O Terceiro Sinal no Teatro Oficina

O espetáculo “O Terceiro Sinal” estreia nova montagem, com Bete Coelho e elenco, dirigidos por Ricardo Bittencourt, ganha temporada a partir do dia 23 de março, no teatro que inspirou a criação da peça…

 

 

 

 

Um espetáculo que parte da experiência de um “não ator”, interpretando o papel de um repórter investigativo numa peça de Nelson Rodrigues – encenado num dos teatros mais importantes do Brasil – e que em sua vida real é um jornalista interessado em atuar e reportar os mistérios da atuação e as inconfessáveis particularidades do fazer teatral.

Este é o mote de “O Terceiro Sinal”, peça do jornalista e dramaturgo Otavio Frias Filho, protagonizada por Bete Coelho, com direção de Ricardo Bittencourt – que juntos com o diretor de vídeo, Gabriel Fernandes, formam a Cia BR116. O texto ganha uma nova e especial montagem justamente no espaço onde foi inspirada: o Teatro Oficina.

Trata-se de um espetáculo totalmente novo, em que Bete Coelho terá a companhia em cena das atrizes Luiza Curvo e Luisa Renaux, do ator Thomas Carvalho e de Murillo Carraro, que assina também a direção de palco e cenotécnica. Vale ressaltar que a peça foi originariamente extraída de um dos “ensaios de risco” do livro “Queda Livre”, do próprio autor, e narra uma experiência de Frias em 2010, quando participou de uma montagem de “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues, no Teatro Oficina.

“O espetáculo chega ao local onde teve início, ele ganha seu habitat natural no Oficina”, explica Bete Coelho. A atriz enfatiza ainda que “nesta montagem, tudo que era convencional deixa de existir. Os olhos do público não têm um ponto definido, os atores trazem a plateia para dentro do espetáculo”.

 

Utilizando-se um humor fino e irônico, “O Terceiro Sinal” busca apresentar e refletir o teatro sob o ponto de vista interno, não só fisicamente, mas também nos aspectos relevantes da atuação durante ensaios e apresentações. Com um conteúdo artístico didático e histórico, o autor traça uma análise minuciosa sobre o processo criativo do ator, revelando ao mesmo tempo os caminhos muitas vezes tortuosos para se chegar à cena, mecanismos internos e conhecimentos necessários para se tornar um “filho deste culto milenar”.

“A peça disseca a feitura teatral. Ela acompanha de perto o reverso da representação, com uma reflexão profunda sobre teatro e ator”, explica Bete Coelho.

Já sobre a nova encenação, o diretor Ricardo Bittencourt ressalta que “essa montagem no Oficina exige uma interpretação nova de Bete e do elenco. Com os novos atores será possível trazer e ampliar as referências estéticas do Boca de Ouro”.

 

Permeada pelo humor irônico de um narrador falsamente fleugmático, a peça conduz a plateia por uma viagem emocionante, sem nunca perder o tom racional que faz do espetáculo um exercício de especulação intelectual. Por trás dessa narrativa está a proposta de explorar os limites pessoais, ou quem sabe, a ideia tentadora de “ser outro”.

“A montagem no Oficina, sob a benção do Zé Celso, também firma um posicionamento de apoio da nossa companhia, a BR 116, ao Oficina, não só por conta do momento de disputa que vem passando, mas sobretudo pelo que representa ao teatro brasileiro”, enfatizam Bete e Ricardo, em nome da BR 116.

