O Abismo da Prata de Gian Correa e Os Chorões Alterados

Em 15 de janeiro, o violonista 7 cordas, compositor, arranjador, Gian Correa e Os Chorões Alterados lançam o álbum “O Abismo da Prata” em formato digital e físico, e o projeto com o artista plástico Apolo Torres, que une o grafite e o choro…

 

 

 

 

 

 

 

O Abismo da Prata nasceu da parceria entre Gian Correa e o artista plástico Apolo Torres. O projeto que aborda temas sociais tem como maneira de expressão o diálogo entre duas artes: o grafite e o choro. Para cada uma das 8 composições de Gian Correa, um muro foi pintado na cidade de São Paulo por Apolo. Através do QR code presente em cada muro, é possível se apreciar a pintura mural e a respectiva música simultaneamente.

A música diz respeito ao olhar de Gian Correa sobre o choro contemporâneo, este gênero centenário que nas mãos de Gian toma nova forma, com uma sonoridade fresca que flerta com elementos musicais atuais, mas não deixa de lado os fundamentos da música brasileira.

Para este álbum, Gian contou com alguns dos maiores representantes em seus instrumentos da cena musical paulistana: Cainã Cavalcante no violão de 6 cordas, Enrique Menezes nas flautas, Henrique Araújo ao cavaquinho, bandolim e violão tenor, e Rafael Toledo na percussão.

O trabalho conta ainda com participações especiais de Juliana Amaral (voz), Renato Braz (voz) e Shai Maestro/NY (piano Rhodes).

“Gian Correa é uma convergência de superlativos. Como toca, como arranja, como compõe!
Músico raro. muito inquieto com a cabeça a milhão por hora!
Veio para enriquecer a música brasileira. Altíssimo nível! Uma honra poder dizer essas palavras sobre ele.”
Guinga

Neste disco, Gian Correa traz a expressão sonora da indignação a uma lógica sistêmica de opressão e abuso. O foco é a denúncia das injustiças sociais. Cada faixa, ainda, é acompanhada por um painel de Apolo Torres que traz, em si, a tradução, em imagem, do mesmo conceito. Cada painel é pintado em um ponto da cidade de São Paulo de grande importância para o choro.

 

Álbum O Abismo da Prata

 

 

 

 

 

 

 

1.Nua e Crua
Avenida Paes de Barros, 955, Bairro da Mooca.
Homenagem ao Clube do Choro de São Paulo
Na verdade, é tudo injusto e desnecessário. Essa é a realidade, nua e crua. Tudo que há são mãos pueris que trabalham enquanto outras brincam. Só há, de um lado, o futuro e, de outro, o fim. Só há o silêncio e o descaso, assentados e irremovíveis do palanque sagrado da desigualdade. Como sofreram os profetas que quiseram derrotar a feiura que caminha pelos corredores da história.
Como rodaram as rocas e os teares que tecem fios inquebráveis, grilhões que passam qual herança, atravessando as gerações.

 

2.Não Se Entrega
Rua General Osório 46, Bairro Sta. Efigênia
Homenagem à tradicional roda de choro a loja Contemporânea
O dia a dia é melodia que se repete. Em meio à batalha, permanecer talvez não seja dever, mas certamente é salvação. A mão frágil que entrega balas no farol é a mesma que toca, firme, cordas e coração. É espírito que se levanta e carrega, na penumbra, o mundo inteiro em suas costas.
É dura e mutável a caminhada, do cantar preguiçoso do galo ao cair violento das noites.
Resta somente a resistência àqueles que não se entregam.

 

3.O Diplomado da Corte
Rua Belmiro Braga, 16, Bairro Vila Madalena
Homenagem ao Bar do Cidão
Como ter coragem pra bater no próprio peito e tomar como teu aquilo que de teu nada tem? Não seria melhor dar graças, sempre e em todo lugar, por aquilo que te foi entregue em bandeja de prata? É ético teu destino? É veloz ou morosa tua jornada? Assim, o diplomado se torna o bobo, e tem na corte o seu picadeiro. Mas o problema vai vir quando o circo pegar fogo.

 

4.Suor Por Matéria
Rua 13 de Maio, 749, Bairro Bixiga
Homenagem ao bar Villagio Café
Caminhando cinzentos pelas ruas, uma coleção de mercadorias nos espreita.
Relógios de corda, repetimos e repetimos, dando de cabeça baixa nosso suor e nosso brilho, bilhetes de troca de cada vez menos valor. Perdemos a nós mesmos e ganhamos coisas — e que tristes são as coisas! Somos também dignos de louvor.
Mais valem as forças e histórias e amores e tudo mais que não pode e não será comprado. Somos, também e principalmente, imateriais.

