Cia As Graças sobe em seu ônibus e vai para cinco regiões de São Paulo

Para a mostra, foram escolhidas as obras Canto a Canto, Marias da Luz, Nas Rodas do Coração, Quem Vem de Longe e Tem Francesa no Morro. Este projeto foi contemplado pela 36ª edição da Lei de Fomento ao Teatro…

 

 

 

 

Em comemoração às duas décadas e meia de atuação, As Graças apresenta, a partir do dia 7 de novembro de 2021, a mostra de repertório Tantas Vozes: 25 anos da companhia teatral As Graças. O grupo apresenta cinco obras em diferentes regiões da cidade, ocupando espaços de outros núcleos teatrais, com quem farão ações culturais diversificadas, como oficinas, intervenção artística e bate-papos. Todo o projeto, os espetáculos programados e atividades são dedicados à memória de Juliana Gontijo, integrante e uma das fundadoras d’As Graças, que morreu em fevereiro de 2021. Composta atualmente pelas atrizes Eliana Bolanho e Vera Abbud, nesta mostra também participam como atrizes convidadas Daniela Schitini, que foi integrante fixa por vinte anos, Kátia Daher, Nilcéia Vicente e Paola Musatti.

A circulação, segundo o grupo, é uma forma de encontrar outros públicos, outros corpos e diálogos. “Cada grupo tem a escuta e vivência do seu território. Queremos essa integração tanto para mostrar nosso trabalho em lugares que ainda não tivemos a oportunidade e para aprender a partir das experiências desses grupos”, conta Eliana Bolanho.

O primeiro coletivo com quem serão feitas essas trocas é as Clarianas, grupo musical formado por três cantoras/atrizes (Martinha Soares, Naloana Lima e Naruna Costa), uma rabequeira (Ca Raiza), um violonista (Giovani Di Ganzá), um baixista (Augusto Luna) e uma percussionista (Jackie Cunha), que tem como mote principal a investigação da voz da mulher ancestral na música popular do Brasil a partir do contexto da música “natural”, de tradição popular, dos cantos caboclos de matriz africanordestina-indígena-periférica, das comunidades brasileiras. As atividades acontecem no palco do Circular Teatro, o ônibus-teatro da Cia As Graças, assim como as apresentações dos outros grupos. Também está agendada uma oficina de voz que acontece na sede das Clarianas, o Espaço Clariô (R. Santa Luzia, 96 – Vila Santa Luzia, Taboão da Serra – SP), na zona sul de São Paulo.

As artistas passam ainda pelos espaços do Quilombo Sambaqui, na zona norte (Jardim Guarani – Brasilândia); do grupo Rosas Periféricas, na zona leste (Parque São Rafael); do grupo Negro Sim, na zona oeste (Butantã); e do Ocupação 9 de Julho, no Centro. Em cada espaço, serão feitas cinco apresentações dos espetáculos d’As Graças e o grupo parceiro abrirá a mostra com espetáculo ou intervenção de sua autoria. “Nossas obras serão apresentadas no nosso ônibus-teatro, que estacionará em uma rua, praça ou parque, de preferência no entorno da sede do grupo parceiro”, comentam as artistas. A ocupação conta também com uma oficina de voz coordenada por Juliana Amaral destinada preferencialmente às mulheres da comunidade, integrantes do grupo e artistas da região. Em cada espaço, serão ainda programadas rodas de conversas com datas a serem divulgadas.

Para a ocupação, foram selecionados espetáculos que evidenciam diferentes tipos de utilização do ônibus-teatro – desde o uso de seu palco frontal até a sua inserção como elemento cenográfico em espetáculos itinerantes. O ônibus é uma marca da evolução da dramaturgia do grupo para rua, evolução que será mostrada por completo nas ocupações a fim de que o público de cada região possa acompanhar as escolhas estéticas e temáticas que o coletivo desenvolveu ao longo de todos esses anos.

“Nossa chegada à rua nunca implicou o abandono das pesquisas anteriores. Pelo contrário, hoje nosso trabalho cênico realizado no espaço público das praças, parques e ruas reagrupa tanto a exuberância quanto a intimidade, tanto a música quanto o sussurro. Reagrupa adultos e crianças atentos à poesia, ao silêncio e às tramas urdidas em dramaturgias e encenações concebidas sob medida para a configuração feminina de nosso grupo e para o público dos espaços abertos, democráticos e, sobretudo, imprevisíveis das ruas”, contam as artistas.

