Grupo Esparrama comemora 10 anos do Projeto Teatro de Janela

Espetáculo Esparrama pela Janela, Minhoca na Cabeça e Navegar, que integram a trilogia Teatro de Janela, voltam a se apresentar na janela de um apartamento em frente ao viaduto Presidente João Goulart, o famoso Minhocão…

 

 

 

 

 

 

Como se fossem cortinas de um teatro, as janelas de um prédio se abrem para revelar um espetáculo. No projeto Teatro de Janela, proposta inusitada do Grupo Esparrama, que de forma poética e inusitada ocupa e debate a cidade, a plateia se acomoda no espaço público para assistir uma peça teatral e com isso se apropriar da cidade de uma forma diferente.

A iniciativa com quase 24 mil espectadores volta a ser encenada no Minhocão (Elevado Costa e Silva) entre o Metrô Santa Cecília e a Rua da Consolação a partir de 23 de março, sábado, às 16h, para comemorar 10 anos de sua primeira apresentação. Para além da celebração deste marco, esta temporada oportunizará um momento inédito: os três espetáculos da trilogia Teatro de Janela retornam em dias alternados.

A janela do prédio no centro de São Paulo recebe os espetáculos Minhoca na Cabeça (23 e 30 de março, sábado, 16h e 7 de abril, domingo, 16h), Navegar (24 e 31 de março, domingo, 16h e 13 de abril, sábado, 16h) e Esparra pela Janela (29 de março, sexta-feira, 16h e 6 e 14 de abril, sábado e domingo, 16h).

Iarlei Rangel, diretor do Grupo Esparrama conta que a ideia do Teatro de Janela nasceu de uma forma bastante despretensiosa. Naquela época, 2013, ensaiávamos nosso primeiro espetáculo – 2POR4 – na sala do apartamento de dois dos integrantes do Grupo Esparrama, que fica exatamente em frente ao Minhocão. Percebemos que a música do quarteto de cordas que escapava pela nossa janela chamava a atenção das pessoas que passavam pelo viaduto e, para aguçar ainda mais esta curiosidade, os palhaços apareceram na janela para fazer uma pequena interação com aqueles, que a partir de então, se transformaram em público de uma intervenção fugaz. Foi a partir deste acontecimento inesperado que passamos a considerar aquele espaço enquanto uma oportunidade de ação cultural.”

Após oito meses de pesquisa o grupo estreou o espetáculo Esparrama pela Janela. “Abrimos a janela para nos apresentar e a própria cidade nos invadiu com todas suas questões, se impondo enquanto tema e cobrando de nós artistas a coragem de responder cenicamente a estas provocações. Com isso, vieram os espetáculos seguintes completando a trilogia”, explica Iarlei Rangel.

Por conta de todo este histórico, o Grupo Esparrama recebeu o reconhecimento do DPH – Departamento de Patrimônio Histórico da cidade de São Paulo, por meio de uma placa afixada no prédio onde são realizadas as apresentações, destacando a contribuição desta experiência para formação das identidades e memórias dos diversos grupos sociais existentes em São Paulo.

 

A trilogia Teatro de Janela
Esparrama pela Janela (2013) foi o espetáculo que deu origem a trilogia. A montagem ganhou destaque relevante de público, crítica e mídia pela forma poética e inusitada com que ocupou e discutiu a cidade. Vencedora dos prêmios FEMSA de Teatro Infantil e Jovem nas categorias revelação pela direção e Sustentabilidade e Cooperativa Paulista de Teatro de melhor ocupação de espaço, a peça foi um projeto precursor para a revitalização simbólica do Minhocão, se tornando referência para diversas pesquisas nas áreas de artes e urbanismo.

No espetáculo, um morador de um dos prédios do Minhocão, cansado de tanto barulho da cidade, resolve transformar o caos que entra pela sua janela em música, a partir desta subversão se estabelece um universo mágico protagonizado por personagens fantásticos: a menina/princesa que mora num prédio/castelo; o palhaço que dá vida ao casaco de sua amada; o seresteiro gigante; o esportista dançarino, as fofoqueiras da janela e até mesmo uma família de monstros. Por meio de muita risada e poesia essa turma mostra outras possibilidades de enxergar o caos da cidade.

Já o segundo espetáculo Minhoca na Janela (2015) jogou luz na questão do caos urbano que intervêm na vida privada das pessoas. A pergunta que guiou a nova montagem foi: Por que a cidade nos dá medo? No enredo, uma menina se muda do interior para uma cidade grande, se depara com o Minhocão diante da janela, mas tem muito medo de chegar até ele para poder brincar. Encorajada por alguns amigos que encontra pelo caminho, ela resolve tirar as “minhocas da cabeça” e constrói um barco para navegar pelas ruas da cidade. Foi a primeira experiência onde o grupo saiu da janela para ocupar, também, o espaço do Minhocão, criando outras possibilidades estéticas de discutir o uso do espaço público.

Navegar (2018) fecha a trilogia do Teatro de Janela e é resultado da pesquisa do projeto contemplado pelo Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, que produziu uma série de “escutas” com crianças para responder à pergunta Com que cidade sonha uma criança? Inspirado nesse imaginário das crianças, a peça continua a história da personagem principal do Minhoca na Cabeça, seguindo a viagem que ela fez com seu barco.

