Cia. Mungunzá de Teatro apresenta Epidemia Prata no Sesc Bom Retiro

Grupo paulista também lança coleção com as dramaturgias dos espetáculos criados e uma websérie documental com 10 episódios sobre a sua trajetória…

 

 

 

 

Montagem que não sobe ao palco desde o início de 2020 quando as apresentações teatrais foram interrompidas devido a pandemia, Epidemia Prata, da Cia Mungunzá de Teatro faz apresentações especiais de 10 a 13 de novembro, quinta-feira a sábado às 20h e domingo às 18h, no Sesc Bom Retiro. Com direção de Georgette Fadel, o espetáculo de 2018 é uma pequena gira teatral. Dura. Sólida. Nessa gira, a poesia é como um rato, deve se espremer pelos cantos para superar um céu de metal. Repleto de imagens e predominantemente performático e sinestésico, o universo prata, no espetáculo, assume uma infinidade de conotações que vão desconstruindo personagens estigmatizados pela sociedade e compartilhando a sensação de petrificação diante de tudo.

Para aproveitar o momento, a Cia. Mungunzá de Teatro lança uma coleção de oito volumes com as dramaturgias colaborativas dos espetáculos criados em sala de ensaio e produzidos pelo grupo, além de uma websérie documental de 10 episódios sobre a sua trajetória de 14 anos. A coleção de dramaturgia e a série estão disponíveis – a partir de 29 de outubro – para download gratuito no site da Cia. Mungunzá de Teatro.

A atriz Verônica Gentillin, integrante da Cia Mungunzá de Teatro, explica que a coleção com as dramaturgias colaborativas traz o histórico dos espetáculos até o ano de 2022, trechos de críticas e textos que serviram ao processo, mas não entraram na obra final. “Já a série documental aprofunda os processos de criação dos espetáculos e performances da Cia. contendo fragmentos de vídeos processuais, dos bastidores e entrevistas com elenco, diretores e ficha técnica de cada trabalho.”

 

O metal de Epidemia Prata
Apesar de levar à cena o endurecimento do ser humano e o fim da sutileza e da comunicação, Epidemia Prata, com texto autoral e supervisão dramatúrgica de Verônica Gentilin, não tem o objetivo de ser um espetáculo de denúncia e sim de alavancar a poesia. “Faço junto com a Cia Mungunzá um alerta desse endurecimento, do parafuso emperrado que não deixa o mundo girar como deveria, mas que também nos coloca como observadores dessa miséria”, conta a diretora Georgette Fadel.

Um chão todo azul com apenas uma carcaça de piano, uma tampa de bueiro e dois mil reais em moedas de cinco centavos a cenografia de Epidemia Prata se completa com uma tela de projeção em cima do palco. A tela mostra imagens relacionadas com objetos duros e de metais. “É a inversão do céu e terra, onde ninguém tem chão e o céu pode ser cruel”, diz Fadel.

 

Box dramatúrgico e websérie
Com dramaturgias colaborativas dos espetáculos encenados pela Cia. Mungunzá de Teatro o BOX Dramatúrgico, uma coleção com oito volumes (Por que a Criança Cozinha na

Polenta?, Luis Antonio-Gabriela, Poema Suspenso para uma Cidade em Queda, Era uma Era, Teatro de Contêiner Mungunzá, Epidemia Prata, Poema em Queda-Live e anonimATO) está disponível para download no site ciamungunza.com.br/box#dramaturgias. A coleção também terá uma versão impressa com poucos exemplares e os interessados na aquisição devem entrar em contato diretamente com o grupo.

A websérie documental Teatro Mungunzá narra em 10 episódios a trajetória da Cia. Mungunzá de Teatro, que desde 2008 desenvolve uma investigação focada no teatro contemporâneo e nas relações “poelíticas” (poéticas e políticas) com a sociedade. O primeiro capítulo apresenta a Cia. Mungunzá de Teatro por meio do olhar de pessoas que participaram ativamente da construção da história do grupo e o segundo capítulo aborda com mais profundidade a formação do grupo e o primeiro espetáculo Por que a Criança Cozinha na Polenta?.

O terceiro episódio debate as relações familiares e a transsexualidade nos anos 1980 através do espetáculo Luis Antonio-Gabriela, peça pioneira em abordar o assunto e que pôde circular por todo o território nacional e também em Portugal. O capitulo narra também a importância da pauta da representatividade trans e dá destaque para a atriz Fabia Mirassos e Renata Carvalho. No episódio seguinte Poema Suspenso para uma Cidade em Queda o grupo paulista descreve a execução do primeiro fomento da Cia., que possibilita a encenação de dois espetáculos irmãos, criados concomitantemente, ambos partindo da temática “a cidade e suas relações humanas”.

Já no quinto capítulo o tema é a criação do primeiro espetáculo infantojuvenil e as relações dos componentes com os filhos e com a arte para a primeira e segunda infância. O Teatro de Contêiner Mungunzá é a pauta do sexto episódio, desde sua implementação no Centro de São Paulo até a resistência poética que possa ser ponte entre artistas, moradores e usuários.

O sétimo capítulo aborda o espetáculo Epidemia Prata e o oitavo conta as expectativas ocidentais de uma companhia de teatro e de uma cineasta cruzando o Pacífico em direção a um Oriente idealizado. O que poderia ser considerado um choque cultural entre Ocidente e Oriente, se transforma em um espelho desconcertante. A montagem virtual Poema em Queda-Live é o tema do penúltimo episódio e mostra o momento do grupo que, em meio à pandemia de Covid-19 em 2020, resolve criar uma narrativa digital experimental apresentada pela plataforma Zoom.

