A Milionária faz curta temporada no Teatro Alfredo Mesquita

A comédia de Bernard Shaw, volta em curta temporada de 17 a 26 de junho, no Teatro Alfredo Mesquita com ingressos gratuitos, debates e duas sessões com descrição em libras…

 

 

 

 

 

 

Com direção de Thiago Ledier, o espetáculo integra o projeto da Cia. Círculo de Atores, contemplado na 37ª edição do Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. Por seu desempenho como Epifânia, a protagonista da peça, Chris Couto, ganhou o 31º Prêmio Shell como Melhor Atriz no ano de 2018

A Milionária começa com Epifânia, uma das mulheres mais ricas da Europa, reunindo-se com seu advogado para discutir a possibilidade de seu provável suicídio. Pretende deixar, como forma de punição por infidelidade, toda a sua fortuna para seu marido.

Seu casamento fora resultado de um desafio. Seu finado pai, por quem Epifânia tem fixação assumidamente edipiana, impôs uma condição: para se casar com ela, o marido deveria receber uma quantia inicial razoável e, em seis meses, transformá-la em uma fortuna.

O marido, boxeador e esportista, vence o desafio através de manobras financeiras e – ironia suprema – pela produção de uma peça teatral. Apesar disto, Epifânia desinteressa-se por ele. Após jogar escada abaixo um amigo que ofendera seu pai, ela encontra um médico egípcio e muçulmano, filho de uma lavadeira, por quem se apaixona.

Para sua surpresa, ao propor casamento ao médico, é informada que sua humilde mãe também impôs um desafio como condição à mulher que desejasse desposá-lo: a pretendente deveria receber uma quantia miserável e sobreviver, unicamente através do seu trabalho, durante seis meses. Só assim seria merecedora da mão do filho. Ao aceitar o desafio, Epifânia começa um movimento irresistível, desvendando o modo de agir e pensar de sua classe social, poucas vezes retratada em cena.

A Milionária pode ser definida como uma farsa didática sobre poder e dinheiro. Shaw já havia se ocupado de maneira aguda destes temas em Major Bárbara (1905) e Pigmalião (1912). Num cruzamento histórico dramático – que com a Segunda Guerra viria a se tornar trágico — Shaw levou quatro anos para escrever o texto, finalizando o trabalho aos quase 80 anos de idade, em 1934. O texto de Shaw trata de temas muito atuais, como a concentração de renda (agravada exponencialmente pela pandemia) e a quase extinção dos direitos dos trabalhadores.

 

Fundamentos do teatro a favor do texto
Sergio Mastropasqua e Thiago Ledier estão em sua quarta montagem de um texto de Bernard Shaw (além dessa peça e A Profissão de Senhora Warren, a dupla também esteve em Cândida e O Homem do Destino). Ambos dizem que o que mais encanta na obra do autor é a qualidade do seu texto e, ainda, prosseguir com o objetivo do dramaturgo de proporcionar acesso à cultura para todos. “No teatro, o que mais me atraiu sempre foi o texto. E Shaw é um autor de ótima qualidade, que trabalha os diálogos como ninguém, nos deixando com ótimos desafios propostos para a cena. Retornar com esta montagem após a fase mais terrível da recente pandemia, com o empobrecimento geral da população e em temporada de acesso gratuito, é fundamental”, explica Mastropasqua.

O diretor Ledier explica que Shaw não enxergava o teatro como uma missão messiânica ou catequizadora. “Sua visão de mundo está lá; mas, mais do que oferecer respostas para a plateia, ele levanta questões e nos convida a pensar junto. Além disso, os diálogos e temas que aparecem em suas peças ajudam o espectador a se revelar para si mesmo. Seus personagens falam o que pensam e são repletos de humanidade — ninguém é totalmente mau ou bom”, afirma, reforçando que seus espetáculos são para quem gosta de grandes textos. A Milionária, uma comédia, reforça a frase que era dita pelo irlandês: “Meu jeito de brincar é dizer a verdade”.

 

Bernard Shaw para todos
Ganhador do Oscar de melhor roteiro e do prêmio Nobel de Literatura, Shaw não é um nome tão conhecido em terras brasileiras. A gratuidade, nestes tempos de inflação, desemprego e crise institucional é uma grande ferramenta de inclusão, difusão da obra e democratização de acesso.

Dentro do projeto de Fomento ao teatro para a cidade de São Paulo, o Círculo de Atores apresentou no último mês de maio um ciclo de leituras composto por traduções inéditas de 04 textos: 4004 A.C — A Origem, A Impossível Versão Moderna da Paixão, O Evangelho dos Irmãos Barnabé e Don Juan no Inferno. Numa época de opiniões polarizadas, o pensamento não maniqueísta e crítico de Bernard Shaw aprofunda questões tão necessárias ao entendimento do nosso tempo.

Ficha Técnica
Texto: Bernard Shaw. Direção: Thiago Ledier. Elenco: Chris Couto, Cy Teixeira, Márcia de Oliveira, Priscilla Olyva, Alexandre Meirelles, Guilherme Gorski, Luti Angelelli, Rodrigo Chueri e Sergio Mastropasqua. Trilha original: Gregory Slivar. Cenários: César Bento. Luz: Nicolas Caratori. Operação de luz: Luna Frez e Nicolas Caratori Operação de som: Valdilho Cruz Figurinos: Cy Teixeira. Fotografia: Ronaldo Gutierrez. Consultoria Teórica Rosalie Rahal Haddad Assessoria de Imprensa: Vanessa Pinheiro Fontes. Direção de Produção: Selene Marinho Coordenação de Produção: Sergio Mastropasqua. Produção Executiva: Marcela Horta. Assistência de Produção: Henrique Pina. Administração: Patricia Pichamone e Gabriella Brum.

 

 

 

 

 

 

A Milionária
Teatro Alfredo Mesquita
Av. Santos Dumont, 1770 — Santana
Temporada de 17 a 26 de junho
Sextas e sábados às 21h
Domingos às 19h
Sessões com tradução em libras nos dias 19 e 25 de junho
Recomendação etária: 14 anos
Duração: 95 minutos
Ingressos: Gratuitos (distribuição uma hora antes de cada sessão).
Debates após todas as sessões
Estacionamento Gratuito

 

Foto: Ronaldo Gutierrez

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