Lady X Macbeth – outros detalhes da peça escocesa no Teatro Anchieta

Idealizada pelo ator Guilherme Leme Garcia, que interpreta o eloquente Macbeth, e pelo produtor Luque Daltrozo, a montagem segue em cartaz até 5 de junho, no Teatro Anchieta, no Sesc Consolação, com Yara de Novaes como Lady Macbeth, direção conjunta de Marcio Aurelio e Mara Borba…

 

 

 

 

 

Retirar a mulher da condição de “caixa preta da humanidade”, este foi um dos pontos que impulsionaram Marcia Zanelatto, dramaturga petropolitana, autora do texto da peça, revisitar a relação de um dos casais mais controversos do teatro mundial.

“As personagens femininas de William Shakespeare merecem a atenção dos criadores contemporâneos”, diz a dramaturga. É como se estivéssemos vendo o bordado pelo avesso, pela parte de trás; o que podem dizer os arremates da costura, o que podem revelar os caminhos que as linhas fazem para tecer a trama? Não deixa de ser uma leitura feminina de uma obra máxima sobre as articulações do patriarcado entre homens e mulheres no poder”, completa. Entretanto, nessa leitura cirúrgica ninguém sai impune, ambos os personagens são expostos, ele na sua fragilidade cega e destrutiva e ela em sua fúria obcecada pelo poder masculino.

O casal Macbeth deixa seu passado longínquo para discutir, sob uma perspectiva contemporânea, questões que atravessaram sua história como culpa, traição, amor, rivalidade e poder. A peça transcorre em quadros episódicos que mostram os bastidores emocionais da obra original colocando em jogo arquétipos masculinos e femininos.

De forma poético-filosófica, e tendo como diretriz o pensamento do Século XXI, são perpassadas diferentes camadas estruturais da arte, da política e das relações humanas.

Macbeth volta ao centro do pensamento para, através da tensão entre ambição e pulsão de morte, iluminar ou chamar à reflexão questões extremamente atuais como a necropolítica, desigualdade social, narrativas impostas, equidade de gênero, racismo, apagamentos históricos e novos tipos de guerra em tempos de revolução tecnológica e de comunicações.

Marcio Aurelio convidou Mara Borba para dividir a encenação; artista múltipla, diretora, coreógrafa e intérprete/criadora, com quem trabalhou na Alemanha. Mara trouxe o corpo à cena como princípio criativo, sugerindo aos atores que escrevessem suas partituras gestuais a partir de uma proposição inicial.

“Trabalhar com o genial Marcio Aurelio e com Mara Borba, artista estupenda da dança, me fez relembrar o início de minha carreira quando estudei dança com Ivaldo Bertazzo, Sônia Mota e Maria Duschenes, coreógrafa e pioneira da dança moderna no Brasil”, diz Guilherme.

O núcleo criativo do espetáculo conta ainda com a cenógrafa Mira Andrade, o estilista João Pimenta nos figurinos, iluminação de Aline Santini, vídeos de Maurício Brandão, assistência de direção de Lígia Pereira e Diogo Pasquim, Igor Sane como operador de luz, Lúdi Lucas na operação de som e fotografias de Leekyung Kim. Marcio Aurelio também assina a trilha sonora do espetáculo.

Ficha Técnica:
A partir de “Macbeth” de William Shakespeare
Texto: Marcia Zanelatto
Direção: Marcio Aurelio e Mara Borba
Elenco: Yara de Novaes e Guilherme Leme Garcia
Direção de Arte : Mira Andrade
Figurino: João Pimenta
Iluminação: Aline Santini
Trilha Sonora: Marcio Aurelio
Vídeo Projeções: Fabi Prado-MOX
Motion Design: Lucia Gambelli
Consultoria Técnica de Projeção: Rodrigo Caldeira Batista
Assistente de Direção: Lígia Pereira e Diogo Pasquim
Operador de Luz: Igor Sane
Operador de Som: Lúdi Lucas
Direção de Palco: Nietzsche
Fotos: Leekyung Kim
Logomarca do espetáculo: Laerte Késsimos
Visagismo: Andrey Batista
Acessórios: Karina Brilhante
Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro – Ofício das Letras
Produção Executiva: Camila Bevilacqua e Diogo Pasquim
Direção de Produção: Luís Henrique Luque Daltrozo
Produção: Daltrozo Produções
Realização: Sesc São Paulo

Agradecimentos: Alex Giostri, Carlos Gradim, Claudia Odorissio, Cynthia Petnys, Débora Falabella, Franco Lipppi, Maurício Brandão, Murillo Carraro, Thiago Fink, Well Coelho

