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Coletivo Contágio traz idas e vindas no tempo com histórias que envolvem memória e HIV/AIDS

Há Mais Revolta do que Vírus no Meu Sangue não é restrito somente ao conteúdo que envolve HIV/AIDS, mas também lida com o racismo, preconceito, processos migratórios, a solidão LGBTQIAPN+, questões étnico/raciais e de gênero…

 

 

 

 

 

A questão do HIV pela perspectiva da memória e com uma pesquisa que permeia temas cercados de preconceito e estigmas sociais, o Coletivo Contágio estreia o espetáculo inédito Há Mais Revolta do que Vírus no Meu Sangue na sexta-feira, 27 de outubro, às 21h, no Teatro Alfredo Mesquita. No palco, Ará Silva e David Costa passeiam por cenas e tempos nas mais diversas camadas ligadas ao assunto. A direção é de Benedito Canafístula, a dramaturgia é de Ronaldo Serruya em colaboração com o elenco.

A montagem com ingressos gratuitos segue até 5 de novembro no Teatro Alfredo Mesquita (sessões de quarta a sexta-feira às 16h e 21h, sábado às 21h e domingo às 19h) e depois faz uma nova temporada de 9 a 19 de novembro no Teatro Arthur Azevedo (sessões de quinta-feira a sábado às 20h e domingo às 19h).

Em cena, as memórias são cartografias de um corpo em movimento, revelando na trajetória concepções de um mundo fragmentado entre o consciente e o inconsciente. Misturando elementos autobiográficos dos intérpretes e cenas ficcionais, a peça revisita os 40 anos de epidemia do HIV/AIDS ao mesmo tempo que propõe um exercício de futuridade para combater as marcas sociais em torno da doença.

As narrativas e tudo que permeia a temática da trama emergem por meio de diálogos e situações do cotidiano. Uma tentativa de trazer essas pautas como uma responsabilidade social e política, de uma forma que o público se identifique e se aproxime daquilo que está sendo narrado e performado na peça. “É uma mistura de autoficção que atravessa situações envolvendo família, amigos, questões políticas e sociais. Vai desde o início desta epidemia há cerca de quarenta anos, passa pelo nosso passado, presente e reflete sobre uma futuridade a partir de todas as perspectivas. O espetáculo tem uma forma de criticar como o tema do HIV/AIDS foi tratado de forma sensacionalista e, sobretudo, silenciado. O silêncio é uma morte, pois não abre espaço para o diálogo e nem constrói novos pensamentos em cima dos estigmas já solidificados”, conta Ará Silva.

Há Mais Revolta do que Vírus no Meu Sangue não é restrito somente ao conteúdo que envolve HIV/AIDS. A montagem também lida com o racismo, preconceito, processos migratórios (Os atores Ará Silva e David Costa são do Rio Grande do Norte), a solidão LGBTQIAPN+, a questão indígena, negra e de gênero. “Trabalhamos com a questão da memória, vivências, falamos muito de nós mesmos e também existe um espelhamento de toda uma comunidade. Temos um desejo de trazer outras imagens ao invés do clichê estabelecido. Queremos desmontar essas marcas, e que o público leve novas informações para o futuro em relação a AIDS e outras minorias. Nossos corpos carregam uma história”, fala David Costa.

A encenação passeia pelas idas e vindas no tempo da trama e é focada na experiência corporal, além de trazer elementos cênicos (projeções, iluminação, trilha sonora, objetos cenográficos e figurinos) que vão se transformando e contribuem na jornada de contar essas histórias. “Queremos passar a ascensão de ideia pluralizada ao invés de uma narrativa contínua. O público pode capturar suas referências e se deparar com os outros olhares. Em cada cena, mundos são construídos e descontruídos”, enfatiza o diretor Benedito Canafístula.

Durante o processo de pesquisa do projeto Transmissão Contágio, contemplado pelo Prêmio Zé Renato de Teatro da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo, o Coletivo Contágio apresentou a I Mostra Transmissão Contágio de Células Cênicas Posithivas, que reuniu artistas de várias cidades do Brasil e de variadas linguagens para dialogar e criar artisticamente sobre o tema Memória e HIV/Aids.

“Criar um espetáculo sobre HIV não é para mostrar as vivências de quem tem o vírus, pelo contrário, é para evidenciar que é um assunto de todos, é social e político. Precisa ser falado e discutido, estar no cotidiano, mostrar as vivências, e não cair no esquecimento”, finaliza Ará Silva.