Ficha Técnica
Atriz: Bete Coelho
Diretor: Ricardo Bittencourt
Atores coadjuvantes: Luiza Curvo, Luisa Renaux, Thomas Carvalho e Murillo Carraro
Dir. de palco e cenotécnico: Murillo Carraro
Diretor de vídeo: Gabriel Fernandes
Câmera ao vivo: Igor Marotti
Técnico/Operador de som: Cauê Andreassa
Técnico/Operador de Luz: Luana Della Crist
Diretor de produção: Gabriel Fernandes
Produção: André Bortolanza
Realização: Cia. BR116
Figurino: Cassio Brasil
Diretor de Comunicação: Maurício Magalhães
Fotos: Jennifer Glass

 

 

 

 

“O Terceiro Sinal”
Teatro Oficina
Rua Jaceguai, 520 – Bela Vista
Tel.: 3104-0678
Capacidade: 300 lugares
Duração: 60 minutos
Estreia: 23 de março, sexta-feira, às 21h
Temporada até: 20 de maio
Sextas e sábados, às 21h
Domingos, às 19h
Classificação etária: 14 anos
Ingressos:
R$ 40,00 (inteira)
R$ 20,00 (meia)
R$ 20,00 (moradores do bairro do Bixiga)

 

 

Bete Coelho – Atriz
Bete Coelho nasceu em Belo Horizonte (MG), em 1963. Atua em teatro desde os dez anos de idade. No início da década de 80, atuou em espetáculos como “Noturno para Pagu”, “Vida e Obra de Augusto de Campos”, “Lulu, a Caixa de Pandora”; e já na formação do grupo Pagu Teatro e Dança, “O que É Isso Gabeira?”. Em 1984, já em São Paulo, juntou-se ao Centro de Pesquisa Teatral – CPT, dirigido por Antunes Filho, integrando os elencos das remontagens de “Macunaíma”, “Nelson Rodrigues – O Eterno Retorno”, e da estreia de “Romeu e Julieta”. Em 1986 esteve em “Carmem Com Filtro”, direção de Gerald Thomas.

Com “Eletra Com Creta”, em 1986, tornou-se parceira de Gerald Thomas, iniciando seus mais expressivos trabalhos, quase sempre como protagonista. Em 1988, fundam a Companhia de Ópera Seca e criam os espetáculos: “Trilogia Kafka – Um Processo”, “Uma Metamorfose”, “Praga”, em 1988; “Carmem com Filtro 2” e “Mattogrosso”, ópera de Philip Glass e Gerald Thomas, em 1989; “Sturmspiel”, “Fim de Jogo” e “M.O.R.T.E.”, em 1990; “The Said Eyes of Karlheinz Öhl, em Volterra”, em 1991.

Já fora do grupo, integrou produções isoladas, com destaque para “Rancor”; “Pentesiléias”, em que atua e dirige, em 1994; “Os Reis do Iê-Iê-Iê”, em 1997; “Cacilda!”, em 1999; mesmo ano em que dirige Iara Jamra em “O Caderno Rosa de Lori Lamby”, de Hilda Hilst. Ao final desse ano voltou à cena em “Pai”, de Cristina Mutarelli, direção de Paulo Autran. Em 2002, atuou em “Frankensteins”, sob a direção de Jô Soares. Ainda em 2003, dirigiu Renata Melo, em “A Caixa”, de Patrícia Melo. Em 2007, atuou no espetáculo “Um Número” baseado no texto “A Number” da dramaturga inglesa Caryl Churchill .

Atuou também nas montagens de “Esperando Godot”, direção de Gabriel Villela, em 2006; “Antígona”, direção coletiva, em 2013/14; “A Dama do Mar”, direção Bob Wilson, em 2013/14 e “Garrincha”, direção Bob Wilson, em 2016 e “As Criadas, direção do polonês Radek Rychcik, em 2017.

Na televisão ajudou a reinaugurar os núcleos de dramaturgia no SBT em 1997 e na Band em 1999. Na primeira esteve em “Éramos Seis” e “Sangue do Meu Sangue”; e na segunda em “Serras Azuis”. Bete Coelho também integrou o elenco de algumas novelas da Globo como “Vamp” e “As Filhas da Mãe”. Em 2006, de volta ao SBT esteve na novela “Cristal”. Em 2007, na Record, integrou o elenco da novela “Luz do Sol”.

