Itaú Cultural realiza Mostra de Solos com artistas que levam à cena temas identitários

Com duas peças por final de semana, a programação é realizada na Sala Multiúso do IC, em paralelo às temporadas teatrais e de shows da Sala Itaú Cultural. Dando luz a questionamentos e reflexões sociais – em formato biográfico ou ficcional –, a mostra recebe nas duas primeiras semanas A Cobradora, com a atriz Maria Alencar Rosa, Portar (IA) Silêncio, com Jhoao Junnior, Sobrevivente, com Nena Inoue, e A Doença do Outro, de Ronaldo Serruya…

 

 

 

 

De 11 de abril a 19 de maio, o Itaú Cultural realiza na Sala Multiuso a Mostra de Solos, programação nos finais de semana deste período de peças intimistas com pautas sociais urgentes, como o feminismo, encarceramento, ancestralidade, racismo e sorofobia. Nas duas primeiras semanas, trata da luta das mulheres por seu espaço na sociedade em A Cobradora, com Maria Alencar Rosa e da pesquisa biográfica do ator Jhoao Júnior sobre os porteiros de edifícios de São Paulo, em Portar (IA) Silêncio. Traz, ainda, o teatro documental de Nena Inoue em Sobrevivente e A Doença do Outro, autoficção de Ronaldo Serruya, que faz uma análise sobre a história social da AIDS.

As apresentações são gratuitas, como toda a programação do Itaú Cultural, e acontecem de quinta-feira a sábado às 19h, e aos domingos e feriados às 18h. Como as reservas dos ingressos têm início sempre a partir das 12h da quarta-feira da semana anterior às sessões, as entradas para o fim de semana de estreia já estão disponíveis. A reserva deve ser feita pela plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br.

Com dois espetáculos por semana, a Mostra de Solos abre com A Cobradora, nos dias 11 e 12 de abril (quinta-feira e sexta-feira), sempre às 19h. No palco, a atriz Maria Alencar Rosa, da Zózima Trupe, reúne histórias de muitas mulheres. Representa desde figuras arquetípicas do universo feminino, como Eva ou Lilith, até figuras representativas do cotidiano urbano, construídas por meio de histórias orais de cobradoras de ônibus.

A personagem central, que trabalha na catraca, reclama o seu espaço na sociedade patriarcal, assim como cobra de si e do mundo os múltiplos desejos e sonhos que lhe foram roubados. Insubmissa, ela exige o seu direito por dignidade, igualdade e justiça.

No sábado e domingo deste primeiro final de semana (dias 13 e 14), o espaço da Sala Multiuso é do ator Jhoao Junnior, com Portar (IA) Silêncio. O espetáculo parte do depoimento em vídeo de nove migrantes nordestinos radicados em São Paulo sobre o trabalho nas portarias de prédios da cidade. Esta ficção feita a partir de testemunhos reais, ganha o palco por meio do corpo migrante do ator do Rio Grande do Norte, que faz uma interlocução com a sua própria experiência nessa condição.

No espetáculo, a portaria do prédio torna-se uma metáfora aos efeitos existenciais de um processo migratório, cabendo ao migrante, normalmente, o silêncio, a invisibilidade e a espera por pertencer à cidade escolhida para viver. Os Josés, Severinos e Antônios que ali trabalham, revelam em seus sotaques invisibilizados que nem todo nordestino é Paraíba, que cada um tem sua própria história e que o Nordeste tem nuances de sotaque e de uma história colonial, que aos poucos vai sendo passada a limpo.

 

Segundo ato
Na semana seguinte, a programação é retomada com o espetáculo Sobrevivente, apresentado pela atriz Nena Inoue nos dias 18 e 19 (quinta-feira e sexta-feira). Acompanhada por seu filho, o ator Pedro Inoue, que opera a dramaturgia audiovisual, a artista faz um relato em primeira pessoa de sua historiografia, buscando origens apagadas.

Trata-se de uma comédia-tragédia. Dirigida por Henrique Fontes, Nena, descendente de japoneses, fala sobre sua possível ascendência indígena e acaba trazendo à tona histórias de mulheres que vieram antes dela, indígenas e não indígenas. Mergulhando em suas raízes – latino-americana, oriental, miscigenada –, busca acessar sua ancestralidade indígena, mas é interrompida pela pouca memória documental, pela invisibilização dos povos originários e pelo apagamento de suas lembranças de família.

Esta segunda semana fecha nos dias 20 e 21 (sábado, às 19h, e domingo, às 18h) com as apresentações de A Doença do Outro, peça-manifesto com idealização, texto e atuação de Ronaldo Serruya, integrante do premiado Grupo XIX de Teatro e fundador do teatro Kunyn. O espetáculo tem como ponto de partida o livro A doença e suas metáforas, da ensaísta e filósofa estadunidense Susan Sontag, que faz uma análise da história social da AIDS e de como ela se inscreve no corpo de um indivíduo.

Em cena, Serruya usa o formato de palestra performativa interativa, dando luz a este corpo em estado de denúncia, buscando libertar-se do aprisionamento do silêncio. Para tanto, parte de conceitos extraídos do feminismo negro e da teoria queer sobre o “outro”, que perpassam os corpos positivos, considerados perigosos e que são recusados, indo de encontro aos relatos autobiográficos de Ronaldo Serruya, que vive com HIV desde 2014. A peça tem direção de Fabiano Dadado de Freitas.