As artistas reforçam que muitos dos espetáculos escolhidos para integrar a mostra, sobretudo Tem Francesa no Morro, não eram apresentados há muitos anos, fazendo com que as versões trazidas agora sejam quase releituras, um diálogo com o momento presente e com questões da atualidade.

 

Sobre os Espetáculos

Marias da Luz

O espetáculo foi construído a partir de depoimentos reais de mulheres do Parque da Luz. Este parque, o primeiro da cidade de São Paulo, fundado em 1798, serviu como base para a dramaturgia, para cenografia e para compor o universo poético das quatro personagens da obra. Quatro mulheres de tempos diferentes tocadas pelo abandono e pela solidão se encontram no Parque da Luz e buscam um novo começo para suas vidas. Maria Pequena (Eliana Bolanho), Mariana (Daniela Schitini) e Marivânia (Nilcéia Vicente) contam fragmentos das histórias de suas vidas à fotógrafa Marileide/Biguá (Vera Abbud).

Ficha Técnica – Marias da Luz
Direção e cenografia: André Carreira
Elenco: Daniela Schitini, Eliana Bolanho, Nilcéia Vicente, Vera Abbud
Dramaturgia: Daniela Schitini e Nereu Afonso
Assistência de direção: Nereu Afonso
Figurino: Claudia Schapira
Direção musical e trilha sonora original: Daniel Maia
Consultoria de som: Miguel Caldas e Daniel Maia
Fotos: João Caldas
Pesquisa: Maria Socorro dos Santos
Preparação corporal/Pilates: CecÍlia de Oliveira
Técnico de som: Flávio Pires
Motorista: Cecílio Bolanho Filho
Técnico de palco: Paulo Pelegrini, Cecílio Bolanho Filho e Flávio Pires
Produção: Daniela D’eon e Cia As Graças
Administração: Eneida de Souza
Realização: As Graças
Duração: 60 minutos
Classificação etária: Livre

 

 

Nas Rodas do Coração

Comédia musical sobre uma companhia de teatro mambembe que apresenta seu repertório pelas ruas da cidade de São Paulo. Enquanto a peça está sendo encenada, as atrizes descobrem as falcatruas da dona da companhia e tentam, nos bastidores, desmascarar os golpes da vilã. O espetáculo é inspirado nos sambas de Adoniran Barbosa e na estrutura do melodrama, sendo encenado em cima de um ônibus teatro itinerante.

Ficha Técnica – Nas Rodas do Coração
Direção: Ednaldo Freire
Texto: Regina Galdino
Músicas: Adoniran Barbosa
Direção Musical: Mário Manga e Adilson Rodrigues
Figurinos e Cenário: Kleber Montanheiro
Coreografia: Fernando Neves
Elenco: Eliana Bolanho, Kátia Daher, Paola Musatti e Vera Abbud
Técnico de som: DaniJack
Motorista: Cecílio Bolanho Filho
Técnicos de palco: Cecílio Bolanho, Flávio Pires e Paulo Pelegrini
Produção: Daniela D’eon e Cia As Graças
Administração: Eneida de Souza
Realização: Cia As Graças
Duração do Espetáculo: 1h e 10m
Classificação Livre

 

 

Quem Vem de Longe

De um ônibus que chega no local de apresentação, saem três mulheres e um musicista. Elas entram no espaço cênico carregando um monte de sapatos. Nesse espaço, as atrizes esboçam uma cartografia do deslocamento. Com os sapatos, criam um mapa indistinto, povoado por seres deslocados da terra natal, deslocados da sociedade atual. Os sapatos significam os migrantes, os imigrantes, os andarilhos, os errantes, as ausências, as permanências, as instabilidades e os caminhos. São seres em movimento – mais ou menos esquecidos, mais ou menos acolhidos – com seus rastros, fissuras e fronteiras. Dentre essa distribuição cartográfica, essas figuras trabalham textos e músicas que falam dos temas atuais dos deslocamentos humanos e apontam para uma narrativa da reflexão sobre o preconceito, sobre as categorias estanques e, sobretudo, sobre as respostas prontas.

