Clã do Jabuti estreia No terreiro de Yayá

Gravada no sertão do Cariri, a peça-filme conta, por meio da festa de Reisado, a história da menina Maria e sua passagem da infância para a adolescência. A estreia acontece dia 09 de dezembro, às 19h, e segue em cartaz até o dia 19, pelo canal do YouTube do grupo, com retransmissão pelas redes sociais da Casa de Cultura M’Boi Mirim, Espaço CITA, Centro Cultural Santo Amaro e Teatro João Caetano. Para acessar o canal do Clã do Jabuti, clique aqui

 

 

 

 

 

Os intérpretes Fagundes Emanuel, Isabela Picolotte, Laruama Alves, Lilyan Teles, Renato Macedo e Rubens Alexandre atuam em texto escrito por Gabriela Romeu e Antonia Mattos, que também assina a concepção e direção geral

No terreiro de Yayá, o novo trabalho da Cia Clã do Jabuti, mergulhou nas histórias do brinquedo popular, principalmente o Reisado, para tratar de um assunto a um só tempo particular e universal, a passagem da infância para a adolescência. A história usa essa festa do reisado, realizada tradicionalmente no interior do Ceará, na região do Cariri, para conduzir a personagem principal nessa jornada de aprendizados e encantamentos. A estreia acontece dia 09 de dezembro e segue em cartaz até dia 19 de dezembro, pelo Youtube.com/cladojabuti, com retransmissão pelas redes sociais de Teatros e Casas de Cultura municipais.

Contemplado pelo 34º Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro, o ponto de partida para este trabalho foi o livro “Terra De Cabinha: Pequeno Inventário Da Vida De Meninos e Meninas Do Sertão”, e o documentário “Reis e Meninos”, ambos da jornalista e pesquisadora Gabriela Romeu. A partir desses trabalhos, que trazem histórias, versos e adivinhas dos ‘cabinhas’, apelido dado às crianças na região do Cariri, a pesquisa trouxe um diálogo com a região e a cultura popular, com mestres e mestras do local.

Para a diretora e dramaturga Antonia Mattos, o livro e o filme de Gabriela Romeu também a lançaram em um encontro com sua própria história ancestral. “Queria fazer uma homenagem a minha avó, que havia acabado de fazer sua passagem, quando encontrei o trabalho de Gabriela Romeu vivi um reencontro com a minha família, com histórias que minha mãe contava, versos que minha avó cantava, com lembranças do Ceará, onde nasci. Sempre digo que a ancestralidade trabalha de um jeito invisível. De alguma forma, a história da Maria, seu rito de passagem, me reconectou com o lugar de onde eu vim”, afirma.

Sinopse
Maria é uma menina rainha e guerreira do reino de Entremundos que está prestes a viver um dos momentos mais desafiadores de sua vida: entregar sua coroa de reisado e conquistar outro lugar nesse tradicional folguedo. Não bastasse o desafio de crescer, coisas estranhas acontecem no terreiro de Yayá, sua Avó, o que convoca a menina a uma jornada pelo sertão.
Dramaturgia
Escritora, jornalista e crítica de teatro, uma das idealizadoras do Projeto Infâncias, que registra modos de viver e brincar das crianças pelo Brasil, esta é a primeira vez que Gabriela Romeu está do outro lado da cena e assina a dramaturgia do espetáculo ao lado da diretora Antonia Mattos.

Em seus dois trabalhos que serviram de inspiração para esta peça-filme, durante dois anos, Gabriela percorreu o interior do Cariri para contar um pouco de como vivem esses meninos e meninas do sertão. Agora retoma esse olhar em parceria com as observações da diretora. “Para mim, voltar ao Cariri foi um revisitar”, revela a dramaturga. “A Antonia leu o livro e, de alguma forma, ele a tocou com sua história pessoal, que trouxe também a força de sua avó para a cena”, conta Gabriela.

No terreiro de Yayá narra a história da menina Maria, que, como dita a tradição, está prestes a entregar sua coroa de reisado e assumir outro lugar nesse tradicional folguedo. Ao mesmo tempo, no terreiro de Yayá, sua avó, estranhos acontecimentos lançam a menina em uma jornada pelo sertão. “O enredo e o processo da pesquisa giraram em torno dessa menina que resiste a passar a coroa”, diz a escritora.

Na travessia, Maria segue acompanhada por uma trupe de artistas, seus comparsas cabinhas, que cruzam arraiais, roçados assombrados por injustiças, histórias de dar medo e uma noite sem fim. Esse percurso é também guiado por algumas perguntas que fizeram parte do processo do grupo: O que significa perder a infância? E qual é o rito desta passagem? Tudo isso pode acontecer em meio a uma festa?.

