Com Rita Clemente no papel de uma mulher que perde a audição, paladar, olfato, tato e visão..
Perdas sempre nos impactam, sejam quais forem. Quando um familiar, emprego ou bens se vão, não ficamos satisfeitos, à primeira vista. Mas “Amanda”, a personagem título do espetáculo homônimo, tem um olhar afetuoso para os sentidos que estão se esvaindo de seu corpo. Audição, paladar, olfato, tato e visão vão deixando de existir em Amanda. O que lhe resta é a memória, é o que legitima sua existência/resistência diante de tudo.
“Amanda” é um texto escrito pelo autor carioca Jô Bilac, que tem em cena a (re) conhecida atriz mineira Rita Clemente, um dos nomes mais respeitados da atualidade no cenário das artes cênicas de Minas Gerais e do país. A direção é dela e de Diogo Liberano, ator, dramaturgo e produtor teatral, diretor artístico da companhia carioca Teatro Inominável.
A peça fala da luta de uma mulher que perde gradativamente os sentidos. Quando falham audição, paladar, olfato, tato e visão, a memória se mostra a companheira de Amanda. Texto de Jô Bilac, com direção compartilhada por Diogo Liberano e Rita Clemente, também a atriz em cena.
“Amanda”
O espetáculo começa com uma carta, escrita pela personagem, endereçada à atriz, e lida para a plateia. Está posto o jogo. Dali em diante, o ficcional é o real, Amanda é o foco, corpo, espírito e personalidade da cena. Mas o quanto existe de Rita em Amanda? O quão intensamente Amanda impacta Rita no palco (e fora dele)? No palco, a ficção é Rita e a realidade, Amanda.
O jogo em cena é esse, atriz e personagem travam um diálogo subliminar. Trágico e cômico vão tecendo situações ora risíveis, ora dramáticas, para essa mulher que vive seus sentidos findarem-se. Não ouve mais, paladar e olfato não existem mais, a visão e o tato também se foram. Tudo está perdido. Mas não para Amanda.
“As perdas são como um alerta do quanto desejamos viver, e Amanda nos mostra a vontade e a determinação de sempre continuar, apesar de tudo, apesar do todo”, explica a atriz que vê em Amanda, um mulher “que perdeu tudo, menos o amor pelas pessoas, que não parava de crescer”.
O que resta a uma mulher, de meia idade, que vê tudo esvair-se? A memória. É a partir desse registro memorialístico que as histórias de Amanda surgem no palco. Se ela viveu, e pode contar o que viveu, é porque tem um passado. E se o futuro está comprometido, o que resta são suas memórias, uma linha fina e tênue das lembranças pessoais.
A personagem se mostra cortês, sorridente, seus amigos amam-na, é maravilhosa. Nos passeios que faz com seus colegas, na impossibilidade de ouvir, sempre sorri. “Diante das impotências da vida, a gente quer continuar”, explica Rita Clemente sobre a surdez deixar Amanda uma pessoa “inofensiva”, portanto, “mais amável”.
Ficha Técnica
Direção Geral, Concepção e Atuação: Rita Clemente
Codireção: Diogo Liberano
Assistente de Direção: Paulo Maffei
Texto: Jô Bilac
Trilha Sonora Original: Marcio Monteiro
Criação de Luz: Leonardo Pavanello
Preparação Corporal/Direção de Movimento: Cristiano Sousa Reis
Operação de Luz São Paulo: Silviane Ticher
Produção e Difusão São Paulo: Dora Leão – PLATÔproduções
Amanda
Sesc Consolação
Espaço Beta
Rua Dr. Vila Nova, 245, 3° andar – Vila Buarque – SP
Capacidade: 50 lugares
Duração: 60 minutos
Temporada: de 12 de setembro a 11 de outubro
Segundas e terças, às 21h00
Recomendação: 14 anos
Ingressos:
R$ 20,00 (inteira)
R$ 10,00 (meia-entrada: estudante, servidor de escola pública, +60 anos, aposentado e pessoa com deficiência)
R$ 6,00 (credencial plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes).
Fotos: Bianca Aun
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