Cia. Mungunzá de Teatro leva para a rua seu novo espetáculo

anonimATO tem direção de Rogério Tarifa e é um diálogo com a cidade e seus habitantes. Montagem acontece dentro do Parque da Luz em um percurso de 100 metros em linha reta e traz à cena atores, músicos, bonecos e poesia…

 

 

 

 

Uma ode ao teatro. É assim que a Cia. Mungunzá de Teatro apresenta seu primeiro trabalho concebido para a rua. Com direção de Rogério Tarifa, anonimATO estreia dia 3 de junho, sexta-feira, às 15h, no Parque da Luz, no centro de São Paulo. Em um cortejo de 100 metros em linha reta, o espetáculo, uma homenagem ao fazer teatral, reúne 15 artistas em grandes instalações.

O espetáculo também é o primeiro musical do grupo paulistano, já que quase todos os textos foram musicados, além de contar com uma banda em cena. Para isso, anonimATO conta com direção musical e trilha sonora original de Carlos Zimbher. A junção de palavra e canto, uma das marcas da direção de Rogério Tarifa, teve o trabalho de Lucia Gayotto e Natália Nery na direção vocal interpretativa e composição musical do coro.

Idealizado inicialmente para debater o anonimato, a montagem de anonimATO foi se transformando ao longo dos ensaios até chegar com foco no ato e nas manifestações. No espetáculo oito personagens, figuras anônimas de uma cidade grande, são convocados de várias maneiras para um ato e se encontram nessa caminhada.

Os oito personagens – a mãe, a mulher-árvore, a vendedora de sonhos, o homem-placa, o pipoqueiro, o trabalhador, o homem que é “todo mundo” e a mulher que é “ninguém” – representam a multidão presente no ato e vão se transformando durante a caminhada. Para o diretor Rogério Tarifa o espetáculo tem um tom fabular a partir do momento que o ato vai se teatralizando. “anonimATO fala sobre a retomada do teatro como lugar de encontro após dois anos de pandemia. Nesse trecho de 100 metros são apresentadas muitas metáforas sobre o acontecimento teatral”, explica ele.

Já o ator Marcos Felipe conta que após Epidemia Prata, o último espetáculo da Cia. Mungunzá de Teatro, que apontava vários problemas sociais e a dureza das pessoas, a ideia com anonimATO é trazer para a cena mais esperança e utopia. “A montagem é um ponto de virada do grupo, pois saímos do seguro e adentramos em outras camadas de poesia. A Mungunzá junto com o Rogério Tarifa tenta descobrir o que é parir e matar o Teatro”.

 

Perna de pau e butô
Os primeiros ensaios de anonimATO, assim como a construção da dramaturgia, começaram no ambiente virtual e aos poucos foram migrando para o presencial. A atriz e dramaturga Verônica Gentilin ficou responsável pela elaboração final da dramaturgia. Em cima de textos produzidos pelo elenco e direção, Verônica foi criando novos textos. “Não foi um trabalho de emendas ou colagens, mas de atenção literária para a elaboração do macro”, acrescenta ela.

Em sua dramaturgia Verônica apresenta personagens utópicos, repletos de esperança, e a partir disso criou histórias sem compromissos com a realidade. “Os personagens vão se transformando ao longo do ato e do percurso que participam. De seres anônimos e invisíveis eles têm suas histórias contadas como alegorias. São diferentes, mas formam um coletivo e assim formam mais uma metáfora do teatro”, pontua a dramaturga.

anonimATO leva para dentro do Parque da Luz um ato, um teatro, um encontro. Com grandes instalações, bonecos, perna de pau, figurino inflável, música e movimentação, o espetáculo é uma mescla de linguagens. Os artistas também se inspiraram no butô, dança que surgiu no Japão pós-guerra e ganhou o mundo na década de 1970, para as caminhadas no percurso de 100 metros. Para isso contaram com a orientação de Marilda Alface.