 

 

 

 

 

 

 

Mostra de Solos
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô
De 11 de abril a 19 de maio
De quinta-feira a sábado, às 19h
Domingos e feriados, às 18h
Entrada gratuita. As reservas de ingressos têm início sempre na quarta-feira da semana anterior às sessões, a partir das 12h, através plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br
De terça-feira a sábado, das 11h às 20h.
Domingos e feriados 11h às 19h
Informações: pelo telefone (11) 2168.1777 e wapp (11) 9 6383 1663
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br
Acesso para pessoas com deficiência física
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

Protocolos:
– É necessário apresentar o QR Code do ingresso na entrada da atividade até 10 minutos antes do seu início. Após este horário, o ingresso não será mais válido.
– A bilheteria presencial abre uma hora antes do evento começar, para retirada de uma senha para posteriormente ser trocada pelos ingressos de pessoas que não compareceram.

Fila de Espera:
Os ingressos reservados valem até 10 minutos antes do início da sessão. Quem não conseguiu reservar o seu, pode comparecer ao Itaú Cultural no dia do evento e esperar por possíveis ingressos remanescentes. A fila começa a ser organizada uma hora antes do começo da atração e, caso haja desistência, os ingressos serão distribuídos às pessoas da fila por ordem de chegada.

 

Programação

Semana 1 (de 11 a 14 de abril)

A Cobradora
Dias 11 e 12 de abril (quinta-feira e sexta-feira), sempre às 19h
Com Maria Alencar Rosa, da Zózima Trupe
Na Sala Multiúso (2º andar)
Duração: 90 minutos
Capacidade: 70 lugares
Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 14 anos [nudez e violência]

Ficha técnica
Atriz criadora: Maria Alencar Rosa
Encenação: Anderson Maurício
Dramaturgia: Cláudia Barral
Vídeo mapping: Leonardo Souzza e Otávio Rodrigues
Preparação corporal e movimento: Natalia Yukie
Preparação Vocal: Marilene Grama
Trilha sonora original: Rodrigo Florentino
Iluminação: Tomate Saraiva, Junior Docini e Otávio Rodrigues
Operador de luz: Junior Docini
Operador de som: Pedro Moreira
Operador de video mapping: Leonardo Souzza
Cenografia: Anderson Maurício e Nathalia Campos
Construtor Cênico: Alício Silva
Figurino: Tatiana Nunes
Adereços cenográficos: Nathalia Campos
Conteúdo de vídeo: Leonardo Souzza
Orientação de vídeo mapping: Ana Beraldo e Ihon Yadoya
Produção geral: Tatiane Lustoza
Assistentes de produção: Brenda Rebeka e Maytê Costa
Fotografia: Leonardo Souzza

 

Portar (IA) Silêncio
Dia 13 de abril (sábado), às 19h, e dia 14 (domingo), às 18h
Com Jhoao Junnior
Local: Sala Multiuso
Duração: 60 minutos
Capacidade: 70 lugares
Classificação Indicativa: 12 anos [violência]

Ficha técnica:
Direção, pesquisa e atuação: Jhoao Junnior
Orientação artística: Luiz Fernando Marques
Pesquisa documental: Jhoao Junnior e Lina Lopes
Edição de vídeo: Johann Jean
Operação de vídeo e luz: Pedro Moura
Artista Sonoro: Eddu Ferreira
Preparação corporal e direção de movimento: Joana Levi
Produção: Potiguar Produções

 

Semana 2 (de 18 a 21 de abril)

Sobrevivente
Dias 18 e 19 de abril (quinta-feira e sexta-feira), sempre às 19h
De Nena Inoue
Na Sala Multiúso (2º andar)
Duração: 84 minutos
Capacidade: 70 lugares
Classificação Indicativa: 14 anos [nudez e violência]

Ficha técnica:
Idealização: Nena Inoue
Dramaturgia e direção: Henrique Fontes
Atuação: Nena Inoue e Pedro Inoue
Direção de texto: Babaya
Iluminação: Marina Arthuzzi
Músicas: Lilian Nakahodo
Cenário/figurino/adereços: Carila Matzenbacher
Diretor assistente e ator operador: Pedro Inoue
Cenotécnico: Nietzsche
Costureira: Sandra Francisca Canonico
Voz off: Dráusio Galante, João Paulo de Souza
Relato vídeo: Dulce Cândida de Souza
Identidade visual: Martin Castro
Redes Sociais: Platea Comunicação e Artes
Assessoria de imprensa: Pedro Neves
Vídeo: Trópico Audiovisual (PR), Igor Marotti
Fotografia: Maringas Maciel, Humbero Araujo
Direção de produção: Marcos Trindade
Idealização e coordenação geral: Nena Inoue
Realização: Espaço Cênico

 

A Doença do Outro
Dia 20 de abril (sábado), às 19h, e dia 21 (domingo), às 18h
De Ronaldo Serruya
Na Sala Multiúso (7º andar)
Duração: 60 minutos
Capacidade: 70 lugares
Classificação indicativa: 12 anos [temas sensíveis]

Ficha técnica:
Idealização, Texto e Atuação: Ronaldo Serruya
Direção: Fabiano Dadado de Freitas
Cenografia: Evee Avila e Mauricio Bispo
Figurino: Luiza Fardin
Luz: Dimitri Luppi
Trilha Sonora Original: Camila Couto
Operação som e vídeo mapping: David Costa
Assistente e operação de luz: Paloma Dantas
Produção: Corpo Rastreado

 

 

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Foto de cena, Ronaldo Serruya – A Doença do Outro: Jonatas Marques

 

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