 

 

 

 

 

 

 

Lady x Macbeth: outros detalhes da peça escocesa
Teatro Anchieta
Sesc Consolação
Rua Doutor Vila Nova, 245, São Paulo – SP
Informações: (11) 3234-3000
Capacidade: 280 lugares
Até 05 de junho
Sexta a sábado, às 21h;
Domingos, às 18h (sessão extra dia 02 de junho, quinta-feira, às 21h)
Duração: 60 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 16 anos
Ingresso: R$ 40,00 (inteira) | R$ 20,00 (meia-entrada) | R$ 12,00 Credencial Plena
Ingressos disponíveis para venda em sescsp.org.br

 

 

Guilherme Leme Garcia nasceu em Lençóis Paulista e acumula mais de três décadas de trajetória artística. Mora em São Paulo, estudou teatro na PUC – SP e, em Nova York, aprendeu música, dança, mímica e teatro. No início da carreira, ajudou a fundar a Companhia de Teatro São Paulo Brasil e esteve em festivais na América Latina e na Europa. Morou no Rio por 25 anos.
Como diretor, ator e produtor realizou mais de 40 espetáculos teatrais onde se destacam: Decadência, Quartett, Medea Material, Trágica.3, Rockantygona, O Estrangeiro e Fatal.
Atuou em novelas, minisséries e filmes como “Bambolê”, “Bebê a Bordo”, “Vamp”, “Perigosas Peruas” e “De Corpo e Alma”. No cinema, atuou em “Benjamim”, “Erotique” e “Anjos da Noite”, ganhando, neste último filme, o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Gramado. Desenvolve também trabalhos e pesquisas na área das artes visuais.

 

Yara de Novaes é atriz, diretora e professora de teatro, fundou em 2005 o Grupo 3 de Teatro, onde alterna seus trabalhos de atriz e diretora, além da direção artística da companhia. Dirigiu, como convidada, 17 espetáculos nos últimos 12 anos, entre eles “Tio Vânia (Aos que vierem depois de nós)”, do Grupo Galpão; “Caminho para Meca”, com Cleyde Yaconis; e “Maria Miss”, com adaptação da obra de Guimarães Rosa.
Como marca de suas direções, além de um forte trabalho corporal, tem a narrativa como ponto de partida para a criação teatral. Já levou aos palcos autores como Fiodor Dostoiévski, Fernando Bonassi, Móricz Zsigmond, Lygia Fagundes Telles, Murilo Rubião e Guimarães Rosa, entre outros. Atualmente excursiona com o espetáculo “Contrações” pelo qual recebeu o prêmio APCA de melhor atriz em 2013 e leciona a disciplina Teatro na Fundação Armando Alvares Penteado.

 

Marcia Zanelatto é escritora. Vencedora do Prêmio APTR 2014 na categoria Melhor Autor por “Desalinho”, peça também indicada ao Prêmio Cesgranrio na Categoria Melhor Texto Nacional Inédito e contemplada pelo Prêmio Petrobras Cultural 2016. Foi indicada ao Prêmio Shell 2016 de Melhor Texto, pela peça “Fatal”, direção de Guilherme Leme Garcia. É criadora e roteirista da sitcom “República do Peru”, TV Brasil. É autora comissionada pelo Royal Exchange Theatre para o projeto BIRTH. É idealizadora e uma das dramaturgas da Ocupação Rio Diversidade, para a qual escreveu a peça “Genderless – um corpo fora da lei”.
Sua dramaturgia é marcada tanto por batalhas cotidianas como por sutilezas e devaneios poéticos. E na plena vivência, ou no choque entre esses dois mundos, ela busca uma poética feminina para personagens femininas. Além das peças, Marcia também empresta sua escrita à literatura de viés biográficos, assinando “Filha, mãe, avó e puta”, sobre a prostituta Gabriela Leite que morreu em 2013, “Thammy: nadando contra a corrente” sobre o processo de transexualização de Thammy Gretchen.

