Grupo Pandora de Teatro apresenta Comum no Sesc Belenzinho

Montagem tem como eixo norteador o período ditatorial brasileiro e a descoberta, em 1990, da vala clandestina do Cemitério Dom Bosco, localizado no bairro de Perus, em São Paulo com mais de mil ossadas, onde foram identificados desaparecidos políticos e cidadãos mortos pela violência da ditadura militar…

 

 

 

 

 

Fundado há 15 anos no bairro de Perus, em São Paulo, o Grupo Pandora de Teatro reestreia Comum, dia 30 de agosto, sexta-feira, às 21h30, no Sesc Belenzinho. Com texto e direção de Lucas Vitorino, as apresentações integram a programação da exposição Meta-Arquivo 1964-1985 – Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura.

Com os atores Filipe Pereira, Rodolfo Vetore, Rodrigo Vicente, Thalita Duarte e Wellington Candido, Comum é formado por fragmentos de três histórias que se relacionam e se complementam. A primeira se passa no final dos anos 80, quando um jovem precisa passar por diversos obstáculos e conflitos para descobrir a verdade sobre o desaparecimento de seus pais, envolvidos com atividades de movimentos revolucionários na época da ditadura militar.

A segunda, inspirada nos coveiros da peça Hamlet, de William Shakespeare, se passa nos anos 70 e retrata de forma cômica o universo de dois coveiros que recebem uma estranha tarefa: cavar uma vala enorme, de tamanho desproporcional. A terceira é a história de Beatriz Portinari e seu namorado. O casal é retratado desde o primeiro encontro, as atividades políticas na faculdade em pleno período da ditadura militar, até a transformação dela em uma integrante do Movimento Estudantil com seus ideais, contradições, sua prisão e o nascimento de seu filho.

Histórias do bairro Perus
Para o autor e diretor Lucas Vitorino Comum traz à cena um embate no campo simbólico da memória e da verdade acerca da violência de estado, “com a força da teatralidade, partimos de um fato histórico para contestar a política de esquecimento que opera no país hoje, de forma poética e reflexiva”, explica. Lucas conta ainda que a montagem do espetáculo, que segue com a pesquisa do grupo com temas relacionados à história do bairro de Perus, aconteceu graças a 30ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo.

A revelação da existência de uma vala clandestina dentro de um cemitério oficial, desencadeou um processo de busca da verdade sem precedentes no país. A vala comum do Cemitério Dom Bosco foi apresentada ao mundo como um dos muitos crimes cometidos pelo regime surgido com o golpe de estado de 1964, e trouxe a crueldade da ditadura militar à tona no começo dos anos 1990. Até ali, o desaparecimento de pessoas, os falsos tiroteios e atropelamentos, as marcas de tortura e dores da perda, pertenciam apenas ao universo dos familiares, sobreviventes e amigos.

Comum, o décimo espetáculo do Grupo Pandora de Teatro, sempre com temas pertinentes ao universo da periferia, começou a ser escrito em 2016. Lucas Vitorino escrevia as cenas e levava para a sala de ensaio, onde o grupo lia os textos e fazia improvisações sobre o material. Segundo o autor e diretor, o espetáculo deve ser encenado durante todo o segundo semestre de 2019. “Nos dias de hoje, em que o período ditatorial brasileiro está em uma disputa de narrativas, rememorar este fato, para nós, é uma atitude política e urgente”.

Ficha Técnica
Criação – Grupo Pandora de Teatro
Texto e Direção – Lucas Vitorino
Elenco – Filipe Pereira, Rodolfo Vetore, Rodrigo Vicente, Thalita Duarte e Wellington Candido
Design de Luz e Música – Elves Ferreira
Operação de Luz – Caroline Alves
Edição de Vídeo – Filipe Dias
Figurino – Thais Kaori
Cenografia – Lucas Vitorino e Thalita Duarte
Cenotecnia – Eprom Eventos e Luis Fernando Soares
Operação de Vídeo – Lucas Vitorino
Treinamento Corporal – Rodrigo Vicente e Rodolfo Vetore
Preparação Corpo e Voz – Paula Klein
Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta
Assessoria de Gestão de Grupo – Cynthia Margareth (Aflorar Cultura)
Produção – Caroline Alves e Thalita Du.

 

 

 

 

 

 

 

Comum
Sesc Belenzinho
Sala de Espetáculos I
Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho
Tel.: (11) 2076-9700
Capacidade: 100 lugares
Duração: 110 minutos
Estreia dia 30 de agosto, sexta-feira, às 21h30
Temporada : Até 15 de setembro
Sextas-feiras e sábados, às 21h30
Domingos, às 18h30
Ingressos:
R$ 20,00 (inteira)
R$ 10,00 (meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência)
R$ 6,00 (credencial Sesc)
Recomendado para maiores de 14 anos
Bilheteria – De terça-feira a sábado, das 9h às 21h30 e domingo e feriado, das 9h às 19h30
Estacionamento – R$ 15,00 e R$ 7,50 (credencial Sesc) para espetáculos noturnos pagos a partir das 17h mediante apresentação de ingresso.

 

Sobre o Grupo Pandora de Teatro

Em 2019 o Grupo Pandora de Teatro comemora 15 anos de trabalho de pesquisa e criação teatral no bairro de Perus. Fundado a partir do Programa Teatro Vocacional da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo, o Grupo Pandora de Teatro (integrante da Cooperativa Paulista de Teatro), desenvolve pesquisa continua e criação teatral. Realizou as montagens: O Senhor Puntilla e seu Criado Matti (2004), criação coletiva a partir do texto de Bertold Brecht; A Igreja do Diabo (2005), adaptação do texto homônimo de Machado de Assis; Tietê, Tietê (2006), criação coletiva a partir do texto de Alcides Nogueira; Jesus-Homem (2006), de Plinio Marcos, direção de Lucas Vitorino; A Revolta dos Perus (2007), criação coletiva sobre a história do bairro de Perus, Canibais Vegetarianos Devoram Planta Carnívora (2012), criação coletiva com dramaturgia de Vince Vinnus e direção de Lucas Vitorino; Relicário de Concreto (2013) criação coletiva com dramaturgia de Vince Vinnus e direção de Lucas Vitorino; Jesus-Homem (2015), criação coletiva inspirada no original de Plínio Marcos, direção de Lucas Vitorino; Ricardo III não terá lugar ou cenas da vida de Meierhold (2015), de Matéi Visniec e direção de Lucas Vitorino; Nomes para Furacões (2017) criação do Grupo Pandora de Teatro com texto e direção de Lucas Vitorino. Desde o início de 2016 o Grupo Pandora de Teatro ocupa um espaço público ocioso que estava abandonado há seis anos e que nunca havia cumprido função social, propondo a revitalização e ressignificação do mesmo, inaugurando um novo espaço cultural no bairro de Perus: o Cine Teatro Pandora – Ocupação Artística Canhoba.

 

Foto: Meire Ramos

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