Ficha Técnica – Quem Vem de Longe
Direção: Cristiane Paoli Quito
Dramaturgia: Nereu Afonso
Direção Musical: Gustavo Kurlat
Assistente de Direção: Lúcia Kakazu
Elenco: Eliana Bolanho, Nilcéia Vicente e Vera Abbud
Musicista: Flávio Pires
Figurino: Claudia Shapira
Cenografia: Vera Abbud e Cristiane Paoli Quito
Técnicos de palco: Cecílio Bolanho Filho
Produção: Daniela D’eon e Cia As Graças
Administração: Eneida de Souza
Realização: Cia As Graças
Duração do espetáculo: 45 min
Indicação: Livre

 

 

Tem Francesa no Morro

Inspirado livremente na vida e na carreira das atrizes Dercy Gonçalves, Virgínia Lane, Mara Rúbia e Aracy Cortes, a peça tem início quando quatro vedetes se encontram no palco do teatro Recreio, grande templo das revistas brasileiras, na véspera da demolição daquela casa de espetáculos em que marcaram época. A partir desse encontro, se inicia uma volta no tempo. Combinando ficção a fatos verídicos, o espetáculo passa a trazer ao espectador um pouco da história da revista no Brasil e do universo de estrelas do passado, cuidando, assim, de oferecer ao espectador o retrato de uma época. Os números musicais trazem canções de alguns dos maiores compositores da música popular brasileira, como Noel Rosa, Lamartine Babo, Ary Barroso e Assis Valente, este, autor da música que dá título ao espetáculo.

Ficha Técnica – Espetáculo: Tem Francesa no Morro
Roteiro, direção, cenografia e figurinos: Kleber Montanheiro
Elenco: Daniela Schitini, Eliana Bolanho, Kátia Daher e Vera Abbud
Direção musical: Mário Manga e Adilson Rodrigues
Arranjos: Mário Manga
Arranjos Vocais: Adílson Rodrigues
Direção de Movimento: Cris Belluomini
Visagismo: Gil L’Arruda
Assistência de direção: Cássio Pires
Fotos: João Caldas
Assistência de Cenografia: Antonio Ivaldo Melo e Renato Rebouças
Técnico de som: DaniJack
Técnicos de palco: Cecílio Bolanho, Flávio Pires e Paulo Pelegrini
Motorista: Cecílio Bolanho Filho
Produção: Daniela D’eon e Cia As Graças
Administração: Eneida de Souza
Realização: Cia. As Graças e Cia da Revista
Sobre A Intervenção

Canto a Canto

A obra é uma intervenção poética e intimista, que acontece na rua, feita por duas atrizes para uma pessoa ou um pequeno grupo. O espectador é convidado a escolher alguma lembrança em uma das gavetas de uma caixa. Isso é o pretexto para uma determinada sequência de música, poesia ou pequenos textos. Como num segredo compartilhado, artista e espectador estabelecem um momento de proximidade único. Um pequeno espetáculo feito para poucos espectadores – um presente delicado e pessoal.

Ficha Técnica – Canto a Canto
Elenco: Eliana Bolanho e Vera Abbud
Classificação Livre
Local: Intervenção itinerante

 

 

 

 

Programação Grátis
Acesso livre

Novembro em parceria com as Clarianas
Praça do Campo Limpo
Rua Dr. Joviano Pacheco de Aguirre, 30 – Jardim Bom Refúgio

Domingo, 07 de novembro, às 15h – Canto a Canto e às 16h – Clarianas

Sábado, 13 de novembro, às 16h – Tem Francesa no Morro

Domingo, 14 de novembro, às 16h – Nas Rodas do Coração

Sábado, 20 de novembro, às 16h – Marias da Luz

Domingo, 21 de novembro, às 16h – Quem Vem de Longe

 

Dezembro em parceria com o Negro Sim/ A Casinha
Casa de Cultura do Butantã
Av. Junta Mizumoto, 13 – Jardim Peri Peri

