Eduardo Kobra doa dois grandes murais – “Ciência e Fé” e “Metamorfoses”- para o HC no aniversário de São Paulo

Um dos murais, finalizado ontem, “Ciência e Fé”, de 20 metros de altura por dez de largura, situado na rua Dr. Eneias de Carvalho Aguiar, traz a mensagem clara e direta de que não há contradição entre acreditar em Deus e também na Ciência…

 

 

 

 

 

 

 

Com as cores que caracterizam boa parte de suas obras, Kobra mostra as mãos de um médico, com o jaleco e o estetoscópio, em posição de oração. Já o painel “Metamorfoses”, de 34 metros de altura por 7,5 de largura, em uma imensa parede no Prédio dos Ambulatórios do Hospital das Clínicas de São Paulo, mostra borboletas e deverá estar pronto até o final de janeiro. “Fiz ‘Metamorfoses’ pensando nas pessoas que estão doentes e precisam de esperança, fé e transformação para superar esse momento difícil”, conta o artista urbano.

As obras de Eduardo Kobra no HC de São Paulo manifestam apoio à Ciência e à Saúde, nesse momento de recrudescimento da pandemia.

Um dos murais, finalizado ontem, “Ciência e Fé”, de 20 metros de altura por dez de largura, situado na rua Dr. Eneias de Carvalho Aguiar, traz a mensagem clara e direta de que não há contradição entre acreditar em Deus e também na Ciência. Com as cores que caracterizam boa parte de suas obras, Kobra mostra as mãos de um médico, com o jaleco e o estetoscópio, em posição de oração. Já o painel “Metamorfoses”, de 34 metros de altura por 7,5 de largura, em uma imensa parede no Prédio dos Ambulatórios do Hospital das Clínicas de São Paulo, mostra borboletas e deverá estar pronto até o final de janeiro. “Fiz ‘Metamorfoses’ pensando nas pessoas que estão doentes e precisam de esperança, fé e transformação para superar esse momento difícil”, conta o artista urbano.

O paulistano Eduardo Kobra fez dois grandes murais para doar ao Hospital das Clínicas de São Paulo, no aniversário de São Paulo, 25 de janeiro. Desde o início da pandemia, o artista reduziu o número de trabalhos e adiou 39 dos 40 convites que tinha para pintar no Exterior. No Brasil, a maioria das obras foi relacionada à Pandemia. Através da arte, Kobra conscientiza sobre a necessidade de se vacinar e do uso de máscaras e ajuda a levantar recursos para pessoas em situação vulnerável.

Agora, mais uma vez Kobra direciona seu olhar para a Saúde. Um dos murais (“Metamorfoses”) ocupa uma imensa parede que começa no Espaço de Convivência, no primeiro andar do Prédio dos Ambulatórios do Hospital das Clínicas de São Paulo (onde está situada a Hematologia e a Fundação Pró-Sangue, maior banco de sangue da América Latina, com 10 mil doadores por mês) e se estende até o 8º e último andar. A obra está em processo final de produção e deve estar finalizada até o final de janeiro. De acordo com o Dr. Vanderson Rocha, presidente do Pró-Sangue e diretor do Serviço de Hematologia do HCFMUSP, e que apresentou o espaço para o muralista, passam diariamente pelo local de 10 a 15 mil pessoas.

Segundo Kobra, o painel de 34 metros de altura por 7,5 de largura mostra borboletas que saem da água, na base do mural, e vão até o alto do prédio. “Coloquei o nome ‘Metamorfoses’ pensando nas pessoas que estão doentes e precisam de esperança, fé e transformação para superar esse momento difícil”, conta o artista urbano, que prossegue: “Resolvi doar o painel pelo fato de o HC de São Paulo ser uma instituição pública que atende a milhares de pessoas por dia. Pessoas físicas, entidades e empresas apoiaram o projeto, como a Dionísio.Ag, que cuidou da logística do painel. De alguma forma acho que a arte pode inspirar, atenuar o sofrimento e dar ânimo para seguir adiante às milhares de pessoas que passam por ali todos os dias”.

O muralista conta ainda que pintou pedras preciosas nas asas de algumas das borboletas, como uma lembrança de que cada vida é preciosa e que devemos sempre lutar para preservá-la.

