Criada em 2009 no ABC Paulista, a banda é formada por Sandro Moretti (voz), Rick Franchiose (guitarra) e Daniel Berrettini (bateria), Erick Vieira (guitarra) e André Miskalo (baixo). Em 2010, gravou seu primeiro disco, batizado com o mesmo nome da banda.
A banda possui no currículo, muitas apresentações na sua agenda, incluindo aberturas de shows para Raimundos e Golpe de Estado. No final de Em 2016, foi selecionada entre 400 bandas através da campanha realizada pelo Get My Idol, para tocar no Music Hall Festival. E neste ano segue trabalhando e realizando show do seu segundo e último álbum ”Labirintos”, lançado no final de 2015.
Flertaí conversou com Rick, André, Sandro, Erick e Daniel da banda Descolados do Mundo…
Como e quando vocês se conheceram? Como surgiu a ideia de montar a banda?
A banda Descolados do Mundo foi formada por Sandro Moretti (vocal) e Daniel Berrettini (bateria) que já haviam tocado juntos em um projeto anterior. Rick Franchiose (guitarra) veio através de um anúncio no site Whiplash. Erick Vieira havia tocado em outras bandas com Rick e foi convidado para assumir a segunda guitarra e backing vocal. Da mesma forma, André Miskalo já havia tocado com Daniel no passado e entrou na banda para assumir o baixo.
Todos sempre deram prioridade para uma banda de composições próprias e assim surgiu a ideia de montar uma banda de rock com letras em português.
Contem um pouquinho sobre a vida e formação musical de cada um de vocês.
Sandro
Estudei com alguns professores de canto popular e lírico durante aproximadamente 4 anos. Atualmente, além dos Descolados do Mundo, faço parte do coro municipal de Santo André e possuo alguns projetos paralelos.
Rick
Comecei na música com 9 anos, tocando teclado. Logo comecei a ter aulas de piano em conservatório. Com 12 anos comecei a tocar violão, e aos 14, ganhei minha primeira guitarra. Dos 16 aos 18 anos estudei na Fundação das Artes de São Caetano do Sul, e paralelamente, estudei com o então guitarrista da banda Dr. Sin, Edu Ardanuy. Porém, antes de me formar, comecei o bacharelado de música popular na Unicamp, o qual conclui em 2008.
Erick
Me formei no curso básico da Fundação das Artes de São Caetano do Sul e em seguida cursei graduação em licenciatura plena em música na Faculdade de Artes Alcântara Machado. Estudei guitarra com Jorge Ervolini e Marcio Guedes Corrêa.
André
Minha formação musical começou muito cedo. Meus pais achavam música importante na nossa formação, por isso sempre fui incentivado a desenvolver este lado. Na minha infância, fui exposto aos instrumentos que já faziam parte da minha família como, por exemplo, piano e flauta. Apesar de terem sido importantes naquela fase da vida, acabei não me identificando muito com nenhum deles. Foi na minha adolescência que eu escolhi a guitarra, instrumento que me acompanha até hoje. Mais recentemente eu comecei a tocar baixo por razões profissionais e foi com esse instrumento que eu entrei para os Descolados do Mundo.
Daniel
Iniciei meus estudos de bateria na escola Souza Lima e depois fiz aulas particulares com Ricardo Confessori e Duda Neves. Recentemente concluí o método do Bateras Beat – Instituto de Bateria.
Quais são suas principais influências musicais?
Daniel
Rock em geral! Todas as suas subdivisões: rock clássico, heavy metal, hard rock, punk, progressivo, etc. Também aprecio e valorizo MPB, jazz e música erudita.
Sandro
Rock clássico, punk rock, rock nacional dos anos 70 e 80.