 

5.Notas Amargas
Rua Capital Federal, 30, Bairro Sumaré
Homenagem à Roda de Choro do Silvinho,
Bar do Bacalhau, Escola de Choro de SP e Rádio Tupi.
O sabor da tirania é amargo e amargas são as notas que tão inumanamente trocam de mãos. É também amargo o odor putrefato dos frutos que já foram colhidos podres do pé, como se fosse esse seu inevitável porvir. Maçãs proibidas que tomamos e comemos e, com amargura, cuspimos de volta ao chão. Mas tanta amargura não será em vão: serão amargos seus destinos, que nós, com notas nossas de outro soar, reduziremos a pó.

 

6. Lampejo de Consciência
Rua Simpatia, 159, Bairro Vila Madalena
Homenagem ao Bar Ó Do Borogodó
Lampejos de um sonho azulado. Clarão, faísca, centelha. Homens que removem seus ternos e abandonam suas gravatas. Despem-se também de preconceitos, privilégios, prata. Comungam todos do mesmo pão. Mãos abertas e união. Só por um instante, por um segundo, ainda que fugaz.
Mas é só sonho e tudo some em rápido espiral com o soar cruel do despertador.
É hora de ir trabalhar.

 

7.Vida Que Segue
Rua Jequirituba, 566, Bairro Grajaú
Homenagem ao luthier de instrumentos de choro Agnaldo Luz
Somos as dores dos ombros que carregam enxadas. Os calos nos dedos. Somos as serras e os machados que cortam madeira. As faces escurecidas pelo carvão que move a fábrica, que move o trem. Madeira e carvão. Café com pão, café com pão. Indivíduos-locomotiva, tordos silenciados, calados com as bocas de arroz e feijão.
Um passo atrás do outro, encontrando o sol que entra pelas rachaduras das paredes de gesso da opressão.

 

8.Esperançar
Av. Baruel, 259, Bairro Casa Verde
Homenagem à roda de choro do luthier Manoel Andrade
Os muros não vão se derrubar sozinhos, tampouco vão, de bom grado, se abrir as algemas.
O asfalto não vai quebrar por vontade própria: cabe à flor furá-lo. Agir é verbo.
Mudar é verbo. Lutar é verbo. Quaisquer que sejam nossas armas, do sangue à poesia, esperar é inconcebível. Não basta a esperança. Devemos esperançar.

Ficha Técnica
Os Chorões Alterados
Gian Correa: Violão 7 Cordas
Cainã Cavalcante: Violão 6 Cordas
Enrique Menezes: Flautas
Henrique Araújo: Cavaquinho, Bandolim, Violão Tenor e Tamborim
Rafael Toledo: Panderia, Pandeiro, Adufe, Caixa, Caixeta, Reco-Reco, Pratos

Músicos convidados
Juliana Amaral Voz [faixa 8]
Renato Braz Voz [faixa 8]
Shai Maestro Piano Rhodes [faixa 4]

Produzido por Gian Correa
Gravação Thiago Big Rabello no estúdio Da Pá Virada
Assistente de gravação: Frederico Pacheco
Mixagem: Gian Correa no estúdio Usina Telecoteco
Masterização: Rodrigo Castro Lopes
Gravado 25 e 26 de novembro de 2020

Lançamento pelo selo Anzic Records, New York.
Produção Executiva | Giovani Correa
Projeto | Enrique Menezes
Apoio | Usina Telecoteco
Shai Maestro gravado por ele mesmo
Renato Braz gravado por Mário Gil no estúdio Dancape
Juliana Amaral gravada por Gian Correa no estúdio Usina Telecoteco
Gian Correa usa violões Agnaldo Luz e cordas DÁddario

Ilustrações do CD | Apolo Torres
Design da Arte do CD | Maria Birba
Textos e poemas do Encarte | Renato Frei
Fotos | Thamires Mulatinho
Todas as composições e arranjos são de autoria de Gian Correa
Todos os murais foram pintados por Apolo Torres entre março de 2020 e fevereiro de 2021
Poema e letra de Esperançar por Renato Frei

 

Mini bios – Gian Correa e os Chorões Alterados

Gian Correa – violão de 7 cordas
Gian Correa é atualmente um dos mais renomados violonistas de 7 cordas do país. Já atuou nos mais importantes palcos de música instrumental no Brasil com seus projetos Mistura 7, Remistura 7, Gian Correa e os Chorões Alterados, Duo com Rogério Caetano e Gian Correa Big Band. Seus álbuns foram elogiados pela crítica especializada e selecionados em listas de melhores discos do ano. Além de ter carreira solo consolidada, Gian Correa já participou de shows e gravações ao lado de nomes como Criolo, Emicida, André Mehmari, Nicolas Krassik, Yamandu Costa, Mestrinho, Zeca Pagodinho, Nelson Sargento e Monarco da Portela.