O segundo mural, finalizado na tarde de ontem, segunda-feira, dia 24, fica à rua Dr. Eneias de Carvalho Aguiar, 255, em São Paulo. Traz uma mensagem clara e direta, na arte e no nome escolhido: “Ciência e Fé”. Com as cores que caracterizam boa parte de suas obras, mostra as mãos de um médico, com o jaleco e o estetoscópio, em posição de oração. “Esse painel pode ser visto por todas as pessoas. Tem 20 metros de altura por 10 metros de largura. A obra mostra que Ciência e Fé caminham lado a lado. Cada uma nos fornece algo que não se pode obter a partir da outra. Acredito demais na Ciência e na Medicina e agradeço aos médicos, enfermeiros e demais profissionais da Saúde que colocam suas vidas à nossa disposição. Eu e a maioria dos brasileiros também colocamos nossa fé em ação e o coração em Deus, para que ele abençoe nossas vidas, as vidas das pessoas que amamos e também a Ciência, para que ela encontre a cura. Tanto a Medicina quanto a Ciência nascem de uma única fonte: Deus! Então não existe essa contradição, que tentam criar, entre as duas. Não há por que acreditar só em uma ou na outra”.

O conhecido muralista brasileiro ressalta que ambos os murais foram doados. “É um gesto em meu nome, mas também dos paulistanos e brasileiros em geral para o Hospital das Clínicas de São Paulo, que faz um trabalho de excelência. Eu mesmo, que tenho problemas graves de saúde, já fui atendido muitas vezes e acompanhei de perto a determinação de todos ali. É uma honra, um privilégio enorme poder, com o meu trabalho, retribuir tudo que esses profissionais fazem por nós com sua incrível capacidade de se doar em benefício do próximo”.

 

Espaço humanizado
O lugar de onde começa a obra “Metamorfoses”, de Eduardo Kobra, era até há pouco um vão cinza no prédio dos ambulatórios (Pamb) do Hospital das Clínicas de São Paulo. Conta o Dr. Vanderson Rocha: “estamos no térreo e o teto ficou no andar da Hematologia. Um dia, quando eu e o arquiteto Luis Robles andávamos pelo HC, achamos o prédio muito impessoal e frio e tivemos a ideia de criar um espaço que trouxesse humanização e acolhimento dentro do Pamb. A Crefisa, a Fundação Pró-Sangue e a Superintendência do Hospital das Clínicas de São Paulo apoiaram essa ideia. Agora, com a arte magnífica que Eduardo Kobra produziu e doou, esse espaço será ainda mais importante para os pacientes e seus familiares, assim como para nossos funcionários. Esperamos também que sirva de inspiração para que mais e mais pessoas contribuam com os projetos e cotidiano do hospital. Provavelmente quem estiver no Espaço de Convivência para doar sangue, por exemplo, e postar uma foto ou vídeo do mural ‘Metamorfoses’ nas Redes Sociais, inspirará mais pessoas a também se doarem em prol de quem precisa”, afirma o Dr. Vanderson Rocha. “É preciso estimular as doações. Durante a pandemia tivemos uma redução de cerca de 20% de doadores”, completa.

O superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), Antonio José Rodrigues Pereira, destaca a importância dos murais de Kobra nesse período de pandemia. “É com enorme prazer e profunda gratidão que recebemos estes dois presentes do Kobra para o nosso complexo. Os profissionais da saúde do HC de São Paulo foram, sem dúvida alguma, grandes guerreiros nestes últimos dois anos e ter esse reconhecimento em forma de obra de arte, das mãos deste talentoso artista, nos honra imensamente”, afirma. E acrescenta: “são obras que remetem à resiliência dos nossos mais de 20 mil profissionais e, também, à ideia de que a fé e a ciência não são exatamente dissociáveis. É a Ciência que nos permite ter o conhecimento e as condições necessárias para salvar vidas, e é a fé que nos dá motivação e forças para continuar mesmo diante das adversidades. Ambas se complementam e foram fundamentais no enfrentamento à pandemia”.

