Itaú Cultural celebra o teatro negro no Brasil na comemoração aos 10 anos da revista Legítima Defesa, de Os Crespos

A programação integra a mostra As Crespas. Conduzida pela companhia teatral
e realizada no IC, reúne, por quatro dias, colaboradores desta edição de aniversário
da revista para falar sobre o cenário atual das produções negras no Brasil e da memória e ativismo de grupos e artistas negros. Conta, ainda, com performances
em formato de pílulas poéticas e a apresentação da peça À Sombra da Goiabeira,
do grupo mineiro Teatro Negro e Atitude…

 

 

 

 

De 21 a 24 de novembro (quinta-feira a domingo), o Itaú Cultural recebe uma edição especial da mostra As Crespas, realizada pela companhia teatral Os Crespos, para celebrar uma década de Legítima Defesa – Uma Revista de Teatro. A publicação foi criada em 2014 com a proposta de reunir entrevistas, artigos e dramaturgia sobre questões pertinentes ao grupo. Nesta celebração, assuntos como os 80 anos do Teatro Experimental do Negro, o cenário atual das produções negras no Brasil e a ação de grupos como o mineiro Teatro Negro e Atitude (TNA) e o paulista Grupo Clariô de Teatro, dividem espaço com pílulas poéticas, além de uma homenagem à atriz Lizette Negreiros (1940-2022) e da apresentação, na íntegra, do espetáculo À Sombra da Goiabeira.

A programação acontece de quinta-feira a sábado, às 20h, e no domingo, às 19h. Como todas as atividades do IC, os ingressos são gratuitos e devem ser reservados sempre na quarta-feira da semana anterior à apresentação, a partir das 12h, na plataforma INTI, com acesso pelo site www.itaucultural.org.br. Quem não conseguir garantir o seu, pode comparecer uma hora antes do evento ser iniciado, quando é formada uma fila de espera. Os ingressos que tiverem desistência serão distribuídos por ordem de chegada.

Um coquetel de lançamento abre as comemorações aos 10 anos de Legítima Defesa – Uma Revista de Teatro na quinta-feira (dia 21), às 20h, no piso térreo do Itaú Cultural. Na sequência, a crítica mineira e pesquisadora de teatralidades brasileiras e curadora independente Soraya Martins fala da trajetória da intelectual Maria Nascimento (1924-1995), ativista da causa negra e cofundadora e diretora do Teatro Experimental do Negro (TEN), e Sidney Santiago Kuanza, diretor e co-fundador da Cia Os Crespos, aborda o Teatro do Sentenciado, criado por Abdias Nascimento enquanto esteve encarcerado, na década de 1940, e que foi a célula criadora do TEN.

A noite conta, ainda, com a participação do jornalista e crítico teatral Miguel Arcanjo abordando a trajetória dos homenageados desta edição especial de Legítima Defesa, e fecha com a ação Pílulas Poéticas, dividida em duas partes. Na primeira, o Grupo Clariô de Teatro apresenta músicas de seu mais recente espetáculo, o premiado Boi Mansinho e A Santa Cruz do Deserto, baseado na história do massacre da Irmandade Caldeirão da Santa Cruz do Deserto (Crato – CE). Na segunda, Os Crespos apresentam Sonhos, performance sobre a capacidade de criar imaginários positivos apesar das dificuldades do dia a dia.

Na sexta-feira (dia 22), também às 20h, a programação segue com a conversa O Teatro Negro Agora, abordando os bastidores e o cenário atual das produções negras no Brasil e sua relação com o mercado cultural. Participam do encontro o jornalista Nabor Junior, editor de Legítima Defesa, a escritora, dramaturga, atriz/performer e jornalista baiana Mônica Santana, e o ator, diretor, dramaturgo e produtor cultural Ângelo Flávio Zuhalê, fundador da primeira companhia de teatro negro em território acadêmico do Brasil, o CAN – Coletivo de Artistas Negros Abdias Nascimento, na Universidade Federal da Bahia.

Na sequência, Mônica Santana divide com a diretora de teatro, atriz, dramaturga, coreógrafa e dançarina Ymoirá Micall, fundadora da Cia Sacana, a ação Pílulas Poéticas. Ela apresenta uma cena de Isto Não É Uma Mulata, solo autoral que analisa imagens de controle em torno de mulheres negras, por meio de sua carnavalização. Ymoirá mostra ao público um trecho de Uma, solo coreográfico sobre transição de gênero na intenção de exercer a liberdade de ser o que realmente se é.

 

 

Celebração
No sábado (dia 23), também a partir das 20h, a conversa tem como tema Teatro Negro em Festa, dando luz a espetáculos recentes do Teatro Negro e Atitude (TNA), de Belo Horizonte, que completa 30 anos de trajetória, e do Grupo Clariô de Teatro, com 20 anos de atuação na periferia de Taboão da Serra, em São Paulo. A conversa reúne o dramaturgo, performer e curador mineiro Anderson Feliciano e Lucelia Sergio, atriz, diretora, dramaturga, crítica de arte e co-fundadora da Cia Os Crespos.