 

Marcio Aurelio é um dos mais premiados e reconhecidos diretores do teatro brasileiro.
Professor Doutor pelo Departamento de Teatro da Escola de Comunicações e Artes da USP e livre-docente pelo Departamento de Artes Cênicas do Instituto de Artes da UNICAMP. Como encenador, montou espetáculos no Brasil e no exterior a partir de textos de Sófocles, Shakespeare, Bertolt Brecht, Nelson Rodrigues, Alcides Nogueira, entre outros.
Em 1990, criou a Companhia Razões Inversas com a primeira turma de formandos da Unicamp, na qual dirigiu espetáculos premiados como Senhorita Else, de Arthur Schnitzler, A Bilha Quebrada, de Kleist, e Agreste, de Newton Moreno. Em 2009, dirigiu Ballo, com a São Paulo Companhia de Dança. Sua primeira colaboração com a dança foi com a bailarina Marilena Ansaldi, em 1987, com o premiado espetáculo, Hamlet-Machine.
Entre 1997 e 2000, dirigiu o bailarino e coreógrafo Ismael Ivo, no Deutsches National Theater, em Weimar, na Alemanha.
Já recebeu prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte, do Troféu Mambembe, do Prêmio Molière e do Prêmio Shell, em diversos espetáculos, como Lua de Cetim, Pássaro do Poente e Pólvora e Poesia.

 

Mara Borba é diretora, coreógrafa e intérprete/criadora, formou-se pela Faculdade de Artes Plásticas FAAP, em 1974 e neste mesmo ano iniciou sua carreira profissional na dança com atuações e projetos marcantes.
Entre as suas obras coreografadas para o Balé da Cidade de SP, estão: O. de A. do Brasil, Certas Mulheres, Com-passos e Édipo Rei.
Recebeu os prêmios de Melhor Bailarina no Festival de Dança Contemporânea-Salvador/Ba. A.P.C.A. (Associação Paulista dos Críticos de Arte) por Certas Mulheres. A.M.C.A. (Associação Mineira dos Críticos de Arte) pelo espetáculo A Casa da Infância.
Para o teatro, coreografou musicais e orientou atores em trabalhos corporais: Os Saltimbancos, Ópera do Malandro, Feliz Ano Velho, Mefisto (RJ), entre outros.
Na sua bagagem, leva o reconhecimento pelo seu trabalho junto ao ator Willian Hurt, prêmio “Oscar” pela sua interpretação no filme O Beijo da Mulher Aranha de Hector Babenco.
Na Alemanha, dirigiu Phoenix, solo de Ismael Ivo. Teatro Schaubühne Am Lehniner Platz em Berlim. Francis Bacon, intérprete criadora no projeto de Ivo/Kresnik. Theaterhaus de Stuttgart.
Foi contratada pelo Teatro Nacional Alemão, em Weimar para o Departamento de Dança Teatro, dirigido por Ismael Ivo. (1996/2000)
Em 2002, desenvolveu para a Cia 2 do Balé da Cidade São Paulo, o projeto de pesquisa V.I.D.A em Movimento.
No ano seguinte assinou a direção, coreografia e cenário da Ópera Édipo Rei de Stravinsky, no Teatro Municipal de São Paulo a convite do maestro Jamil Maluf. Participou do evento Ruth Rachou 80 anos na criação do espetáculo Vir a Ser.
Intérprete criadora, no espetáculo Divagar de Sônia Mota.
Desde 2006, vive na Ilha de Florianópolis-SC. Atualmente, investiga outras formas de expressão artística, como compositora e intérprete.

 

Luque Daltrozo é um profícuo e conceituado produtor cultural. Desde 1982 realiza inúmeros trabalhos com teatro, música, dança, literatura e televisão. No teatro produziu: “A tragédia e a comédia latinoamericana”, com direção de Felipe Hirsch (Prêmios Shell, Bravo e Governador do Estado – Melhor Direção e Espetáculo), Teatros: SESC Consolação, SESC Vila Mariana, Teatro Coliseu (Santos-SP), Teatro São Luiz (Lisboa-Portugal) e Teatro Adelante Iberoamerikanisches Theaterfestival (Heidelberg- Alemanha), Theatro Municipal (Rio de Janeiro-RJ), Theatro São Pedro (Porto Alegre/RS); “Refluxo”, com direção de Eric Lenate, (Prêmios Shell de Melhor Autor e Cenário) Teatro do SESI SP; “As Benevolentes”, com direção de Ulysses Cruz, Teatro Hebraica; “Extinç&ati lde;o, com direção de Denise Stoklos, Francisco Medeiros e Marcio Aurélio, Teatros: SESC Consolação, Teatro Guairinha (Curitiba-PR); “Puzzle” direção Felipe Hirsch, Teatro Mousonnturm (Frankfurt- Alemanha), Teatro SESC Pinheiros, entre outros. Em 2019 produziu os espetáculos “Fim” direção de Felipe Hirsch no Teatro Anchieta (SESC Consolação); “Mãe Coragem”, com direção de Daniela Thomas (Prêmio Shell de Melhor Direção), no Ginásio do SESC Pompéia, e “A Incrível e triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada”, com direção de Marco Antônio Rodrigues no Teatro Popular do SESI.

 

Foto: Leekyung Kim

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