“É uma travessia de crescer sempre com evocações da ancestralidade”, diz Gabriela Romeu. “É uma infância muito ligada ao calendário de festas e à natureza e as histórias identifico sempre como narrativas urgentes que crianças nas plateias não acessam”, completa.
Registros
A peça-filme foi registrada no sertão do Cariri. Depois de um ano de encontros virtuais, por conta da pandemia, a equipe viajou ao local e a peça-filme tem as cores da região e a participação de alguns personagens locais. As gravações aconteceram em Juazeiro do Norte no bairro de João Cabral, sede do Reisado dos irmãos; no Crato, no terreiro do Mestre Aldenir e da Mestra Zulene; e em em Nova Olinda, na Fundação Casa Grande – Memorial do homem Kariri.

“Depois de passar por esses lugares, a sensação é de que a peça-filme ganhou novo sentido, novas cores, respira o ar do Cariri, e as personagens se encontraram: as reais e as que estão nos corpos dos intérpretes. A passagem pelo Cariri foi uma experiência profunda e bonita, é como se a gente tivesse com o esqueleto do filme e ele ganhasse o sopro da vida”, coloca Antonia Mattos.

Com interpretações de Fagundes Emanuel, Isabela Picolotte, Laruama Alves, Lilyan Teles, Renato Macedo e Rubens Alexandre, a peça-filme teve direção musical de Jonathan Silva e Lincoln Antonio; direção de arte de Cleydson Catarina; registro do Coletivo 7 visões, conduzido por Fernando Solidade, Flávio Galvão e Rogério Pixote; direção técnica de Edson Luna; produção de Roberta Marangoni, assistência de direção de Agatha Tosta, assistência de direção de arte de Letícia Lise, assistência de produção de Sarah Zurck, assistência de direção musical de Leonardo Matheus; fotografia de Samuel Macedo.

Ficha Técnica
Direção geral, concepção e dramaturgia: Antonia Mattos
Dramaturgia: Gabriela Romeu
Direção de arte: Cleydson Catarina
Direção musical: Jonathan Silva e Lincoln Antonio
Intérpretes: Fagundes Emanuel, Isabela Picolotte, Laruama Alves, Lilyan Teles, Renato Macedo e Rubens Alexandre
Diretor técnico: Edson Luna
Produção: Roberta Marangoni
Assistente de direção: Agatha Tosta
Assistente de direção de arte: Letícia Lise
Assistente de produção: Sarah Zurck
Assistente de direção musical: Leonardo Matheus
Equipe de filmagem/edição: Coletivo 7 visões (Fernando Solidade, Flávio Galvão e Rogério Pixote)
Fotografia: Samuel Macedo
Designer e ilustrador: Murilo Silva

 

 

 

 

 

Canal de YouTube do Clã do Jabuti
Classificação Livre
65 minutos
Gratuito

Dias: 9 e 12 de dezembro, às 19h
Retransmissão: Facebook da Casa M Boi Mirim

Dias: 10 e 11 de dezembro, às 19h
Retransmissão: Facebook do Centro Cultural Santo Amaro

Dias: 16 e 17 de dezembro, às 19h
Retransmissão: Facebook do Espaço Cultural CITA

Dias: 18 e 19 de dezembro, às 16h
Retransmissão: Facebook Teatro João Caetano
Clã do Jabuti
O grupo Clã do Jabuti nasceu em 2011 com o desejo de investigar histórias relacionadas à ancestralidade, à tradição oral, e sua união com a música, o canto e a dança afro-brasileiras e afro-caribenhas. Seu nome veio do primeiro processo de investigação com a obra de Mário de Andrade presente nos livros de poemas “Clã do Jabuti”, “Carro da Miséria” e “Macunaíma”, que deram origem ao espetáculo de rua “Não vim no mundo pra ser pedra” (2011) Em 2015, estreia o espetáculo infanto juvenil “Eleguá, menino e malandro”. Em 2017 o grupo é contemplado pelo PROAC com o projeto “Circulação Eleguá menino e malandro” pelos Quilombos do Vale do Ribeira. Em 2018, recebeu o Prêmio de incentivo ao Teatro infantil e jovem como Melhor Trilha Original 2017. Em 2019, foi contemplado pela 34ª Edição da lei de fomento ao teatro com o projeto Yayás: Reinados de Festa e Encantamento – em Busca de um Teatro Brincante com diversas ações ligadas ao teatro infantil, entre elas a estréia da peça-filme “No Terreiro de Yayá”, seu terceiro trabalho.

 

Foto de cena de No terreiro de Yayá: Fernando Solidade

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