Série Hóspede da Casa-museu Ema Klabin traz obra de Romain Dumesnil

Nessa série, o artista instala uma de suas obras que deve ter relação com o acervo da Casa-Museu…

 

 

 

 

No mês de junho, a Casa-Museu Ema Klabin promove a série Hóspede. Nela, trabalhos de arte contemporânea são hospedados pela Fundação Ema Klabin por um período de um mês. Esta edição conta com a obra “Lapso” (2017), do artista francês Romain Dumesnil, exposto em relação com o quadro “Torre de Babel” (seguidor não identificado da escola de Bruegel, séc. XVII) que faz parte do acervo da coleção de Ema Klabin.

A obra de Romain Dumesnil ficará exposta no salão principal da Casa-Museu Ema Klabin ao lado do quadro “Torre de Babel” até o dia 30 de junho. Junto as obras um texto de Gilberto Mariotti, curador da série Hóspede. A obra pode ser apreciada de quarta a domingo, das 14h às 18h. Entrada franca aos finais de semana e feriados.

Romain Dumesnil é o segundo artista a hospedar sua obra na Casa-Museu Ema Klabin. A primeira foi Guga Szabzon, com seu trabalho “Dilema” (2015).

Segundo o coordenador de Artes Visuais da Casa-Museu Ema Klabin, Renê Foch, além da série Hóspede e do programa Arte-Papo, a Casa- Museu Ema Klabin conta com outros projetos de arte-contemporânea, como Jardim Imaginário, Backdrop grafite, e a série Intervalo Contemporâneo.

O museu ainda abriga um acervo permanente com mais de 1500 obras de grandes mestres da arte mundial, entre pinturas do russo Marc Chagall e do holandês Frans Post, dos modernistas brasileiros Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Portinari e Lasar Segal; talhas do mineiro Mestre Valentim, mobiliário de época, peças arqueológicas e decorativas.

 

Romain Dumesnil
França, 1989 – Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Formado pela Sciences Po (França) e pela EAV Parque Lage, onde integrou o programa PAC II sob direção da Lisette Lagnado (2015).

No Brasil, apresentou exposições individuais no espaço EMCB (RJ 2015, 2016). Participou, entre outras, das coletivas Abre Alas 13 na Galeria A Gentil Carioca (RJ 2017), 41° Salão de Artes de Ribeirão Preto (SP 2016), 66° Salão Paranaense (PR 2017), 35° Salão Arte Para com curadoria de Marcelo Campos e Paulo Herkenhoff (PA 2016), Feira Art Rio 2016 com a Galeria Bernard Ceysson Paris (RJ 2016), Quarta-Feira de Cinzas com curadoria de Luisa Duarte no Parque Lage (RJ 2015), Primavera nos dentes com curadoria de Bernardo Mosqueira e Ulisses Carrilho na Galeria Lume (SP 2016), Caso o Acaso na Central Galeria (SP 2016), Unanime Noite com curadoria de Bernardo José de Souza na Galeria Bolsa de Arte (SP 2016), Cultivar o deserto como um pomar às avessas no Centro de Artes da UFF (RJ 2016).

Participou também de coletivas na Europa, no Centre d’Art Contemporain Villa Arson (FR 2016), Primo Piano Paris (FR 2016), Frameless Gallery (RU 2015), entre outras.
Série Hóspede: Romain Dumesnil, “Lapso”
Fundação Ema Klabin
Rua Portugal, 43 – Jardim Europa
Tel.: 3897-3232
Período: Até o dia 30 de junho de 2019, das 14h às 18h
Visitas: Quarta a domingo
Ingressos: Aos finais de semana e feriados entrada franca.
Nos outros dias, o ingresso custa R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).

 

 

 

Lapso de linguagem por Gilberto Mariotti – curador da série Hóspede

Ao estrangeiro que habite o português, nossa realidade movediça, contraditória, embora familiar para nós em sua falta de sentido, resta a coleta de fragmentos deste mundo que o estranha. Peças soltas, se reunidas como numa colagem improvisada podem produzir, em contato com outras, novos sentidos, mas nem por isso deixam de falar de sua origem. Remetem tanto ao deslocamento quanto à identidade. “O tema da Torre de Babel, na idade moderna […], é uma consequência da expansão europeia pelo mundo. É a expressão de um “olhar mundo”, fruto dos encontros e desencontros de povos, costumes e culturas proveniente de uma primeira leva da globalização […]. A Torre de Babel coloca a capacidade de traduzir como um fio de Ariadne. É o meio para sair do labirinto da incomunicabilidade que caracteriza a “máquina do mundo” em que vivemos”.

No horizonte de quem vaga por língua estranha pode despontar este edifício impossível, cuja falha de projeto se avista de tão longe. Distante, é denunciado por sua pretensão, e próximo, se traveste em cidade (tão grande é a extensão de suas fundações), indo de obstáculo sedutor à conquista inalcançável. Ao subir infinitamente por suas escadas tortuosas, atravessar seus cômodos conjugados, o estrangeiro terá habitado por anos nenhum outro lugar senão a própria língua, nenhum outro campo que não o da fronteira. Ingrata a tarefa da representação: contrapor, mapa mundi em mãos, as bordas dos tais “encontros e desencontros”, numa movimentação conflituosa de territórios, as fronteiras da língua que definem, conceituam, dão fim à realidade: “O eixo que une os dois polos é a linha ao longo da qual a língua se projeta a partir do calar-se autêntico, ou vice-versa, ao longo da qual a língua decai em direção do calar-se autêntico. […] A conversação que somos, e que é toda realidade, surgiu e sempre surge do indizível, o nada” . Resta sempre algo que, por sua ausência, conecta dois polos opostos. Dois mundos que, mesmo ao se ignorarem, possibilitam, um ao outro, sua existência.

 

 

Foto “Lapso” (2017), de Romain Dumesnil: Divulgação
Foto “Torre de Babel”(seguidor não identificado da escola de Bruegel, séc. XVII) Acervo da Casa-Museu Ema Klabin: Vera Albuquerque

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