Entre o que se imagina e o que se pode tocar – Com Palavras no Meio

Em busca de estéticas e poéticas diferenciadas, o Núcleo de Improvisação – que reúne artistas com experiências em diferentes linguagens, como dança teatro, música e artes visuais – estreia Entre o que se imagina e o que se pode tocar – Com Palavras no Meio no dia 10 de maio, sexta-feira, às 20h, na Galeria Olido…

 

 

 

 

 

O espetáculo de dança contemporânea, dirigido pela bailarina Zélia Monteiro, dá continuidade à pesquisa com a improvisação e propõe outros direcionamentos para a investigação e criação do grupo.

No palco, os bailarinos/ improvisadores Ernesto Filho, Marcela Páez, Mel Bamonte, Paulo Carpino, Vitor Vieira e a própria diretora Zélia Monteiro, dançarão vendados.

Entre o que se imagina e o que se pode tocar – Com Palavras no Meio é o título do texto de João Bandeira no livro Memórias do Brasil, do fotógrafo esloveno Evgen Bavcar, que teve o olho esquerdo perfurado por um galho de árvore aos dez anos e o direito lesionado pela explosão de uma mina um ano depois, deixando-o cego.

Aos 16 anos, Bavcar tirou uma fotografia e pediu para que alguém lhe contasse o que havia registrado. Surgia assim um dublê de artista contemporâneo e filósofo do olhar. De alguma forma suas imagens também devem ser entendidas como o resultado formal de uma associação de palavras, e não de imagens.

 

Olhos vendados
Contemplado pela Lei de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo Entre o que se imagina e o que se pode tocar – Com Palavras no Meio é uma dança que nasce no corpo provocado para desestabilizar seus padrões de comportamento.

“É a tentativa e procura de ‘novas estabilidades’ que, no entanto, serão efêmeras. Pulando de arranjo em arranjo, a dança se dá como um navegar pelo fluxo dos acontecimentos no jogo entre figurino, luz, espaço e público”, explica Zélia Monteiro.

Em seus trabalhos anteriores Zélia focou muito na questão da memória. No espetáculo Sob o meu, o nosso peso recuperava um lugar e uma história de sua família e em Percurssos Transitórios voltava para a história do seu corpo de bailarina.

Dessa vez, o foco está nas memórias e filtros individuais de cada bailarino e como cada um se enxerga e se relaciona com o outro. Com os olhos vendados, cada bailarino se apropria de danças particulares, gerando conflitos que impulsionam a dança e tecem outras dramaturgias.

Idealizadas pela figurinista Joana Porto, as máscaras para cobrir os olhos que o elenco usa durante o espetáculo foi criada especialmente para cada bailarino.

Fotos foram tiradas dos olhos dos componentes e depois estampadas nas vendas, ou seja, apesar de estarem de olhos fechados o público vê os bailarinos como se estivem com os olhos abertos.

 

Sem música
Pela primeira vez um espetáculo da bailarina Zélia Monteiro não terá música. Os bailarinos dançarão em números de improvisação, procedimento característico da tendência estética do Núcleo, para desencadear outras resoluções coreográficas.

“Nossa ideia, com a coreografia, não é simplesmente só destacar a dança, mas dialogar com tudo que está a nossa volta, como o espaço, figurino e luz”, conta Zélia Monteiro.

A iluminação criada e operada por Hernandes Oliveira também é sempre improvisada nos espetáculos do grupo, porém para a nova montagem o iluminador passará grande parte do espetáculo vendado.

Ficha Técnica
Com o Núcleo de Improvisação
Coordenação e Direção Geral – Zélia Monteiro
Improvisadores – Ernesto Filho, Marcela Páez, Mel Bamonte, Paulo Carpino, Vitor Vieira e Zélia Monteiro
Concepção e Improvisação Luz – Hernandes Oliveira
Pesquisa e Criação Figurino – Joana Porto e Alex Kazuo
Produção Audiovisual – Ernesto Filho
Pesquisa de Audiovisual – Camila Picolo
Acompanhamento Teórico – Christine Greiner
Designer Gráfico – Vitor Vieira
Coordenação de Produção – MoviCena Produções
Assistente de Produção – Luciana Venâncio
Fotografia – Camila Picolo
Assessoria de Imprenssa – Nossa Senhora da Pauta

 

 

 
Entre o que se imagina e o que se pode tocar – Com Palavras no Meio
Galeria Olido
Sala Paissandu
Avenida São João, 473 – Centro
Tel.: (11) 3331-8399
Capacidade: 136 lugares
Duração: 50 minutos
Dias 10, 11 e 12 de maio
Sexta-feira e sábado, às 20h
Domingo, às 19h
Classificação: Indicado para maiores de 12 anos
Ingressos: Grátis (Retirada de ingressos com uma hora de antecedência.)

Entre o que se imagina e o que se pode tocar – Com Palavras no Meio volta a se apresentar dias 22, 23, 29 e 30 de maio, quartas e quintas-feiras, às 19h, no Teatro Sérgio Cardoso e dias 27, 28 e 29 de junho, de quinta-feira a sábado, às 19h, no Centro de Referência da Dança.

 

Zélia Monteiro
Estudou dança clássica e foi assistente de Maria Melô, aluna de Cecchetti no Scalla de Milão. Trabalhou por oito anos com Klauss Vianna, de quem também foi assistente, participando de seu grupo de pesquisa e criação. A partir dessa experiência intensificou seu trabalho no sistema didático e artístico criado por ele. Após sua morte mudou-se para Paris onde trabalhou com Mme. Marie Madelaine Béziers (Coordenação Motora), Mathilde Monnier, Peter Goss, Daria Faïn (Dança Contemporânea) e com Yvonne Berge (Improvisação para crianças). Foi premiada pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) em 1987, 1992, 1998, 2010 e 2016. Dá aulas regulares de balé na Sala Crisantempo e é professora no curso de Comunicação das Artes do Corpo – PUC/SP. Dirige o Núcleo de Improvisação desde 2003.

 

Núcleo de Improvisação
O Núcleo de Improvisação é um grupo de pesquisa em dança contemporânea orientado por Zélia Monteiro, que surgiu em 1998 com a necessidade de alguns artistas em aprofundar e dar continuidade à pesquisa de linguagem iniciada com Klauss Vianna. Estuda a improvisação não apenas como procedimento para explorar e criar novas gramáticas de movimentos, mas fundamentalmente como estrutura de composição do espetáculo. Reúne artistas com experiências em diferentes linguagens: dança, teatro, música e artes visuais. O Núcleo de Improvisação busca inspiração na abordagem e pensamento de Klauss Vianna sobre o corpo e a dança e utiliza estes princípios como meio de estudar, descobrir e criar interfaces entre diferentes linguagens artísticas.

 

Foto: Camila Picolo

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