Mário de Andrade inspira espetáculo cheio de música ao vivo e encenado em áreas públicas de São Paulo

Mário de Andrade (1893-1945) foi um desbravador pelo país e trouxe uma obra cercada de elementos míticos fundacionais para a constituição de um “novo Brasil”. Com um espetáculo cheio de canções e instrumentos tocados ao vivo, a Cia Os Malditos estreia o espetáculo Música de Feitiçaria com uma série de apresentações gratuitas em locais ao ar livre na capital paulista. A direção é de Rafael Antonio Ghirardello e o elenco conta com Bruno Bertolli, Carlitos Tostes, Lis Santos e Léo Magrão…

 

 

 

No dia 4 de setembro, a apresentação é na Praça Geraldo Sylvestre Pacheco, às 15h (Distrito de Cidade Dutra, Zona Sul). Já no dia 11 de setembro, a sessão é na Praça Escolar, às 15h (Cidade Dutra (Zona Sul).

A trama coloca Mário de Andrade como protagonista de uma história envolvente, encenada em um Brasil profundo, quando as barreiras da ciência e do ritual se esfumaçam e o pesquisador tem seu corpo fechado por mestres de catimbó. A peça é uma adaptação para o teatro de suas pesquisas e andanças pelo Brasil, quando reuniu e “partiturou” músicas de terreiros de catimbó, presentes no livro “Música de Feitiçaria no Brasil”. Manuscritos, livros e a musicografia do projeto “Missão de pesquisas folclóricas”, com seus registros audiovisuais, funcionaram como propulsores e inspirações.

A identidade visual do espetáculo passeia por elementos presentes em religiões afro-indígenas-brasileiras, em especial no catimbó (culto à jurema), que o autor experienciou. Em cena, estão maracás, cachimbos de angico, colares de conta e materialidades provenientes da natureza, objetos de madeira, palha e barro. Os figurinos transitam entre esses Mários de Andrade viajantes, roupas que denotam um clima tropical com toques de regionalidade.

“Estar em praça pública é um posicionamento político: levar o acesso ao teatro, à cultura, gratuitamente às camadas, que não tiveram/têm o privilégio de ter contato com aparelhos ou bens culturais. Por outro lado, temos a consciência de que será um jogo, uma performance, um happening, uma obra aberta, tendo a possibilidade de receber interferências, tanto da natureza biológica (Ventos, chuvas ou mesmo da natureza humana: comentários em voz alta). É preciso que o teatro seja acessível como linguagem e que ajude na formação de público e do público. Trazendo novas referências estéticas para todes. Ofertando essa nova liturgia e linguagem e aprendendo com a plateia”, ressalta o diretor.

A música é um rio que conduz esses corpos e ouvidos dos espectadores no espetáculo. Além dos maracás, outros instrumentos comporão as sonoridades do espetáculo: djembê, tambor oceânico, pau-de-chuva, queixada, agogô e apitos de pássaros. Também está sendo construída uma arquitetura sonora que será executada digitalmente, criando efeitos e potencializando ainda mais as cenas.

Rafael Antonio Ghirardello enfatizou as características da peça que vão causar uma identificação nas pessoas. “Esperamos nos aproximar de um público das camadas populares. E esse espetáculo traz interações diretas com o público: serviremos frutas, lavaremos seus pés. Será uma relação afetiva e cultural. Estamos falando de um Brasil profundo, arraigado em crenças diversas e que pelos próprios processos sociais, históricos e culturais, essas diversidades se misturam, se sincretizam. Quem nunca foi numa benzedeira? Tomou um chá indicado pela avó para curar algum mal-estar? Estamos falando da sabedoria da natureza, da expressão regional, daquilo que não se encontra escrito com receita, ao contrário, é preservado através da oralidade”.

A Cia Os Malditos sempre foi estudar as vozes silenciadas: o autor francês Antonin Artaud, a dramaturga inglesa Sarah Kane, Plínio Marcos e agora se depara com a obra de Mário de Andrade. “Sua obra traz aspectos que devem ser destacados e que expressam anseios e características de muitos brasileiros: a valorização da cultura popular, da música, de instrumentos musicais indígenas, da dança e dos movimentos corporais presentes nas manifestações culturais populares, dos rituais das crenças populares, da religiosidade vivida pelo povo do Norte e Nordeste – regiões onde ele pesquisou. Mário já ocupa um lugar de clássico, é preciso agora descentralizá-lo! Um Mário para todes! Um Mário que se conecte também com o povo, com as periferias e não só com a academia e a intelectualidade”, finaliza Ghirardello.

“O espetáculo é resultado do projeto da companhia, que foi contemplado pelo Edital de Apoio a Projetos Artísticos Culturais Descentralizados de Múltiplas Linguagens da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.”

Ficha Técnica
Direção do espetáculo e Direção de Arte: Rafael Antonio Ghirardello. Adaptação de texto: Fredy Állan Galembeck. Atuação: Bruno Bertolli, Carlitos Tostes, Lis Santos, Léo Magrão e Ricardo Jeacomo. Instrumentista e sonoridades da cena: Léo Magrão. Direção Musical e arquitetura sonora: Ricardo Jeacomo. Direção de Cena: Lou Makiama. Figurinos: Bruno Bertolli. Maquiagem: Lis Santos. Direção de Produção: Carlitos Tostes. Designer gráfico: Giuliano A Ziviani. Aderecista: Lala Martinez Corrêa. Locução em off e gravação para divulgação: Emanuela Alves. Supervisão da escrita: Dra. Regina Santos. Marketing Digital: Panther Marketing – Daniele Maelaro. Assessoria de imprensa: Renato Fernandes Gonçalves. Agradecimento: Cia Livre

 

 

 

 

 

“Música de Feitiçaria no Brasil”
Setembro
Classificação: Livre
Duração: 35 minutos

Domingo, 4 de setembro, 15h
Praça Geraldo Sylvestre Pacheco
Rua Plínio Schmidt – Jardim Marcel (Distrito de Cidade Dutra, Zona Sul) Ao lado da estação Autódromo, Linha Esmeralda da CPTM

 

Domingo, 11 de setembro, 15h
Praça Escolar
Rua Padre José Garzotti Cidade Dutra (Zona Sul) Próxima à estação Autódromo, Linha Esmeralda da CPTM

 

Para mais informações:
Instagram https://www.instagram.com/osmaldites/
Facebook: https://www.facebook.com/ciaosmalditos

 

Foto: Felipe Stucchi

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