Você já pensou em ter que escolher qual seria a próxima cena que veria num espetáculo? É isso que acontece em Ella, estrangeira de si, que estreia no dia 11 de outubro, sexta, às 21 horas, na Zona Franca…
Com texto e direção da carioca Luiza Prado, que também faz algumas participações como atriz, a peça mostra uma personagem que está em busca da sua identidade e do seu lugar no mundo, se descobrindo em meio a uma série de acontecimentos. No elenco também estão as atrizes Beatrix Oliva, Mitzi Evelyn, Yasmin Gomes e Yana Sardenberg, além das musicistas Beatriz Abade e Danielle Vasconcelos.
A peça traz uma voz feminina e traça um diálogo feminista. O centro da montagem é a mulher, mas a temática é universal. Afinal, quem nunca se sentiu estrangeiro, passageiro ou forasteiro do próprio corpo? Ou de alguma relação que viveu? Da cidade que nasceu ou que mora? É a partir destes questionamentos que Ella, estrangeira de si encontra identificação e temas infindáveis para refletir com o público.
O livro que originou a peça surgiu simultaneamente à mudança de Luiza para São Paulo. Em busca do seu espaço, ela saiu do Rio de Janeiro e começou a colocar no papel, em forma de texto, seus anseios com a sua troca de endereço, seus questionamentos após o fim de um relacionamento, a sua descoberta como homossexual e como ela, mulher, se colocava no mundo. Os textos, que tinham diversos formatos (poesia, roteiro, prosa e até um boletim de ocorrência) tinha algo em comum: Luiza sempre escreveria na 3ª pessoa. “Percebi que aqueles textos tinha esse ponto de encontro é que aquela ela que mencionava sempre era uma personagem e tanto. Foi assim que surgiu Ella, estrangeira de si, que além do livro e peça também foi transformada num perfil de Instagram (@ella.estrangeiradesi)”.
No lançamento do livro, Luiza fez algumas leituras dramáticas do texto e percebeu uma embocadura para o teatro. “Acabei dirigindo algumas cenas e vi que poderia ter uma peça ali. Chamei as meninas que estão no elenco e começamos a levantar esse projeto”.
Estrutura não convencional
Na hora de fazer adaptações do texto para uma dramaturgia de teatro, Luiza optou por uma dramaturgia não-cartesiana e não-linear. Por isso, ela buscou fugir de um palco italiano e ir para um espaço alternativo, com uma peça itinerante, que acontece em diversos espaços de uma casa, com cenas simultâneas, inclusive, colocando o público numa posição mais ativa.
“O texto tem diversos atravessamentos. Queria que isso ficasse muito claro em cena. Cada pessoa na plateia verá a peça sob uma perspectiva e de uma maneira diferente. O elenco não leva as pessoas até a próxima cena; é a plateia que decide o que verá a seguir ou para que espaço vai seguir. Não será possível ver todas as cenas porque algumas acontecem no mesmo momento. Minha intenção com essa proposta cênica é fazer com que as pessoas se sintam como a mulher na sociedade. Obrigadas a tomar decisões, fazer escolhas cruciais ou abrir mão de situações quando não gostaríamos de fazê-las.”, explica.
Ficha Técnica
Texto e direção: Luiza Prado
Assistente de Direção: Priscila Lima
Atrizes: Beatrix Oliva, Mitzi Evelyn, Yana Sardenberg e Yasmin Gomes
Musicistas: Beatriz Abade, Danielle Vasconcelos e Yasmin Gomes
Maquiadora: Andressa Pontes. Figurino: Rafael Fassani
Direção de Arte: Rafael Fassani
Desenho de Luz, fotografia, técnico de som, luz e projeção: Marcinho Nunes
Produção: Mosaico Produções (Cicero de Andrade e Vivian Vineyard).
Ella, estrangeira de si
Associação Zona Franca
Rua Alm. Marques de Leão, 378 – Bela Vista
Estreia dia 11 de outubro, sexta, 21 horas, na Zona Franca
Temporada: até 8 de novembro, sextas, às 21h
Capacidade: 40 lugares
Duração: 80 minutos
Ingressos:
R$ 30,00
R$ 15,00 (meia-entrada)
Venda de ingresso no local uma hora antes do espetáculo
Recomendação etária: 16 anos
Luiza Prado
Luiza é autora, roteirista e diretora. É formada em Jornalismo pela PUC-Rio com extensão em Cinema pela New York Film Academy, em Nova Iorque, e em Roteiro Cinematográfico pela Escuela Internacional de Cine y TV, em Cuba. Ganhou o prêmio de “melhor autora” pelo 6o Prêmio Botequim Cultural (2016) pela peça “Tudo o que há Flora”, dirigida por Daniel Herz, em cartaz durante cinco temporadas: CCBB-RJ, CCBB-DF, Teatro Ipanema, Teatro Cesgranrio e Teatro Municipal Maria Clara Machado. Foi vencedora do concurso de curta-metragens “O Rio que eu vejo” (2013), com o curta “O Rio de Paixão” e finalista do concurso “The Walkers”(2014), avaliado por Fernando Meirelles, com o curta-metragem “Viver é uma arte”.
Escreveu a segunda, terceira e quinta temporadas do sitcom “Vai que Cola”, exibido pelo canal Multishow, e fez parte da equipe de roteiro do longa “Vai que Cola – o Filme” (2015). É autora do argumento dos filmes “Os homens são de Marte… é pra lá que eu vou 2” (2017), de Mônica Martelli e “Era uma vez minha primeira vez” (2017), baseado no livro de Thalita Rebouças. Desenvolveu as séries infantis “O circo mágico do Palhaço Topetão” (2014), para a Conspiração Filmes e “A Bruxinha que era Boa” (2015). Escreveu a série documental “Latitudes, Longitudes”, para o Canal Curta (2016) e o doc-reality “Lá fora com Bel Lobo” (2015), para o GNT. Criou a série “A vida secreta das mães”, para a Trator Filmes, em negociação com a Turner.
Publicou o livro de poesias “{Doce-amargas} prosas poéticas erráticas” (2017), pelo selo Carreira Literária, da editora Oito e Meio e foi convidada para participar de uma das edições do “Concerto de poesias”, para falar sobre poesia contemporânea, promovido pela Estação das Letras, no Rio de Janeiro. Fez a assistência de direção e dramaturgia da peça “Cuidado! Animais na Pista”, dirigida por Rubens Camelo, de Liliane Costa, em cartaz no Teatro Sérgio Porto e Maria Clara Machado, no Rio de Janeiro (2018) e o texto e direção da cena UNA, selecionada para o Festival Ovárias, em Santa Teresa (2018). Também assina a dramaturgia da peça “Incômodos”, laboratório sensorial com temática feminista com três temporadas em cartaz no Rio de Janeiro (2017/2018). Trabalhou durante seis meses na equipe de criação da Agência Tudo (2018), onde elaborou projetos e desenvolveu roteiros para eventos como a vinda da Malala ao Brasil, semana da Equidade Racial no Itaú e o Prêmio Itaú Unicef. Escreveu o seu segundo livro, “Ella, estrangeira de si”, a ser publicado em Maio de 2019, pela Editora Patuá.
Foto: Divulgação
1 comentário em “Público caminha por Casarão no Bixiga em Ella, estrangeira de si”Adicione o seu →