para cumprir o desenrolar de cada cena.
Próxima dos 30 anos de carreira, Malu participou de dezenas de séries televisivas, filmes e peças de teatro. Como diretora, já assinou o espetáculo A Máquina de Abraçar, de autoria de José Sanchis Sinisterra, e de Oréstia, trilogia de peças do dramaturgo grego Ésquilo, com quem dividiu direção com Bel Garcia, da Cia dos Atores.
Sobre a empreitada do primeiro texto para o teatro, Malu ressalta que o recurso das cenas móveis exige suas próprias complexidades, como evitar curvas dramatúrgicas, dividir as informações das cenas de modo com que elas não se repitam e façam sentido para o público independente da ordem de exibição e também trazer frescor aos atores a cada sessão, já que a encenação só será desvelada após a exibição das cartas.
Cada cena será iniciada com um indicativo da carta que remete ao que será visto. Caso a carta-cena tenha sido, por exemplo, a do Imperador, esse título será revelado ao público no começo da cena. “Não se tratam de esquetes ou cenas isoladas. Mesmo embaralhadas, as cenas juntas contam uma só história de diferentes formas”, reforça Malu.
Para assumir essa escolha na hora de escrever o texto, a artista coloca-se em diálogo com movimentos presentes na história do teatro que já testavam elementos surpresa para composição de peças. “Desde o século XV que experimentos acerca do processo da escrita vêm sendo desenvolvidos, passando pelas vanguardas do século XX e por grupos de artistas nos anos 70, onde regras restritivas criadas por seus participantes eram impostas ao processo criativo”, conta.
Em Marta, Rosa e João também há o objetivo de que as atrizes e o ator experimentam outra forma de vivenciar suas personagens. “Não tem como o elenco se preparar antecipadamente, o que faz com que a cada sessão tenhamos que aprender a entrar no jogo que será definido ali mesmo”, finaliza Malu.
Ficha Técnica
Texto e direção – Malu Galli
Elenco – Manoela Aliperti – Rosa, Malu Galli – Marta, Rodrigo Scarpelli – João e Katia Naiane – Taróloga, vizinha, entrevistadora de emprego, entre outros
Direção de produção – Gabi Gonçalves
Cenário e figurino – Cassio Brasil
Direção musical – Romulo Fróes
Direção de movimento – Luaa Gabanini
Luz – Wagner Antônio
Trilha sonora original – Romulo Fróes e Kiko Dinucci
Assistência de direção – Zi Arrais
Produção executiva – Thais Vennit
Fotos – Mabel Feres
Ambientação das fotos – Rodrigo Bueno (Ateliê Mata Adentro)
Realização – Corpo Rastreado
Marta, Rosa e João
Espaço Parlapatões
Praça Franklin Roosevelt, 158 – Consolação
Tel.: 11 3258-4449
Capacidade: 100 lugares
Duração: 90 minutos
Temporada: 12 de abril a 01 de junho de 2019
Quinta a sábado, às 21h
Classificação: 14 anos
Ingressos:
R$ 40,00 (inteira)
R$ 20,00 (meia)
*Se tiver interesse em assistir ao espetáculo mais de uma vez, leve o canhoto do ingresso anterior e receba 60% de desconto na compra de um ingresso para outra data.
Malu Galli
Malu Galli iniciou sua trajetória teatral na escola O Tablado, em 1982. Mais tarde, formada profissional pelo curso da Faculdade da Cidade ministrado por Bia Lessa, começou a trabalhar como integrante da Cia. Teatro Autônomo, de Jefferson Miranda, onde participou de espetáculos como Mann na Praia, Minh’Alma é Imortal, e A Noite de Todas as Ceias. Com a Cia. Dos Atores, de Enrique Diaz, participou de espetáculos como O Rei da Vela, Meu Destino é Pecar, ensaio. Hamlet, apresentado em festivais e temporadas pelo mundo todo e considerado o melhor espetáculo da década pela Revista Bravo, e Gaivota – tema para um conto curto.
Em 2004, criou e produziu em parceria com a diretora Christiane Jatahy o monólogo Conjugado, considerado o melhor espetáculo estrangeiro do ano de 2006 em um festival de Havana, Cuba. Realizou o monólogo Diálogos com Molly Bloom, em que foi dirigida por cinco diretores (Andrea Beltrão, Cristina Moura, Christiane Jatahy, José Sanchis Sinisterra e Gilberto Gawronski). Junto com Andrea Beltrão e Mariana Lima, produziu e integrou o elenco de Nômades, dirigida por Marcio Abreu.
Dirigiu e realizou o espetáculo A Máquina de Abraçar, de José Sanchis Sinisterra, com Mariana Lima e Marina Viana, inaugurando o galpão do Tom Jobim, RJ, 2009. O espetáculo foi considerado um dos dez melhores do ano pelo Jornal O Globo. Em São Paulo, foi realizado na área de convivência do Sesc Pompeia em uma instalação do artista plástico Raul Mourão. Em 2012 dirigiu Oréstia, trilogia de Ésquilo, onde apresentou uma tradução original do grego feita por Alexandre Costa e Patrick Pessoa, além dos versos do coro musicados por Romulo Fróes e Cacá Machado.
No cinema, participou de mais de 15 filmes, entre eles O Xangô de Backer Street, de Miguel Faria Jr; Achados e Perdidos, de José Joffily, Maré, nossa história de amor, de Lúcia Murat, 180 graus, de Eduardo Vaisman, Aos teus olhos, de Carolina Jabor e Paraíso Perdido, de Monique Gardenberg. Em 2018 filmou com Caetano Gotardo Seus Ossos e seus olhos (estreia em janeiro nos festivais de Tiradentes e Roterdam), Propriedade Privada, thriller de Daniel Bandeira e Dispersão, filme interativo de Bruno Vianna (ambos em fase de montagem e estreia prevista pra 2019).
Na TV, Malu participou de séries e novelas de sucesso na TV Globo, entre elas Queridos Amigos, A Mulher do Prefeito, Tapas e Beijos, Cheias de Charme, Império, Sete Vidas, Totalmente Demais e Malhação: Viva a Diferença.
Foto: Ligia Jardim
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