Domingo, 05 de dezembro, às 13h – Canto a Canto e às 14h – grupo Negro Sim

Sábado, 11 de dezembro, às 16h – Marias da Luz

Domingo, 12 de dezembro, às 14h – Quem Vem de Longe

Sábado, 18 de dezembro, às 16h – Nas Rodas do Coração

Domingo, 19 de dezembro, às 16h – Tem Francesa no Morro

 

Janeiro em parceria com o Quilombo Sambaqui
Associação dos Moradores do Jardim Guarani

Rua Itambé do Mato Dentro, Jardim Guarani – Vila Brasilândia

15 ou 16 de janeiro (a definir), sábado ou domingo, às 15h – Canto a Canto e  às16h – Quilombo Sambaqui

Sábado, 22 de janeiro, às 16h – Tem Francesa no Morro

Domingo, 23 de janeiro, às 16h – Nas Rodas do Coração

Sábado, 29 de janeiro, às 16h – Marias da Luz

Domingo, 30 de janeiro, às 16h – Quem Vem de Longe

 

Fevereiro em parceria com Rosas Periféricas
Praça Oswaldo Luiz da Silveira – Parque São Rafael

5 ou 6 de fevereiro (a definir), sábado ou domingo, às 15h – Canto a Canto e às 16h – grupo Rosas Periféricas

Sábado, 12 de fevereiro, às 16h – Quem Vem de Longe

Domingo, 13 de fevereiro, às 16h – Marias da Luz

Sábado, 19 de fevereiro, às 16h – Nas Rodas do Coração

Domingo, 20 de fevereiro, às 16h – Tem Francesa no Morro

 

Março de 2022 – Centro
Ocupação 9 de Julho

Sábado, 5 de março, às 15h – Canto a Canto e às 16h – grupo Ocupação 9 de Julho

Domingo, 6 de março, às 15h – Canto a Canto e às 16h – grupo Ocupação 9 de Julho

Sábado, 12 de março, às 16h – Tem Francesa no Morro

Domingo, 13 de março, às 16h – Nas Rodas do Coração

Sábado, 19 de março, às 16h – Marias da Luz

Domingo, 20 de março, às 16h – Quem Vem de Longe

 

 

 

Sobre As Graças
A Cia Teatral As Graças foi criada em 1995. Desde então, realizaram 17 trabalhos teatrais, um livro, dois documentários e criaram o Circular Teatro, ônibus-teatro que é um palco sobre rodas destinado a ocupar espaços públicos com arte. O grupo surge com o trabalho de finalização do curso da Escola de Arte Dramática de SP. O espetáculo era Endecha das Três Irmãs, baseado na obra da poeta Adélia Prado. Nesse início, eram três atrizes: Eliana Bolanho, Daniela Schittini e Juliana Gontijo (1964 – 2021). A atriz Vera Abbud entra para o grupo no segundo trabalho: Poemas para Brincar, com poesias de José Paulo Paes.

Nos trabalhos seguintes, a cia As Graças seguem o caminho da poesia: Itinerário de Pasárgada, com poesias de Manuel Bandeira, intervenção com poesias de Carlos Drummond de Andrade, participação do documentário A um passo do pássaro, da TV Cultura, sobre a poeta Orides Fontela e a intervenção Canto a Canto, com diversos poetas.

Esse início marcado pela poesia no teatro é consequência do apreço do grupo por essa expressão literária, mas também pela lacuna de textos teatrais escritos exclusivamente para mulheres. Essa característica do grupo, a de ser exclusivamente feminino, as obrigou a pensar e criar uma dramaturgia própria. Com exceção do espetáculo Noite de Reis, de William Shakespeare, sempre foram criadas dramaturgias próprias.

O grupo não possui uma pessoa responsável pela direção/dramaturgia em seu núcleo artístico – sendo ele designado como um grupo de atrizes/produtoras. A cada montagem, um diretor ou diretora é convidada em função dos desafios estéticos e éticos aos quais a companhia se lança. As parcerias, cada uma a seu modo, instigam o deslocamento da zona de conforto. O percurso da companhia é múltiplo em formas, temas e gêneros teatrais. A fim de continuar a construir – e desconstruir – formas e saberes, o grupo procura entender como seu trabalho dialoga com o tempo presente.

 

Foto Marias da Luz: João Caldas Filho

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