Peça explora a descoberta da sexualidade na adolescência. Dirigida por Pedro Leão, montagem é estrelada por Henrique Figueiredo e terá apresentações na capital paulista…
Um adolescente que sente as paixões despertarem e começa entender como lidar com a sexualidade é o tema do espetáculo Pequeno Monstro, inspirada no conto homônimo de Caio Fernando Abreu. A peça estreou no dia 22 de julho e segue a turnê com mais 5 apresentações por São Paulo. Nos dias 12, 13 e 14 de agosto no Teatro Arthur de Azevedo. Nos dias 19 e 20 de agosto, entra em cartaz no Centro Cultural da Diversidade. Nos dias 26, 27 e 28 de agosto, no Teatro Cacilda Becker. Locais e datas das próximas apresentações serão anunciados em breve. Todas as apresentações contarão com acessibilidade em libras e audiodescrição.
Quem dirige a montagem para os palcos é Pedro Leão com intepretação de Henrique Figueiredo. Este é o segundo espetáculo da quadrilogia Agridoce, que trata diversos temas ligados à sexualidade. O mesmo personagem vai estrelar as quatro peças e muito de sua história é inspirado na vida de Pedro Leão, com histórias que aconteceram com ele em seu caminho de autoconhecimento. A saga teve início com o espetáculo que também se chama Agridoce, com relatos sobre abuso e violência sexual contra meninos LGBTQIA+, e foi premiada pelo ProAC Lei Aldir Blanc e pelo Edital de Cultura SESC Rio 2022.
Já Pequeno Monstro trata da adolescência e suas descobertas e fantasias típicas da idade. Ela acompanha o início da puberdade do personagem principal e as transformações “monstruosas” que ele vive ao se deparar com as mudanças não só no corpo, mas também nos desejos e na personalidade. Nessa busca, ele transita entre o que é real e os devaneios por se encontrar. “O pequeno monstro é uma metáfora desse momento da adolescência, quando somos de fato um pequeno monstro em processo de transformação física. E para quem é um menino gay, como no espetáculo, é mais difícil ainda viver esse momento por que ele passa a entender os desejos que saem da curva e são dissidentes do que se espera do menino adolescente. Ainda mais um menino no começo dos anos 2000”, conta Leão.
O texto da peça foi contemplado com o Prêmio Neide Rodrigues Gomes e publicado em 2021. Agora, ganha os palcos pela primeira vez, com apoio do Edital de Ações Descentralizada nas Múltiplas Linguagens da Secretaria de Cultura de São Paulo e do Laboratório de Cena da FUNARTE. Com ele, o diretor quer ajudar a responder algumas das questões principais para jovens e adolescentes LGBTQIA+: “Como você descobriu que você era você? Em que momento você definiu seus desejos a ponto de ter certeza da sua identidade e sexualidade? Quem pode te dizer que suas lembranças desse processo são reais ou se são apenas criação imaginária que forja memórias que não existiram?”
A peça vai mostrar duas histórias: uma que acontece na tela, por meio de um vídeo em motion design, e outra que o personagem conta e vive em cena. E é aí que reside a dualidade entre real e fantasia, uma vez que apenas uma delas de fato aconteceu. A história é uma junção da inspiração no texto de Caio Fernando Abreu e também de um conto do próprio diretor, publicado em 2011. O texto de Caio Fernando é quase um “conto erótico adolescente e gay”, diz Leão, narrando o encontro de um menino e seu primo, e sua primeira experiência sexual.
A dramaturgia surgiu da vontade de abordar artística e psicologicamente o processo de autocompreensão social do LGBT. “Como a gente coloca isso sem assumir um discurso político, mas entendendo que nossa existência é política. A gente precisa trazer para a cena outros discursos sobre a nossa comunidade. Costumamos ver apenas filmes, séries e peças que falam sobre sofrimento e homofobia, mas perdemos a complexidade que é esse sujeito e todas as outras nuances que o compõem, como fantasia, relacionamento e afetos”, analisa o diretor.
Além do vídeo, o espetáculo vai contar com vários elementos para sensibilizar o público e fazê-lo mergulhar nesse breu entre fantasia e realidade: audiodescrição poética, brincadeiras com projeções e música e elementos de cheiro, como chocolate, para mexer com os sentidos. “Tenho muito orgulho desse trabalho e espero que o público possa, como eu, questionar-se sobre o espaço vazio que há entre quem eu penso que sou e quem eu realmente gostaria de ser, que é o que nos torna seres impossíveis”, deseja o diretor.
Este projeto foi contemplado pelo Edital de Apoio a Projetos Culturais Descentralizados de Múltiplas Linguagens – Secretaria Municipal de Cultura.
Ficha Técnica:
Dramaturgia e direção: Pedro Leão. Atuação: Henrique Figueiredo. Assistência de direção: JOMA. Consultoria Dramatúrgica: Jéssica Teixeira. Direção de produção: Jessica Rodrigues e Victória Martinez. Produção executiva: Pedro Leão e Carol Henriques. Assistência de produção: Isabella Purcino. Direção de arte: Daniel Beoni. Figurino: Ana Luiza Suhr Reghelin. Cenografia: Danilo Cruz. Iluminação: Guilherme Soares. Trilha original: Fábio Stamato. Motion designer: Rebeca Prado. Técnico e operador de luz: Guilherme Soares. Técnico e operador de som: luMa. Intérprete de libras: Luccas Araújo. Audiodescrição: Henrique Figueiredo. Consultoria em audiodescrição: Gislana Vale Coordenação de comunicação: Jessica Rodrigues. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Designer gráfico: Lucas Sancho. Mídias sociais: Jessica Rodrigues e Mateus Bruza. Registro em vídeo: Mateus Bruza. Registro fotográfico: Jennifer Glass. Co-produção: Contorno Produções e Catástrofe Produções. Realização: Cubo Cultural.
Pequeno Monstro
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 60 minutos
*Todas as apresentações contarão com acessibilidade em libras e audiodescrição.
Teatro Arthur Azevedo
Sala multiuso
Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca
Dias 12, 13 e 14 de agosto de 2022
Sexta e sábado às 20h e domingo às 18h
Ingressos: Gratuito, com retirada de ingressos na bilheteria 1 hora antes do espetáculo.
Centro Cultural da Diversidade
Rua Lopes Neto, 206 – Itaim Bibi
Dias 19 e 20 de agosto de 2022
Sábado 18h e 20h e domingo às 19h
Ingressos: Gratuito, com retirada de ingressos na bilheteria 1 hora antes do espetáculo.
Teatro Cacilda Becker
R. Tito, 295 – Lapa
Dias 26, 27 e 28 de agosto
Sexta e sábado às 21h e domingo às 19h
Ingressos: Gratuito, com retirada de ingressos na bilheteria 1 hora antes do espetáculo.
Foto: Jennifer Glass
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