Brava Companhia apresenta Terra de Matadouros, livremente inspirada em clássico de Bertolt Brecht, no Centro Cultural Santo Amaro

Com direção de Fábio Resende, o elenco se reveza na interpretação de dezenas de personagens, na operação técnica e na execução de músicas originais, que são tocadas e cantadas ao vivo…

 

 

 

 

 

 

Com uma crítica ao sistema capitalista em ruínas, o espetáculo Terra de Matadouros, da Brava Companhia será apresentado no Centro Cultural Santo Amaro, nos dias 16 (feriado), 18 e 19 de junho e nos dias 1º, 2 e 3 de julho. A peça, dirigida e adaptada por Fábio Resende é livremente inspirada no texto Santa Joana dos Matadouros, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956).

Em cena, Ademir de Almeida, Elis Martins, José Adeir, Márcio Rodrigues, Max Raimundo e Paula da Pazse revezam na interpretação de dezenas de personagens, na operação técnica e na execução de músicas originais, que são tocadas e cantadas ao vivo. A peça é estruturada sem coxias, ou seja, todo o jogo cênico acontece aos olhos do público.

A partir do enredo original da peça, escrita em 1931, o espetáculo evidencia a crise provocada pela superprodução do mercado de carne em Chicago, nos Estados Unidos, dos anos de 1930. Em cena, aparecem duas tramas: de um lado está o grande industrial da carne enlatada Pedro Paulo Borraca, que cria artimanhas nefastas para continuar lucrando diante do fiasco financeiro.

Do outro, está a ingênua Joana Dark, a líder do grupo religioso Exército dos Boinas Pretas, que luta para diminuir o sofrimento dos desempregados e desalentados. E o destino dessa personagem não poderia deixar de ser trágico, depois que ela é renegada tanto por seu grupo religioso – que se alia aos industriais em troca de apoio ideológico – quanto pelos trabalhadores – que se veem traídos pela pretensa heroína.

Além dessas duas histórias, a peça mostra a organização dos capitalistas diante da desorganização da classe trabalhadora. Ainda aparecem o Partido Comunista, retratado como um vestígio dessa desarticulação operária; o Estado, responsável pela repressão armada aos rebeldes; e a imprensa, a porta-voz política do capital.

Segundo o diretor Fábio Resende, a Brava Companhia começou a flertar com a ideia de adaptar Santa Joana dos Matadouros entre 2017 e 2018. “Ao lermos a peça, evidenciamos a atualidade dela, principalmente no que se refere às formas mais avançadas de extração de mais valia, ou seja, o capital organizado pautando uma pretensa organização social extremamente violenta no que diz respeito à supressão de direitos e imposição da precariedade do mundo de trabalho”, conta.

A montagem pretende criar uma aproximação entre a situação apresentada pelo texto de Brecht e o contexto atual do Brasil, considerado um dos maiores produtores de carne do mundo. “Estudamos muito o avanço do capitalismo financeiro no Brasil e no mundo e os instrumentos ideológicos de enfraquecimento do Estado frente ao rentismo. Apesar de se passar entre o final dos anos 1920 e o início dos anos 1930, o processo é bem parecido ao que ainda vivemos no país, cujo processo capitalista é, em alguns aspectos, tardio”, acrescenta o encenador.

Além do texto de Brecht, o grupo pesquisou obras como Guerras Híbridas, de Andrew Korybko; Brasil- Capital Imperialismo, de Virginia Fontes; 17 Contradições e o Fim do Capitalismo, de David Harvey; e livros de Ricardo Antunes sobre o mundo do trabalho.

A cenografia de Márcio Rodrigues evidencia a diferença social entre os industriais e os trabalhadores: as cenas acontecem em cima de um grande palco suspenso, onde figuram os industriais da carne, e o chão, onde os trabalhadores são representados.

Terra de Matadouros foi pensada em duas versões: uma para os palcos de teatros e outra para a rua. “A versão para espaços fechados acontece de maneira frontal, com cenografia e duração ampliadas. Já a versão para a rua é o que chamamos de síntese, organizada por uma grande cena e músicas criadas para a peça. São versões diferentes”, revela o diretor.

Em junho, A Brava também fará o lançamento do Caderno de Erros 5, uma publicação que têm a função de difundir a pesquisa, os estudos e os referenciais teóricos adotados e produzidos pelo grupo. Além de materiais formativos, eles também cumprem a função de registro histórico da trajetória da Companhia.

Ficha Técnica:
Criação: Brava Companhia. Texto original: Bertolt Brecht. Adaptação: Fábio Resende, com colaboração de Ademir de Almeida. Elenco: Ademir de Almeida, Elis Martins, José Adeir, Márcio Rodrigues, Max Raimundo e Paula da Paz. Direção: Fábio Resende. Direção de arte, criação e confecção de cenários, adereços e figurinos:Márcio Rodrigues Assessoria de arte e pintura do cenário: Peu Pereira Direção musical: Max Raimundo. Assessoria musical: Lucas Vansconcelos. Assessoria vocal: Gleiziane Pinheiro. Músicas originais e arranjos: Max Raimundo, Lucas Vasconcelos e Brava Companhia. Trilha sonora: Max Raimundo e Lucas Vansconcelos. Iluminação: Fábio Resende e Márcio Rodrigues. Arte gráfica: Ademir de Almeida e Bora Lá! Agência Popular de Comunicação e Marketing. Fotos: Fábio Resende e Jardiel Carvalho. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Produção: Kátia Alves.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Terra de Matadouros, Com a Brava Companhia
Centro Cultural de Santo Amaro
Avenida João Dias, 822, Santo Amaro
Dia 16 de junho de 2022, quinta-feira (feriado) às 16h e às 19h.
Dia 18 de junho de 2022, sábado, às 20h.
Dia 19 de junho de 2022, domingo, às 18h.
Dias 1º e 3 de julho de 2022 – Sexta às 10h30 e 20h. Domingo às 18h.
Dia 2 de julho de 2022, sábado às 16h30 e às 20h.
Dia 3 de julho de 2022, domingo às 18h.
Apresentações exclusivas para escolas e grupos: Dias 15, 22, 29 e 30 de junho, às 10h30.
Classificação: 12 anos
Duração: 105 minutos
Ingressos: grátis, são distribuídos uma hora antes de cada apresentação nos teatros. Nas apresentações na rua, basta chegar ao local no horário marcado.

 

 

Sobre a Brava Companhia
A Brava Companhia é um grupo de teatro que atua desde 1998 a partir da periferia da região sul da cidade de São Paulo, seu local de origem, onde desenvolve espetáculos, experimentos cênicos e atividades formativas e de agitação cultural – também articuladas com outros grupos, coletivos e artistas do território.

Entre os espetáculos montados pelo grupo ao longo de todos esses anos, estão Estudo sobre a Padaria; O Chão Não Tá Pra Urso; Show do Pimpão; JC; O Errante; Este Lado para Cima; Corinthians, Meu Amor – segundo Brava Companhia e A Brava

 

Foto: Jardiel Carvalho

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