Das ideias à cena, a noite conta, ainda, com a apresentação de fragmentos do trabalho do Teatro Negro e Atitude e com uma homenagem poética feita pela artista Cintia Alves a Lizette Negreiro, referência do teatro negro paulista, atriz e curadora no teatro e no cinema. Na apresentação, são apresentados trechos do espetáculo Caduca, do Coletivo Grão, último trabalho da atriz nos palcos.

A edição especial de As Crespas no Itaú Cultural fecha no domingo (dia 24), às 19h, com À Sombra da Goiabeira, espetáculo da companhia mineira Grupo Teatro Negro e Atitude, inédito em São Paulo, e cuja dramaturgia está publicada na edição de 10 anos da Legítima Defesa. A peça narra uma história de rupturas na relação entre um pai e um filho, dois homens negros, que após 13 anos sem se falar, reencontram-se à sombra de uma goiabeira no terreiro dos fundos de sua velha casa.

 

 

Sobre os convidados

Anderson Feliciano é mineiro de Belo Horizonte. Desenvolve as Poéticas do Tropeço. É dramaturgo, performer e curador, e mestrando em Artes da Cena na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Já fez curadorias para festivais no Brasil, Argentina, Chile e Estados Unidos. Recebeu o Prêmio Leda Maria Martins (2023) pela obra Prelúdio a Ismael Ivo. É autor de Tropeço (2020) e de O início com Mário Rosa (2022).

Ângelo Flávio Zuhalê é ator, diretor, dramaturgo, gestor e produtor cultural. Na academia, é mestrando em Poéticas e Processos da Encenação pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (PPGAC/UFBA), e bacharel em Artes Cênicas pela Escola de Teatro/UFBA. É considerado pelo Memoria Brasil das Artes Cênicas como “uma das maiores revelações dos palcos baianos”. Fundou a primeira companhia de teatro negro em território acadêmico do Brasil, o CAN – Coletivo de Artistas Negros Abdias Nascimento, na UFBA. Na tevê, atuou como diretor e produziu conteúdos como ator e roteirista para a TVE-Ba, TV Brasil e Rede Globo.

Lucelia Sergio é atriz, diretora, dramaturga, crítica de arte e co-fundadora da Cia de teatro Os Crespos. É formada pela Escola de Arte Dramática da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (EAD-ECA-USP). Compõe o grupo curatorial da revista de Teatro Negro Legítima Defesa, para o qual também escreve. No teatro, atuou em Navalha na Carne Negra (2018), com direção de José Fernando Peixoto Azevedo – indicada ao APCA de Melhor Atriz. Também trabalhou com diretores como o alemão Frank Castorf e os brasileiros Paulo Faria, Dagoberto Feliz e Ariela Goldman. Com a Cia Os Crespos, dirigiu os espetáculos: Os Coloridos (2015), Engravidei, Pari Cavalos e Aprendi a Voar Sem Asas (2013) e Cartas à Madame Satã ou Me Desespero Sem Notícias Suas (2014); dirigiu ainda o espetáculo Favela (2014). É diretora do filme Dois Garotos que se afastaram demais do sol, ao lado de Cibele Appes, vencedor do prêmio de Melhor Curta-metragem, pelo júri popular, no 29º Festival Mix Brasil. Atualmente é atriz no espetáculo De Mãos Dadas Com Minha Irmã (2023), da Cia Os Crespos, com direção de Aysha Nascimento, no qual também assina a dramaturgia e a direção visual.

Miguel Arcanjo Prado é jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com pós-graduação na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e mestrado em Artes na Universidade Estadual Paulista (Unesp). É CEO do site Blog do Arcanjo e do Prêmio Arcanjo de Cultura, além de curador, gestor e crítico da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Passou por veículos como TV Globo, Abril, Folha, R7, UOL, Band e Gazeta. Coordenou a Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro. É jurado de grandes prêmios culturais, como Jabuti, APCA, Governador do Estado de São Paulo, do Humor, Destaque Imprensa Digital (DID), Bibi Ferreira e Sesc Melhores Filmes.

Mônica Santana é artista da palavra, da cena e do corpo. De maneira intrincada, compreende sua produção como multidisciplinar. É Prof. Dra. em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (PPGAC/UFBA), atua como professora permanente no Mestrado Profissional em Artes da Cena da Célia Helena Centro de Artes e Educação. É dramaturga, escritora, atriz/performer e jornalista. Sua pesquisa se dedica ao campo da dramaturgia, com foco nas escritas de si e investiga performance negra contemporânea.

Nabor Jr. é jornalista, editor e fotógrafo. Atua de forma híbrida nos atravessamentos entre as áreas de comunicação, artes visuais e educação. Assim, cria uma função própria, especialmente dedicada a cooperar para o desenvolvimento de projetos criativos, em reverência à jornada negra em diáspora e em prol do progresso intelectual da coletividade preta. É Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e fundador e co-diretor da revista O Menelick 2º Ato.

