História Natural do Amor, interpretada por Guilherme Zanela, escrita e dirigida por José Fernando Peixoto de Azevedo se apresenta de 23 a 31 de outubro, na SP Escola de Teatro (Praça Franklin Roosevelt, 210 – Bela Vista)…
O espetáculo parte dos ensaios publicados pela N-1 Edições Ética Bixa: Proclamações Libertárias para uma Militância, do filósofo espanhol Paco Vidarte, e de Pelo Cu: Política Anais, de Javier Saez e Sejo Carrascosa, para discutir os perigos, tabus, impasses e demais questões que cercam a sexualidade desde os períodos mais remotos e que se intensificaram nos últimos tempos.
Ainda que passagens biográficas estejam presentes, como a exibição de um vídeo de Guilherme, ainda criança, interpretando Jesus Cristo sendo crucificado em uma montagem escolar ou relatos sobre sua infância no Rio Grande do Sul, marcada por uma criação machista e heteronormativa, a peça lida com uma abordagem mais ampla, destacando dados alarmantes como o fato da homossexualidade ser crime em mais de 70 países, sendo que em alguns deles, como o Irã, é comum a prática de tortura e assassinato para punir pessoas LGBTQ+.
“Foi durante o processo de criação da peça que o Zé (diretor) me apresentou esses livros que sintetizavam muitas das questões alarmantes sobre como o sexo anal, o corpo não-hegemônico e os diversos estereótipos relacionados à sexualidade como circunstâncias que determinam a sociedade que vivemos”, conta Guilherme. O texto da peça entremeia os relatos do ator com trechos dos livros que a inspiraram. As músicas que se sucedem durante o espetáculo, algumas cantadas pelo ator, propõem ambientes lidos como pertencentes ao universo gay, que vão desde clássicos da música pop até a sonoridade eletrônica de baladas.
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“A natureza do meu amor tem a ver com o ânus, com o reto. Antes de falar do amor, eu preciso falar de como entrego o meu corpo ao outro e assim conto uma história natural do amor”, diz Guilherme Zanela
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A direção de José Fernando Peixoto de Azevedo entra com os dispositivos cênicos que caracterizam o seu trabalho – imagens projetadas sobre a parede se integram à interpretação de Guilherme e sugerem novas leituras sobre a cena, como nos momentos em que o ator reinterpreta a feição de atores pornôs ou quando se grava dentro de uma cabana, oferecendo ao público uma cena com duas camadas, já que é possível assistir a cabana na cena ou o vídeo de Guilherme dentro dela sendo projetado.
O trabalho, pensado inicialmente como uma criação que consolidaria a formação de Guilherme na EAD (Escola de Artes Dramáticas da USP), ganhou força ao longo da criação, escapando da proposta formativa para se tornar um trabalho cênico feito para circulação. “Em alguns de seus trabalhos, José tem instaurado na relação presença-imagem, ator-câmera, aquilo que nomeia ‘dispositivos de saturação’: todo o empenho está em ver, nos corpos e nas relações produzidas, não apenas como se produz sujeitos, mas quando, em combate, esses corpos deixam de se sujeitar, esboçando outras possibilidades. Foi assim, por exemplo, na sua versão para o texto de Plínio Marcos, Navalha na Carne Negra”, conta Guilherme.
Ficha Técnica
Direção, Dramaturgia e Dispositivo Cênico: José Fernando Peixoto de Azevedo
Ator: Guilherme Zanela
Vídeo em Cena: André Voulgaris
Música em Cena: Luca Pelucio Grecco
Desenho de Luz: Denilson Marques
Operadora de Luz: Juliana Kovalenkinas
Colaboração em processo: Julio Arack
Produção: Corpo Rastreado
Realização: Escola de Arte Dramática – EAD/ECA-USP
História Natural do Amor
SP Escola de Teatro
Praça Franklin Roosevelt, 210 – Bela Vista
Capacidade: 60 lugares
Duração: 60 minutos
De 23 a 31 de outubro de 2019, quartas e quintas, às 21h
Ingressos:
R$ 20,00 (inteira)
R$ 10,00 (meia)
Classificação etária: 18 anos
Foto: Val Luna
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