Com direção de Edson Raphael grupo de dança chega aos palcos com seis bailarinos em um olhar contemporâneo de danças afro-brasileiras e populares, além da capoeira e do funk…
Novo espetáculo de dança contemporânea do Desterro Coletivo, Entre[Meio] traz à cena uma experiência sensível sobre criação e fortalecimento de espaços de afeto, para além do resistir e manter-se vivo, sobretudo para corpos negros, LGBTQIAP+, femininos e outros não hegemônicos. Com direção de Edson Raphael, a obra faz apresentações gratuitas de 18 de novembro a 17 de dezembro, sexta-feira e sábado, às 20h, no Espaço Sobrevento.
Em Entre[Meio], os intérpretes-criadores Ester Lopes, Jaqueline Macedo, Vanessa Terra, Edson Raphael, Gervásio Braz e Wesley Peixinho alternam-se em trajetórias próprias e conjuntas dentro do tempo-espaço do espetáculo. Com isso, criam diferentes camadas de signos e percepções a respeito do corpo-sujeito e corpo-coletivo evidenciados. O espetáculo brinca ainda com a não linearidade possibilitando múltiplas relações e leituras entre público e obra.
Para a composição da obra, o grupo utilizou-se de dinâmicas de improviso a partir de memórias, referências teóricas, estímulos de danças afro, populares, capoeira, funk, além de outros dispositivos criativos. O procedimento foi escolhido para melhor assimilação de corporeidades originais, diálogos e demandas expressas pelos corpos do elenco ao longo do processo.
O espetáculo integra o Projeto Poéticas do Fim, contemplado pela 30ª edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura.
Afrofuturismo
Para o diretor e bailarino Edson Raphael, Entre[Meio] traça pontes para desejos e utopias, olhando também para o passado. “Tão urgente quanto falar de resistência, é falar de nossas afetividades. Nas narrativas simbólicas desse trabalho, propomos um olhar para esse segundo ponto. Seja reiterando imaginários outros a respeito dos nossos corpos e espaços que construímos, ocupamos. Seja olhando para novas trocas que desejamos. Como dizemos na sinopse do espetáculo ‘diante da ânsia de humanidade, apenas resistir já não sacia’”, destaca ele.
Realizada coletivamente, a pesquisa para a realização de Entre[Meio] toma emprestados conceitos do afrofuturismo, valorizando saberes e experiências ancestrais pessoais (dos artistas do grupo) e sociais que inspirem novos encontros e sociabilidades.
Ficha Técnica
Concepção – Edson Raphael e Eduardo Cesar. Direção – Edson Raphael. Intérpretes-Criadores – Ester Lopes, Jaqueline Macedo, Vanessa Terra, Edson Raphael, Gervásio Braz e Wesley Peixinho. Provocação – Deise de Brito, Greta Lopes e Eduardo Cesar. Preparação Corporal – Deise de Brito, Lilian Martins, Tainara Cerqueira, Kleber Lourenço e Silvestre de Oliveira. Figurino – Alma Negrot. Cenografia – Su Martins. Iluminação – Dedê Ferreira. Trilha Sonora – Leandro Pacheco. Fotografia – Rodrigo Kees. Orientação Núcleo de Formação em Dança – Marcela Silverio. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Produção – Edson Raphael. Agradecimentos – Grupo Sobrevento, Núcleo Arranca, Oficina Cultural Oswald de Andrade e Priscila Borges.
Entre[meio]
Com Desterro Coletivo
Espaço Sobrevento
Rua Coronel Albino Bairão, 42 – Brás, São Paulo (750 metros da estação de metrô Bresser-Mooca).
De 18 de novembro a 17 de dezembro
Sexta-feira e sábado, às 20h.
Duração: 45 minutos
Classificação: 14 anos
Gratuito
Sobre o Desterro Coletivo
Iniciado em 2013, o grupo promove investigações em dança contemporânea de pesquisa, com grande valorização de referências culturais não hegemônicas, com ênfase nas de matrizes negras, populares, periféricas e LGBTQIAP+. A trajetória do grupo se baseia na encruza de corporeidades, territorialidades, identidades e sociabilidades – em diálogo também com outras linguagens cênicas, como o Teatro e a Performance. Primeiro trabalho, o solo Balé (2013) investiga o universo das personagens homossexuais dos contos do escritor Marcelino Freire. O espetáculo é premiado no festival Encontro de Dança de Guarulhos, daquele ano. Em 2017, com apoio do ProAC, estreia Gbé ou Quando o Corpo Renasce Negro. A obra, que corporifica o processo do sujeito negro entender-se, reconhecer-se e afirmar-se como tal, num manifesto sobre o reencontro com seu corpo, ancestralidade, sexualidade e relações sociais, integra programações e espaços como Sesc, Circuito Cultural Paulista e Circuito Vozes do Corpo. Com novo apoio público, em 2021, estreia Berro, videodança sobre as corporeidades das guerras física, simbólica e social vividas cotidianamente, sobretudo em face de embates raciais, de gênero, sexualidade e classe social.
Foto: Rodrigo Kees
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