Cia Mungunzá de Teatro reestreia Epidemia Prata no Teatro de Contêiner

Inspirada nos meninos prateados que se pintam para fazerem malabares nos faróis e pedirem esmolas nos metrôs da capital paulista e nos usuários de crack e moradores de rua com os quais se relacionam em sua atual residência no Teatro de Contêiner Mungunzá, localizado próximo à Cracolândia, a Cia Mungunzá de Teatro reestreia – com ingressos gratuitos – Epidemia Prata, no dia 23 de junho…

 

 

 

Montagem – sucesso de público e crítica –, que tem direção de Georgette Fadel, comemora 10 anos do coletivo e devolve ao público de forma engajada e poética a experiência vivida em um ano no centro de São Paulo, desde a criação do espaço na região da Luz.

Texto autoral com supervisão dramatúrgica de Verônica Gentilin, que está em cena ao lado de Gustavo Sarzi, Leonardo Akio, Lucas Beda, Marcos Felipe, Pedro Augusto e Virginia Iglesias, Epidemia Prata apresenta uma costura entre duas linhas narrativas: a visão pessoal dos atores sobre os personagens reais que conheceram em sua atual residência no Teatro de Contêiner, no Centro da capital paulista, e o mito da Medusa, que transforma pessoas em estátuas.

A abertura do Teatro de Contêiner, que aconteceu em março de 2017, levou um amadurecimento ao grupo e também criou uma relação mais afetiva com São Paulo. “Acabamos por apresentar novas vias de atuação. Novos formatos de políticas públicas. O nosso espaço se relaciona diretamente com a cidade e com os moradores do centro, seja por meio da arquitetura ou da dinâmica que criamos sem divisões”, explica o ator Marcos Felipe.

 

Metal
Para Georgette Fadel, o espetáculo é uma pequena gira teatral. Dura. Sólida. “Nessa gira, a poesia, como um rato, deve se espremer pelos cantos para superar um céu de metal. Repleto de imagens e predominantemente performático e sinestésico, o universo prateado, na montagem, assume uma infinidade de conotações que vão desconstruindo personagens estigmatizados pela sociedade e compartilhando a sensação de petrificação diante de tudo”, explica a diretora.

O menino responde – ao ser indagado do porque de seu corpo estar pintado de prateado pra pedir esmola – que prata dá mais prata. Segundo Fadel, ele quer dizer que ser de prata, ser de metal e todas as leituras decorrentes disso, tem mais valor e merece mais cuidado que ser de carne e osso.

“O caminho que o atual sistema percorre sem retorno e sem saída é o da consolidação do indivíduo que é pura matéria incomunicável, impermeável e insensível. E como uma máquina feita pra emperrar, esse sistema deve ser destruído porque não se movimenta mais e, portanto, é a morte da inteligência, da sensibilidade, do que é sutil, do que é vivo”, acredita a diretora.

Apesar de levar à cena o endurecimento do ser humano e o fim da sutileza e da comunicação, Epidemia Prata não tem o objetivo de ser um espetáculo de denúncia e sim de alavancar a poesia. “Faço junto com a Cia Mungunzá um alerta desse endurecimento, do parafuso emperrado que não deixa o mundo girar como deveria, mas que também nos coloca como observadores dessa miséria”, conta Georgette Fadel.

 

Céu invertido


Um chão todo azul com apenas uma carcaça de piano, uma tampa de bueiro e dois mil reais em moedas de cinco centavos a cenografia de Epidemia Prata se completa com uma tela de projeção em cima do palco. A tela mostra imagens relacionadas com objetos duros e de metais. “É a inversão do céu e terra, onde ninguém tem chão e o céu pode ser cruel”, diz a diretora.

Com a tela de projeção cobrindo todo o espaço superior, a luz da montagem será feita totalmente pelas laterais do palco sem nenhuma utilização das varas de iluminação. Outra novidade do espetáculo é a presença de instrumentos de sopro de metal, como trompete, tuba, flauta e trombone. Todos os sete atores aprenderam a tocar os instrumentos que fazem, também, metáforas com os cachimbos de crack, tão presentes no cotidiano da região onde está instalado o Teatro de Contêiner Mungunzá.

Regado à dureza do metal, Epidemia Prata faz contraponto com uma montagem sensorial e plástica num flerte com a dança, sendo que os sete atores foram preparados pela bailarina e coreógrafa Juliana Moraes.

Ficha Técnica
Argumento e Texto – Cia. Mungunzá de Teatro
Supervisão Dramatúrgica – Verônica Gentilin
Direção – Georgette Fadel
Codireção – Cris Rocha
Assistente de Direção – Victor Djalma Amaral
Preparação Corporal – Juliana Moraes
Direção Musical – Bruno Menegatti
Elenco – Gustavo Sarzi, Leonardo Akio, Lucas Beda, Marcos Felipe, Pedro Augusto, Verônica Gentilin e Virginia Iglesias
Vídeos – Flavio Barollo
Arquitetura Cênica – Leonardo Akio e Lucas Beda
Figurino – Sandra Modesto
Desenho de Luz – Pedro Augusto
Materiais Gráficos – Leonardo Akio
Fotos de Divulgação – Letícia Godoy e Mariana Beda
Produção Executiva – Lucas Beda, Marcos Felipe, Sandra Modesto e Virginia Iglesias
Produção Geral – Cia Mungunzá de Teatro
Coprodução – Cooperativa Paulista de Teatro

 

 

 

 

Epidemia Prata
Teatro de Contêiner Mungunzá
Rua dos Gusmões, 43 – Luz (próximo à estação Luz do metrô)
Capacidade: 99 lugares
Duração: 80 minutos
Reestreia: sábado, 23 de junho, às 20h
Temporada: de 23 de junho a 30 de julho
Sábado a segunda-feira, às 20h
Sessão acessível (com audiodescrição e intérprete em libras) dias 1º e 2 de julho, domingo e segunda-feira
Espetáculo recomendável para maiores de 14 anos
Ingressos: Grátis (Retirada de ingressos com uma hora de antecedência na bilheteria do teatro)
Bilheteria – Abre uma hora antes do início das apresentações (aceita dinheiro e cartões débito/ crédito Visa e MasterCard)
Acesso para deficientes físicos

 

Fotos: Letícia Godoy e Mariana Beda

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