Rick
Inicialmente, minhas influências vinham da música erudita (Bach, Mozart, Beethoven, Saint Saens, Tchaikovsky). Depois veio o rock´n roll e o metal, nos quais meus favoritos são Marillion, Genesis, Pink Floyd, The Police, A Ha, Dream Theater, Helloween, Iron Maiden, Angra, Blind Guardian. Gosto muito de jazz/ fusion também, estilo em que admiro muito Frank Gambale, Brett Garsed, TJ Helmerich, Stanley Jordan, Miles Davis, Charlie Parker, John Coltrane, e música brasileira – Tom Jobim, Pixinguinha, Milton Nascimento, Edu Lobo, Chico Buarque, Hermeto Paschoal, entre outros.
Erick
Toninho Horta, Eric Clapton, David Bowie, Frank Zappa. Sempre foi difícil para definir influências para mim, pois procuro ouvir tudo de tudo o que me agradar.
André
Difícil responder de forma simples e direta. Acho que sou fruto de um pouquinho de tudo a que fui exposto desde a minha infância. Tive uma influência forte de música erudita em um período importante da minha vida, mas o meu coração é do rock. Principalmente o rock britânico setentista. Quando eu ouvia música apenas de forma passional, o rock sempre predominou. À medida que eu fui crescendo e me profissionalizando nessa área, fui conhecendo outros estilos que mesmo não exercendo uma influencia direta, certamente acabam se manifestando um pouco na forma como componho e penso música.
Como e quando foi que vocês decidiram que música faria parte das suas vidas profissionalmente?
Sandro
Desde o início das atividades com os Descolados do Mundo, meu objetivo foi fazer dessa banda meu “ganha pão”, pois sempre acreditei no potencial do nosso trabalho. Temos um grupo coeso e focado nos objetivos que traçamos que, além do som da banda que sou grande fã, me fazem superar os obstáculos e dificuldades que surgem no nosso caminho.
Daniel
O amor pela música me levou a essa decisão. De todas as atividades que exerço, a música é sem dúvida a maior paixão. Para se tornar um bom músico e conquistar espaço nessa área tão concorrida, é necessária muita dedicação e paciência. Tem que amar muito!
Rick
Decidi que tentaria viver de música no último ano do colegial, quando decidi fazer faculdade de música. A faculdade foi uma experiência muito interessante, em que cresci muito como artista e como pessoa.
André
Eu sempre namorei essa ideia, mas por questões de “força maior” acabei exercendo outras profissões. Nunca deixei a música de lado, mas por muito tempo ela foi reduzida a um hobby. Em 2010, tive uma conversa muito séria comigo mesmo e de lá pra cá eu vivo exclusivamente disso. Eu sou professor em uma instituição de ensino chamada IAV – Instituto de Áudio e Vídeo, onde ensinamos os fundamentos de áudio e acústica para os futuros profissionais da área. Atuo também… cada vez mais, como produtor musical em um âmbito mais técnico e claro, toco baixo nos Descolados do Mundo.
Erick
Não precisei decidir, música sempre fez parte do meu cotidiano e de meus estudos. Simplesmente foi assim.
O que a música representa pra vocês?
Muita coisa. A música tem uma força incrível. É capaz de mexer com os sentimentos das pessoas: alegria, emoção, determinação, energia, paz etc. A música transmite mensagens: amor, esperança, política, história, poesia etc. A música determina estilos de vida. A música gera união. Reúne milhares de pessoas em grandes eventos muitas vezes relacionados à paz e outras questões humanitárias.
Qual foi a primeira música autoral de vocês? Como foi a criação da composição?
Apesar de não ser realmente a primeira composição, uma música marcou o início de um processo de criação que levou a uma identidade sonora e estilo que definem nosso trabalho. Se chama “Contramão”. Essa música surgiu da união de duas ideias que poderiam ter virado duas músicas diferentes. Gostamos de variações e mudanças de clima dentro de uma mesma música.
Como é o momento criativo na composição das músicas?
Nosso processo de composição é muito espontâneo, geralmente acontece com a banda reunida. Algum integrante traz uma ideia inicial que poder ser um riff ou um trecho de letra com melodia e a banda começa a fazer jams em cima desta ideia, improvisando. Desta forma as músicas vão surgindo e evoluindo e assim construímos cada música com diferentes climas e partes instrumentais contrastantes.
