Público caminha em espetáculo pelas ruas de SP em busca de conexão com a cidade inspirado no artista José Leonílson…
Propondo uma sensibilização do olhar e uma interação com a cidade e com as pessoas ao redor, o espetáculo performativo Cartografia do Afeto – Manifesto Leonilson estreia sexta-feira, 3 de junho. Com direção de Roberto Rezende, integrante do Cambar Coletivo, e com os atores Ricardo Henrique e Sidney Santiago, o projeto foi contemplado pela 3ª edição do Prêmio Zé Renato de fomento ao teatro.
A ação se inicia em dois lugares distintos com o público dividido nas casas dos próprios atores, a primeira fica no bairro do Bixiga, próximo à Praça Roosevelt, e a segunda fica pelo bairro da Bela Vista, perto do Masp). As reservas serão feitas por telefone, quando os participantes descobrirão o local exato de encontro.
Após uma recepção com a “plateia”, cada ator/performer acompanhará os seus convidados em uma deriva pela metrópole paulista. Ambos os núcleos têm autonomia e proporciona experiências diferentes dentro da linguagem performativa do espetáculo.
“Tentaremos encorajar a plateia no deslocamento de perspectivas, nas tomadas de decisões e posicionamentos em composições que se constroem nas sincronias e nos acasos daquele dia. É um jogo com o público que se torna manifesto do aqui e agora, no que se torna genuinamente afeto. Cada ator é como se fosse um jogador com cartas nas mangas, prontas para serem acionadas juntamente com seus convidados”, conta o diretor.
Um dos eixos para a concepção do projeto vem diretamente da arte de José Leonilson (1957 – 1993), que apresenta em sua trajetória uma obra predominantemente autobiográfica. Era como se cada peça construída fosse uma carta para um diário íntimo. Foi pintor, desenhista, escultor, em suas criações utilizou como suporte palavras, botões, penduricalhos, costuras e bordados, sendo estes últimos uma das suas marcas singulares. Minuciosamente trazia em seu bordar uma organicidade que vibra humanidade e a precariedade no pontilhar o fio era propositadamente uma escolha expressiva. Tinha alma nômade e de cigano, como ele próprio falava. Era um andarilho por natureza, figura recorrente em algumas de suas criações. A partir deste recorte do trabalho do artista, o andarilho foi utilizado como conceito, unindo com o procedimento da deriva e da cartografia como forma, resultando na composição do espetáculo.
“Ele nos inspira e nos afeta, e a partir de nossas próprias histórias e experiências, nos estruturando formalmente pelos procedimentos da deriva e da cartografia, saímos a rua em tentativa de busca de escuta, de fala, de peso ou leveza. Do que se manifeste no irrisório, no precário e no escondido. O ato de caminhar é uma tentativa-manifesto de acionar, por uma cartografia afetiva, uma reflexão sobre formas de relacionamento com a cidade, com o outro e em si. É sobre comunicar”, fala Roberto Rezende.
A deriva é um procedimento experimental de deslocamento que estuda os efeitos psicogeográficos do ambiente urbano nas condições psíquicas e emocionais das pessoas. Relacionada à arquitetura e urbanismo, essa técnica surge na década de 50, pelo movimento situacionista, como uma reação ao processo de espetacularização das cidades; uma tentativa de reapropriação do espaço público como uma zona de pertencimento dos cidadãos.
Um trecho dos diários sonoros de Leonilson no documentário A paixão segundo JL – de Carlos Nader – evidencia essa característica. “…um andarilho assim, acho que sou assim também… eu não sei o que que é que tô procurando… às vezes eu acho uns carinhas que eu fico apaixonado, aí eu acho que eles são o lugar que eu tô procurando. Mas eles são como uma paisagem linda no meu caminho…os carinhas são como as paisagens bonitas que eu vejo. Eu não sei o que tô pensando, eu não sei o que eu tô procurando, mas às vezes eu vejo uns meninos lindos na rua e eu vou seguindo ele… ”
Ficha Técnica
Direção/Encenação: Roberto Rezende
Atores e concepção do projeto: Ricardo Henrique e Sidney Santiago
Assistência de encenação: James Turpin
Direção de arte: Mayara Mascarenhas
Direção sonora: Luiz Gayotto
Produção: Paulo Salvetti
Assistente de Produção: Renan Salvetti
Assistentes de operação: Guto Tataren
Provocação: Flávio Rabelo e James Turpin
Designer Gráfico: Rodrigo Kenan
Pesquisa de linguagem e procedimentos: Cambar Coletivo
Palestrantes: Flávio Rabelo e Ricardo Resende.
Cartografia Do Afeto – Manifesto Leonilson
Temporada de 3 de junho a 16 de julho.
Quintas às 17h
Sextas às 15h
Sábados às 15h
Duração do evento: 3 horas, sendo 2 horas em deslocamento a pé pela cidade.
Reservas de convites*:
Telefone (11) 9 7237-8831
Terça-feira: das 10 às 11 horas (caso ainda não tenha se completado o grupo de 20 pessoas)
Quarta-feira: das 14 às 15 horas. (A partir do dia 31 de maio até o dia 13 de julho)
*Obs: O local de encontro será informado por telefone no ato da reserva. É necessário que se chegue ao local com a antecedência mínima de 30 minutos.
Para informações das lotações, acompanhe o Facebook – Cambar Coletivo
Para o seu maior conforto e bem-estar durante esta experiência, sugere-se:
- Usar roupas leves e sapatos confortáveis.
- Preparar-se com acessórios de acordo com as condições climáticas do dia, como guarda-chuva, capa de chuva, óculos escuros, protetor solar, cachecol.
- Levar uma quantia mínima de 20 reais para necessidades pessoais que surjam durante o trajeto.
- Importante trazer consigo o seu celular com bateria carregada e respectivos fones de ouvidos.
Cartografia do Afeto – Manifesto Leonilson é uma parceria entre os universos artísticos dos atores Ricardo Henrique e Sidney Santiago, e do Cambar Coletivo, que assina a pesquisa de linguagem e de procedimentos (cartografia, deriva e programa performativo) deste processo criativo.
Fotos: Alice Jardim
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