A morte da estrela é um tríptico concebido só por artistas mulheres que explora as mudanças na forma de interpretar das atrizes no século XXI e seus aspectos múltiplos em torno do tema central: A falência dos grandes sistemas e o questionamento da persona social da “estrela”…
O Tríptico A Morte da Estrela é uma experiência cênica num formato de tríptico, que convida a uma imersão em aspectos múltiplos do tema central: a falência dos grandes sistemas e dos modos de convivência dominantes, traduzidos no questionamento da persona social da “estrela”. As três estações formam um quadro multifacetado sobre a morte da estrela, indo desde o desmonte do star system, até a explosão dos corpos celestes e a rebelião das mulheres.
Cada uma das estações parte da proposição de uma artista da cena diferente, que conduz a equipe criativa e o elenco, compostos apenas por mulheres. Natalia Malo, Lu Favoreto e Cibele Forjaz assinam a encenação. Fernanda Haucke, Lúcia Romano e Thais Dias atuam, além de colaborarem na concepção da cena e na dramaturgia. A escrita dos textos tem a participação de Vana Medeiros e Cláudia Schapira. Carla Caffé assina a direção de arte, cenografia e figurinos, ao passo que Cibele Forjaz faz o desenho da luz. A composição sonora é de Natalia Malo, e a direção de produção, de Gabi Gonçalves, coordenando a equipe da Corpo Rastreado. Ao lado delas, outras muitas mulheres estão presentes.
Cada estações têm em média 50 min de duração, e podem ser assistidas em separado ou em sequência. Prevê-se o sorteio da ordem de apresentação e o deslocamento do público ao longo do tríptico.
Estação Lembre-se de mim – é dirigida por Natália Mallo, com dramaturgia inédita de Vana Medeiros e trata da morte simbólica do sistema baseado no protagonismo estelar, para fazer nascer um teatro de interesse coletivizante.
Sideradas por uma aparição fantasmagórica, três atrizes brasileiras do teatro independente, “de pesquisa”, são lançadas à missão de salvar uma estrela do passado de sua morte por esquecimento. As três atrizes debatem sobre as mudanças na cena e na sociedade, em diálogos afiados e canções icônicas, sempre marcados pela ironia.
Estação Devir o que? Tem direção de Lu Favoretto, que também assina a dramaturgia junto às atrizes e representa a morte da cena representativa, diante da abertura performativa;
Representa a morte da cena representativa, diante da abertura performativa; as atrizes aproximam-se de uma linguagem em que dança, teatro e arte da performance desconstroem as estrelas que as habitam, com as imposições sociais relacionadas às mulheres. Através do corpo em movimento, são acionados novos devires, em tentativas individuais e coletivas de mutação de estado, refletidas na cena.
Estação Emborar – Claudia Schapira e Cibele Forjaz são responsáveis pela dramaturgia e direção, respectivamente. Nesta estação está a morte simbólica do teatro de espetáculo, vislumbrando o evento cênico como espaço convivial e ritual.
O mito narrado pela pajé indígena Mapulu Kamayurá conta a narrativa tradicional das Yamuricumã que partem em marcha, após um episódio imposto pelo masculino, abandonando suas famílias e terras, para construir um outro mundo, em outro lugar. O “emborar”, ou partir em caminhada, buscando um outro território em que possam vivenciar outras formas de convivência.
“O Tríptico A morte da estrela também pretende ir além dos limites do teatro, queremos discutir a relação entre entes viventes, usando o teatro como estratégia de análise do mundo e território de subversão, que permita vislumbrar uma ação poética (e política) capaz de encaminhar as energias do coletivo para rumos mais ritualizados e vitais”, complementa Lucia Romano.
Natalia Malo, Lu Favoreto e Cibele Forjaz assinam a encenação. Fernanda Haucke, Lúcia Romano e Thais Dias atuam, além de colaborarem na concepção da cena e na dramaturgia. A escrita dos textos tem a participação de Vana Medeiros e Cláudia Schapira. Carla Caffé assina a direção de arte, cenografia e figurinos, ao passo que Cibele Forjaz faz o desenho da luz. A composição sonora é de Natalia Malo, e a direção de produção, de Gabi Gonçalves, coordenando a equipe da Corpo Rastreado. Ao lado delas, outras muitas mulheres estão presentes.
Ponto de Partida
O mote da pesquisa parte da investigação da invenção de um modo de atuar mais natural e realista em contraponto a forma então dominante, estilizada e pomposa atribuído a atriz francesa Adrienne Lecouvreur (nascida em 1692 e falecida em 1730), filha de um chapeleiro falido, muito popular e considerada uma das melhores de seu tempo.
Nos palcos desde os quatorze anos, ela teve morte misteriosa aos trinta e oito, em situação que nunca chegou a ser desvendada – o motivo mais provável é que tenha sido envenenada por uma rival.
Sua vida acabou sendo tema de poemas, óperas, peças teatrais e filmes, onde a Lecouvreur foi interpretada por outras estrelas, como Sarah Bernhardt e Joan Crawford, também falecidas.
