O acordeon erudito do lituano Laimonas Salijus

O acordeon é um dos instrumentos mais utilizados na música popular brasileira, em seus mais diferentes estilos. Essa participação é tão grande no Brasil, que há quem imagine seu uso na música de concerto. No entanto, sua presença no contexto erudito é também tradicional…

 

 

 

Como forma de divulgar essa vertente do acordeon por aqui, o Flertaí entrou em contato com um dos mais importantes acordeonistas do mundo na atualidade.

Trata-se do consagrado músico e educador lituano Laimonas Salijus, com sólida formação teórica e atuando como concorrido solista em concertos nos mais diversos contextos musicais e realizados em diversos países, além de detentor de inúmeras premiações.

 

Como começou a sua carreira musical?

Eu chamaria o início da minha carreira musical de quando toquei um instrumento pela primeira vez. Eu tinha apenas 6 anos naquela época. Iniciei minha carreira musical em uma escola de música, onde me apaixonei pela música e pelo acordeon desde os primeiros dias.

 

De todos os anos da sua carreira e dos frutos que colheu até agora, qual foi o mais significativo para você?

Pergunta extremamente difícil! Olhando para o trabalho realizado, concertos realizados, competições conquistadas, acho que cada momento foi importante e contribuiu significativamente para meu o momento atual.

 

Desde o seu primeiro contato com a música, você sonhava em se tornar um artista reconhecido, ou estava apenas tocando por amor à música?

Comecei a pensar na profissão de músico desde muito cedo. Aos 10 anos, eu já sabia com certeza que o próximo passo seria o conservatório e a subsequente carreira como músico. Ainda me lembro de como os sonhos e aspirações me impulsionavam e me motivavam.

 

Suas influências musicais do passado permanecem as mesmas hoje? Como você incorpora essas influências em seu trabalho?

As pessoas mais importantes no processo inicial foram os professores que inspiraram, forneceram conhecimento e encorajaram a não desistir, mesmo quando surgiam dúvidas. Bem, nas fases posteriores, virei-me para os artistas. Nunca me prendi apenas a tocadores de acordeon. A maior inspiração foi a música sinfônica e o poder da música pura.

 

Qual é a sua opinião sobre a cena atual de música clássica na Lituânia?

Eu descreveria a cena musical lituana como muito rica, refinada e adequada para todos os gostos. Apesar de a Lituânia ser um país pequeno, a vida cultural é muito rica e ativa. Tanto o crescente nível dos intérpretes quanto a sofisticação dos ouvintes os fazem constantemente buscar novidades.

 

Você define seu estilo musical estritamente como clássico?

É difícil dizer, mas sinto-me mais forte quando interpreto música clássica. Embora eu não evite o gênero leve. Muitas vezes, você quer relaxar e experimentar algo novo.

 

Quais são os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?

Prós de uma carreira musical independente incluem controle criativo, liberdade decisória, retenção de direitos autorais e produtividade. No entanto, os desafios financeiros, logísticos e de promoção podem chegar a impactar visibilidade e alcance de público.

 

Quais as estratégias de planejamento da sua carreira dentro e fora do palco?

Dentro do palco, uma estratégia eficaz é criar performances memoráveis que vão além da música, onde pretendemos incorporar um projeto de iluminação com elementos visuais e únicos para performances solo já em 2024. Isso cativa o público e gera uma experiência incrível.

Fora do palco, focamos em parcerias estratégicas com compositores, festivais de música, eventos de acordeon e marcas alinhadas aos meus valores artísticos, ampliando minha presença e conexão com diferentes audiências. Essas abordagens originais e colaborativas têm sido fundamentais para o sucesso contínuo da minha carreira.

 

Quais as ações empreendedoras que você pratica para desenvolver a sua carreira musical?

Em conjunto com minha empresária, elaboramos um plano consistente de acordo com o posicionamento artístico que almejo, desenvolvendo estratégias de marketing, além do projeto de gravação do meu primeiro álbum, pensamos em criar materiais audiovisuais profissionais, desenvolver um novo site e conteúdos exclusivo para redes sociais, expandir nossas colaborações com outros segmentos de marcas que queira investir em cultura e música (principalmente lituana), e a organização de eventos exclusivos (artísticos e pedagógicos) para quem ama acordeon, mas sobretudo música. Além disso, nosso foco é investir constantemente em oportunidades de expansão internacional, participando ativamente de festivais e estabelecendo parcerias globais.

 

A internet ajuda ou prejudica no desenvolvimento de sua carreira musical?

Considero a internet uma aliada poderosa no que diz respeito a expansão artística. Através das redes sociais, YouTube, plataformas de streaming e meu próprio site, consigo alcançar e interagir diretamente com um público geral. Isso não apenas aumenta minha visibilidade, mas também proporciona uma conexão mais próxima com os fãs. Além disso, a internet facilita uma divulgação eficiente de lançamentos e projetos em vigor.

 

Como você analisa o cenário do acordeon no Brasil? Na sua opinião, quem foram as revelações musicais nas últimas décadas? Quais artistas mantiveram obras consistentes?

O acordeon é muito popular e difundido no Brasil, não há argumentos sobre isso. Claro, o estilo musical e a maneira de tocar são diferentes, mas ao mesmo tempo muito encantadoras! Naturalmente, ícones proeminentes como Oswaldinho, Sivuca ou Luiz Gonzaga são conhecidos e reconhecidos em todo o mundo, desempenhando um grande papel em toda a vida cultural do acordeon.

 

O que você acredita ter trazido de inovação para a música clássica?

A música clássica e o acordeon são dois componentes que imediatamente sugerem inovação. O acordeon é um instrumento muito jovem, razão pela qual os clássicos ainda estão sendo formados. Pessoalmente, me descobri como um intérprete que se apresenta muito ativamente com orquestras e busca oportunidades para ouvir o acordeon o máximo possível junto com instrumentos de cordas e sopro. Sem dúvida, a busca por novas obras e a cooperação com compositores também são prioridades.

 

 

O que você mais aspira em sua carreira musical em 2024?

Buscar inovação, criar novos programas, experimentar novos cenários e, é claro, conquistar novos ouvintes. A cada ano, buscar novas experiências e me entregar a novos desafios, com o objetivo principal de fazer música.

 

Quais são seus projetos futuros?

Os planos futuros refletem perfeitamente a situação atual. O trabalho ativo gera planos futuros. Estou me preparando intensivamente para o lançamento do álbum, no qual pretendo gravar músicas de compositores lituanos para acordeon e orquestra de câmara.

Estou preparando um novo programa solo, que considero particularmente relevante e necessário. Apesar da popularidade do acordeon, acredito que o programa acadêmico solo é importante e merecedor de atenção.

 

Sua última turnê no Brasil foi em 2019. Quando você planeja retornar?

É muito lamentável que a situação da Covid no mundo tenha impedido meu retorno mais cedo, mas espero visitar o Brasil em um futuro próximo e realizar meus novos concertos. Mal posso esperar, porque tenho ótimas lembranças do público extremamente receptivo e atento, ótimas salas e uma boa atmosfera!

 

Acredito que seu trabalho seja uma inspiração para jovens acordeonistas na Lituânia e ao redor do mundo. O que você diria a alguém que deseja seguir uma carreira musical?

Eu aconselharia a acreditar, amar a música e não desistir. A profissão de músico é muito interessante e versátil. Somos todos diferentes, e cada um pode encontrar seu público. O mais importante é fazer o que lhe dá prazer e satisfação, porque quando você está no palco, a plateia sente e vê tudo – como um espelho!

 

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Foto de Ugne Žilinské

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