Ficha Técnica:
Concepção – Coletivo Contágio. Elenco – Ará Silva e David Costa. Direção – Benedito Canafístula. Direção de Movimento – Oru FlorydoFogo. Dramaturgia – Ronaldo Serruya em colaboração com Ará Silva e David Costa. Textos (base para dramaturgia) – Ará Silva e David Costa. Provocação Dramatúrgica – Coletivo Contágio e Benedito Canafístula. Preparação Vocal – Palomaris. Produção – Corpo Rastreado | Gabs Ambròzia. Assistente de Produção – Igor Nascimento. Direção Musical – Dani Nega. Desenho de Luz – Mirella Brandi. Direção de Imagem – Carol Goldinho. Figurino – Camis Cal. Operação de Luz – Nicholas Matheus. Design – Rodrigo Fernandes e Samuel Costa. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Apoio – Teatro Flávio Império e Teatro Alfredo Mesquita. Agradecimentos – Leandro Noronha, Badu Morais, Flávio Rodriguez, Franco Fonseca, Acervo Bajubá, Marcos Tolentino, Ayrá Ludovico, Fênix Zion, Jota Silva, Lady Vieira, NATAN, Verena Teixeira, Wes Machado, Nãovenhasemrosto, Venâncio Cruz, Peu Morais, Marina Vergueiro, ROXA, Grupo de Apoio à Vida – GIV, Sesc Carmo, Eduardo Benini e Morim Lobato.

 

 

 

 

 

 

Há Mais Revolta do que Vírus no Meu Sangue
Duração: 80 minutos
Classificação: 14 anos
Ingressos: Gratuitos

Teatro Alfredo Mesquita
Av. Santos Dumont, 1770 – Santana, São Paulo.
Temporada: até 5 de novembro
Quarta a sexta-feira às 16h e 21h, sábado às 21h e domingo às 19h.

Teatro Arthur Azevedo
Sala multiuso
Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo.
Temporada: De 9 a 19 de novembro
Quinta-feira a sábado às 20h e domingo às 19h

Sobre o Coletivo Contágio
Espalhar, propagar, exercer influência sobre, afetar, atingir, contagiar: por isso Coletivo Contágio e pela ironia de sermos um grupo formado por ativistas, artistas e comunicadores vivendo com HIV. O coletivo surge em 2019 e é integrado por pessoas que fazem deste dado biológico um dispositivo político de criação artística, discursiva e estética. Em 2019, o Coletivo Contágio integrou a Mostra Todos os Gêneros do Itaú Cultural, apresentando a instalação artística “Qual a cara da aids?”, o videopoema “Vivem”, e a performance “Descobrir” como resultado da participação da oficina “Como eliminar monstros: abordagens contemporâneas a partir do HIV”, facilitada por Ronaldo Serruya e Fabiano de Freitas (Dadado). Também apresentou a cena “Experimento imaginário – Primeira Fissura” na abertura do VIII Encontro Nacional da RNP+ Brasil – Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids. No dia 1º de dezembro de 2019, Dia Mundial de Luta contra a Aids, o grupo estreia no Centro Cultural Olido o espetáculo “Pode entrar, o cachorro está preso”, apoiado pelo Programa VAI I da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, como parte dos resultados do projeto “Ciclo de Contágio: Pesquisa de levante do HVI/Aids”. Entre 2020 e 2021, o Coletivo Contágio foi convidado para atividades culturais online, lança o curta “Sauté – une fic(sã)”, como parte das atividades realizadas durante a “Secure – Semana de Cultura e Reflexão LGBTI+”, promovida em parceria com o CCJ – Centro Cultural da Juventude de São Paulo. Promoveu lives e oficinas e participou da ocupação cultural “Ciclo PositHIVe+”, promovido pelo Museu Vozes Diversas. À convite do Museu da Diversidade Sexual, integrou a exposição “Memórias de uma epidemia”. Em 2022, o Contágio lança o projeto “Indetectável: deuses morrem porque se renovam”, em parceria com a Coordenadoria de IST/Aids da Cidade de São Paulo, participou do 1º Festival Balaio de Cenas Curtas, promovido pelo Coletivo Estopô Balaio, e do Festival Ocupacena, promovido pelo Coletivo Valsa pra Lua, com a cena “Ecos de Egos”. Durante o ano de 2023, o coletivo executou o projeto Transmissão Contágio através do Prêmio Zé Renato de Teatro da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo, realizando a primeira residência artística com artistas que vivem com HIV/Aids de várias cidades do Brasil, que resultou na I Mostra Transmissão Contágio de Células Cênicas Posithivas, com variadas linguagens para dialogar e criar artisticamente sobre o tema Memória e HIV/Aids. Como resultado final do projeto, o coletivo cria e estreia o espetáculo inédito Há Mais Revolta do que Vírus no Meu Sangue.

Para saber mais: coletivocontagio.com.br | @coletivocontagio

Foto: Mylena Sousa

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