Sidney Santiago Kuanza nasceu na Praia do Perequê, em São Paulo. Formado pela Escola de Arte Dramática da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (EAD-ECA-USP). Nas artes cênicas, divide-se entre as funções de ator, produtor, dramaturgo, diretor e pesquisador. Tem uma longa e premiada trajetória no cinema e na tevê brasileira, já tendo protagonizado oito longas-metragens, como Os 12 Trabalhos, Sequestro Relâmpago e O Novelo. É membro-fundador da Cia Os Crespos e do Selo Homens de Cor. Nos últimos anos, tem se dedicado a pesquisar e produzir arte com o recorte das masculinidades negras. É intérprete de Lima Barreto, Luís Gama, Benjamim de Oliveira e Cruz e Souza. Atualmente, está produzindo seu mais novo projeto, o livro Negros Cadernos de Recados. Em 2025, estreia na direção de longas-metragens, com Negror em Paisagens, em parceria com Joyce Prado da Oxalá Filmes.

Soraya Martins nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais. É fabuladora, crítica e pesquisadora das teatralidades brasileiras e curadora independente. É autora do livro Teatralidades-Aquilombamento: várias formas de pensar-ser-estar em cena e no mundo e fez a curadoria do Festival Internacional de Teatro / FIT-BH em 2018 e 2024. Atualmente, faz parte da Frente Criativa e Curatorial do Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo, além de ser pós-doutoranda em Literatura, Outras Artes e Mídias pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Sua pesquisa mistura literatura, teatro, performance e recriação de memórias e identidades a partir de si mesma.

 

 

Sobre a cia Os Crespos
Os Crespos é um coletivo de pesquisa cênica e audiovisual, composto por artistas negros e negras. Desde 2005 constrói seu discurso poético sobre questões relacionadas à sociabilidade racial e à construção de identidades, promovendo debates, mostras teatrais e cinematográficas, intervenções, filmes e espetáculos. A cia também é a criadora da revista de teatro negro Legítima Defesa. Produziu, ainda, os curtas D.O.R, Nego Tudo e Dois Garotos que se Afastaram Demais do Sol, vencedor do prêmio de Melhor Curta-Metragem pelo júri popular no 29º Festival Mix Brasil, em 2021. Além disso, a cia também concorreu ao Prêmio Aplauso Brasil 2019, na categoria Destaque, com as Terças Crespas, encontros destinados a fortalecer produções e fomentar a reflexão crítica sobre as artes negras.

Uma das mais antigas cias de Teatro Negro em atividade na cidade de São Paulo, Os Crespos busca desenvolver, nesses quase 20 anos de experiência, pesquisas que tragam um olhar atualizado para as pautas artísticas negras, investigando diferentes estéticas e formas de abordagem dos temas escolhidos. Neste ano, circula com os espetáculos De Mãos Dadas Com Minha Irmã e A Solidão do Feio, estreados em novembro de 2023 e janeiro de 2024, respectivamente, abordando as relações entre mulheridade, masculinidade e raça, através de referências históricas ou míticas.

 

 

 

 

 

 

As Crespas Especial
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô
Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)
Capacidade: 224 lugares
Comemoração dos 10 anos da revista Legítima Defesa – Uma Revista de Teatro
De 21 a 24 de novembro (quinta-feira a sábado, às 20h, e domingo e feriado, às 19h
Duração: 80 minutos aproximadamente
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita: reservas de ingressos na quarta-feira da semana anterior à apresentação, a partir das 12h, na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

Protocolos:
– É necessário apresentar o QR Code do ingresso na entrada da atividade até 10 minutos antes do seu início. Após esse período, o ingresso será invalidado e disponibilizado na bilheteria.
– Se os ingressos estiverem esgotados, uma fila de espera presencial começará a ser formada 1 hora antes da atividade. Caso ocorra alguma desistência, os lugares vagos serão ocupados por ordem de chegada.
– O mezanino é liberado mediante ocupação total do piso térreo.
– A bilheteria presencial abre uma hora antes do evento começar.
– Devolução de ingresso:
Até duas horas antes do início da atividade, é possível cancelar o ingresso diretamente na página da Inti, assim outra pessoa poderá utilizá-lo. Na área do usuário, selecione a opção “Minhas compras” no menu lateral, escolha o evento e solicite o cancelamento no botão disponível.
– Programação sujeita a cancelamento:
O Itaú Cultural informa que sua programação poderá ser cancelada em virtude de questões extraordinárias. Nesse caso, os ingressos adquiridos perdem a validade. O público que reservou o ingresso será notificado por e-mail. Um eventual reagendamento da programação ficará a exclusivo critério do IC, de acordo com a disponibilidade de agendas, sem preferência para quem adquiriu os ingressos anteriormente.

 

Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô
De terça-feira a sábado, das 11h às 20h.
Domingos e feriados 11h às 19h
Informações: pelo telefone (11) 2168.1777 e wapp (11) 9 6383 1663
E-mail: atendimento@itaucultural.org.br
Acesso para pessoas com deficiência física
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
www.itaucultural.org.br
www.twitter.com/itaucultural
www.facebook.com/itaucultural
www.youtube.com/itaucultural
Foto Os Crespos: Mari Ser

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