Atualmente encabeça o Instituto Usina Telecoteco, é professor e idealizador da Escola de Choro de São Paulo. Se prepara para o lançamento do álbum O Abismo da Prata no início de 2021.

https://www.giancorrea.com.br/oabismodaprata

 

Cainã Cavalcante – violão de 6 cordas
Com pouco mais de 20 anos de carreira, o violonista Cainã Cavalcante nutre parcerias nos palcos e em gravações com grandes nomes da música do mundo.

Sua trajetória musical conta com diversos concertos pelo Brasil, América Latina e Europa , tocando em países como Alemanha, Áustria, Holanda, França, Letônia e Suécia.

Atualmente, Cainã mora na cidade de São Paulo e tem firmado parcerias com nomes como Hamilton de Holanda, Ney Matogrosso, Fabiana Cozza , Mestrinho, Maria Gadú e Elba Ramalho, entre outros.

Seu mais recente trabalho é o álbum “Sinal dos Tempos”, obra lançada em 2021 em homenagem a Annibal Augusto Sardinha, o gênio das cordas “Garoto”.

O álbum foi gravado em formato de trio ao lado do grande baixista Guto Wirtti , e do baterista que é parte da história da música brasileira, Paulo Braga. O trabalho tem sido bastante aclamado pela crítica especializada.

 

Enrique Menezes – flauta
Flautista, pós-doutorado em etnomusicologia pela Unicamp, Doutor e Mestre em musicologia pela Universidade de São Paulo, graduado em composição pela Escola de Comunicações e Artes/USP. 1o prêmio de composição no Programa Nascente, nas  categorias composição erudita e composição popular. Procura relacionar a prática

musical e a reflexão sobre ela, atuando em diferentes ambientes musicais – popular, tradicional e experimental. Tem atuado com frequência em palco e gravações, publicado artigos sobre música brasileira em revistas nacionais e internacionais, participado de congressos, e ministrado cursos sobre o estudo da música popular no Brasil.

 

Henrique Araújo
Representa atualmente importante referência do cavaquinho e do bandolim no cenário musical do Brasil. Concluiu os cursos de bandolim e cavaquinho na ULM-SP, em 2008, atual Emesp Tom Jobim. Estudou composição e regência na faculdade FAAM e harmonia com o professor Claudio Leal, em 2013. Atua há mais de quinze anos no cenário musical brasileiro, integrando diversos grupos importantes e acompanhando nomes de destaque, como Nelson Sargento, Izaías Bueno de Almeida, Renato Teixeira e Zeca Baleiro, entre tantos outros. Se apresentou em festivais internacionais de renome e vem ministrando oficinas e workshops em importantes festivais e instituições do Brasil e do exterior.

Há 12 anos acompanha a cantora Fabiana Cozza, com a qual gravou quatro discos e já se apresentou em diversos lugares do mundo. Em 2018, lançou O Choro do Sertão, seu primeiro disco solo, inteiramente dedicado às composições instrumentais de Dominguinhos. Assinou a co-direção musical, ao lado de Gian Correa, do disco Francineth & Batuqueiros e sua Gente, vencedor do Prêmio Profissionais da Música 2019, na categoria Samba.

Atualmente, com 35 anos, é professor e fundador da Escola de Choro de São Paulo e professor da Escola de Música do Auditório do Ibiraquera, integra os grupos Panorama do Choro Paulistano Contemporâneo, Hércules Gomes e Regional, Gian Correa Quinteto, além de acompanhar o compositor Douglas Germano e atuar como diretor musical de espetáculos como Partido Alto Douglas Germano & Batuqueiros e Sua Gente e Zeca Pagodinho ao vivo na Casa de Francisca gravado em Setembro de 2021.

 

Rafael Toledo – percussionista
Músico formado em Percussão pelo Conservatório de Tatuí e graduado em Produção Musical pela Faculdade Anhembi-Morumbi. Professor-fundador da Escola de Choro de São Paulo e luthier dos Pandeiros Toledo. Atualmente acompanha os artistas: Douglas Germano, Déo Rian e Gian Corrêa além de integrar os grupos: Regional Imperial, Batuqueiros e Sua Gente, Trio Matriz e Cordão Carnavalesco Assim é que é.

Em sua carreira como músico Rafael já se apresentou nos grande palcos do Brasil e em dez países no exterior, gravou mais de cinquenta discos e se apresentou ao lado de Zeca Pagodinho, Paulo César Pinheiro, Criolo, Roberto Silva, Elton Medeiros, Wilson Moreira, Rosa Passos, Cristina Buarque, Almir Guineto, Leny Andrade, Altamiro Carrilho, Hamilton de Hollanda, Jorginho do Pandeiro, Yamandu Costa, Luciana Rabello, Cristovão Bastos, entre outros.

 

 

Acompanhe Gian Correa nas redes
https://www.youtube.com/channel/UCaKHKUhrqrs-vAlcAgATUZAhttps://www.facebook.com/7giancorrea
https://www.instagram.com/gian_correa/

 

Fotos: Thamires Mulatinho

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