No cinema, atuou em produções como “Policarpo Quaresma, herói do Brasil” (1998) e “Mulheres do Brasil” (2006). Também em 2006, ganhou o prêmio de melhor atriz durante da Mostra Gaúcha, realizada no ‘Festival de Gramado’ pelo filme “Lótus”, de Cristiano Trein. Bete Coelho voltou à TV em 2009, integrando o elenco da novela “Poder Paralelo”, na Record. Na mesma emissora, também atuou em Poder Paralelo (2009), Máscaras (2012) e Escrava Mãe (2015).

 

Ricardo Bittencourt – Diretor
Ator e diretor com sólida carreira de mais de 20 anos, Ricardo Bittencourt vem chamando atenção desde sua atuação no épico musical “A Luta – Parte I”, quarta montagem do clássico “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, sob direção de Zé Celso Martinez Corrêa e seu grupo Uzyna Uzona, no Teatro Oficina, em São Paulo. Integrou e fundou um dos mais expressivos grupos de teatro da história da Bahia, o Los Catedrásticos, sob direção de Paulo Dourado. Na BR116, é o protagonista do espetáculo “O Homem da Tarja Preta”, de Contardo Calligaris; assina a direção de “O Terceiro Sinal”, de Otavio Frias Filho, com Bete Coelho; e é o destacado MAX, no novo espetáculo da Cia.: “A Melancolia de Pandora”, de Steven Wasson. Trabalha como MC em eventos de grandes Instituições e tem a sua assinatura em diversos workshops e oficinas culturais. Atualmente está em cartaz com o espetáculo “Boca a Boca – Um Solo para Gregório”.

 

Atores Coadjuvantes

Luiza Curvo
Na TV Globo, atuou nas novelas “Sonho Meu”, “A Viagem”, “Quatro por Quatro”, “Cara e Coroa”, “Malhação”, “O Amor Está no Ar”, “Corpo Dourado”, “Era Uma Vez”, “Porto dos Milagres”, “Sabor da Paixão”, “Chocolate com Pimenta” e na minissérie “Engraçadinha”.

Já na TV Record integrou o elenco das novelas “Cidadão Brasileiro”, “Luz do Sol”, “Chamas da Vida” e “Máscaras”, além das minisséries “Sansão e Dalila”, “Milagres de Jesus”, “Amor Custa Caro” e “Conselho Tutelar”.

Em cinema, participou dos longas-metragens “Bellini e o Demônio”, “Ouro Negro – A Saga do Petróleo Brasileiro” e “Uma Mulher” (em finalização) e dos curtas “I Love You”, “Vivendo Shakespeare”, “Nunca Houve uma Mulher como Gilda”, “O Bem Aventurado” e “O Artista da Triste Figura”. No teatro, participou das montagens de “Cenas de uma execução”, “Frisson”, “O Lugar do Outro”, “Closer” e “Peça de Mobília”.

 

Luisa Renaux
Atuou em diversos espetáculos teatrais, com destaque para a ópera Dom Carlo, de Giuseppe Verdi, direção de Gabriel Villela e regência de Ira Levin (2004); Sappho de Lesbos, direção de Patricia Aguille, no teatro Satyros 2, (2011); “Hécuba”, de Eurípides, com Walderez de Barros no papel título, e direção de Gabriel Villela (2011/ 2012).

Também atuou no longa-metragem “2013 menos 1”, do diretor Vitor Baumgratz e nos Podcasts de Maurício Paroni de Castro para SP Escola de Teatro. Realizou performances baseadas no livro “As Afinidades Eletivas”, de Goethe, sob direção de Maurício Paroni de Castro e trabalhou como assistente de direção com Maurício Paroni de Castro em “A Merda”, com Christiane Tricerri.

 

Thomas Carvalho
Integrou o elenco do espetáculo “Lendas e Tribos” (de Oswaldo Montenegro, 2011) e foi assistente de direção de Rafael Gomes, no espetáculo Jaqueline em 2016.

