O Gosto da Própria Carne no Ágora Teatro

Com direção de Roberto Lage, o texto do americano Albert Innaurato, conta a história de um jovem obeso e sua família decadente, onde o assédio, o bullying e a violência são expostos com crueza e realismo…

 

 

 

Uma família desestruturada com suas vidas degeneradas e seus costumes depravados é o mote de O Gosto da Própria Carne, nova direção de Roberto Lage, até 29 de abril, no Ágora Teatro. Com texto do premiado autor americano Albert Innaurato, espetáculo tem trilha sonora de Mário Bortolotto e cenários e figurinos de Sylvia Moreira.

O Gosto da Própria Carne marca a volta ao teatro da atriz Rita Malot, que divide o palco com os atores Nelson Peres, Roberson Lima, Walmir Santana e Patrícia Barros. A atriz e bailarina já ensaiava uma volta ao teatro, mas estava atrás de um texto que trouxesse à cena algo impactante e de debate junto ao público. Pediu ajuda para alguns amigos e Roberto Lage então lhe apresentou o texto de Albert Innaurato. “Sofremos nos dias de hoje o retorno da censura, sustentada pelo conservadorismo e retrocesso, o que me levou a querer montar essa peça, que retrata o assédio, a violência contra a mulher, o machismo, a repressão e o preconceito em sua mais bruta forma”, conta ela.

O espetáculo conta a história de um jovem obeso e sua família decadente, onde o assédio, o bullying e a violência são expostos com crueza e realismo. “Queremos, com essa montagem abrir cada vez mais o debate sobre temas tão restritivos e atuais, provocando uma reflexão sobre o comportamento humano e manifestar nosso protesto a qualquer tipo de censura em curso no nosso país. Buscamos retratar o cotidiano de uma sociedade insalubre e castrada em suas mais vitais manifestações e cremos que o teatro exerce essa função, a de reivindicar a liberdade de pensamento e reflexão e de confrontar o público com o gosto de sua própria carne”, explica Rita Malot.

Para o diretor Roberto Lage, O Gosto da Própria Carne traz um quadro bastante cru, impactante e hiper-realista da sociedade atual. “Nas últimas décadas nosso cotidiano tem sido amargamente marcado por sonhos falidos em busca da liberdade traída pela acomodação. Albert Innaurato não busca meias palavras para discutir a derrota, mas constrói um texto marcado pelo dissabor das relações, onde o prazer é a própria desgraça”, diz ele.

A cenografia criada por Sylvia Moreira apresenta dois planos, graças a arquitetura da sala Gianni Ratto, do Ágora Teatro. No primeiro plano há uma cozinha com uma grande mesa e no segundo plano uma praça de um bairro periférico com sacos de lixo. No canto, três pneus fazem a vez de uma cadeira, onde o jovem obeso Benno (Roberson Lima) passa a maior parte da peça. Os figurinos são confeccionados do branco ao preto e suas escalas de cinzas. A única cor presente está nas bocas, nas unhas e nas calcinhas vermelhas das duas personagens femininas.

Durante o espetáculo o personagem Benno come e bebe sem parar – macarronada, gelatina, pipoca, bolachas, café, refrigerantes, melancia etc.

Ficha Técnica
Texto: Albert Innaurato
Direção: Roberto Lage
Elenco: Rita Malot, Nelson Peres, Roberson Lima, Walmir Santana e Patrícia Barros
Assistente de Direção: Rafael Marum
Cenário e Figurino: Sylvia Moreira
Desenho de Luz: Roberto Lage
Trilha Sonora: Mário Bortolotto
Produção Executiva: Rita Malot
Produção: Thaís Campos
Programação Visual: Carolina Guaycuru sobre artes de Angeli
Fotos: João Caldas

 

 

 

 

O Gosto da Própria Carne
Ágora Teatro
Sala Gianni Ratto
Rua Rui Barbosa, 672 – Bela Vista
Informações: 3284-0290
Capacidade: 60 lugares
Duração: 70 minutos
Temporada: Até 29 de abril
Sexta-feira e sábado, às 21h
Domingo, às 19h
Recomendado para maiores de 18 anos
Ingressos:
R$ 50,00
R$ 25,00 (meia-entrada)
Vendas Online: Sympla

 

 

O Autor
Albert Innaurato nasceu na Filadélfia, Pensilvânia em 1947. Em 1976 encenou a peça Gemini e foi aclamado pela crítica recebendo o prêmio Obie Award. O Gosto da Própria Carne (The Transfiguration of Benno Blimpie) lhe trouxe o segundo prêmio Obie Award e uma segunda indicação de “Drama Desk para Outstanding New American Play”, sendo encenada em Londres, Itália, Espanha e Israel. Amante e conhecedor de óperas foi um frequente contribuidor para a Ópera News e Metropolitan Ópera Guild. Lecionou na Filarmônica de Nova York, na Filarmônica de Los Angeles e na Sociedade de Música de Câmara do Lincon Center, pois tocava eximiamente piano clássico. Foi professor de dramaturgia na Universidade de Columbia, na Universidade de Princeton e na Escola de Drama de Yale. Faleceu em 27 de setembro de 2017.

 

Fotos: Joao Caldas Fº

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