A Cidade dos Rios Invisíveis

Um espetáculo que transporta para uma vivência poética e realista durante viagem no trem da CPTM, utilizando como cenário as paisagens entre o Brás e as ruas do Jardim Romano, e proporciona uma reflexão sobre a cidade através dos olhares dos viajantes dos trens…

 

 

“Neste percurso. É preciso olhar além, para mergulhar nas imagens evocadas pela cidade e pela alma do navegador”. Poético e realista, o espetáculo “A Cidade dos Rios Invisíveis”, do Coletivo Estopô Balaio, traz para a capital paulista, de 8 a 30 de abril de 2017, histórias, anseios e vivências de muitos que atravessam a cidade por meio dos trens da CPTM com destino ao Jardim Romano. Essa temporada tem apoio da 29ª edição do Fomento ao Teatro da cidade de São Paulo.

As apresentações que acontecem na linha 12 – Safira da CPTM fazem um convite aos viajantes a embarcar numa viagem teatral da vida real. O percurso, que parte sempre da estação do Brás, às 14h, aos sábado e domingos, segue pelas ruas do bairro Jardim Romano até o córrego Três Pontes, um braço do rio Tietê. O espetáculo é gratuito.

A viagem teatral se inicia nos vagões do trem, onde os passageiros munidos por fones de ouvido e MP3, observam as paisagens através das janelas. Ao desembarcar, as intervenções artísticas – dança de rua, rap e performances – se entrelaçam com o cenário cotidiano dos moradores do bairro Jardim Romano e com as histórias dos grafites e das enchentes que assolaram o bairro. O público vivencia uma apresentação real, lúdica e única.

Criado pelo Coletivo Estopô Balaio, “A cidade dos Rios Invisíveis” é a última parte da “Trilogia das Águas”, que desde 2012 narra histórias de enchentes vividas pelos moradores desse bairro. As outras peças da sequência são “Daqui a Pouco o Peixe Pula” e “O Que Sobrou do Rio”.

Os ingressos são gratuitos, mas aos viajantes é necessário fazer uma reserva por e-mail e pagar o valor da passagem. O ponto de encontro é o Espaço Cultural da Estação Brás. Com duração de 3h30, o espetáculo se finda sob o pôr-do-sol às margens do rio.

 

Estopô Balaio
O Estopô Balaio é um coletivo de artistas formado em 2011 na cidade de São Paulo que conta em sua maioria com a participação de artistas migrantes. É por esta condição de vida, a de um ser migrante, que nos reunimos no desejo de aferir um olhar sobre a nossa prática artística encontrando como estrangeiros a distância necessária para enxergar o olhar de destino de nossos desejos.

A distância geográfica de nossas lembranças e paisagens nos levaram a uma tentativa inútil na busca por pertencimento à capital paulista. Era preciso reinventá-la para poder praticá-la. Na busca pelo lugar perdido de nossa memória seguimos para fora e à medida que nos distanciávamos de um tipo de cidade localizada em seu centro geográfico, fomos nos aproximando de outras cidades, de outros modos de vida e de novos compartilhamentos. O cinturão periférico da cidade no seu vetor leste nos revelou um pedaço daquilo que tinha ficado para trás. Havia um Nordeste em São Paulo que estava escondido das grandes avenidas e dos prédios altos do centro paulistano.

Jardim Romano é um pedaço do cinturão periférico que guarda lembranças alijadas da construção histórica da cidade-império. Os edifícios que arranham o céu ajudam a esconder e afastar um contingente populacional que não consegue se inserir nos apartamentos construídos em novos condomínios.

A memória partilhada nos quatro anos de residência artística no Jardim Romano são as nossas de estrangeiros de um lugar distante e a destes pequenos deuses alagados de uma cidade submersa pelo esquecimento. O encontro com o bairro se deu num processo de identificação, pois a maioria de seus moradores são também migrantes nordestinos que fincaram suas histórias de vida nos rincões da capital paulista. O alagamento do Jardim Romano era real, oriundo da expansão desordenada da cidade, o nosso era simbólico, originário da distância e saudade daquilo que deixamos para trás. Falar do outro e deixá-lo falar por nós tornou-se o percurso daquilo que começamos a fazer, criar arte a partir da necessidade de inventar a vida.

Ficha Técnica
A Cidade dos Rios Invisíveis
Criação Coletiva
Ideia Original, Roteiro e Direção Geral: João Júnior
Dramaturgia: Estopô Balaio
Atores: Ana Carolina Marinho, Juão Nin, Johnny Salaberg, Amanda Preisig, Edson Lima, Adrielle Rezende, Bruno Fuziwara, Keli Andrade e Paulo Oliveira
Participação: Emerson Alcade e Seu Vital
Musicalização e Percussão: Josué Bob
Trilha Sonora: Marko Concá
Sonoplastas: Carol Guimaris, Geovane Fermac e Doutor Aeiuton
Poetas: Emerson Alcade, Jacira Flores e Rata Fiuza
Canções: Diane Oliveira, Dustin Mc e Matheus Farias (Família Nada Consta), Juão Nin e Marko Concá
Figurino: João Júnior
Artes Visuais: Paula Mendes, Renato Caetano, Clayton Lima
Dança de Rua: Bia Ferreira, Mell Reis, Luan Breezy e Kayque Silva
Produção: Wemerson Nunes, Keli Andrade, João Júnior e Ana Carolina Marinho
Contra-Regras: Clayton Lima, Ana Maria Marinho, Lisa Ferreira e Ramilla Souza

 

 

 

A Cidade dos Rios Invisíveis
Ponto de encontro: Espaço Cultural da Estação Brás
Lotação: 60 pessoas
Duração: 3h30m
De 8 a 30 de abril
Sábados e domingos
Horário: 14h (chegar com 30 min de antecedência)
Ingressos: Gratuitos
Para reservar é necessário enviar e-mail com nome completo, telefone e data da apresentação que deseja ir para o e-mail reservas@coletivoestopobalaio.com.br (só é possível reservar dois ingressos por pessoa).
Recomendação de idade: A partir de 12 anos. Devido à itinerância, a criança precisa estar sempre acompanhada de um adulto.
Recomendação: o espetáculo é itinerante, sujeito a mudanças em caso de chuvas (levar guarda-chuva ou capa de chuva)

Fotos: Divulgação

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