Companhia Letras em Cena apresenta Mau Encontro

Depois de uma temporada de sucesso no Espaço Companhia da Revista, a Companhia Letras em Cena apresenta de 13 a 16 de junho, de quinta-feira a sábado, às 20h e domingo, às 19h, no Centro Cultural de Santo Amaro (Teatro Leopoldo Fróes), o espetáculo Mau Encontro…

 

 

 

 

Com direção de Imara Reis e texto de Guilherme Mattos, a montagem, que leva para o palco os preconceitos e a impotência dos privilegiados na sua relação com os excluídos, traz no elenco os atores Eduardo Silva, Gabriela Rabelo, Graça Berman, Pedro Lopes, Telma Dias, Valéria Simeão e William Amaral.

Contemplado pela 8ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro, da cidade de São Paulo, Mau Encontro põe em cena um grupo de brasileiros, de status e poder aquisitivo elevado, presos na Sala VIP de um aeroporto internacional, por conta de situações climáticas adversas. Os saguões estão caóticos, com muito mais gente que o normal. Quando, depois de uma recusa, um arrogante ator de novelas quebra uma garrafa de vidro na cabeça de um segurança negro da Sala VIP, o grupo é obrigado a lidar com uma situação incomum.

Luiz (Eduardo Silva) é um professor de Antropologia. Mônica (Valéria Simeão) é uma jovem atriz. Francisca (Graça Berman) é engenheira de computação. Teresa (Gabriela Rabelo) é viúva de um dos maiores empresários da cidade. Felipe (Pedro Lopes) é publicitário e Cecília (Telma Dias), sua esposa, que cuida de uma ONG. Todos são frequentemente servidos por um barman (William Amaral). O confinamento obrigatório conduz à exposição pública das suas maneiras de ser, de pensar, de agir, de se relacionar, de constranger, de oprimir, e até de serem solidários.

 

 

Primeiro texto para teatro

Mau Encontro é o primeiro texto de Guilherme Mattos que ganha os palcos. Escrito entre 2013 e 2014, o autor inscreveu o texto em um concurso de novos dramaturgos da Funarte. “ Não ganhei nada, mas a Graça Berman estava como jurada e levou meu texto e mais dois para Companhia Letras em Cena”, conta ele.

Guilherme foi motivado a escrever a peça pela ebulição política da época, aliada aos conflitos prestes a explodirem: “Acho que tudo começou com a PEC das Domésticas. Boa parte do ódio que as classes médias iriam manifestar vem dali. Depois, dois casos de professoras universitárias que fizeram declarações revoltadas porque os aeroportos teriam se tornado ‘rodoviárias’. O acesso de camadas populares ao consumo de serviços era insuportável. Por fim, havia uma euforia no Brasil e no Rio de Janeiro graças à Copa do Mundo de Futebol e aos Jogos Olímpicos. Havia sobretudo um orgulho desmedido. Foi a nossa húbris”, explica o autor.

Já para a diretora Imara Reis, Mau Encontro seria um acidente cujos efeitos amplificam preconceitos, egoísmos e a impotência de lidar com problemas evidentes: “A Sala VIP se torna uma metáfora de uma situação generalizada: aquelas parcelas da população que detêm algum tipo de privilégio, tentam viver em bolhas de segurança protetoras da fúria da maioria dos excluídos na sociedade brasileira. Todos querem, mas nem todos podem entrar na Sala Vip”.

 

Personagens invisíveis

O espetáculo traz ainda mais dois personagens – o segurança e a babá –, que não aparecem, mas são importantes para o desenrolar da trama. Para dar uma nova camada de leitura, Imara Reis teve a ideia de que esses dois personagens fossem caracterizados como duas esculturas, apenas com o tronco. “As obras de René Magritte, geralmente sem rostos, foram uma inspiração. Nessa época de objetificação do sujeito e em que as pessoas são vistas por aquilo que elas fazem e não pelo que elas são, tento mostrar a inércia em que a sociedade está, além da realidade cruel em que vivemos, sintetizando esses aspectos críticos”, pontua a diretora.

Imara Reis acredita que o texto dialoga com o atual momento do Brasil e do mundo e diz que foi uma das prioridades deixar a história mais contemporânea: “O texto foi escrito há cinco anos e com esse passar do tempo estamos vivendo numa realidade mais dura, tensa e desumana, então tive que ter um novo olhar para a condição humana atual”, esclarece. Guilherme Mattos faz coro: “A peça é uma distopia que se realizou muito rápido. Existe um ódio ali, um desejo de invisibilizar o outro, um desejo desavergonhado de eliminação e também uma vontade desmedida de restaurar uma hierarquia supostamente perdida. Além disso, um deslumbramento com o que é rico, branco, estrangeiro. São personagens obcecados com certas ideias e sem qualquer compromisso com a verdade. Isso fala muito sobre a ascensão da extrema-direita no Brasil e no mundo”.

Ficha Técnica
Texto – Guilherme Mattos
Direção – Imara Reis
Elenco – Eduardo Silva, Gabriela Rabelo, Graça Berman, Pedro Lopes, Telma Dias, Valéria Simeão e William Amaral. Assistente de Direção – Gira de Oliveira
Cenário, Figurinos e Iluminação – Kleber Montanheiro
Coordenação Geral – Graça Berman
Administração e Produção Executiva – Claudete Pontes
Assistente de Produção – Telma Dias
Criação Musical – Marcelo Moss
Criação de Imagens – Guilherme Motta
Programação visual – Edu Reyes

 

 

 

 

 

Mau Encontro
Centro Cultural de Santo Amaro
Teatro Leopoldo Fróes
Avenida João Dias, 822 – Santo Amaro
Tel.: 5541-7057
Capacidade: 111 lugares
Duração: 70 minutos
De 13 a 16 de junho
Quinta-feira a sábado, às 20h
Domingo, às 19h
Recomendado para maiores de 14 anos
Ingressos: Grátis (Retirada de ingressos com uma hora de antecedência)

 

 

Foto: Guilherme Motta

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