Coladera lança o albúm La Dôtu Lado

La Dôtu Lado é segundo disco do Coladera (selo Scubidu) e faz, ao longo de suas 11 faixas, um passeio por vários ritmos como samba, xote, fado, lundo, funaná, entre outros. Em tom festivo confirma a proposta plural e singular de cada artista envolvido no projeto encabeçado pelo brasileiro Vitor Santana e pelo português João Pires, músicos e compositores que trabalham juntos há uma década. O cabo-verdiano Miroca Paris passa a somar na percussão e nos vocais, esbanjando DNA musical e bagagem da mais alta qualidade: além de sobrinho do Tito Paris, uma verdadeira lenda em seu país, ele tocou por doze anos com Cesária Évora, eternizada como a rainha da morna. Marcos Suzano segue como colaborador afetivo e também efetivo no álbum.

Todas as canções são cantadas em português, com exceção da faixa-título, La Dôtu Lado, em língua crioula, de base lexical portuguesa, originária de Cabo Verde. A base afiada de violões salpicada por batuques vibrantes é combinada com sofisticação poética presente nas letras. Colaborativo e diverso, o trabalho explora diálogos que continentes são incapazes de separar. Os parceiros nas letras são: o escritor angolano José Eduardo Agualusa, autor de obras premiadas como A Conjura e Teoria Geral do Esquecimento, em A Luz de Yayá; o poeta português Márcio Silva, em Céu Azulino, Ana Sofia Paiva, a contadora de histórias portuguesa, em Deserto do Sal, a compositora brasileira Brisa Marques, em Mandiga e Algum Lugar em Nós; o cabo-verdiano Bilan assina Primer Letra Dino D’ Santiago, também de Cabo Verde na música que dá nome ao disco.

O álbum conta com a presença das cantoras mineiras Nath Rodrigues, também multi-instrumentista, e Raquel Coutinho. A angolana Aline Frazão empresta sua doçura no dueto de Mandinga. O time de músicos traz uma seleção de primeira: Marcos Suzano (percussão), Elmano Coelho (sax tenor), Diogo Duque (flugelhorn e trompete), Daniel Guedes (percussão), Francisco Valente (baixo) e André Xina, na programacão.

Língua e sotaques, pés no mar e olhar nas montanhas, o gingado e a introspecção, a origem e suas ressignificações permeiam La Dôtu Lado dando ao ouvinte a constante sensação de pertencimento. O brasileiro que não conhece Angola, o moçambicano que nunca pisou em Portugal, o cabo-veridiano que jamais explorou Timor Leste, assim por diante. Nada nos separa e tudo nos é familiar nessa cadência.

La Dôtu Lado
Ficha Técnica
Gravação : Estúdio Locomotiva
Engenheiro de Áudio: Duda Melo e Pedro Rios
Mixagem: Duda Melo
Masterização: Ricardo Garcia (Magic Master)
Produção Executiva: Helder Quiroga
Design Gráfico: Fred Paulino
Coordenação Artística: Vitor Santana
Coordenação Técnica: João Pires
Cenografia: Thiago Mazza
Direção Audiovisual: Eduardo Zunza
Gestora Financeira: Sílvia Batista

 

Coladera
O nome do projeto faz referência ao ritmo popular cabo-verdiano coladeira, nascido da morna, por sua vez originada de ritmos como o fado português e o lundum angolano, e influenciada pelo samba, pela rumba e pela cumbia. É símbolo deste fluxo vivo que constitui o encontro de diferentes matrizes da música popular iberoamericana, a um só tempo tradicional e mestiça, negra e branca, raiz e invenção.

Os mundos do Brasil, Portugal e Cabo Verde se fundem num diálogo baseado somente em violões, percussões e vozes, trazendo um ambiente sonoro rico em mesclas e mestiçagem. Ouvem-se ecos de África, do candomblé, do fado e do flamenco, do samba, da rumba e do mambo, um português com sotaques diferentes, a eletrônica nascida do acústico. Tudo isso da maneira mais crua, direta e autoral.

Entre fevereiro e março deste ano, o Coladera lançou La Dôtu Lado na Europa. Os shows aconteceram entre fevereiro e março, em Santo André – SP, Kopenhagen, Düsseldorf, Cologne, Amsterdam, Hannover, Berlim, Porto e Lisboa.

 

Fotos: Eduardo Escariz

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