A passagem de Adrienne Lecouvreur no mundo ilustra a situação social da atriz-estrela e o imaginário que circunda sua figura, o qual, embora anacrônico, foi herdado pelas atrizes brasileiras contemporâneas, permanecendo como um paradigma da profissionalização e do sucesso das mulheres no teatro. Analogamente, a proposta do grupo é discutir o falecimento “misterioso” (porque ainda ronda os palcos) desse modelo idealizado de intérprete: a diva solitária e talentosa, de trajetória artística genial e apaixonante e, via de regra, de desfecho trágico. Também, perguntamos sobre o que foi posto “em seu lugar”, ou seja, quais as possibilidades de existência social que a atriz encontra, quando é deposta a “velha” maneira de relacionar-se com a cena, construída de acordo com as projeções que a sociedade tem promovido sobre o teatro e mulher, e que a atriz toma para si, como mais um papel a realizar.
Ficha Técnica
Atrizes-criadoras \ Lúcia Romano, Fernanda Haucke e Thais Dias
Composição de trilha original, Direção musical e Arranjos \ Natalia Malo
Direção de Arte, Cenografia e Figurinos \ Carla Caffé
Desenho de luz \ Cibele Forjaz
Fundamentação Corporal \ Lu Favoreto
Assistência de direção (Natalia Malo e Lu Favoreto) \ Luciana Azevedo
Assistência de direção (Cibele Forjaz) \ Zia Basbaum
Assistência de iluminação e operação de luz \ Carolina Gracindo
Assistência de figurinos \ Thais Dias
Assistência de cenografia \ Lívia Loureiro
Estagiárias e apoio técnico de iluminação \ Larissa Siqueira e Letícia Nanni Froes
Estagiárias de Arte \ Carol Godefroid e Gabriela Sanovicz
Costureiras \ Paula Mares e Thais Dias
Dramaturgia \ Estação Lembre-se de Mim – Vana Medeiros; Estação Devir o que? – Lúcia Romano, Fernanda Haucke, Thaís Dias e Lu Favoreto; Estação Emborar – Cláudia Schapira
Narrativa das Yamaricumã \ Mapulú Kamayurá
Criação das imagens projetadas \ Manoela Rabinovitch (Manu)
Videografia (edição ao vivo e operação de imagens) \ Julia Ro
Música ao vivo e operação de áudio \ Bel Borges
Programação gráfica \ Clara Morgenroth
Design da plataforma digital \ Clara Morgenroth
Divulgação \ Adriana Monteiro
Fotografias \ Ligia Jardim
Produção executiva \Corpo Rastreado – Jack dos Santos e Thaís Venitt
Parceiragem \ Madeirite Rosa e Zona Agbara
Direção Geral e Encenação \ Estação Lembre-se De Mim – Natalia Mallo; Estação Devir o que? – Lu Favoreto; Estação Emborar – Cibele Forjaz
Concepção \ Lúcia Romano – Barca de Dionisos
Produção \ Centro De Empreendimentos Artísticos Barca LTDA
Parceria criativa / Cia Livre
Realização \ SESC; Secretaria Municipal da Cultura – Prêmio Zé Renato
Dramaturgia: Estação Lembre-se de Mim – Vana Medeiros; Estação Devir o que? – Lu Favoreto; Estação Emborar – Cibele Forjaz e Claudia Schapira
Preparação corporal e direção de movimento: Lu Favoretto.
Direção Geral e encenação: Estação Lembre-se de Mim – Natalia Mallo; Estação Devir o Que?– Lu Favoretto; Estação Emborar – Cibele Forjaz e Claudia Schapira
Tríptico A Morte da Estrela:
Estação #1 Lembre-se de Mim;
Estação #2 Devir o quê?;
Estação #3 Emborar
SESC Ipiranga
Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga
Temporada: de 08 de outubro a 06 de novembro de 2022
Sextas e sábados, às 20h
Domingos, às 18h.
Sextas, Estações #1 e #2, das 20h às 22h
Sábados, Estações #1, #2 e #3, das 20h às 23h
Domingos, Estações #1 e #2, das 18h às 20h.
Apresentações especiais da Estação #3 aos domingos, nos dias 9/10, 23/10 e 06/11, voltadas para a formação de público, às 16h.
Dia 23/10, sessão com intérprete de LIBRAS.
Ingressos: R$40,00 (inteira), R$20,00 (estudante, servidor de escola pública, idosos, aposentados e pessoas com deficiência), R$12,00 (credencial plena).
Ingressos disponíveis no portal e nas unidades do Sesc São Paulo
As estações têm em média 50 min de duração, e podem ser assistidas em separado.
Prevê-se o sorteio da sequência de apresentação e o deslocamento do público ao longo do tríptico.
Classificação etária: 14 anos
Dois debates online, com 90 min de duração, irão mobilizar as conversas sobre as apresentações, com transmissão pela Plataforma da Corpo Rastreado (www.corporastreado.com), em 20 e 27 de outubro.
Este projeto foi contemplado pela 13ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura
Fotos de cena: Ligia Jardim
1 comentário em “Tríptico A Morte da Estrela estreia no Sesc Ipiranga”Adicione o seu →