 

Gabriel Fernandes – Diretor De Vídeo
Um dos integrantes fundadores da Cia BR 116, o cineasta Gabriel Fernandes realizou diversos trabalhos como câmera ao vivo, diretor de vídeo ou ator em montagens do Teatro Oficina como “Os Sertões: O Homem 2”, “Os Sertões: A Luta 1” e “Os Sertões: A Luta 2”, “Vento Forte Para Um Papagaio Subir”, “Taniko”, “Cypriano e Chantalan” e “Os Bandidos” e em espetáculos como “A Dama do Mar”, de Bob Wilson.

Com a Cia BR116 assinou o making of de “O Homem da Tarja Preta”, foi diretor de vídeo de “Cartas de Amor Para Stálin” e diretor de vídeo-projeção em “A Melancolia de Pandora”.

 

CIA BR116
A Cia BR116 nasceu de um encontro feliz entre pessoas de longas e reconhecidas trajetórias teatrais que, além de ter o Teatro como o seu foco fundamental, reconhecem na contracenação (em seus significados mais amplos) o caminho mais rico para a criação.

Bete Coelho, experiente atriz e diretora com vários prêmios, trabalhou com grandes diretores, dentre eles Zé Celso, Antunes Filho, Gerald Thomas, Jô Soares, Paulo Autran, Bob Wilson, Gabriel Villela, Radek Rychcik. O ator Ricardo Bittencourt, um dos fundadores do Grupo Los Catedrásticos e um dos mais atuantes atores baianos da sua geração, também premiado, atuou em dezenas de espetáculos dos mais variados estilos e diretores, além de ter trabalhado por 10 anos no Teatro Oficina, SP. Gabriel Fernandes, cineasta formado pela FAAP, nos seus muitos anos no Teatro Oficina, SP, especializou- se na direção de imagens de espetáculos teatrais unindo o cinema e o Teatro através, inclusive, da sua câmera ao vivo. A união desses três artistas deu o impulso inicial para a formação de uma Rede de parceiros e colaboradores capitaneada pela advogada Cristiane Olivieri, da Olivieri e Associados, também presidente da Cia. BR116, e por Maurício Magalhães, presidente da Agência TUDO.

Com apoio incondicional destes e de diversos outros parceiros, a Companhia criou seu primeiro espetáculo, O Homem da Tarja Preta, estreia do psicanalista Contardo Calligaris como autor de Teatro. Logo depois, a sua mais apaixonada declaração de amor ao processo do ator e da experiência teatral, a montagem de Terceiro Sinal de Otavio Frias Filho. E a BR116 caiu na estrada, realizando turnês com o seu repertório por SP, RJ, BA, RS, etc. Foi quando convidou o primeiro diretor para um trabalho da Companhia: Paulo Dourado dirigiu Cartas de Amor para Stalin do espanhol Juan Mayorga.

Em comum nas três montagens, a sempre precisa direção de arte e cenografia de Flavia Soares, o gosto pela lapidação das palavras com seus múltiplos signos e sentidos, o investimento na dramaturgia contemporânea contundente e provocativa e na contínua pesquisa imagética.

A Cia. BR116 segue experimentando novos processos com outros criadores como nas breves encenações de Adeus Doutor de Betty Milan, Cacilda!!! de Zé Celso, Típico Romântico de Otavio Frias Filho, Antígona de Aninha Franco, entre outras.

Com o propósito de ampliar as parcerias e aprimorar suas pesquisas teatrais, convidou as Cias Lusco Fusco e Theatre De L’Ange Fou para se unirem nesta nova montagem, A Melancolia de Pandora. Agora a Cia. BR116 retorna ao Teatro Oficina, cujo palco abrigou os três integrantes da Companhia por muitos anos e inspirou a criação do texto de “O Terceiro Sinal”.

 

Fotos: Lenise Pinheiro

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