Sesc Pompeia apresenta “Três Pretos: Valor de Uso” da Sociedade Abolicionista de Teatro

Com apresentações nos feriados de 15 e 20 de novembro, peça da Sociedade Abolicionista de Teatro fica em cartaz no Teatro do Sesc Pompeia por três semanas…

 

 

 

A nova criação da Sociedade Abolicionista de Teatro, “Três Pretos: Valor de uso”, com direção de Jose Fernando Peixoto de Azevedo e atuação de Raphael Garcia, Ailton Barros e Lilian Regina, estreia no feriado de 15 de novembro no Sesc Pompeia, ficando em cartaz até 1º de dezembro no Teatro da unidade. A peça integra o projeto de mesmo nome que, desde setembro, trouxe para o local debates acerca de obras produzidas por autoras e autores negros por meio da atividade Pensamento Negro Brasileiro. Além desses encontros, o projeto também englobou uma residência artística imersiva, paralela ao processo de produção do espetáculo.

A peça remete ao valor como base para a crítica das formas de alienação da vida. Na modernidade, ou, da perspectiva da colônia, preto tem sido reduzido a um valor de troca: o preto escravo, o preto café, o preto petróleo: três fontes de energia e de valor; três tempos de um mundo que avança produzindo ruínas.

A associação preto-escravo-café foi a base do impulso industrial brasileiro e a fonte de energia das longas jornadas para o trabalho livre da Europa. Hoje, o preto-energia-petróleo é a base energética da acumulação capitalista moderna e suas disputas sobre territórios e corpos. A carne (o escravizado), o pó (o café), o sangue (o petróleo): ao mesmo tempo que a marcha cronológica do progresso força o esquecimento da energia primitiva, os equivalentes funcionais da energia preta desvelam a violência perene em torno do preto que “satisfaz”. Em cena, um dispositivo pretende fazer com que essas temporalidades atravessem o jogo, produzindo corpos e sujeitos.

Ficha Técnica
Concepção e Direção: José Fernando Peixoto de Azevedo
Dramaturgia: José Fernando Peixoto de Azevedo e Luís Fernando Massonetto
Atores: Ailton Barros, Lilian Regina, Raphael Garcia
Assistência de Direção e Vídeo: Flávio Moraes
Assistência de Direção: Leonardo Devitto
Preparação Corporal: Tarina Quelho
Iluminação: Wagner Antônio
Direção de Arte: Chris Aizner
Técnico e Operação de Luz: Jimmy Wong
Programação Visual (Programa): Lucas Brandão
Assessoria de Imprensa: Márcia Marques – Canal Aberto
Produção: núcleo corpo rastreado

 

 

 

 

Três Pretos: Valor de Uso
Sesc Pompeia
Teatro
Rua Clélia, 93
Capacidade: 302 lugares
Duração: 60 minutos
Temporada: De 15 de novembro a 1º de dezembro
Quintas, sextas e sábados, às 21h
Domingo e feriados, às 18h
Apresentações extra em 20 de janeiro, terça-feira, às 18h.
Ingressos:
R$ 7,50 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes)
R$ 12,50 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino)
R$ 25,00 (inteira).
*O Teatro do Sesc Pompeia possui lugares marcados e galerias superiores não numeradas. Por motivo de segurança, não é permitida a permanência de menores de 12 anos nas galerias, mesmo que acompanhados dos pais ou responsáveis. Abertura da casa com 30 minutos de antecedência ao início do show.
Venda presencial nas unidades do Sesc SP
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 18 anos.
Não temos estacionamento

 

 

Sociedade Abolicionista de Teatro
É uma plataforma coordenada por José Fernando e seu programa de trabalho consiste em viabilizar associações entre artistas, principalmente artistas pretos, que possam, juntos, realizar projetos a partir do encontro de perspectivas e práticas poético-políticas. O abolicionismo que seu nome traz não é apenas uma referência “anacrônica” à história e memória da escravidão, mas antes, a nomeação de uma luta pelos abolicionismos que ainda nos concernem, confrontações a continuidades e permanências que fazem, entre outras coisas, que algo como um sistema prisional se configure como desdobramento e extrapolação da escravidão entre nós, tecnologia de controle dos corpos que espolia e sentencia à morte em vida o pobre, mais principalmente o negro, e – em particular – o jovem negro. A sobreposição temporal que a ideia de uma “sociedade abolicionista” implica aos ouvidos, faz ver a convivência complexa de temporalidades, fusos históricos.

 

O Diretor
José Fernando Peixoto de Azevedo é professor na Escola de Arte Dramática e no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Estudou cinema, possui graduação e doutorado em Filosofia pelo Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde defendeu tese sobre o teatro do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Atua como pesquisador nas áreas de história e estética do teatro brasileiro e do teatro negro, além de estética e filosofia contemporânea. Foi fundador, dramaturgo e diretor do Teatro de Narradores e é colaborador do grupo de teatro negro Os Crespos, além de outros coletivos teatrais como o Chai-na (Isto é um negro?). Atua também como curador. Dirigiu recentemente o espetáculo Navalha na Carne Negra e publicou, pela editora n-1, o volume da coleção Pandemia intitulado Eu, um crioulo.

 

Foto: Lígia Jardim

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