O mais recente espetáculo da Cia. Mungunzá de Teatro, anonimATO fecha a série documental. O episódio apresenta a pesquisa do grupo voltada para as utopias, os encontros, a morte e o renascimento da humanidade, por meio da metáfora do fazer teatral.

Ficha Técnica
Argumento e Texto – Cia. Mungunzá de Teatro. Supervisão Dramatúrgica – Verônica Gentilin. Direção – Georgette Fadel. Codireção – Cris Rocha. Assistente de Direção – Victor Djalma Amaral. Preparação Corporal – Juliana Moraes. Direção Musical – Bruno Menegatti. Elenco – Léo Akio, Lucas Beda, Marcos Felipe, Pedro Augusto, Sandra Modesto, Verônica Gentilin e Virginia Iglesias. Vídeos – Flavio Barollo. Arquitetura Cênica – Léo Akio e Lucas Beda. Figurino – Sandra Modesto e Cris Rocha. Desenho de Luz – Pedro Augusto. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Produção Geral – Cia. Mungunzá de Teatro. Coprodução – Cooperativa Paulista de Teatro.

 

 

 

 

 

Epidemia Prata
Sesc Bom Retiro
Teatro

Alameda Nothmann, 185 – Bom Retiro
Telefone: (11) 3332-3600
Tem acessibilidade
De 10 a 13 de novembro
Quinta-feira a sábado às 20h
Domingo às 18h.
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
Ingressos: R$ 40,00 (Inteira), R$ 20,00 (Meia), R$ 12,00 (Credencial plena)
Transporte: O Sesc Bom Retiro oferece transporte gratuito entre a Estação Luz e Sesc Bom Retiro (saída da CPTM/Parque da Luz e José Paulino) nos dias de espetáculos. Embarque e desembarque na saída da CPTM, sentido Praça da Luz e José Paulino. Sextas e sábado, das 17h30 às 19h50. Domingo dia 13/11, das 15h30 às 17h50. Domingos, 20/11 a 18/12, das 13h30 à 15h50. Quarta (30/11), das 19h50 às 22h.
– Para segurança de todos solicitamos o uso de máscara cobrindo nariz e boca

 

 

Sobre a Cia. Mungunzá de Teatro
A Cia. Mungunzá de Teatro iniciou suas atividades em 2008, com uma pesquisa realizada em parceria com o diretor Nelson Baskerville, em torno do teatro épico de Bertolt Brecht, que gerou o espetáculo Por que a criança cozinha na polenta?. Entre 2008 e 2010, a peça realizou temporadas em São Paulo e participou de festivais em todo o Brasil, recebendo mais de 30 prêmios. Entre 2011 e 2013, também com a direção de Nelson Baskerville, a companhia realizou o premiado Luis Antonio–Gabriela, que narrava a história de transformação do irmão de Nelson Baskerville na travesti Gabriela. Concebido na perspectiva do teatro-documentário ou documentário cênico, Luis Antonio-Gabriela fez temporadas em São Paulo, além de circular por todo o Brasil e fazer apresentações em Portugal recebendo vários prêmios, entre eles o Shell e o APCA, o da Cooperativa Paulista de Teatro e o Prêmio Governador do Estado de São Paulo. Em 2015 estreia Era uma Era, que inaugura o repertório infantil da Cia. e no mesmo ano, o grupo leva aos palcos Poema Suspenso para uma Cidade em Queda, onde desdobra o tema da família em uma pesquisa sobre os relicários pessoais dos atores e pedaços de histórias, que se unem a experiências universais.

Em 2017 A Cia inaugura o Teatro de Contêiner Mungunzá, formado por 11 contêineres marítimos em um antigo terreno abandonado no bairro da Luz, centro da cidade de São Paulo. Vencedor do Prêmio APCA na categoria especial de teatro e um dos indicados ao Prêmio Shell de inovação pelo uso arquitetônico inédito voltado para o teatro, inserido na região degradada do centro da capital paulista, o Teatro de Contêiner Mungunzá recebeu, em dois anos, 549 apresentações teatrais (113 espetáculos diferentes). No ano seguinte, o grupo estreia Epidemia Prata, com direção de Georgette Fadel, que comemora 10 anos do coletivo e devolve ao público de forma engajada e poética a experiência vivida em um ano no centro de São Paulo, desde a criação do espaço na região da Luz. Também em 2018, a Cia. lança o livro-arte sobre os 10 anos do grupo – Mungunzá: Obá! Produção Teatral em Zona de Fronteira… – com assinatura do pesquisador teatral Alexandre Mate e colaboração de José Cetra.

No início de 2020, Epidemia Prata é encenado na Índia no Festival Internacional de Teatro de Kerala e em maio a Cia. Mungunzá de Teatro lança a Mungunzá Digital, uma plataforma virtual com uma programação eclética de conteúdos artísticos, culturais e sociais, pesquisas e projetos de variados artistas, criando um vasto acervo que abre espaço para conversas e aprofundamento nas obras e conteúdos dispostos. O grupo também estreia Poema em Queda-Live, espetáculo em três episódios concebido para o universo digital com diversas tecnologias, como softwares de Live Streaming, Vídeo Mapping, manipulação ao vivo de imagens, para de forma inovadora combinar a essência do teatro à diversas formas de artes digitais. Em 2022 a Cia. estreia, com direção de Rogério Tarifa, anonimATO primeiro trabalho concebido para a rua e primeiro musical. Além de temporada em São Paulo, a montagem participa do Circuito Sesc de Artes e do Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas.

 

Foto: Letícia Godoy 

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