Como foi a escolha do repertório para o disco Labirinto?
Não houve uma escolha. Fomos trabalhando música por música até chegarmos em 11 e achamos que o material estava bastante interessante para um disco. Algumas ideias foram descartadas no meio do processo, mas nem chegaram a ser concluídas.
Vocês já tinham trabalhado com o Alexandre Fontanetti? Como foi trabalhar com ele? E no que contribuiu na produção do disco?
Foi a primeira vez que trabalhamos com ele. Conversamos também com outros produtores e achamos que o Fontanetti poderia conseguir a sonoridade que buscávamos além de demonstrar que não pretendia interferir no nosso trabalho. Gostamos muito da sonoridade do rock dos anos 70 e ele captou essa proposta. Seu estúdio tem muito equipamento analógico e vintage, várias guitarras e efeitos à disposição, inclusive um Órgão Hammond original. Tudo isso foi usado na gravação. A contribuição do Fontanetti foi lapidar as nossas músicas principalmente os arranjos vocais.
Qual a maior dificuldade para uma banda com pouco tempo de estrada? Por quê?
Talvez a maior dificuldade não seja o tempo de estrada e sim a falta de espaço. O rock hoje no Brasil perdeu muito espaço para outros estilos. São poucas as casas de shows, as rádios e até mesmo público interessado em bandas novas com trabalho autoral. É preciso resgatar essa cultura.
Lembram quando e onde foi o primeiro show de vocês? Como foi?
O primeiro show que fizemos foi em um motoclube em Santo André em julho de 2015. Havia uma certa preocupação, pois somente bandas cover tocavam lá. Chegamos com um repertório 100% autoral e fomos muito bem recebidos pelo público.
Qual foi o pior e o melhor momento da banda de vocês até agora?
O pior momento foi logo após a gravação do disco Labirinto. Estávamos com o disco nas mãos, pronto para ser lançado, e loucos para fazer shows. Porém a banda não estava completa. Ainda tínhamos que encontrar um baixista e um segundo guitarrista. Esse processo foi demorado e desgastante até conseguirmos encontrar as pessoas certas.
O melhor momento é o atual devido a uma somatória de coisas: temos 2 clipes sendo veiculados em vários canais de TV; ao vivo a banda está coesa tendo excelente receptividade e, recentemente, fomos selecionados – dentre mais de 400 bandas – para tocar na Expomusic 2016, realizada no mês de setembro em São Paulo.
Quais são os projetos para 2017? E qual o maior sonho de vocês?
Vamos lançar um novo single no início de 2017. Estamos trabalhando também em novas composições para um futuro disco. Além disso, seguiremos fazendo shows. O maior sonho? Quem sabe o palco do Rock in Rio um dia!
Álbum ‘Labirintos’
A banda de rock alternativo Descolados do Mundo mergulhou na sonoridade do rock’n’roll dos anos 70 para criar o segundo disco da carreira “Labirintos”.
O álbum deste quinteto promissor, tem 10 faixas autorias, e foi produzido por Alexandre Fontanetti, que já trabalhou com Rita Lee, Golpe de Estado, Ana Cañas, Matuto Moderno e outros grandes nomes da música. Dentro do estúdio Space Blues, em São Paulo, o produtor conseguiu captar a proposta da banda. Para alcançar a sonoridade desejada por eles, foram incluídas várias guitarras, efeitos e também um órgão Hammond original.
O resultado deste trabalho deu origem ao um disco que resgata o universo do rock‘n’roll, com sonoridade de bandas de hard rock e rock progressivo dos anos 70.
O álbum traz, ainda, um instrumental bastante elaborado, com climas variados, convenções e solos. As letras falam sobre sentimentos, questões existenciais, crônicas do cotidiano e críticas sociais.
Fotos: Bruno Santos / Divulgação
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