 

Sobre Eduardo Kobra
Kobra, 46 anos, é um expoente da neo-vanguarda paulistana. Começou como pichador, tornou-se grafiteiro e hoje se define como muralista. Seu talento brota por volta de 1987, no bairro do Campo Limpo com o pixo e o graffiti, caros ao movimento Hip Hop, e se espalha pela cidade e pelo mundo. Com os desdobramentos que a arte urbana ganhou em São Paulo, ele derivou – com o Studio Kobra, criado em 95 – para um muralismo original – inspirado em muitos artistas, especialmente os pintores mexicanos e norte-americanos, beneficiando-se das características de artista experimentador, bom desenhista e hábil pintor realista. Suas criações são ricas em detalhes, que mesclam realidade e um certo “transformismo” grafiteiro.

Muitos críticos afirmam que a característica mais marcante de Kobra é o domínio do desenho e das cores. Mas o que é fundamental para o artista é o olhar. Kobra foi desde cedo apresentado às adversidades da vida. Viu amigos sucumbirem às drogas e à criminalidade. Alguns foram presos. Outros perderam a vida. Foi o olhar que o salvou.

Kobra é autor de projetos como “Muro das Memórias”, em que busca transformar a paisagem urbana através da arte e resgatar a memória da cidade; Greenpincel, onde mostra (ou denuncia) imagens fortes de matança de animais e destruição da natureza; e “Olhares da Paz”, onde pinta figuras icônicas que se destacaram na temática da paz e na produção artística, como Nelson Mandela, Anne Frank, Madre Teresa de Calcutá, Dalai Lama, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, John Lennon, Malala Yousafzai, Maya Plisetskaya, Salvador Dali e Frida Kahlo. Em meio ao caos urbano, buscou resgatar o patrimônio histórico que se perdeu. Em um contexto repleto de desigualdade social e injustiças, buscou se inspirar em personagens e cenas que servem de exemplo para um mundo melhor.

Hoje, os murais de Kobra estão em cerca de 35 países e em diversas cidades e estados brasileiros – como “Etnias – Todos Somos Um”, no Rio de Janeiro, “Oscar Niemeyer”, em São Paulo; “The Times They Are A-Changin” (sobre Bob Dylan), em Minneapolis; “Let me be Myself” (sobre Anne Frank), em Amsterdã; “A Bailarina” (Maya Plisetskaia), em Moscou; “Fight For Street Art” Basquiat e Andy Warhol), em Nova York; e “David”, nas montanhas de Carrara. Em todos os trabalhos, o artista busca democratizar a arte e transformar as ruas, avenidas, estradas e até montanhas em galerias a céu aberto. Inquieto, estudioso e autodidata, também faz pesquisas com materiais reciclados e novas tecnologias, como a pintura em 3D sobre pavimentos. Em 2018, pintou 20 murais nos Estados Unidos, 18 deles em Nova York.

Cada vez mais conhecido, Kobra fica, é claro, orgulhoso quando vê uma multidão que observa um de seus murais, mas costuma dizer que o que o comove de verdade é descobrir alguém que para no meio da correria da cidade para observar, mesmo que por um minuto, os detalhes dessa obra. Apesar dos murais monumentais, Eduardo Kobra faz sua arte para despertar a consciência e a sensibilidade de cada um de nós.

 

Sobre o Hospital das Clínicas de São Paulo
O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) é composto por oito institutos e considerado o maior complexo hospitalar da América Latina. Durante a pandemia, teve papel fundamental no combate à COVID-19 no Estado de São Paulo, sendo referência no atendimento de casos graves e gravíssimos da rede pública, com mais de nove mil pacientes com COVID-19 confirmada atendidos e taxa de alta de 67%. O HCFMUSP também contribuiu com diversas ações no enfrentamento à doença, como o isolamento de seu maior instituto, o Central, com 900 leitos, para que ficasse exclusivamente dedicado ao atendimento de pacientes de COVID-19, além de desenvolver diversas pesquisas sobre a doença e ser o primeiro hospital a iniciar a campanha de vacinação dos seus profissionais no Brasil.

 

Foto Kobra em frente ao novo mural Ciência e Fé, no Hospital das Clínicas de São Paulo: drone.cyrillo

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