Verve Galeria exibe primeira individual de Lyz Parayzo

Em “Quem tem medo de Lyz Parayzo?”, a artista carioca apresenta os desdobramentos de sua pesquisa no campo da escultura, sob curadoria de Pablo León de La Barra…

 

 

 

 

 

A Verve Galeria exibe “Quem tem medo de Lyz Parayzo?”, da artista homônima, com texto crítico de Pablo León de La Barra. Lyz Parayzo apresenta trabalhos das séries Bixinhas, Alcinhas e Escudos, que buscam referências a partir dos movimentos concreto e neoconcreto brasileiros – nas figuras dos artistas Waldemar Cordeiro e Lygia Clark – e do alemão Max Bill, de sua própria biografia e histórias da comunidade LGBTQ+.

A artista desenvolve objetos de caráter auto defensivo com cortes e dobras, transformando-os em armas, escudos e armaduras. O corpo, além de suporte para os trabalhos autorais, é plataforma de pesquisa. “Vejo-me como uma artista que ressignifica a estética construtiva das décadas de 50 e 60 no Brasil e transfigura a violência sofrida pelo feminino no meu corpo, catalisada em obras de arte”, define Lyz. Os objetos que cria, mesmo não possuindo uma ligação direta com seu corpo, são absorvidos por ele a partir do momento que comunica o fato através de suas performances.

Todas as obras das séries em exposição são executadas em chapas de alumínio, que se transformam em objetos cortantes. As Armaduras e Escudos transmitem a mensagem de proteção, por seu acabamento em forma de lâmina. A série das Bixinhas, seu trabalho mais conhecido, é composta por esculturas de metal que revisitam o famoso Bicho de Lygia Clark. Como já escreveram as curadoras Isabella Rjelle e Amanda Carneiro “(…) em Bixinha, Parayzo recusa a suposta passividade e domesticidade que os Bichos manipuláveis de Clark poderiam sugerir. A Bixinha busca afastar e não atrair; manipulá-la tem aqui um efeito contrário. O suposto uso carinhoso do termo “bicho” no diminutivo e no gênero feminino é ainda uma forma pejorativa de apelidar homens “afeminados”. Ao empregá-lo como título de sua obra, a artista fricciona estereótipos atribuídos a essa feminilidade, subvertendo uma suposta docilidade e passividade destes corpos”.

Por uma necessidade de autoproteção advinda de sua história, o material que Lyz Parayzo utiliza é rígido e cortante, e quando toma sua forma final pode representar algo perigoso. Ainda assim, a relação é ambígua: “Meus trabalhos são atrativos por serem de metal reluzente; convidam ao toque, mas, ao mesmo tempo, podem ser perigosos” afirma Lyz. Ao trabalhar a partir de moldes figurativos, cria formas abstratas e um glossário imagético, focado na cor rosa e no metal, transformando-o em esculturas-objeto para usar ou vestir.

O percurso de Lyz Parayzo teve início através de suas invasões performáticas em galerias de arte e museus, como uma crítica a um sistema institucional seletivo e excludente, onde se insurgia contra os parâmetros de liberdade concedidos aos artistas. Agora, ao estar inserida neste mesmo circuito, faz um convite para que respondam à pergunta “Quem tem medo de Lyz Parayzo?” e completa: “agora que esse lugar é meu!”.

 

 

 

 

 

“Quem tem medo de Lyz Parayzo?”
Artista: Lyz Parayzo
Texto crítico: Pablo León de La Barra
Coordenação: Allann Seabra e Ian Duarte Lucas
Verve Galeria
Rua Lisboa, 285 – Jardim Paulista
Tel.: (11) 2737-1249
Abertura: 28 de agosto de 2019, quarta-feira, às 19hs
Período: 29 de agosto a 05 de outubro de 2019
Horários: Terça a sexta-feira, das 11 às 19h / Sábado, das 11 às 17h
Número de obras: 12
Técnica: Escultura
Dimensões: Variáveis
Preços: R$2.500,00 a R$10.000,00

 

Lyz Parayzo
Ativista LGBTQ+, escultora e performer. Indicada ao Prêmio PIPA (2017) e selecionada para residência na Despina (RJ), FAAP(SP) e PIVÔ Arte e Pesquisa (SP). Finalista do Prêmio EDP das artes do Instituto Tomie Ohtake em 2018 e nomeada ao Cisneros Fontanals Art Foundation (CIFO) Prize de 2020. Tem em seu corpo seu principal suporte de trabalho e sua performatividade diária como plataforma de pesquisa. Suas esculturas fazem parte das coleções do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM); Museu de Arte do Rio (MAR). Participou de exposições coletivas, nacionais e internacionais, podendo destacar: MASP (SP); Galeria Municipal do Porto, Portugal; Museu de Arte do Rio (MAR); Maus Hábitos, Portugal; Galeria Vermelho, (SP); SESC; 2 Gran Bienal Tropical (Porto Rico), Casa França-Brasil (RJ) e Parque Lage (RJ). Lyz Parayzo participa da mostra Histórias Feministas no MASP (2019)

 

Pablo León de La Barra
Pablo León de la Barra é o curador da América Latina do Museu e Fundação Guggenheim, Nova York; Curador do MAC Niteroi, Rio de Janeiro e curador associado da America Latina do MASP, Museu de Arte de São Paulo. Ele nasceu na Cidade do México em 1972. Barra tem Ph.D. em Histórias e Teorias da Architectural Association, Londres. Anteriormente ele foi o curador UBS MAP da America Latina do Guggenheim,(2013-2016) e Diretor da Casa França-Brasil no Rio de Janeiro (2015-16). León de la Barra organizou e co-organizou exposições em instituições pelo mundo, incluindo o museu Solomon R. Guggenheim, Nova York; MOCAD, Detroit; South London Gallery, Londres; Kunsthalle Zürich; Museo Tamayo e Museo Jumex, México; TEOR/éTica, San José, Costa Rica; Museo de Arte de Zapopan, Guadalajara; Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; MASP, São Paulo. Ele foi o fundador e co-curador da primeira e segunda Bienal Tropical, San Juan, Porto Rico (2011 e 2016), co-curador do SITE Santa Fe Biennial, Novo México (2016) e curador do Pavilhão Mexicano na Bienal de Veneza em 2017.

 

Verve Galeria
Verve é uma galeria de arte contemporânea fundada em São Paulo, em 2013. Nascida do entusiasmo e inspiração que animam o espírito da criação artística, a Verve é abrigo para diferentes plataformas de experimentação da arte contemporânea. A eloquência e sutileza que caracterizam o nome do espaço também estão presentes na cuidadosa seleção de artistas e projetos expositivos.
Por entender que as linguagens artísticas compreendem processos contínuos e complementares, a galeria representa novos talentos e profissionais consagrados que transitam livremente entre a pintura, o desenho, fotografia, escultura e a gravura.
Dirigida pelo artista visual Allann Seabra e o arquiteto Ian Duarte Lucas, a galeria ocupa uma casa centenária, em franco diálogo com o patrimônio construído da cidade de São Paulo. Na diversidade de seus espaços expositivos emergem possibilidades de curadoria que vão além do formato do cubo branco, estendendo-se para a rua e cumprindo a função integradora entre a arte, o público e a cidade.

 

Foto Título – Bracelete Lança (Conj. 2 peças) – 2018, Autor – Lyz Parayzo, Técnica – Alumínio

 

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