Finalista do Prêmio APCA 2018 na categoria Teatro Infantojuvenil e finalista em oito categorias (produção, direção, autoria de texto original, atriz, ator coadjuvante, cenografia, figurinos e sustentabilidade) do Prêmio São Paulo de Incentivo de Teatro Infantil e Jovem, o espetáculo se utiliza do universo da palhaçaria, da linguagem da animação e da música ao vivo para propor uma discussão sobre a relação entre a arte, as infâncias e a cidade.

 

Surgidouro
As apresentações da trilogia Teatro de Janela integram o projeto Surgidouro, que é o projeto de comemoração dos 10 anos do grupo Esparrama, com ações abertas para toda a cidade, mas com a região central como foco.

Contemplado pela 42ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura, Surgidouro propõe uma série de ações que se articulam entre si, tomando como eixo organizador a ideia das Cidades Educadoras, projeto presente em diversos países do mundo que tem como premissa uma concepção de educação na qual a escola não é a única responsável pelos processos educativos da e na cidade, ainda que ela tenha um papel importante. Essa concepção entende que o aprender e o ensinar são condições ontológicas e, portanto, acontecem em todos os lugares e em todas as idades. Além disso, pressupõe que a educação se faz essencialmente no coletivo e através do diálogo entre diferentes saberes, instituições e atores sociais.

Além das apresentações da trilogia Teatro de Janela, o projeto Surgidouro contará com apresentações dos espetáculos de repertório do Grupo Esparrama concebidos para a sala teatral, uma residência em uma escola pública da região com o intuito de experimentar novas formas de diálogo entre cultura, educação e território, seminário voltado para artistas e educadores e a estreia do espetáculo Festa.

“Desse modo, podemos pensar que a linguagem teatral é estratégica para pensar e fazer uma educação que contribua com o desenvolvimento integral de todos e todas, pois ela é originalmente interdisciplinar e como a arte pode ajudar na construção de uma sociedade mais justa. Para tanto, toda a proposta tem como base o diálogo com outros atores sociais do centro que trabalham com o mesmo público-alvo que o nosso: as infâncias”, pontua Iarlei Rangel.

 

 

 

 

 

Teatro de Janela
Com o Grupo Esparrama

Minhoca na Cabeça
Dias 23 e 30 de março, sábado, 16h
Dia 7 de abril, domingo, 16h
Minhocão (Elevado Presidente João Goulart), entre as alças de acesso do Metrô Santa Cecília e da Rua da Consolação. Nestes pontos haverá sinalizações indicando o local da apresentação. No caso de chuva o espetáculo não acontece.
Duração: 45 minutos
Classificação: Livre
Gratuito.

Ficha Técnica
Direção – Iarlei Rangel. Elenco – Gabi Zanola, Kleber Bianez, Lígia Campos, Rani Guerra e Renato Ribeiro. Dramaturgia – Solange Dias e Grupo Esparrama. Cenografia, Aderecos e Bonecos – Jaime Pinheiro. Figurinos – Lívia Loureiro. Direção Musical e Composição de Trilha Original – Ester Freire. Cenotécnica – Jaqueline Nascimento. Operação de Som – Gislaine Pereira. Assistente de Aderecista – Vinícius Ramos. Edição e Mixagem de Som – Fabrício Zavanella. Músicos (Trilha Sonora) – Fabrício Zavanella, Renata Pereira (flauta doce), Bebel Ribeiro (flauta transversal) e Bruno Avoglia (clarinete). Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Fotografia ­– Sissy Eiko. Produção – Paloma Alves.

 

Navegar
Dias 24 e 31 de março, domingo, 16h
Dia 13 de abril, sábado, 16h.
Minhocão (Elevado Presidente João Goulart), entre as alças de acesso do Metrô Santa Cecília e da Rua da Consolação. Nestes pontos haverá sinalizações indicando o local da apresentação. No caso de chuva o espetáculo não acontece.
Duração: 45 minutos
Classificação: Livre
Gratuito.

Ficha Técnica
Dramaturgia – Processo Colaborativo da equipe do espetáculo. Orientação Dramatúrgica – Solange Dias. Elenco – Adilson Camarão (músico), Gabi Zanola (atriz), Gislaine Pereira (atriz e manipuladora), Kleber Brianez (ator e manipulador), Laruama Alves (musicista), Lígia Campos (atriz e manipuladora), Rani Guerra (ator, manipulador e músico), Renato Ribeiro (ator, manipulador e músico), Weslley Nascimento (manipulador) e Matheus Barreto (ator). Direção de Movimento – Ronaldo Aguiar. Direção Musical – Joel Carozzi. Figurino – Marcela Donato. Maquiagem – Laruama Alves. Criação e Confecção de Bonecos – André Mello. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Produção – Paloma Alves.

 

Esparrama pela Janela
Dia 29 de março, sexta-feira, 16h
Dias 6 e 14 de abril, sábado e domingo, 16h.
Minhocão (Elevado Presidente João Goulart), entre as alças de acesso do Metrô Santa Cecília e da Rua da Consolação. Nestes pontos haverá sinalizações indicando o local da apresentação. No caso de chuva o espetáculo não acontece.
Duração: 40 minutos
Classificação: Livre
Gratuito.

Ficha Técnica
Direção – Iarlei Rangel. Elenco – Kleber Bianez, Lígia Campos e Rani Guerra. Dramaturgia – Grupo Esparrama. Cenógrafo, Aderecista e Bonequeiro – Jaime Pinheiro. Figurinista – Eliseu Weide. Cenotécnica – Jaqueline Nascimento. Fotógrafa ­– Sissy Eiko. Produção – Paloma Alves. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta.

 

Fotos: Sissy Eiko

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