Ficha Técnica
Direção – Rogério Tarifa. Argumento – Pedro das Oliveiras. Dramaturgia – Verônica Gentilin. Textos (base para dramaturgia) – Elenco, Rogério Tarifa e Verônica Gentilin. Elenco – Fabia Mirassos, Léo Akio, Lucas Bêda, Marcos Felipe, Paloma Dantas, Pedro das Oliveiras, Sandra Modesto e Virginia Iglesias. Direção Musical e Trilha Sonora Original – Carlos Zimbher. Direção Vocal Interpretativa e Composição Musical do Coro – Lucia Gayotto e Natália Nery. Corpo de trabalho (butô) – Marilda Alface. Colaboração Cênica – Luiz André Cherubini. Banda – Daniel Doc (guitarra e sintetizador), Flávio Rubens (clarinete, sax e rabeca), Nath Calan (percussão e bateria), João Sampaio (substituto – guitarra) e Luana Oliveira (substituta – bateria). Pré-produção Musical – Daniel Doc. Figurinos – Juliana Bertolini. Assistente de Figurino – Vi Silva. Costureiras – Francisca Lima e Lucita. Construção Figurino Inflável – Juan Cusicanki. Cenografia – Fábio Lima, Lucas Bêda, Luiz André Cherubini e Zé Valdir. Adereços e Bonecos (cabeção) – Zé Valdir. Operadores de Som – Junão Ferreira e Guilherme Christiano. Contrarregras – Fábio Lima e Mariana Beda. Poesia Gráfica (placas, carrinhos e bandeiras) – Átila Fragozo [Paulestinos]. Treinamento de Perna de Pau – Fábio Siqueira. Fotos – Letícia Godoy, Mariana Beda e Pedro Garcia de Moura. Assessoria de Imprensa – Frederico Paula [Nossa Senhora da Pauta]. Produção Executiva – Gustavo Sanna [Complementar Produções]. Produção Geral – Cia. Mungunzá de Teatro.

 

 

 

 

 

 

 

anonimATO
Espetáculo de rua da Cia. Mungunzá de Teatro.
Parque da Luz
Rua do Ponto do Bonde próximo ao Coreto – Praça da Luz s/nº – Bom Retiro, São Paulo
Telefone – (11) 3227-6093
De 3 de junho a 10 de julho
Sextas-feiras e sábados às 15h
Domingos às 11h e 15h
Dia 11 de junho, sábado, não haverá apresentação.
Sessão extra dia 16 de junho, quinta-feira, às 15h
Duração – 90 minutos
Classificação – Livre
Gratuito

 

Sobre a Cia. Mungunzá de Teatro
A Cia. Mungunzá de Teatro iniciou suas atividades em 2008, com uma pesquisa realizada em parceria com o diretor Nelson Baskerville, em torno do teatro épico de Bertolt Brecht, que gerou o espetáculo Por que a criança cozinha na polenta?. Entre 2008 e 2010, a peça realizou temporadas em São Paulo e participou de festivais em todo o Brasil, recebendo mais de 30 prêmios. Entre 2011 e 2013, também com a direção de Nelson Baskerville, a companhia realizou o premiado Luis Antonio–Gabriela, que narrava a história de transformação do irmão de Nelson Baskerville na travesti Gabriela. Concebido na perspectiva do teatro-documentário ou documentário cênico, Luis Antonio-Gabriela fez temporadas em São Paulo, além de circular por todo o Brasil e fazer apresentações em Portugal recebendo vários prêmios, entre eles o Shell e o APCA, o da Cooperativa Paulista de Teatro e o Prêmio Governador do Estado de São Paulo. Em 2015 estreia Era uma Era, que inaugura o repertório infantil da Cia. e no mesmo ano, o grupo leva aos palcos Poema Suspenso para uma Cidade em Queda, onde desdobra o tema da família em uma pesquisa sobre os relicários pessoais dos atores e pedaços de histórias, que se unem a experiências universais.

Em 2017 A Cia inaugura o Teatro de Contêiner Mungunzá, formado por 11 contêineres marítimos em um antigo terreno abandonado no bairro da Luz, centro da cidade de São Paulo. Vencedor do Prêmio APCA na categoria especial de teatro e um dos indicados ao Prêmio Shell de inovação pelo uso arquitetônico inédito voltado para o teatro, inserido na região degradada do centro da capital paulista, o Teatro de Contêiner Mungunzá recebeu, em dois anos, 549 apresentações teatrais (113 espetáculos diferentes). No ano seguinte, o grupo estreia Epidemia Prata, com direção de Georgette Fadel, que comemora 10 anos do coletivo e devolve ao público de forma engajada e poética a experiência vivida em um ano no centro de São Paulo, desde a criação do espaço na região da Luz. Também em 2018, a Cia. lança o livro-arte sobre os 10 anos do grupo – Mungunzá: Obá! Produção Teatral em Zona de Fronteira… – com assinatura do pesquisador teatral Alexandre Mate e colaboração de José Cetra.

No início de 2020, Epidemia Prata é encenado na Índia no Festival Internacional de Teatro de Kerala e em maio a Cia. Mungunzá de Teatro lança a Mungunzá Digital, uma plataforma virtual com uma programação eclética de conteúdos artísticos, culturais e sociais, pesquisas e projetos de variados artistas, criando um vasto acervo que abre espaço para conversas e aprofundamento nas obras e conteúdos dispostos. O grupo também estreia Poema em Queda-Live, espetáculo em três episódios concebido para o universo digital com diversas tecnologias, como softwares de Live Streaming, Vídeo Mapping, manipulação ao vivo de imagens, para de forma inovadora combinar a essência do teatro à diversas formas de artes digitais.

 

Foto:  Letícia Godoy

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