Nóia, de Kelson Succi com direção de Patrick Sampaio estreia no Sesc Vila Mariana

Musical Nóia, de Kelson Succi, fala sobre um artista negro que tenta descobrir seu lugar no mundo enquanto luta contra o vício em drogas…

 

 

 

 

 

“A arte vende essa ideia de glamour, fama e poder, quem compra?
A arte vende essa ideia de glamour, fama e poder, quem acessa?”
Trecho de Nóia, dramaturgia de Kelson Succi

Um artista em ascensão está em crise com a sua obra e precisa lutar contra os seus demônios. Esse é o mote de Nóia, novo trabalho de Kelson Succi com direção de Patrick Sampaio que faz temporada no auditório do Sesc Vila Mariana entre 8 e 31 de agosto, com sessões de quinta a sábado, às 20h, exceto na sexta, dia 16 de agosto, quando não há apresentação. Nas sextas-feiras, dias 23 e 30 de agosto, acontecem sessões às 17h e às 20h.

No elenco estão Kelson Succi, PETER e os músicos André Coelho, Noé Ribeiro e Frederico Santiago (que também assina a direção musical).

“Inspirado por Oscar Wilde em De Profundis, começo a criação escrevendo um texto íntimo que refletia uma grande queda livre, um jorro em fluxo conectado ao meu subconsciente e a marcas deixadas pelo sentimento de não pertencimento que experimentei”, comenta Succi.

Conforme a escrita avançou, o trabalho foi tomando outras formas. “Quando percebo, estou ocupado pela ideia de um musical que pudesse falar das pulsões de morte presentes no abuso de substâncias, um ‘musical moribundo’, influenciado por Gilberto Gil, Caetano Veloso, Jimi Hendrix e David Bowie, a quem homenageio através do personagem The Thin Black Duke, acrescenta.

A obra ganhou várias camadas. Há momentos fluidos e fragmentados; concretos e subjetivos; e sombrios e coloridos. E as referências musicais também passam por Chico Buarque, Os Tincoãs, Cartola e Talking Heads.

Quando Kelson convidou Patrick Sampaio para assumir a direção artística e o dramaturgismo, o texto passou a incluir elementos relacionados às violências institucionais e aos processos de desumanização de sujeitos não-brancos e dependentes químicos.

“Existem muitos Dukes em todos os centros urbanos e, por isso, a jornada dele atravessa uma conversa social já em curso”, afirma o diretor.

Nóia forma um díptico com outro espetáculo de destaque de Succi, Cuidado com Neguin, mas segue um caminho diferente. O primeiro texto está focado nas opressões sofridas por corpos pretos anônimos e o segundo cria um protagonista com uma certa fama.

Para Kelson, mergulhar no novo trabalho foi como olhar para o passado de maneira crítica. “Passei a me questionar se estou apenas performando o que esperam de mim. Será que se eu quisesse falar de amor ao invés de racismo, eu teria o mesmo espaço?”, reflete.

Ao mesmo tempo, a pandemia serviu como um disparador para a questão do uso de drogas lícitas e ilícitas. De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2022 realizado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), cerca de 284 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos usaram drogas em 2020, volume 26% maior do que dez anos antes.

E, falando especificamente do Brasil, em 2021, dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revelaram 400,3 mil atendimentos a pessoas com transtornos mentais e comportamentais relacionados ao uso de drogas e álcool.

“Quando falamos de abuso de substâncias, estamos tratando diretamente de saúde mental. E eu não vejo esse assunto sendo muito abordado, ainda mais no teatro. Por isso resolvi escrever esta peça”, comenta o dramaturgo.

Patrick Sampaio concorda. ‘Toda experiência bem sucedida em políticas públicas para o enfrentamento do abuso de drogas começa tirando o assunto das sombras’, completa o diretor.

Sinopse
“Nóia” conta a história de Duke, um célebre artista negro que luta contra o vício em drogas, seus demônios internos e as expectativas do mundo. O espetáculo mistura influências que vão de David Bowie a Gilberto Gil para abordar pulsões de morte presentes no abuso de substâncias. Um “musical moribundo” que problematiza noções violentas de identidade racial e abordagens tão moralistas quanto ineficientes das questões das drogas.

Ficha técnica
Idealização e Dramaturgia: Kelson Succi
Direção, Dramaturgismo e Contribuições em texto: Patrick Sampaio
Atuação: Kelson Succi e PETER
Direção Musical: Frederico Santiago
Banda e Arranjos: André Coelho, Frederico Santiago e Noé Ribeiro
Músicas Originais: Kelson Succi e Frederico Santiago
Preparação e Arranjos de Voz: Estrela Blanco
Cenografia e Figurino: Uirá Clemente
Caracterização: João Ribeiro
Iluminação: Brisa Lima
Projeção: Laura Fragoso
Preparação corporal e Direção de Movimento: Allenkr Soares
Identidade visual: PatuGrafias
Fotografia: Aloysio Araripe
Assistência de produção: Vitor Moraes
Apoio: LABo Artes Performativas e Instituto Kozmos
Produção: Mariana Novais – Ventania Cultural

 

 

 

 

 

 

Nóia
Sesc Vila Mariana
Auditório
Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana, São Paulo
Temporada: De 8 a 31 de agosto de 2024
De quinta a sábado, às 20h. (Na sexta, dia 16, não há apresentação. Nas sextas-feiras, dia 23 e 30, acontecem sessões também às 17h.)
Ingresso: R$50,00 (inteira), R$25,00 (meia-entrada) e R$15,00 (credencial plena)
Compras online aqui Link de compra (válido a partir de 30/7): https://www.sescsp.org.br/programacao/noia-um-musical-moribundo/
Duração: 90 minutos
Classificação: 18 anos
Acessibilidade: o auditório possui acessibilidade para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida
Contato para informações: 11 99485-4481 – Mariana Novais

 

Sobre Kelson Succi
Premiado no Grande Prêmio de Cannes com Bluesman, de Baco Exu do Blues, Kelson Succi é ator, poeta, dramaturgo, roteirista e diretor, cria do Complexo do Alemão (RJ). Kelson idealizou a obra “Cuidado com Neguin”, destaque no “Dramaturgias 2” do Sesc Ipiranga em São Paulo. Foi artista convidado da People’s Palace Projects na residência “Creative Lab”, em Londres. Premiado como “Melhor Ator” com o longa-metragem “Selvagem” (Pietá Filmes – 2019). Em 2019, foi convidado do festival Arte Core (MAM – Rj), realizando a obra “Isso Não É Uma Obra do Jackson Pollock”. Estudou no Teatro O Tablado e no Brecha. Fez a série “Cinema de Enredo”, dirigida por Luiz Antonio Pilar. Ator convidado em “Filhos D Medea”, dirigida por Marco André Nunes. Fez a série “Fim De Comédia”. Ator convidado em “Álbum em Família” dirigido por Daniel Belmonte. Em 2020, foi convidado para apresentar o festival de música brasileira Coala Virtual.

 

Foto: Aloysio Araripe

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